Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 10
Capítulo 10; Anão


Notas iniciais do capítulo

Ah deixa eu comentar que escrevi o nome da Valary errado no outro capitulo (obrigado a Sah, que comentou isso) e acho que vocês vão ficar felizes (e inconformados ao mesmo tempo) com esse capitulo *-*



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;JAMES SULLIVAN;

            Durante todas as aulas do primeiro tempo, fiquei pensando em como iria encontrá-la. Tinha sido bastante bacana em não ter atirado o copo de café na testa dela, por que por mais que quisesse, algo dentro de mim só queria seu bem. Nossa turma foi divida, pois metade dos caras (a maioria deles) havia ficado do lado de Ronnie. O único que realmente estava falando comigo era o pequeno Johnny.

- Caralho... – Brando ele durante a troca de aula. – eu não acredito ainda que você e o Ron brigaram. Sabe, sei lá.

- Não quero falar sobre isso, anão. – Reclamei. Johnny não era de fato um anão, mas em qualquer hipótese poderia ser confundido com um. Ele era marrento, e tinha lá seu metro e meio (ele não era tão pequeno, mas enfim; minha altura fazia de mim mais vantajoso quanto à altura do Johnny) e punhos que cerravam até aço. Tinha um piercing de argola no nariz e uma expressão que sugeria confusão. Johnny era um bom cara, devo admitir. Se Ronnie não tivesse participado de boa parte das porcarias que fiz nessa vida, diria que Johnny era bem... Meu melhor amigo talvez. Johnny se espreguiçou sentado ao meu lado. E o único dos meus amigos que Megan confiava a ponto de conversar com freqüência era ele. – olhe, eu preciso me dispersar no intervalo. Vou à secretaria resolver uma coisa.

- Resolver o quê Sullivan? – Perguntou com urgência. – não me diga que te pegaram fumando alguma coisa.

- Não, não cara. Preciso buscar uns papeis e tal. – Era mentira, por que eu só queria procurar por Leana sem que Johnny estivesse grudado na minha perna (o que não era tão difícil levando em consideração seu tamanho). Johnny tinha o poder de ser inconveniente quando desejava. Era por isso que eu sempre dizia a ele: Se tivesse pudesse ficar invisível mataria o pequeno Johnny e ninguém saberia que tinha sido eu. – aliás eu não preciso de um anão na minha cola só pra buscar papeis na secretaria.

- E eu não preciso seguir um gigante grotesco até lá. – Bufou ele inocentemente. Essa era uma das melhores qualidades dele, ser tão louco, mas ter certa inocência no DNA. – então você pode me encontrar na quadra coberta.

- Pode ser. – Respondi e então após alguns minutos olhando para Johnny ali percebi que eu não queria que ele se juntasse a Ronnie em hipótese alguma. – por favor, cara, não vá atrás do Ronnie. Eu preciso de você, e você precisa de mim... Sabe como é você parece ter 13 anos de idade. E não vendem bebida alcoólica e nem cigarros para crianças.

            Johnny riu.

- Não sou louco de te abandonar nessa cara, eu vou estar ciente de que estou do seu lado de não fumar nada hoje. – Sorriu pra mim. – sabe né, depois que eu fumo não tem muito como saber o que faço.

            Ele mentia tanto quanto eu. Johnny podia ser tudo, menos drogado.

- Pode fazer um enorme favor pra mim? – Perguntei assim que o professor entrou na classe.

- Fala aê. – Esperou pela minha resposta.

- Arrume uma Heineken pra gente depois da aula, estou sentindo que vou precisar encher a cara depois do que estou prestes a fazer. – Respondi. O anão semicerrou os olhos pra mim, desconfiado.

- Vai matar alguém?

- Espero não fazê-lo. Mas quem sabe eu a mate. – Zombei. E então quando Johnny abriu a boca aterrorizado para falar mais alguma coisa, o professor nos interrompeu fazendo-nos prestar atenção em nada mais do que apenas nele.

            O sinal para o intervalo soou, e então Johnny caminhou ao meu lado até a metade do caminho. Desci as escadas para o primeiro andar, e entrei no corredor que dava acesso a secretaria. Quando vi que Johnny não estava mais por perto, desviei o caminho e desci as escadas até a porta do auditório. Fiquei encostado ali, acedendo um cigarro enquanto pensava no que fazer. Como disse, eu não costumava fumar... Quando não estava nervoso. Ali em frente ao auditório era vazia, e praticamente todos os alunos que ali estavam na hora do intervalo ficavam ali para fumar também. Mas agora estava chovendo um pouco, então eu estava sozinho.

            Assim que o cigarro se reduziu à metade, apaguei-o em uma poça de água da chuva e caminhei de volta para o pátio. Procurei por ela, nas duas cantinas, na biblioteca, nos corredores das salas e também no laboratório de informática (e ela não estava em lugar nenhum). Resolvi procurar por Johnny, e partindo de dentro do laboratório de informática andei até a quadra coberta e atravessei-a. Encostei-me em uma árvore, para esperá-lo. Encontrei Ronnie em seu grupo, ele estava com ela. Ela parecia impaciente em querer sair do meio deles, e isso de certo modo me alegrou. De repente Val, aquela menina cujo todos os caras gostam, se atreveu a entrar no meio da roda e pegar o braço de Leana. Era idiotice, mas eu senti ciúmes por não poder pegar Leana pelo braço com tamanha delicadeza.

            Val murmurou algo para os garotos, e então puxou Leana para fora do grupo, arrastando-a para longe; Leana tinha uma nova amiga. Eles cruzaram a quadra coberta, a mesma que eu havia cruzado a alguns minutos, e antes que pudessem sumir do meu campo de visão o namorado de Val apareceu. Ele sorriu, e então andou até ela, tirando-a de perto de Leana e a beijando. Fiquei ali, parado, apenas olhando como os dois se abraçavam. Estava frio, e eu também senti necessidade de ter alguém para abraçar; pelo menos agora. Leana ficou olhando-os, parecia sentir o mesmo que eu. Então Val se soltou do namorado e chamou Leana para mais perto, para apresentar-lhe ao namorado, acho. Leana sorriu como sempre fazia, e falou algo a ele.

            Estreitei o olhar para poder ver as feições dele, ter certeza que ele não tinha nenhuma segunda intenção para o lado de Leana, e acredito não ter visto vestígios alarmantes quanto a isto. Ouvi uma voz um pouco distante de mim, sabendo que era de Johnny falando alguma merda pra alguém, mas não consegui tirar os olhos do rosto de redondo e corado de Leana. Queria ficar encarando-a o máximo de tempo que pudesse, e por estes segundos esqueci-me de que estava com raiva dela. Eu tinha perco noção de tempo e espaço mergulhado no tom bronzeado de sua pele, quando algo me chamou atenção. O namorado de Val estava abraçando Leana. Eu nunca tinha abraçado-a daquela forma. Leana ainda estava com as pernas balançando no ar quando seu olhar encontrou o meu. Ela pareceu assustada.

            Dignei-me a não tirar os olhos dos delas, sustentando sua visão de mim não me movi. Sua boca abriu um pouco, e ela sorriu envergonhada quando o cara a deixou no chão novamente. Toquei meu braço, sentindo a ferida que ela deixara em mim; Devia ser a coisa mais próxima que eu tinha dela agora. Passei a mão no cabelo, tentando tirá-lo de frente dos meus olhos para poder continuar encarando-a sem vergonha nenhuma. Não querendo ser discreto.

- Você não acha que é feio encarar as pessoas assim? – Johnny de repente estava ao meu lado.

- Porra Johnny! – Gritei assustado. – dá pra você fazer pelo menos ruídos quando chegar assim?

- Foi mal cara, mas eu estava aqui a muito tempo. – Ele começou a roer o dedinho da mão esquerda. – aconteceu algo para você querer fuzilar uma pessoa com sua visão raio laser invisível?

- Cala a boca Johnny, antes que eu exploda você. – Falei tirando os olhos de Leana, e baixando o olhar para encontrar o do anão.

- O que ela fez pra você, afinal de contas? – Ele perguntou levando o copo à boca.

- Quê que isso? – Perguntei. Não podia ser bebida alcoólica, não assim no meio dos alunos e tal. – café?

- Não. Chocolate quente. – Johnny fez cara feia. – mas eu só estou tomando essa droga, por que estou com a garganta ruim.

- O que tem a vê chocolate quente com garganta ruim, anão?

- Não sei. Mas acho que é bom pra garganta... – Disse ele tomando outro gole.

- Além de anão é burro. – Brinquei, Johnny me socou o estomago. Urrei.

- Cale a boca você. – Sua voz soou birrenta, fazendo-me rir. – quando é que você vai falar com ela hein?

- Do que você esta falando?

- Dela. – Ele apontou para Leana, que agora estava indo em direção à cantina com Val e o namorado dela. – vai dar uns pegas e tal?

- Ela não é pra dar pega. – Falei e então Johnny explodiu em gargalhadas ao meu lado. Só então percebi que havia me entregado totalmente.

- Da onde você a conhece? Me conta cara, eu não escondo nada de você. – Ele assoprou o copo de chocolate quente, fazendo o favor cobrir-lhe o rosto.

- Ah... – Gemi. Eu não queria contar nada a ele, por que ele provavelmente estragaria tudo. Mas quem mais eu tinha agora além de Johnny? – ela é prima de Ronnie. Conheci-a no sábado de manhã... Eu a levei na festa à noite, e depois ela dormiu em casa.

- Nossa! – Gritou Johnny extasiado. – você a levou pra casa?

- Por que diabos todos acham que levar uma garota pra casa é sinônimo de sexo? – Perguntei sentindo-me idiota e enraivado.

- Por que você sempre pensou assim. – Respondeu ele para completar meu tanque de mal humor.

- Não rolou nada Johnny. – Falei a ele, olha o exato lugar onde o namorado de Val havia a abraçado. – não sei qual é a dela mais.

- Como assim?

- Ronnie brigou comigo, você já sabe disso. Ontem quando ela saiu da minha casa, brigamos e depois eu liguei para falar com ela. Combinamos de nos encontrar hoje antes das aulas... Era aceitou. Mas não foi... Ela me deixou lá esperando-a feito um babaca. – Quando percebi havia parado de sussurrar e estava quase berrando.

- Você devia ir atrás dela. Encostá-la na parede e perguntar: Qual vai ser mina? – Ele tomou o último gole de chocolate e então amassou o copo.

- Você acha?

- E quando foi que perdi uma mulher James? – Quis saber. Era verdade... Johnny nunca perdera uma mulher. Ele era anão, era maluco, simples e engraçado... E essa combinação afetava uma grande parte do sexo oposto, deixava-as loucas. Se tiver uma coisa que mulheres gostam, são de caras simples, engraçados e malucos. – é melhor conversar com ela, esse seu olhar esta mais pra quem vai atirá-la da escada e tal...

- Eu não vou atirá-la da escada. – Respondi quando o sinal tocou. – eu vou resolver isso.

- Quer que o anão vá na cola do gigante? – Perguntou sabendo pela minha resposta. Fiz minha careta e ele logo entendeu o recado. – tudo bem eu não vou junto. Mas você vai me contar tudo depois.

- Qual é Johnny. – Empurrei-o em direção a multidão que subia as escadas para o prédio. – parece uma mulher enchendo o saco para saber de fofoca.

- Fofoca? – Ele imitou uma voz feminina, fazendo-me rir.

            Johnny subiu as escadas, e fiquei em frente à porta da secretaria onde tinha certeza que ela passaria em frente; Como eu tinha certeza? Não faço idéia. Fiquei encostado ali enquanto um jorro de alunos passavam por mim. Quando estava prestes a desistir, a vi subir as escadas e caminhar em minha direção em companhia do casal. O cara me olhou, evidentemente extasiado ao meu ver; Não entendi. Ele puxou Val pela mão, e tenho certeza que ela cutucou a costela de Leana, empurrando-me em minha direção. Ela pareceu desconcerta, mas assim que parou em minha frente o corredor de repente ficou vazio. Ela repensou e então virou-se para voltar para a sala. Segurei seu braço.

- Não seja covarde. – Puxei-a. Ela gritou e arrancou o braço de minha mão. – qual é o seu problema?

- Qual é o seu? – Ela me olhou. Empurrei-a, jogando suas costas contra a parede, encostei as palmas das mãos nas mesmas e baixei a cabeça até que meu queixo estivesse na mesma linha que seu nariz. Respirei fundo, sentindo que todo o perfume que havia usado hoje cedo havia sido camuflado pelo cheiro do cigarro... O que era ruim levando em consideração que eu não gostava do cheiro de cigarro. Seus lábios tremeram e ela tentou procurar palavras para me confrontar.

- Não. – Cortei qualquer palavra que ela estivesse pronta para dizer. – minha vez de dizer o que penso que tal? Eu sou um idiota. Mas não a ponto de ser otário e ficar esperando você Leana... Acreditei que você fosse ir me ver, e acreditei mesmo que gostasse da minha companhia. Qual é o seu problema?

- Eu ia te ver. – Seu olhar sustentou o meu. – eu realmente ia James.

            Não gostei de como ela havia trocado Jimmy por James.

- E por que não foi? – Minha voz se reduziu a um sussurro intimidador e impactante. – eu confiei em você.

- Ronnie. – E só bastou ela dizer aquilo que eu logo entendi tudo. – ele me disse às coisas que você costuma fazer com as mulheres e eu achei que ele estivesse certo por que...

- Não. – Limitei-me a baixar ainda mais meu rosto, até que nossos olhos estivessem um de frente pro outro. – ele não sabe de nada. Ele sabe como eu sempre tratei todas as mulheres. Ele não sabe como eu trato a mulher que estou olhando agora.

            Ela sorriu, e de repente seu sorriso parecia diferente de todos os que eu havia visto em seu rosto. Seus olhos encheram-se de lágrimas mesmo estando sorrindo.

- Desculpe... – Ela sussurrou. – eu não queria ter feito o que fiz hoje cedo. Eu sinto muito mesmo Jimmy.

- Eu entendo. Posso te perdoar. – Falei. Ela ainda sorria. Tomei liberdade de passar os braços em volta dela, e arrastá-la para sentir o calor de sua pele. Abraçando-a enterrei o rosto em seu ombro sentindo o perfume de sua pele penetrar-me. Envolver-me.

            Seus braços tocaram minhas costas, e apertou-se em volta de mim. Não tinha sensação comparada àquela. Dei um passo pra trás, sem tirar os braços à sua volta. Nossos olhos encontraram, e eu quase podia ver o desejo correr por seus olhos. Quando encolhi-me para poder estar mais próximo dela. Nossos dedos se entrelaçaram, juntando uma palma à outra. Meu nariz tocou o dela. Nossas respirações se tocando. Nossos hálitos se confundindo.

E então...


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Notas finais do capítulo

Curiosos? KKKKK



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