Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 12
Capítulo 12; Aula de Química.


Notas iniciais do capítulo

... Vocês são incríveis *-*



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;JAMES SULLIVAN;

            Quando o sinal bateu, eu quis ficar ali sentado, segurando sua mão e ignorando o resto do mundo. Mas pra variar, Leana se levantou e disse que tínhamos de ir. Pedi que ela fosse na frente, e prometi que não iria matar outra aula. Tirei um cigarro do bolso, mas no caminho para acendê-lo perdi a vontade de fumar. Caminhei com a mão nos bolsos, de volta para a sala. Na troca de professores, sentei-me em minha carteira ao lado de Johnny, o anão estava entretido mandando mensagem para alguém e não me escutou quando comecei a falar, então dei um beslicão em seu braço.

- Porra. – Ele puxou o braço por reflexo da dor. – onde você foi parar seu puto?

- Sentiu saudades foi menininha? – Brinquei, ele sorriu, mas então ficou serio de repente.

- Sério merda. Onde você estava? Quase tive um ataque cardíaco e tal. – Ele deixou o celular em cima da mesa. – você foi falar com ela cara? Tomou vergonha nessa face pálida e foi lá?

- Johnny larga do meu pé. – Empurrei-o. – eu fui sim anão, fui lá falar com ela.

- Eae, tu fez como eu falei? Jogou ela na parede e tal, e disse na cara dela que ela não podia te deixar na mão? – O seu celular apitou, e ele respondeu o SMS.

- Quem é anão? – Apontei pro celular, enquanto ele digitava habilidosamente.

- Uma mina aí.

- Você devia parar de iludi-las sabia? – Perguntei me inclinando para ler o que ele estava respondendo e quer saber? Você não iria querer ler aquilo. – vai ter uma hora que você vai começar a gostar de uma delas anão, e as outras todas vão querer te fuder.

            Johnny parou de digitar e olhou pra mim, seu olhar ria zombeteiro.

- Olha só quem esta falando de mim... James Sullivan, o rei. Olhe que mundo contraditório, no último fim de semana eu tinha saído com o Sullivan e ele pegou umas quinze em uma única noite. Agora ele esta me dizendo sobre gostar... – Ele se inclinou com os olhos esbugalhados, me deu um tapa na testa e gritou. – PORRA CADÊ O JAMES? ME DEVOLVA-O SEU E.T INVASOR!

- Pare de ser retardado. – Escondi um riso. – sou eu cara, estou normal.

- Definitivamente não. – Ele gargalhou.

            A aula começou e eu não vou dizer que sei sobre o que a velha da professora de química estava falando, por que a necessidade de parar de escutar porcarias preencheu minha mente e resolvi colocar os fones de ouvido. Baixei o rosto, e cochilei metade da aula. Quando a velha berrou, por causa de algum aluno que infelizmente ergueu a mão para fazer alguma pergunta (os alunos não costumavam participar da aula dela, e quando um otário resolvia, ela ficava daquele jeito, feliz.) eu tive de acordar do meu sono. Johnny estava babando na mesa, o que de fato era normal vindo dele. Cutuquei o anão na costela, ele se moveu, mas não abriu os olhos.

            Dei um empurrão e o que era inesperado aconteceu; Johnny deslizou pela mesa, e em um baque surdo o anão caiu no chão. Todos olharam para nós, até mesmo a professora que estava entretida em uma eufórica explicação. Johnny ergueu o rosto todo marcado pelo espiral do caderno em que havia apoiado o rosto. Seus olhos perseguiram de rosto em rosto com um olhar confuso. Caí na gargalhada e antes que Johnny entendesse algo, eu me joguei no chão também.

- Deixa que eu pego isso pra você Johnny. – Falei o mais alto que minha voz permitia, tirei o celular do bolso e sentei-me na carteira novamente; depositando o celular em cima da mesa dele. – desculpe professora, prossiga a explicação.

            A professora não perdeu nem um segundo a mais, e começou a tagarelar outra vez prendendo atenção de um ou dois alunos e fazendo outros trinta cair em depressão profunda. Me virei para Johnny, prendendo a gargalhada que queria soltar. Ele me olhou.

- O que aconteceu? – Ele perguntou tocando o rosto.

- Foi mal anão, eu estava tentando de acordar. – Falei. Johnny ficou por mais alguns minutos atordoado, acordando. Depois que o processo de lentidão passou, ele me socou no estomago.

- Porra, nunca mais faça isso. – Ele grunhiu, me fazendo rir. Toquei aonde ele havia socado-me, e respirei fundo recompondo o fôlego. – doeu?

- Não. – Eu ri de novo. – sabe, eu não te falei que passei mal.

            Eu odiava dividir minha vida com as pessoas, mas Johnny era diferente.

- O que cara? – Ele arrastou a cadeira para mais perto. – você vomitou Heineken?

- Não anão. – Abri um sorriso. – minha pressão caiu.

- Nunca entendi esses seus problemas na saúde irmão, você até diz que vai no medico com regularidade. – Como eu disse... Gosto de dividir as coisas com Johnny. Mas ninguém sabe absolutamente tudo sobre mim.

- Pois é. – Virei o rosto e focalizei a cabeça horrorosa da minha professora de química. Puta merda, nunca existiria ser mais feio que ela; e eu não digo isso só pelo simples fato dela ter me dado 2 de média certa vez. No inicio ela costumava pegar no meu pé durante as aulas, fazendo-me passar a vergonha de ser interrogado por uma pergunta que eu não saberia responder... Mas com o tempo, as provocações cessaram por que eu sabia mais dela do que ela sobre mim. Sabia que o marido dela, uma vez, a mandara embora de casa. Ela também tinha problemas com diabete, e havia perdido a mãe a alguns anos. Eu sabia tanto quanto a curiosidade me permitia, e seu receio de que eu falasse algo sobre sua vida intima em voz alta, tratou de deixá-la longe de mim. Johnny no entanto não tinha a mesma sorte.

- Johnny me diga se essa reação, é oxidação ou redução. – A velha apontou o giz pra ele.

- Professora sua aula esta a um minuto de acabar, a senhora precisa mesmo perguntar isso a mim? – Ele olhou pra mão, e começou a roer a unha; eu conhecia aquela técnica dele... Prolongar o assunto até que o sinal batesse. – sabe, eu odeio sua matéria e também odeio a senhora.

            Todos riram em uníssono.

- Que calunia! – Berrou a velha. – Jonathan Lewis!

- Já viu sua roupa? Podia vestir algo mais adequado para sua idade avançada e tal. Daqui a pouco você vai trocar roupas com as menininhas da oitava série. – Johnny zombou. Novamente todos riram.

- Jonathan se levante agora e vá para a direção. – Reclamou ela.

- Ir para a direção? Mas por que? – Ele abriu a boca com indignação.

- Por desrespeito ao professor.

- Ou por desacato a excelentíssima autoridade? – Brincou. – tem alguém aqui nesta sala de aula crente de que eu desrespeitei a velha da professora? Se tiver erga a mão por favor.

            Ninguém ergueu a mão, e surgiu murmúrios entre risos na classe.

- Sinto muito professora. – Falei com os braços cruzados sobre o peito. – a senhora perdeu desta vez. O anão esta com toda razão... Não o vi te insultando nem nada.

            Ela abriu a boca para falar alguma coisa, mas ao perceber que quem estava falando era eu, desistiu.

            O sinal tocou e a sala inteira caiu na gargalhada quando a velha deixou a classe. Tranquei-me no mundo da música o resto do dia, por que por mais que você não deseje... Se colocar um fone de ouvido, será transportado para um mundo onde tudo que existe vem à base de você. Gosto disso. Gosto de me sentir distante de tudo, e de estar sozinho no lugar onde desejo. Só me dei conta de que o dia havia enfim terminado, quando Johnny começou a pular na minha frente.

- Vamos tomar umas. – Ele arrancou os fones de mim. – que tal começarmos com uma aposta? Quero ver quem bebe mais e tal.

- Não, não estou a fim de beber. – Falei colocando a mochila nas costas.

- Que porra é essa? – Ela berrou me encarando. – você nunca recusou bebida gigante!

- Não cara, eu só não estou me sentindo muito bem... – E era verdade.

- Olhe, então eu te deixo em casa e arrumo umas parada pra você... Depois eu passo lá e se você estiver melhor, a gente sai pra beber. – Ele disse enquanto cruzávamos o corredor.

- Umas... Parada? – Perguntei erguendo uma sobrancelha.

- Sim, coisas como filmes pornôs e pipoca de microondas. – Ele sorriu. Empurrei-o, ele riu. – brincadeira... Estou falando de canja de galinha. Minha mãe vai fazer hoje por que eu também estou doente lembra? Eu levo um pouco pra você.

- Não precisa. – Abri um sorriso em agradecimento. – e pensei que sua mãe já havia parado de preparar sopa pra você... Já esta grandinho né?

- Não... – Ele sorriu de volta. – eu sou anão.

            Andei pelo corredor, e quando passei pelo portão vi Leana no meio da multidão conversando com Valary e seu namorado. Passei por ela, dando um leve empurrão para que ela notasse minha presença. Ela se despediu dos novos amigos, e apertou o passo para me alcançar quando dobrei a esquina.

- Preciso falar com você sobre uma coisa. – Ela disse quando enfim estava ao meu lado. Olhei para seu rosto, e sorri.

- Diga.

- Sabe o Matt? – Ela perguntou passando a mão no cabelo. – ele tem uma banda.

- Quem é Matt? – Perguntei e automaticamente lembrei do namorado de Valary.

- O namorado da Val. – Ela ecoou meus pensamentos. – ele é incrível, tenho aula de literatura com ele, e ele me mostrou musicas da banda... Poxa é divino e...

- O cara que você estava abraçando hoje no intervalo? – Cortei sua fala, já que meu ultimo desejo hoje era ouvir coisas boas sobre aquele cara.

- Sim. – Ela disse confusa, me encarando. – vai me dizer que...

- Isso não é ciúmes. Eu não sinto ciúmes de nada nem de ninguém. – Repreendi.

- Se você retirar o que disse, eu prometo não jogar na sua cara quando notar que você esta com ciúmes... De novo. – Ela atiçou. Caminhamos até a entrada ao acesso do metro.

- Não, eu não vou retirar algo que sempre foi tão verdadeiro pra mim.

- Se você parar para pensar por um minuto, perceberá que muita coisa que dizia não é mais valido. – Ela disse, fazendo-me pensar. Ela tinha razão, mas tanto faz.

- O que o Matt quer?

- Ele te adora. Eu sei que parece bizarro levando em consideração que você nem sabia o nome dele... Mas ele sabe que você toca bateria desde novinho, e queria que você entrasse pra banda dele. – Ela sorriu. – seria incrível.

- Não. – Respondi comprando dois bilhetes para a estação próxima a minha casa, mesmo sem saber se ela viria ou não comigo. – eu já estou em uma banda.

- Sabe o quão importante pra mim seria se você aceitasse? – Ela pegou meu braço, me fazendo arrepiar-se por dentro. Olhei para seus enormes olhos.

- Importante pra você ou pra ele? – Perguntei.

- Pare de ser chato! – Ela gritou. – pra quê duas passagens?

- Você vem comigo. E não discuta. – Entreguei-lhe uma passagem.

            Ela não disse nada. Sinal de que queria vir comigo... Certo?


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Notas finais do capítulo

Quem diria que no inicio de tudo, O Rev não gostasse do Shadows? *-* Nha, eu achei que a amizade deles seria bem mais forte após umas desavenças... Sei lá, o que vocês acham?
PS: eu posso ficar sem postar um pouco nessa semana. Talvez.