;LEANA SILVER;

            Ronnie havia acordado de bom humor, e tagarelava a manhã inteira sobre como eu iria gostar do novo colégio. O motivo pelo qual eu vim morar com meus tios, temporariamente, fora este: Estudos. E por mais que eu não fosse tão fã do colégio, sempre havia tirado boas notas. Ronnie tomou uma xícara de café antes de sairmos, já eu não gostava de comer tão cedo; Parecia que tudo iria se misturar ao vento em meu estomago vazio, e seria posto pra fora em breve. Tia Kristin, mãe de Ronnie, já havia comprado materiais pra mim e tudo que eu precisava era de acreditar que este dia iria seguir bem. Sempre odiei primeiro dia de aula, por embora não fosse o primeiro dia mesmo já que estávamos na metade do primeiro trimestre, eu seria ainda mais vista; por chegar atrasada às aulas letivas. 

- Olhe, você pode me procurar durante um dos dois tempos de intervalo. Vai ser legal te apresentar para o restante da turma. – Ronnie disse a mim quando entramos no estacionamento do colégio. Estava lotado por incrível que pareça, e imaginei se o Tucson de Jimmy estivesse ali; mesmo sabendo que ele devia estar me esperando no acesso de entrada ao shopping. – venha.

            Desci do carro e caminhamos para o portão principal. Ronnie estava me contando alguma piada, inutilmente sem nexo ou graça alguma, mas eu tive de forçar um riso para não desapontá-lo. Quando passamos pelos portões, e caminhávamos em direção aos prédios ontem teríamos aulas, seus olhos azuis penetrantes sufocaram-me até a última partícula de oxigênio. Ele parecia tenso, mas estava mais lindo do que nunca. Seus cabelos estavam levemente desarrumados o que o fazia mais descontraído, e ele não usava o uniforme do colégio; Típico de James. Em sua mão ele levava um saco de papel e um copo de café, e embora eu soubesse que devia sentir raiva dele por estar provavelmente querendo me usar, meu coração doeu quando percebi que ele devia ter ido comprá-los para nós dois. Por um segundo minha expressão fora de choque e dor, mas logo eu a refiz e consegui manter meu melhor olhar de: infortúnio.

- Ali fica o prédio onde você vai estudar. – Ele apontou pra mim. Desviei o olhar de James, constrangida e atordoada, e segui a linha de visão de Ronnie. Era um prédio enorme com milhares de janelas e de quatro andares. Eu não consegui dar muito atenção ao prédio, por que minha mente ainda vagava para o olhar em que Jimmy me lançara a me ver. Só me dei conta de que devia prestar atenção no que fazia, quando Ronnie se despediu de mim em frente à porta da minha sala.

            Meu peito rangeu só de imaginar que eu ficaria, por algumas horas, sozinha. Eu tinha fobia de estar sozinha.

- Com licença, você quem é? – Uma loira do nariz fino me estudou. Seus cabelos eram lisos e repicados – desculpe ser um pouco indelicada, mas sou presidente da classe... E sim, eu odeio muito isto. Mas fale seu nome por que preciso saber.

- Leana. – Falei lentamente feito uma retardada mental. Ela não me parecia uma nerd, daquelas que era presidente da classe. Ela parecia um pouco àquelas meninas que usavam os uniformes de torcida da Porti. – Leana Silver.

- Por favor, não ache que eu vá resolver os seus problemas, vai por mim eu sou ótima em resolução de problemas mas já tenho muitos. – Ela anotou meu nome em uma ficha; uma letra impecável, devo admitir. – a propósito você já sabe quem eu sou?

- Não. Eu devia saber? – Perguntei, e ela riu toda estabanada.

- Na verdade não, eu acho que não. Mas geralmente os caras ficam falando da minha bunda ou algo assim... Então talvez você deve te ouvido murmúrios infames. – Ela sorriu docemente ao falar murmúrios infames – me chamo Vallery, e eu gosto da sua cara, então pode me chamar de Val.

- Devo agradecer? – Quis saber, fazendo-a rir outra vez.

- Poxa você é engraçada. – Ela determinou-se a dizer. – vamos lá, você pode almoçar comigo? Sei lá, jogar papo fora.

- Seria legal. – Arrumar uma amiga, tinha sido mais fácil do que pensei.

- Val eu acho melhor você não ir falar com o diretor sobre o Brian. – Alguém vinha falando atrás de mim. Parece loucura, mas parecia uma Val, morena. Ela lixava as unhas, e me encarou mesmo falando com a representante de classe, Vallery. – olhe ele me prometeu não fazer mais merda no colégio, eu sei que não adianta levar em consideração as palavras dele. Mas por favor, e se ele for expulso?

- Mich, eu tenho cara de X-9? – Val perguntou. – por favor, poupe-me... O Brian é meu amigo também e eu não vou ferrar ele.

- Ótimo. – Respondeu Mich passando a mão nos cabelos castanhos cacheados encaracolados. – fico mais calma, você sabe que sou afim dele.

- Todas são. – Val conteve a não rir. – Leana, essa é minha irmã Mich. Acho que você já percebeu que somos gêmeas idênticas.

- Mas eu sou mais bonita. – Mich disse rindo baixinho e se curvando para me beijar o rosto. – nossa que perfume gostoso, qual é?

- É... Acho que é Kenzoamour. – Respondi. – é mexicano.

- Eu quero. – Mich bateu palminhas e sorriu.

- Vamos Mich saia do pé da Leana, venha vamos resolver os problemas do sardento do Daniel. – Val se levantou e Mich foi atrás, acenando pra mim antes de sair.

            Hm, o restante das aulas foi resto mesmo. Concentrei-me em todas as aulas, inconscientemente feliz, em saber que James não era da minha classe em nenhuma das primeiras aulas. Quando desci ao intervalo, Val ficou na sala reclamando que um garoto havia quase explodido o laboratório de Química (com a professora dentro; e eu mal imaginei que futuramente teria desejado que houvesse mesmo uma explosão). Ronnie estava em pé ao lado da porta da cantina, e assim que me viu sorriu. Arrastando-me para perto de sua trupe, ele disse todos os nomes deles, os quais não memorizei nenhum. Um deles fazia uma concha com a mão, fumando, para abafar o cheiro (não estava dando certo) e para que não o vissem a fumar.

- Leana, você gosta de futebol? – De repente um deles perguntou a mim.

- Hm, não. – Eu não sabia se gostava. – prefiro ver TV.

- E você tem namorado? – Ele perguntou, não olhando pra mim que seria o certo, olhando para Ronnie. E claro que meu primo, idiota, estava sorrindo como se dissesse: Isso mesmo, esta no caminho certo.

- Não. – Respondi sem entusiasmo e para minha sorte Val pegou meu braço, entrando no meio da roda de garotos.

- Hei Leana, eu estava te procurando. – Disse ela olhando em volta, reconhecendo todos os rostos. – Olá rapazes.

- Oi Val. – Responderam em uníssono. Alguns ficaram boquiabertos olhando para o corpo dela, outros foram incapazes de falar algo.

- Val, já conhece minha prima? – Perguntou Ronnie. E eu sei que ele só disse conhece minha prima para chamar atenção de Vallery. Todos queriam a atenção dela.

- Oh, ela é sua prima... – Ela procurou mentalmente o nome dele. – qual é seu nome mesmo?

- Ronnie.

- Ah, é mesmo. Vou roubá-la por um minuto. – Val segurou meu braço e me arrastou do meio da roda. Fiquei aliviada. – nunca mais ande com aquele bando de malucos. Eu sei que seu primo é amigo deles, mas eles são estranhos. E acho bom pro seu bem ficar meio distante daquele que estava fumando sei lá que porra é aquilo.

- Tudo bem. – Assenti. E foi atravessando o pátio, onde uma fina garoa começou a cair, que Val soltou meu braço e deu saltos pirilampos até se jogar nos braços de um cara. Ele era alto, não tanto quanto James, e seus braços eram longos e pendiam ao lado do corpo. Suas unhas das mãos estavam pintadas, e ele também estava usando lápis de olho. Parecia um daqueles caras que sempre estão no clube de teatro. Seus olhos eram verdes e intensos, como se fosse pedras de ouro esverdeadas que tinham sido derretidas. Aqueles eram os olhos dele.

            Seus braços agarraram a cintura fina de Val, e ali mesmo no meio do pátio ele se inclinou para beijá-la. Não tive como não ficar constrangida. Ficaram presos um ao outro por alguns minutos, após o beijo sussurraram algo e então percebi que mesmo não os conhecendo de verdade dava para sentir a intensidade do amor que sentiam um pelo outro. Era algo forte e intimidador.

- Matt, aqui esta ela. – Ela o puxou pela gola do casaco moletom preto. Ele me olhou, fazendo-me sentir um frio na espinha.

- Oi. – Sua voz era rouca e grossa, ele sorriu e vi covinhas fundir-se em suas bochechas; Ele era lindo. – sou Matthew. E você é Leana certo?

- Sim. – Assenti pra ele. – é sério que você toca guitarra?

- Já toquei em uma banda... Mas faz um tempo. – Respondi olhando alternadamente para ele e ela. – por quê?

- Matt esteve pensando em montar uma banda, e eu achei que você fosse perfeita. – Val respondeu. Pensei ter corado. – onde o Brian foi?

- Matar aula como faz todas as segundas. – Matt respondeu com sua voz rouca. – sabe da última, Val? O James sabe? Aquele que toca bateria.

- Sei quem é. – Eles pareciam inconscientes de minha presença. – o que tem ele?

- Fiquei sabendo que ele brigou com o grupo dele. – Matt sorriu. – sinônimo de que ele saiu da banda também.

- Caramba! – Gritou Val. – você poderia fazer um convite a ele, sabe, outro... Talvez ele aceite. E seria ótimo, por que aquele cara que ta fazendo pontas na bateria é horrível.

- Seria legal, mesmo que eu conheça o James a muito tempo não somos tão amigos a ponto de eu chegar nele e pedir para tocar na banda. – Matt sussurrou. – não acho que ele vá querer.

- Estão falando de James Sullivan? – Perguntei, entrando no assunto. Os dois pararam de falar imediatamente e me encararam.

- Você conhece James Sullivan? – Val quis saber.

- Afinal, quem não conhece. – Matt sorriu de canto. Ainda a segurava pela cintura, notei.

- Bem, eu fui a uma festa com ele no sábado. Ele é meu... Melhor amigo. Ou pelo menos era. – Falei instintivamente procurando-o no meio da multidão de alunos. Matt não desgrudou os olhos de mim, a boca semi aberta.

- Ele... É teu melhor amigo? – Perguntou-me.

- Era. Eu acho. – Eu não queria falar dele. Val e Matt se olharam furtivamente, e percebi que eu era a oportunidade para manter a banda de Matt de pé. Eu não o conhecia bem, mas senti que queria ajudá-lo de qualquer forma. Soltei um suspiro pensando em que talvez teria de voltar atrás de tudo que tinha feito e pensado hoje sobre James, para ajudá-los. – eu posso tentar falar com ele mais tarde sobre a banda, se ele ainda estiver a fim de falar comigo.

- Porra! – Matt gritou. – nossa... Seria ótimo Leana.

            Ele não se conteve, e em uma passada, passou os braços em volta de mim e me arrancou do chão em um abraço. Sua pele era quente e macia, e não deixei de imaginar se a pele de James era tão gostosa de encontro com a minha; Cheguei à conclusão de que a de James devesse ser ainda melhor.

            Val riu atrás dele.

            E atrás dela, bem atrás, encostado a uma árvore o mais longe possível de Ronnie, estava James.

   Me encarando.