Estava dormindo na cama à tarde tranquilamente, Hachiro foi resolver alguns problemas da vida dele (coisas que envolvem as finanças de nossa casa) e afins.

Acordei e levantei ao ouvir uns barulhos de passos na escada. A porta do quarto estava aberta e estava entardecendo, a luz avermelhada do pôr-do-sol iluminava o quarto, era lindo de se ver.

Andei lentamente até a porta do quarto, olhei pelo corredor e não havia absolutamente ninguém ali.

- Hachiro, é você?

Nenhuma resposta.

- Yuuki, não vai me assustar dessa vez sua boba! Pare com isso! -digo rindo.

Nenhuma resposta novamente.

Começei a ficar com medo, andei pelo corredor de um lado para outro e desci as escadas para checar a sala de estar. Seria um intruso na sala?

Desci mas não vi ninguém, nenhum barulho havia naquela casa. Alguns cantos da casa estavam escuros e eu estava realmente muito assustada com aquilo.

"O fantasma da minha tia voltou para me assombrar." pensei, ficando arrepiada de vez.

De repente, ouço passos de uma pessoa correndo atrás de mim. Um vento bate em minhas costas, me viro rapidamente e vejo uma pessoa cujo rosto não havia visto, ele era alto, tinha cabelos curtos, logo percebi que era um garoto. Ele me botara contra a parede, ficou extremamente perto do meu rosto, me encurralou ali mesmo, estava sentindo a respiração dele, arregalei os olhos e vi quem estava à minha frente. Reconheceria aqueles cabelos ruivos em qualquer lugar.

- N-Nori-senpai??? -pergunto, desesperadamente assustada.

Nesse momento, ele se aproxima cada vez mais de mim e me beija! Dou um tapa no rosto dele e tento fugir, mas ele me puxa para perto dele novamente e me beija de novo.

- Miya não fuja, tenho que te confessar... que eu te amo.

Nesse momento, arregalo os olhos, não esperava por algo como aquilo, além disso, não me lembro de nenhuma vez Hachiro ter dito que me amava.

Bom, agora eu, Hachiro e Nori-senpai estávamos em um triângulo amoroso, poisé.

Nunca mesmo pensei que o Akanori tivesse seus momentos em que não fosse 100% reservado e quieto. Muito pelo contrário, ele estava mais fora de si!

- Me larga, Nori! -gritei, fujo dos braços dele e saio correndo para a sala, não sabia o que iria fazer ali, mas estava tentando escapar dele, de alguma forma.

Ele saiu correndo atrás de mim e, literalmente, me jogou no sofá. Acabei estirada ali, ele foi em cima de mim e me beijou novamente. Tentei dar outro tapa nele, mas ele segurou minha única mão disponível para bater.

- Gostou do vestido que eu te dei? -ele perguntou, sorrindo maliciosamente, e me beijando novamente.

- Me larga! Socorro! -grito.

Alguém acende as luzes. Era Hachiro. Sim, tragicamente ele viu a situação HUMILHANTE: Eu e Nori estávamos deitados no sofá, de forma com que ele estivesse em cima de mim, ele estava com uma das mãos segurando a minha mão que eu usaria para bater nele se ele não tivesse me impedido, e a outra estava posta em minha cintura! Meu vestido preto estava um pouco amassado e meio levantado, aparecendo a ponta de minha calcinha (que era branca com babados e chamava muita atenção porque tinha um lacinho vermelho na lateral, haha). Fiquei VER-ME-LHA na hora. Nori bem perto do meu rosto, nós dois encarávamos Hachiro fixamente.

Dei um chute em Nori que fez ele cair no com força chão, soltando um pequeno urro de dor.

Corri até a Hachiro, que me acolheu em seus braços.

- Desculpe, Miya... -começou Nori, se levantando e aproximando-se de Hachiro e eu.

Eu começei a chorar e estava tremendo, também, quem quer um trauma desses??

- Não precisa se desculpar, Nori, vá pra casa antes que eu perca a paciência com você.

- Você viu, Hachiro?

- Sim. Tudo.

- Eu realmente...

- Suas palavras não prestam mais, Nori! Vá pra casa antes que eu perca a paciência com você!

- Hachiro eu só... -ele para e começa a me encarar com uma expressão de tristeza- Miya...

- Não chegue perto dela! -gritou Hachiro, me puxando para longe do ruivo- Nori, vai agora para sua casa, não quero confusão com você!

- Tudo bem. -Nori disse, abaixou a cabeça e lentamente se direcionou até a porta.

Abraçei Hachiro com força, encarei Nori até ele ir embora. Meu rosto estava todo molhado devido às minhas lágrimas. Sempre fui uma verdadeira chorona, sempre chorei por qualquer coisa, qualquer que fosse!

Hachiro tirou a seriedade de seu rosto e me olhou com preocupação.

- Não posso acreditar que o Nori tenha finalmente se apaixonado por uma garota pela primeira vez em toda sua vida... pena que tenha sido justo você... -Hachiro diz.

- P-Primeira garota no qual ele está apaixonado?? -fico de queixo caído.

- Sim... eu sei disso pois conheço o Nori há muito tempo mesmo, ele sempre rejeitou todas as garotas que queriam ficar com ele, e eram muitas. Ele já foi considerado um verdadeiro galã no colégio.

Abaixo a cabeça e abraço Hachiro novamente. Às vezes me sinto inofensiva e pequenina quando estou ao lado ou abraçada com Hachiro, pois ele é mais alto que eu...

- Miya, me perdoe, não pude impedi-lo antes... estava chocado demais vendo o que ele estava fazendo com você, além disso, minha amada foi beijada por outro... só de pensar nisso fico angustiado... -ele diz, mexendo em meus cabelos.

- Pare de se culpar! Eu me precipitei demais novamente.

- Não se precipite mais, Miya, não quero te perder de novo. -disse ele, seriamente.

- Sim... a proposito Hachi, sem querer ofender nem nada, alguma vez você disse "eu te amo" pra mim?

Ele arregalou os olhos, pasmo.

Ouço o telefone tocar.

- Eu atendo -digo, dirigendo-me até o telefone, atendo e...- Alô?

Era uma ligação da polícia nacional do Japão! Eles disseram que encontraram meus pais, disseram que eu deveria urgentemente dar uma olhada na situação, ir com eles até um laboratório.

Fiquei de queixo caído, deixei o telefone cair no chão e fiquei paralisada, totalmente imóvel. Só lembro depois que começei a ver tudo preto e vi Hachiro tentando me acordar. Estava deitada no chão, pelo que vi, havia desmaiado.

- Miya, está tudo bem?? -perguntou Hachiro desesperadamente preocupado- Você desmaiou à uns 4 minutos atrás, o aconteceu algo de errado? -ele apoiou minha cabeça em um de seus braços.

- Hachiro... -começei, agarrando a blusa dele com força- meus pais... eles foram encontrados!