With a Heart escrita por Akemi_Konoe


Capítulo 14
Capítulo 14 - Formal




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Já haviam se passado mais de 8 dias e a polícia ainda não havia ligado para mim. Eu e Hachiro fomos até meu antigo colégio para me desmatricular naquela quarta-feira chuvosa. Eu ia ser transferida para o colégio de Hachiro e do colega dele, Nori-senpai! Hachiro havia me insistido muito para nós dois me transferirmos. Estava realmente ansiosa e poderia ir para o colégio na próxima segunda-feira, poderia ver Hachiro todos os dias! Infelizmente não estaria na mesma classe que ele, já que ele é um ano mais velho que eu. Mas ao menos, poderíamos nos ver no intervalo. Afinal, seria ele aquele tipo de homem no qual, se eu chegasse perto dos amigos dele, ele mudaria totalmente seu comportamento em relação à mim? Como se fosse dizer aos amigos: "ahh, eu não conheço essa pirralha, vocês conhecem? vamos ignorá-la.

Fiquei com medo disso no começo.

Aliás, Hachiro já havia tirado o gesso, fiquei feliz por ter sido MUITO mais rápido do que o previsto.

Saindo da portaria do colégio, estava com duas sacolas nas mãos, uma em cada mão, com o uniforme e o material escolar dentro.

Era um colégio enorme, superior à qualquer outro colégio, no princípio, suspeitei que teriam milhares de patricinhas e mauricinhos metidos a ricos, filhos de papai, que se acham superiores e independentes à tudo, isso sempre teria em qualquer lugar que eu fosse. Era inevitável.

Caminhei juntamente com Hachiro para casa, eu não dizia nenhuma palavra. Hachiro perguntou se eu estava bem, fiz com que sim com a cabeça. Gentil como sempre, ele pediu para que eu desse as sacolas para ele carregar, neguei com o pedido dele e disse que eu iria carregá-las até chegar em casa e organizar tudo para segunda-feira. Às vezes preciso especificar para Hachiro, para que ele não tenha de fazer tudo para mim o tempo todo, como organizar minhas coisas.

Eu admiro isso nele, acho ótimo que um garoto de 17 anos já faça TUDO sozinho, sem precisar da ajuda de seus pais. Afinal, os pais dele viajam à negócios todo o tempo. Eu queria muito poder conhecê-los e Hachiro quase não fala deles para mim. Diz que são um pouco rígidos com ele, gostam de silêncio e não toleram erros alguns.

Creio que talvez não seja isto.

Talvez.

À tarde, estava deitada na cama, abraçada com Hachiro. O telefone começou a tocar, estávamos um pouco sololentos devido à soneca que temos todas as tardes de dia-de-semana, Hachiro levantou-se dizendo "deixe que eu atendo". Enfiei minha cara no travesseiro e tapei meus ouvidos. O telefone tocava alto e seu som ecoava por toda a casa, era impossível não ouvir.

Ao atender, Hachiro arregalou um pouco os olhos e finalmente "acordou" de vez. Ele disse alto: "Pai? Que surpresa, não esperava por sua ligação." e abriu um leve sorriso no rosto.

Após um tempo, estava olhando para ele, conversando no telefone. Ele desligou o telefone, começou a tirar a blusa (sim, na minha frente).

- Meus pais estão em um aeroporto aqui do Japão agora, disseram que estão vindo me visitar. -ele diz, com uma expressão preocupada no rosto.

- Nossa, que ótimo isso! Mas não deveria ser algo bom? Você parece perturbado com algo...

- É que eles ainda não sabem que você está aqui. Sempre fico nervoso quando vou falar com eles.

- Mas eles são seus pais, Hachi! Você não devia ficar nervoso por isso.

A campainha tocou.

- Merda! -ele exclamou, trocando de roupa o mais rápido possível- Miya, faça o seguinte: Fique aqui no quarto, arrume-se e apresente-se formalmente para meus pais, seja você mesma. -ele disse, saindo e fechando a porta do quarto, já totalmente arrumado e formal.

Fico ali, parada, olhando para a porta com uma cara de ponto de interrogação. Levanto-me e abro uma das gavetas com minhas roupas mais arrumadas. Ao abrí-la fico surpresa ao avistar um vestido que definitivamente não era meu junto com um bilhete dizendo: "Faça bom proveito dele". Estava como aquelas escritas de computador. Sem nome nenhum no bilhete, provavelmente era de Hachiro, que na verdade, costumava colocar seu nome em todos os presentes que ele me dera. Tirei o vestido da gaveta, ele era vermelho-sangue, ia até um pouco abaixo de meus joelhos, tinha uma faixa preta na cintura, amarrada atrás, tinha mangas caídas e curtas e o final do vestido era todo enfeitado com babados. Era incrível. Quando o vesti, coloquei um salto preto e arrumei meu cabelo, fiz uma maquiagem maravilhosa e... voalá! Em 3 minutos já estava pronta. Abri a porta e direcionei-me lentamente escadas abaixo.

Vi os pais de Hachiro, sentados na mesa da sala de jantar com ele. Eles olharam fixamente em mim.

Tinham aparência jovial, eram muito bonitos, Hachiro era muito parecido com o pai, que usava óculos e terno. Tinha olhos alaranjados, cabelos pretos e pele ligeiramente mais escura que a de Hachiro. A mãe tinha cabelos médios, castanhos claro, levemente ondulados na ponta, olhos bem escuros e usava um vestido preto, básico. Hachiro havia puxado os olhos da mãe, pelo visto.

- Quem é a bela jovem? Esta é a Ogawa-san? -perguntou o pai de Hachiro, abrindo um sorriso no rosto.

Ele era muito mais simpático do que eu havia pensado.

- Sim, pai. -respondeu Hachiro, sorrindo para mim.

- Muito prazer em conhecê-lo... -disse ao inclinar-me para o pai de Hachiro- er, desculpe eu ainda não sei seu sobrenome...

- Fujimoto. -ele disse sorrindo- Meu nome é Fujimoto Hisashi. Prazer, bela jovem.

- O prazer é todo meu, Fujimoto-san. -disse e me viro para a mãe de Hachiro- Você deve ser a Kamura-san, né? Muito prazer.

- Sim, pode sentar-se conosco -ela disse sem um pingo de simpatia.

Bom, nesta hora agradeci que Hachiro havia puxado a simpatia e a beleza do pai dele.

Sentei-me na cadeira, quieta, olhei para Hachiro e em seguida, para os pais dele, que me encaravam o tempo todo.

Hachiro começou a conversar com eles sobre o trabalho e as viajens que haviam feito recentemente. O pai de Hachiro começou a ficar sério, logo, a simpatia dele não existia mais em hipótese alguma no rosto dele.

- Miya-san, poderia nos fazer algo para comermos? -perguntou o pai de Hachiro.

Suei frio, fiquei surpresa com aquela pergunta. Eu nunca havia cozinhado absolutamente nada em toda minha vida, só soube usar o microondas e cozinhar aqueles macarrões instantâneos.

- Deixe que eu faço. O que você gostaria, pai?

- Meu filho, é muita gentileza de sua parte se colocar no lugar da moça. Porquê não provamos uma comida feita por essa jovem? Afinal, é a mulher que cozinha na casa.

Suo mais friamente ainda. Hachiro se senta na cadeira e abaixa a cabeça. Provavelmente tinha medo do pai (também, com aquela rigidez, quem aguentaria suportar uns pais daqueles?), ele parecia estar refletindo sobre seus atos, mas logo notei que estava discretamente escrevendo em um papel. Ele me passou o papel escondido. Levantei-me e segurei o papel de forma que eles não o vissem.

- Do que gostariam? -pergunto, tentando manter a calma.

- Eu gostaria de um Quiche Lorraine, por favor -diz Hasashi.

- Um La Potée -diz a Kamura-san.

O que eles pensavam? Que estávam em um restaurante francês? Já havia ouvido falar daquelas comidas que disseram, mas eu não sabia nem ao menos quais ingredientes iam nelas!

Direcionei-me até a cozinha, fechei a porta e silenciosamente entrei em pânico. Não sabia o que fazer! Aliás, eu nunca soube nem fritar um ovo! Pois sempre me queimava com o óleo que respingava. Até o maldito miojo virava carvão!

Abri o papel amassado em minhas mãos, nele dizia o seguinte:

"Espere daqui a 3 minutos, irei enrolar meus pais um pouco, depois de esses 3 minutos, me chame dizendo que precisa de ajuda para pegar alguns ingredientes, nisso, entrarei na cozinha e fecharei a porta, portanto, meus pais não desconfiarão que serei eu quem estará fazendo a comida para eles. Depois, conversarei melhor com você."

Ufa! Eu estava à salvo! Fiz o que ele havia me mandado fazer, logo, ele já estava comigo na cozinha. Enquanto eu estava encostada na porta da geladeira, sem fazer absolutamente nada, Hachiro estava dando o melhor de si para fazer todas aquelas comidas francesas esquisitas que os pais dele pediram.

- Droga, sou uma burra mesmo, se eu soubesse cozinhar... -digo.

- Não é sua culpa, Miya. Meus pais ainda não se tocaram que estão em uma época diferente da nossa. Já briguei com eles por isso e... foi nisso que resultou -ele larga tudo e levanta a camisa, mostrando uma enorme cicatriz nas costas.

Como eu nunca havia visto aquela cicatriz???

Fico chocada. De queixo caído, começo a chorar silenciosamente, ele olha para mim numa expressão triste e começa a se aproximar, me abraçando fortemente.

- Odeio o que fizeram com você -sussurro, fazendo minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

- Ei, calma, meus pais só querem o meu bem -ele diz e volta a cuidar da comida.

Fico angustiada. Com muita raiva dos pais dele. Imagino o que eles tenham feito para causar aquela cicatriz enorme que estava nas costas de Hachiro.

- Hachi... preciso falar com seus pais -digo e me direciono até a porta.

- Miya, não! -ele me impede, puxando-me pelo braço e me trazendo até perto dele- Tenho medo que façam algo com você! Sério, fique aqui.

- Me largue! -fujo dos braços dele e me direciono até a porta.

Ele me coloca contra a parede e sinto meu rosto corar rapidamente. Ele me beija com ferocidade na mesma hora e nisso, eu me assuto muito.

- Vai parar agora? -ele perguntou, sorrindo.

- Tudo bem... -digo ainda assustada, abaixando a cabeça.

Eu nunca havia visto Hachiro agir daquele jeito comigo, fiquei realmente assustada e por um segundo pensei realmente que ele iria me matar, me sufocando lentamente até a morte.


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