Um baile é uma festa nada simples, costuma ser bem formal e está quase sempre relacionada à uma graduação, ou talvez somente às vezes. Era meu primeiro baile e minha amiga Hina havia me arrastado para aquele salão (ela quase quebrou a porcaria daquele salto tamanho 7!). Eu nunca tive ânimo para absolutamente nada. Festas? Deixo estas de lado. Bailes? Mais ainda! Formaturas? Nem pensar.

- Mi-chaaaan, por favor, vem logo! -dizia Hina me puxando pelo braço na entrada do salão

- Não vou entrar aí! Estou ridícula!

- Não está nada! Esse seu corpo neste vestido branco me dão muita inveja! Eu juro! Entra logo!

- Ta bom, só vou porquê você quer! -desisti.

- Obaaaa, vamos dançar e beber e dançar até não podermos mais! -disse Hina, inquieta e ativa como sempre

- Você nem se importa mais com aquilo né?

- O quê? Se for algo para estragar nossa noite maravilhosa...

Eu estou prestes a falar sobre o que havia acontecido naquela noite, mas paro para pensar um pouco e percebo que não devo estragar a felicidade de Hana.

- Nada, esquece. Vamos curtir né? -sorrio.

- É assim que se fala, amiga!

Eu e Hana vamos para dentro do salão. É difícil estar em um lugar onde você só conhece sua amiga. Mais ninguém. Todos um ano a mais ou de sua mesma idade. Todos muito bonitos, principalmente a amiga que está te acompanhando. Sua amiga conhece todo mundo, menos você. Ela se dá bem com todo mundo, MENOS VOCÊ. Eu invejo Hina por isso.

De repente, me bate uma solidão no peito, uma agonia inquieta, mas que eu consigo-a prender silenciosamente com 9 chaves ou mais.

- O que foi, amiga? Cadê aquela animação de até agora a pouco? -minha amiga me perguntou.

- Nada não, só um vazio no peito. Normal. Vamos dançar? Essa é minha musica preferida! -forço um sorriso.

- Ah, tudo bem, é bem animada essa música -diz Hina me estranhando.

Nós duas fomos para a pista de dança e começamos a nos divertir, inventando nossas próprias danças até que meio malucas. Eu não me envergonho disto, pelo contrário, me orgulho de poder pagar micos com minha melhor e única amiga. Não importa o quê pensem de mim, podem pensar qualquer coisa, o importante, naquele momento, foi que eu estava feliz, despertei depois de tanto tempo.

Após uns 20 minutos pedi para Hina que ela fosse com os outros amigos dela que a esperavam fora da pista. Eu iria passar um tempo sozinha sentada na cadeira, isolada.

Ela se preocupou comigo e eu disse que ficaria bem e que ela podia se divertir.

Sentei na cadeira e observei a todos do baile. Estavam todos se divertindo. Vi um garoto lindo chegar. Ele falou com alguns amigos dele (ele tinha um belo sorriso!) e, em seguida, ele dirigiu-se a mim. Uma música romântica começou a tocar, como se ele soubesse que este tipo de música tocaria naquela hora. Ele esticou a mão para mim, me convidando para dançar com ele. Eu fico muda. Admiro aqueles olhos escuros que me olham juntamente com aquele sorriso estampado no rosto delicado. Eu dou minha mão para ele e me levanto da cadeira, ele me conduz até o meio do salão. Ele dançava muito bem e lentamente, sabia exatamente como me conduzir.

- Há quanto tempo -ele diz ainda sorrindo para mim

- Nos conhecemos? -pergunto confusa

- Sim, talvez você não se lembre, mas nos vimos ainda esta semana.

Ele era muito familiar para mim. Eu sabia que conhecia ele de algum lugar, mas não lembrava de onde.

- Posso saber o seu nome? -pergunto

- Você sabe meu nome.

- Pode ao menos me dar uma dica de quem seja vo... -olho para a ponta de uma fita adesiva no canto da testa do garoto, que está coberta com seus cabelos pretos por cima. Tira a franja de sua testa e vejo uma gaze. Arregalo os olhos e sinto meu rosto corar rapidamente.- Hachiro...

Ele fica sorrindo de boca fechada para mim. Meus olhos enchem de lágrimas e ele me abraça. Fico totalmente muda de vez, sinto o perfume agradável dele. Ele era tão lindo... tão alto, tão... enfim, eu não sabia exatamente o que ele queria comigo. Só sei que era uma peça rara de quebra-cabeça. E que, talvez, essa peça completasse o meu quebra-cabeça.

- E-eu... -tento soltar a minha voz, mas não consigo.

- Vamos lá fora?

- Você lê pensamentos por acaso? - pergunto.

Ele ri e eu fico envergonhada.

- Talvez -ele responde, segurando sua mão quente na minha.

Nós fomos até um espaço que era iluminado pela lua, era enfeitado de rosas vermelhas. Haviam tantos objetos dourados que completavam aquele lugar, deixando tudo perfeito.

Eu e ele nem nos conhecíamos direito. Nós ficamos lá por um bom tempo observando a lua. Era como um sonho. Um sonho que não podia terminar, de tão bom que era. Ele estava com a mão no meu ombro.

- Tenho de te recompensar... por... você sabe... -eu comecei.

- Não precisa.

- Mas eu preciso...

Antes que eu terminasse minha frase, ele rapidamente e delicadamente me puxa para mais perto dele e sela seus lábios nos meus. Fecho meus olhos e curto aquele momento.

Quem era exatamente ele? Isso eu ainda não tinha certeza.

A única certeza que eu tinha naquele momento...

Era de que estava, simplesmente, apaixonada pelo Hachiro.

Continua...