Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 11
Capítulo 11; Remédios


Notas iniciais do capítulo

Dedico este à vocês,; ditte_glabes, JuhSevenfold,
Naty_Meendes,bashadows, Sah_mdc,scream_girl. *-*

espero que gostem



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;LEANA SILVER;

            Eu havia de fato me rendido pedindo desculpas a ele, e creio que ele havia também se rendido ao me abraçar de tal forma. Seus músculos pressionaram em minha pele, e o calor de seu corpo me desequilibrou totalmente. Prendi a respiração, quando Jimmy me puxou para mais e mais perto dele. O toque de sua mão me deixava fragilizada. Seus olhos estavam intensos e eu senti que pareciam imãs sobre meu rosto, um magnetismo fantástico. Não demorou muito para que eu sentisse o calor de sua respiração tocar meus lábios. Antes eu sentia o cheiro forte de cigarro em sua roupa, mas agora uma delicada fragrância de perfume estava impregnada em seu rosto.

- Acho que temos de ir... – Sussurrei lembrando-me que tínhamos aula. Seus cílios longos piscaram pra mim e sua sobrancelha se arqueou. Seus lábios tocaram meu queixo.

- Ir pra onde? – Ele perguntou tão baixo que eu quase não escutei. Fechei os olhos sentindo o tremor nas pernas cessar lentamente. Subi a mão até tocar sua nuca.

- Ir... Você sabe... Ir. – Não sabia mais o que estava falando pois seu corpo estava empurrando o meu na parede com uma força demasiada, que por sinal não me causava mal; Não além de me deixar retardada.

- Eu vou mesmo. – Ele balbuciou com os lábios em meu queixo, fazendo-me sentir sua voz dentro de mim. Puxei seu cabelo, não com força, o suficiente para que seus lábios se elevassem um pouco e encontrassem os meus. Na hora eu fiquei trincada, com a mão em sua nuca sem me mover um centímetro a mais, apenas sentido nossos lábios um sobre o outro. Talvez por este motivo tenha sido o beijo mais relativamente diferente de todos que eu já provei. Não queríamos fúria nem ignorância, queríamos apenas estar próximos um do outro tendo certeza que podíamos prolongar o momento. Seu braço apertou minha cintura, me fazendo curvar-se um pouco. Seus dedos apertaram os meus, afundando os dedos nas costas da minha mão.

            Quando enfim parei de tremer e tomei consciência de que nada mais importava levando em consideração que eu estava ali com ele. Movi os lábios e antes que eu pudesse chamar aquilo de beijo alguém pigarreou tão alto ao nosso lado, que foi difícil não virar o rosto para ver quem era.

- Preciso dizer alguma coisa? – A mulher perguntou batendo o pé no chão. Não acredito que ela havia estragado tudo. – acho que vocês tem aula.

- Temos sim. – Respondeu James com um tom tão enraivado que pensei que fosse voar no pescoço dela. – mas acho que você, por algum motivo explicito, não notou que estávamos ocupados. Ou, talvez, eu devo acrescentar que para nos atrapalhar assim você não tenha um namorado.

            A mulher abriu a boca aterrorizada.

- Isso é um insulto! – Declamou ela.

- Vai me dizer que você... Desse jeito que você me parece ser... Tem um... Namorado. – Ele pirraçou.

- Sullivan! – Gritou ela fazendo eco no corredor. – eu o mandarei para a direção.

            James gargalhou.

- Não, não será preciso. – Falei, e com muita dificuldade empurrei James para longe de mim. De repente o corredor pareceu muito frio e hostil sem os braços dele a minha volta. – voltaremos para a sala.

- Eu não vou voltar. – Jimmy fez careta. – Denise você não tem porra nenhuma pra fazer não? Pensei que você era só a tia do uniforme.

- James Sullivan, tenho papeis a desempenhar neste colégio. Faço parte do corpo docente, e não estou aqui apenas para vender uniformes. Estou aqui para honrar a imagem do colégio também, e não posso permitir que alunos fiquem se atracando no meio do corredor. Imagine se algum pai aparece aqui? O que será da imagem do colégio? – Ela disse ajeitando o óculos sobre o nariz fino.

- Não estávamos nos atracando ainda. Esse é o problema. – Jimmy zombou. – aliás, a imagem do colégio é um lixo. Você não pode mudar isso.

- Você vai seguir o conselho da garotinha aí... Ou terei de mandá-lo para a direção? – Ela quis saber. – toda semana você aparece com uma não é?

            Ele olhou pra mim.

- Não. Isso não é verdade. – Reclamou ele. Não me movi, fiquei apenas encarando-os.

- Aliás, sua imagem também é um lixo James Sullivan. – Ela o pegou pelo braço. – venha te levarei a direção.

- O que vai dizer ao diretor? – Ele arrancou o braço da mão dela. – que eu estava com uma colega no corredor?

            Não gostei de como ele disse colega.

- Falarei que estavam matando aula! – Ela gritou.

- Chega! – Berrei no mesmo tom de voz dela. – estou farta. Quer saber? Leve-nos então!

            Ela ajeitou os óculos outra vez e passou a mão pelo cabeço penteado a gel. E no mesmo instante Jimmy se apoiou na parede, se contorcendo. Seu rosto empalideceu de um segundo à outro, e seus dedos começaram a tremer.

- Jimmy? – Dei um passo até ele e segurei seu braço. – Jimmy esta tudo bem?

- O que ele tem? – Perguntou Denise com urgência. Jimmy comprimiu um lábio no outro e sua visão perdeu o foco. Meu coração quase explodiu quando ele deu um passo em falso e caiu em cima de mim. Ele era pesado demais. – meu Deus, venha vamos levá-lo à enfermaria.

            Duvido que James esteja dando um show, apenas para trocar a frase Venha vou levá-lo a direção por Venha vamos levá-lo a enfermaria.

            Caminhamos pelo corredor com rapidez, e eu tive que arrastar meu Jimmy até a porta, onde o segurança o pegou nos braços e nos ajudou a subir até o outro andar. A enfermeira o deitou em uma maca e comprimiu gelo no rosto dele, colocando sal em sua boca.

- A pressão caiu. – Disse a mim. Denise havia voltado ao seu trabalho, mas pediu que voltasse a comunicar a ela sobre o que havia acontecido. Espremi os dedos, fechando a mão em punho. – ele vai acordar logo.

- Eu não sabia que ele tinha pressão baixa. – Respondi.

- Não precisa ter pressão baixa, para que venha a ter quedas na mesma. – Ela atirou uma prancheta pra mim. – assine o nome dele, por favor, já que ele esta desacordado.

            Apoiei a pranche na maca e observei que Jimmy havia assinado seu nome diversas vezes.

- Ele costuma vir aqui com freqüência? – Perguntei assinando por ele. A última vez que ele havia vindo pra cá, tinha sido na terça da semana passada.

- Sim. – Ela respondeu encarando o rosto de James. – ele não costuma ir ao médico para fazer exames e tudo o mais... E uma vez ou outra passa mal no colégio. Acho que ele tem de tomar comprimidos de cálcio, mas ele não toma a dosagem certa e passa mal também. E o fato de ser tão rebelde e tomar cerveja e cigarro... Ajuda um pouco para que os neurônios dele se agitem e ele tenha um colapso nervoso. Uma vez a mãe dele veio no colégio e disse que ele já teve de tomar remédios para ansiedade e para o temperamento, mas pediu que o colégio não os disponibilizasse para ele. Para que ele não se tope ou algo assim.

            Eu estava boquiaberta.

- Mas o certo não é medicá-lo? – Perguntei entregando-lhe a prancheta e indo até ele. Passei a mão em seus cabelos negros. – se ele não tomar os remédios é pior.

- Eu sei disso. – A enfermeira já de idade, guardou a prancheta assinada em uma gaveta de sua mesa de madeira. – mas os pais quem mandam. Ele deve tomar remédio em casa, então a mãe não quer que ele toma maiores doses aqui.

- E esses remédios... O colégio tem? Quer dizer, eu sei que vocês não dão pra ele. Mas tem algum aqui? – Ela me olhou confusa.

- São remédios caros, mas tem poucos comprimidos de tal sim. Nunca se sabe de quando precisaremos. – Ela se virou.

- A senhora poderia avisar na secretaria que James passou mal? – Tirei a mão do cabelo dele. – sabe? para não acharem que matamos aula e tudo o mais.

- Sim querida, posso sim. – Assim que ela saiu da sala, andei até o armário. Estava trancado, então abri sua gaveta e vasculhei tudo até achar a chave. Quando abri, tinha tanto remédio ali que eu não fazia idéia de qual devia ser melhor pra Jimmy. Li o rotulo de alguns frascos, até achar um que era de cálcio (o que acredito que ele deveria tomar.) e então pesquei também alguns comprimidos à base de ferro e mais um monte de coisa que ajudava no controle de raiva (que por sinal, devia ser o que ele devia tomar em doses controladas). Eu não sabia por que estava enfiando aquele monte de remédio no bolso, e também não sabia por que estava roubando remédios da enfermaria. Mas eu senti que precisava.

            Tranquei o armário as pressas assim que ouvi a voz da enfermeira dobrando o corredor. Enfiei a chave na gaveta.

- Pronto querida, eles já estão notificados. – Disse a senhora sorridente, pés de galinha surgiram ao lado dos olhos.

- Obrigada. – Falei sentindo-me ligeiramente culpada.

            Cerca de cinco minutos depois Jimmy abriu os olhos. Ele ainda estava tonto e precisou ficar deitado. A enfermeira deu um longo sermão nele, dizendo que precisava se alimentar melhor durante os intervalos e que precisava tomar os remédios que lhe indicara em sua ultima visita a enfermaria. Disse também que poderia agendar consultas no convenio dele se ele quisesse, já que a escola tinha todos os documentos que necessitava para agendar uma consulta. Ele disse que não precisava, e que já tinha consultas agendadas à cada seis meses para se certificar de que estava bem.

- Você tem mesmo consultas agendadas? – Perguntei quando saímos de lá. Nossa próxima aula começaria em quinze minutos, e resolvemos ficar sentados no pátio até que começasse. Ele me olhou, um pouco aflito.

- Sim eu tenho. – Disse-me. E eu sabia que ele mentia.

- Por que não me disse que tinha tantos problemas com a saúde? – Perguntei olhando-o nos olhos. – todo esse problema com falta de cálcio e ferro no sangue, e o fato de você ter de tomar remédios para ansiedade e para colapsos nervosos.

- Quem te disse isso? – Ele perguntou boquiaberto e indignado.

- Eu vi que você costuma ter passagens pela enfermaria com regularidade e freqüência, e perguntei a ela o que você tinha.

- Não é nada. – Ele virou o rosto. Peguei sua mão, temendo que brigássemos novamente como na sua casa.

- Jimmy... – Chamei-o. – eu não vou te condenar caramba. Eu só quero ajudá-lo.

- Eu não preciso de ajuda. – Ele soltou minha mão.

- Você tem os remédios em casa? – Perguntei.

- O de cálcio sim. Mas minha mãe parou de comprá-los... – Ele enfim se abriu. – uma vez tomei muita cerveja e uns comprimidos e fiquei meio louco e tal... Após esse dia minha mãe resolveu cortar os remédios.

- Mas ela tem idéia do quanto você precisa deles? – Perguntei acariciando sua mão com o dedo polegar. – ela sabe que você passa mal tantas vezes?

- Idaí? – Ele me olhou. – é claro que ela sabe que eu vou morrer por causa dessa porra de problema. Mas ela não esta ligando se eu vou ter um colapso nervoso... Eu já costumo ser nervoso normalmente... Ela acredita que é algo de adolescente e não um problema.

- Você é sim nervoso Jimmy, mas se tomasse os remédios talvez não fosse assim. – Ele baixou o olhar, constrangido.

- Eu não quero mais falar sobre isso. – Ele sussurrou. E foi a primeira vez que eu o vi assim... Baixando a guarda.

- Tudo bem, não precisamos falar sobre isto. – Enfiei as mãos nos bolsos e tirei o punhado de remédios que havia assaltado. – olhe, me promete não tomá-los em excesso? E nem misturar com bebida ou cigarro.

            Ele olhou para os remédios em minha mão, e depois pra mim. Seus olhos brilharam.

- Da onde tirou isso?

- Roubei da enfermaria. – Respondi. – algum deles serve pra você?

- Você não pode... Quer dizer... Eles disseram que não tem esses remédios disponíveis. – Ele tirou o frasco da minha mão. E depois duas cartelas das cinco de comprimidos. – estes aqui, são os que tomo.

            Enfiei o restante no bolso. Segurei seu queixo com a mão, fazendo-o olhar pra mim.

- Você promete que não vai fazer merda? Vai tomá-los apenas para o seu bem, na dosagem certa, sem misturar com substancia nenhuma... Eu só quero te ver bem e não pior do que o vi hoje. – Falei. Um sorriso nasceu no canto do seu lábio e então incendiou seu rosto inteiro.

- Prometo. – Respondeu-me.

            E então o sinal para a próxima aula bateu.



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Notas finais do capítulo

lix/ Não me matem pelo 'quase beijo' ÇLASÇLASÇ