Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 8
Capítulo 8; Mocha Branco e Cookies


Notas iniciais do capítulo

Ah, eu amei esse capitulo *-* KKKK espero que gostem tbm



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138171/chapter/8

;JAMES SULLIVAN; 

            Pedir desculpas não me parecia algo tão ruim quanto havia parecido há cinco minutos. Decidi que faria isso mais vezes se fosse necessário para obter perdão de Lea, a única pessoa que até agora não tinha me condenado a viver forever alone. Desci as escadas para a sala de jantar, sentindo o cheiro de comida envolver-me o estomago. E então abri um largo sorriso ao ver que minha mãe já estava sentada a mesa, mesmo que estivesse conversando no celular, ela me encarou por sobre o ombro. Eu não sei bem por que, mas quis ser legal hoje com ela. Só hoje. Mas ser legal por tudo que vinha acontecendo de bom pra mim ultimamente.

- O que aconteceu com seu braço? – Ela perguntou tapando o falante do celular, para que não escutassem do outro lado da linha. Olhei para meu braço notando que estava evidente que eu havia me metido em brigas ou algo assim.

- Foi um acidente. – Expliquei enchendo meu copo de vidro com refrigerante. – uma amiga minha estava bêbada e me machucou ontem a noite em uma festa.

- Conte outra, James... – Ela esnobou. – você entrou em briga com que tipo de gangue dessa vez? Foram drogados? Você roubou alguma coisa?

            Eu devia ficar nervoso com suas suspeitas, mas ainda estava disposto a ser legal com ela... Hoje.

- É sério mãe, você não viu por que provavelmente chegou tarde... Ou cansada. Mas eu trouxe uma amiga pra cá.

- Você trouxe mulher pra cá? – Ela se exaltou desligando na cara de quem quer que estivesse falando consigo no telefone. – você esta maluco? Se seu pai estivesse aqui te mataria James!

- Eu trouxe uma amiga. – Semicerrei os punhos, já perdendo o controle.

- Você trouxe uma vagabunda drogada para aproveitar que sua família tem dinheiro e te dar um tipo de golpe! – Gritou ela. E foi nesse exato momento que toda minha vontade de ser legal com ela foi parar no fundo do ralo. Empurrei a mesa pra frente, derrubando copos de vidro, inclusive o meu que estava cheio de refrigerante que se espalhou uniformemente pela toalha de linho. Me levantei, caminhando em direção a ela; seus olhos se arregalaram.

- Você devia ter consideração. Ela tem respeito por você mesmo sem conhecê-la, mais respeito do que eu tenho por você. – Virei as costas querendo memorizar suas feições assustadas, e tranquei a porta do quarto para me sentir livre e sozinho.

            Fiquei sentado na escuridão em que meu quarto submergia levando em consideração o fato de que eu a veria no dia seguinte. Olhe não leve a mal... A ultima coisa que eu queria no mundo era começar a gostar tanto de alguém, como eu acredito que estivesse começando a gostar de Lea. Mas eu já estava caindo nesta armadilha... Eu já estava me envolvendo pelo jeito engraçado como ela sorria ou como ela ficava nervosa, ou me xingava. O pior de tudo era que não fazia praticamente 48h, que nos conhecíamos e eu duvido que exista amor a primeira vista. Aquele sentimento já estava se tornando ridículo.

- James? – Alguém empurrou a porta. Era Megan. Eu tinha uma irmã mais nova, Megan Jean Sullivan, e ela costumava ficar fora de casa por conta do internato onde estudava. Só o som de sua voz já alegrou o resto da minha noite. – James!

- Megan! – Ela acendeu a luz, ofuscando minha visão e então caminhou até mim, depositando um prato de comida sobre o criado-mudo. Eu não era bom em demonstração de sentimentos, e talvez seja por este motivo que nunca consegui expressar quando amo ou não uma pessoa. Eu amava Megan, já brigamos muito quando menores, mas eu a amava. Só que não tinha vocação para correr até ela, e arrancá-la do chão em um abraço de urso. Ela estava acostumada com esse sentimentalismo gélido, então já veio pulando em cima de mim.

- Ah James que saudades! – Ela afogou seus cabelos em meu rosto. Megan era um tanto quanto pequena, não era tão menor do que eu quanto a idade, mas eu ainda era bem mais alto. Ela era magra e tinha a pele mais bronzeada do que eu, seus olhos eram marrons escuros e profundos (totalmente diferentes dos meus azuis). Seus cabelos eram castanhos e vermelhos, repicados. De certo modo ela não se parecia em nada comigo, mas acredito que seu temperamento instável, suas feições suaves, e seu humor indiferente, eram totalmente meus. – poxa senti falta até do seu perfume.

- Argh, que grudenta você é. – Brinquei soltando-a. – veio me trazer comida?

- Mamãe disse que você trouxe uma puta pra cá pra casa, ou algo assim... – Ela me encarou esperando pela verdade. E antes que eu começasse a gritar ou quebrar alguma coisa ela prosseguiu rapidamente. – sei que você é todo malandro, mas você nunca trás ninguém pra casa. Ela deve ser diferente. E duvido que seja mesmo puta.

- Ela não é puta. – Fiz uma careta, desviando o olhar. – se eu pudesse, faria a mãe engolir essas palavras.

- Você sabe que pode. – Ela sentou-se em minha cama, balançando as pernas que não encostavam ao chão. – me conta a história.

- Olhe Megan, eu te contaria... Mas não acho que venha a ser divertido. Às vezes sinto raiva por Leana entrar em minha vida. – Ela prendeu o olhar em mim. – ela é linda, e me ignora. Ela me conhece a quase 48h, e não me beijou ainda. Não me abraçou. E tudo que recebi foi um dedo enorme do meio...

            Megan riu.

- Caramba, eu gosto dela. – Ela brincou, tirando o prato de cima do criado mudo, me entregando-o. – e então, como foi que conseguiu trazê-la pra cá? Duvido que tenha rolado algo com uma garota que te mostrou o dedo e tal...

- Não rolou mesmo. – Isso me fez sorrir. As palavras se: não rolou mesmo ainda me eram estranhas. – ela ficou um pouco louca em uma festa, e eu só senti necessidade de... Ajudar ela.

- De cuidar. – Ela replicou minhas últimas duas palavras. – mamãe a viu?

- Não. Pelo contrário... A Lea passou a manhã inteira aqui, e então meio que nos desentendemos e ela foi embora. Eu liguei pra ela à tarde e pedi perdão, e então...

- Perdão? – Megan cortou minha frase pela metade com um berro de histeria. – você?

            Fiz careta. Então comecei a comer, sentia muita fome e só percebi após engolir a primeira colherada.

- Sim... Eu devia isso a ela. – Eu não estava a olhando quando respondi. – então fiquei feliz por ela ter me perdoado, e quando a mãe chegou achei que ser legal com ela era o mínimo para pagar à vida pelas coisas boas que vem me dando.

- Deixe-me imaginar o restante... – Megan estreitou o olhar. – você foi todo animado, e tentou puxar assunto. Então contou sobre seu dia maravilhoso, e ela achou que você tinha trago alguma garota pra cá pra casa pra tipo... Bem, você sabe.

- É deplorável. Um dia ela vai perder todos os filhos que tem, e então dará valor. – Resmunguei. Megan era a única pessoa no mundo inteiro, a quem eu não tinha tanto medo de contar sobre o que sentia. Era óbvio que de vez em quando eu não me sentia tão a vontade, mas se existia alguém que me fazia bem era ela. Por mais que fosse tão calma no interior de Megan, uma bomba explodira. A quase três anos atrás ela surtou em casa por que nossa mãe não lhe dava atenção. E então Sra. Sullivan achou conveniente conversar com nosso pai (o cara menos presente da família) e mandá-la para um internato onde ela poderia repensar muito sobre seus atos; Só que Megan já era ótima em pensar em seus atos, o internato não era nada pra ela.

- Não fique chateado. – Megan disse quando eu estava quase terminando de comer. – aposto que ela vai engolir todas as palavras que disse sobre a Lea.

- Não a chame assim. – Algo ferveu dentro de mim quando pela segunda vez, não deixei de notar, Megan disse Lea.

- Mas... Não é o apelido dela? – Perguntou-me insatisfeita.

- Sim... Bem, não. Quer dizer... Eu a chamo assim.

- Isso é ciúme? – Megan berrou em júbilo. Depois para completar, explodiu em gargalhadas. Fechei a cara. – não faça essa careta, James... É só diferente isso que você esta passando. Único.

- Tome leva pra cozinha. Eu vou dormir, amanhã tenho um dia longo pela frente. – Entreguei o prato a Megan.

- Vai pro colégio? – Ela perguntou se levantando da minha cama. Caminhei até o banheiro, onde fechei a porta e comecei a escovar os dentes. Quando sai ela ainda estava esperando pela resposta.

- Sim. – Respondi. Não queria contar meus planos sobre buscar Leana antes de ir, para irmos juntos por que tinha um medo enorme de que desse tudo errado. Megan caminhou até a porta, apagou a luz e ficou me observando por alguns minutos, como se mesmo estando perto de mim já sentisse a saudade. Eu sabia por que já sentia falta dela, mesmo ela estando em minha frente. – boa noite Meg.

- Boa noite, maninho. – Ela sorriu de canto. – amo você.

            Não respondi, e então ela saiu. Fiquei ali pensando que era um pecado não falar para Megan sobre a saudade que sentiria dela, e o quanto meu coração apertava em simplesmente pensar que talvez ela já tivesse voltado para o internato amanhã. Mas ninguém compreendia como era difícil pra eu explicar o que eu sentia. Parecia tão banal. Fechei os olhos, e senti a tensão desaparecer conforme o sono me abrangia. Era bom dormir, pois só dormindo eu estava longe de magoar alguém com meu egoísmo de explicações sobre sentimentos.

            Atirei meu celular na parede quando ele tocou Chapter Four, pela manhã; fiquei assustado. Meu coração quase explodia dentro do peito por causa do susto, mas fiquei mais assustado ainda ao ver que quase tinha estourado o celular. Vesti-me rapidamente, procurando usar qualquer coisa que não fosse o uniforme do colégio: Um suéter preto com linhas e caveiras brancas, um jeans preto baixo com um cinto prata de taxas e uma luva que não cobria os dedos (apenas as costas e as palmas das mãos), preta. Deixei o cabelo seco, apenas ajeitando-o com as mãos. Eu não sabia se queria estar bonito hoje, tudo que sabia era que queria estar cheiroso. Então tomei um banho de perfume antes de descer para o primeiro andar.

            Era cedo e as maiorias das pessoas que trabalhavam em casa não se levantavam neste horário, então tive de fazer algo para comer. Resolvi que iria passar no Starbucks, e compraria café para mim e Leana. Peguei as chaves do Tucson e me dirigi à garagem dos fundos. Fiquei por alguns minutos dentro do carro, apenas sentindo meu perfume tomar conta do ambiente fechado e pensando que não deveria chegar cedo demais para que ela não notasse que esperei a noite toda por agora. Após alguns minutos passados, liguei o ar-condicionado, liguei o carro e dirigi lentamente até o shopping perto da casa da família de Ronnie.

            Estacionei o carro em frente à loja do Starbucks próximo ao shopping. Desci do carro e caminhei até a loja, um sininho tocou quando bati a porta de vidro atrás de mim. Caminhei até o balcão.

- Dois Mochas Branco quentes, e três cookies de chocolate. – Pedi. A mulher anotou meu pedido e em seguida perguntou meu nome. – James...

- Aqui. – Ela me entregou o pedido, e caminhei até o caixa onde paguei os cafés e os biscoitos. Após esperar dez minutos, levei-os para o carro e dirigi até o outro quarteirão até o estacionamento do shopping. Já eram 6h56m, sinal de que eu havia feito uma boa corrida para chegar praticamente na hora combinada. 

            Meu estomago começou a roncar, e resolvi tomar o meu Mocha enquanto a esperava. Olhei diversas vezes à esquina, a imaginando dentro do uniforme do colégio. Mas passaram-se mais de meia hora e Leana não havia cruzado meu campo de visão. Será que ela tinha se esquecido do horário que estabeleci? Talvez ela tenha passado mais tempo se arrumando, ou Ronnie estava segurando-a em casa... Eu devia ligar?

            Quando olhei pro relógio era 7h12m, e eu logo estaria atrasado para escola. Dirigi de volta pra casa, só para passar mais tempo para que eu me atrasasse. Deixei o carro em casa, e caminhei até o acesso ao metro mais próximo de casa. Peguei o metro e desci na estação próxima ao colégio, e então caminhei com uma mão no bolso, uma mochila nas costas, e um Mocha Branco juntamente de um saco de biscoitos na outra mão. Não era possível... Tinha que ter dado algo errado.

            Entrei pelo portão da frente às 7h45m, sendo que era tolerante ainda. E foi atravessando o portão que a vi, andando ao lado de Ronnie. Certamente ela não parecia atrasada pra mim, estava sorrindo enquanto conversavam subindo a rampa da portaria em direção aos prédios do colégio. Quando se virou, seus olhos encontraram os meus. E foi quando percebi que Leana não tinha vindo comigo por que não quis, pois em seu olhar vi raiva e medo carregando as íris castanhas. Olhei para o café e o saco de biscoitos em minha mão; que eram pra ela.

            Taquei tudo na primeira lata de lixo que encontrei, e senti toda a minha vibração positiva para este dia esfriar mais rapidamente que o café que havia sido jogado no lixo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

PS: eu estava procurando fotos da irmã do Rev, e encontrei um post em um lugar onde o nome da Leana, esta escrito Leanna .. Fiquei confusa, se alguém souber a forma correta de escrever, me avise por favor *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Let It Burn" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.