Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 5
Capítulo 5; Jimmy


Notas iniciais do capítulo

AAA agradeço a quem esta lendo KKK principalmente à BaShadows. Enfim, espero que gostem do novo capitulo.



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;LEANA SILVER;

         Eu não queria abrir os olhos por que temia que fosse ver algo próximo do pesadelo que tive essa noite. Minha cabeça ainda rodava e eu sentia uma vontade incontrolável de me banhar. Quando enfim dei-me por vencida, abri os olhos e confirmando as suspeitas que eu tinha suposto eu não estava em casa. Estava em um quarto enorme com um edredom quente e úmido pelo meu suor. Empurrei o edredom e meu coração disparou assim que meus olhos encontraram um porta-retrato com uma foto de uma criança atrás de uma bateria. Não fazia tanto tempo que eu o conhecia, mas sabia que aquelas eram as feições de James Sullivan. Meu peito quase explodiu de alivio quando vi que ele não estava dormindo ao meu lado, ou que nenhuma peça de minhas roupas estava fora do meu corpo.

            Caramba, eu não lembrava muito da noite anterior.

            Virei o rosto lentamente e no criado mudo estava um pedaço de papel dobrado, que era o bilhete que James me escrevera no galpão pedindo que eu o encontrasse e ao lado um canivete molhado de sangue rubro e seco. As batidas cardíacas aumentaram quando ao, ver o sangue, eu lembrei que aquele canivete era meu. Quando Ronnie me contou previamente sobre sua turma, eu sabia que envolvia bebida e drogas... Então achei que seria prudente se eu estivesse armada. Para completar minha náusea, o quarto cheirava a Heineken e cigarro de... Menta?

            Levantei da cama, e cambaleei para o banheiro da suíte empurrando a porta com força e me debruçando no vazo. Esperei que a náusea acabasse após vomitar, mas não tinha nada para ser vomitado além de vento. Eu estava completamente vazia. A porta do quarto bateu atrás de mim, e o medo de olhar para ver quem era não foi maior do que o medo de que ainda pudesse vomitar. Então resolvi manter a cabeça debruçada no vazo.

- Lea? – James me chamou. – você esta se sentindo bem?

- Fique longe! – Pedi. Seria horrível que ele me visse vomitando. Aliás, eu deveria estar horrenda... – eu preciso... Preciso ficar sozinha... Eu estou passando mal.

- Percebi que esta. – James resmungou, sendo teimoso e chegando perto. Ele segurou meu braço com uma mão e puxou meus cabelos pra trás com a outra. – vamos, vomite.

- Saia daqui! – Gritei tentando empurrá-lo, mas não tinha força. – não tem nada para vomitar.

            James se ajoelhou ao meu lado e me encarou. Desisti, sentindo a náusea passar um pouco. Sentei-me no chão frio de azulejos e apoiei a cabeça nos joelhos.

- Quer ir pra casa? – James perguntou.

- O que foi que aconteceu ontem? – Perguntei com a garganta arranhando por conta do choro que estava esperando para sair. – eu fiz alguma coisa a você?

- Não sei o que você bebeu, ou fumou... Mas você disse que não me conhecia e me rasgou com um canivete. – Seu tom era de zombaria e pra piorar minha culpa ele riu. Olhei seu braço e um corte estava cicatrizando. – tudo bem Lea, estou bem... Sério, já levei coisa pior que um rasgo com canivete.

- James... Desculpe-me. Eu não sei por que fiz isso, não sei por que aceitei beber aquilo que aquele cara me deu... Eu sinto muito não queria machucar você. – Um nó em minha garganta impediu que eu continuasse a falar, e as lágrimas começaram a rolar em meu rosto.

- Lea... Não... Não chore pelo amor de Deus, não foi nada. – Ele se sentou ao meu lado e me encarou atordoado.

- Eu nunca me droguei, eu não quero ser viciada! Meu Deus, meus pais vão me matar... Eu vou ter que voltar pra casa... O Ronnie vai contar tudo e... – Minha voz sumiu. James tomou a liberdade de passar um braço em volta do meu ombro e me dar um meio abraço. 

- Somos melhores amigos. Estou aqui pra te ajudar... Além disso, eu já resolvi com Ronnie. – Sua cabeça encostou-se ao alto da minha.

- O quê? – Perguntei com o coração voltando a bater em ritmo acelerado.

- Calma... Eu liguei para o Ronnie e avisei que te encontrei em um beco perto do galpão. Falei que você estava cansada, e tinha se sentado na rua para descansar antes de voltar a procurá-lo... Você sabe como Ron é um pouco tonto. E ele acreditou. – Ele sorriu de canto ao ver que eu estava olhando-o.

- Você não falou que eu...

- Não, não. Nem falei que você tinha bebido nada. – Ele tirou o braço do meu ombro e se levantou. Estendeu a mão para mim. – vamos tomar café?

- Não. Desculpe. Eu preciso voltar pra casa logo. – Pus-me de pé, e quase cai. James me segurou pelos braços, em seus olhos encontrei uma preocupação que eu nunca tinha visto nos olhos nem dos meus pais direcionados a mim.

- Você fica... Come alguma coisa, depois toma um remédio para a dor de cabeça e o enjôo. Depois te levo pra casa. – Ele soltou meu braço e então caminhei para o quarto. – por favor.

- Olha Sullivan eu não quero dar trabalho e também...

- James. – Ele interrompeu.

- O quê?

- Pedi pra me chamar de James. – Ele deu de ombros. – se você quiser ir embora então...

- Eu quero ficar. – Decretei abrindo um sorriso um tanto quanto malicioso. – eu já fiz tanta merda não foi? E sabe qual é o pior?

- Qual é o pior? – Ele esperou ansiosamente pela resposta.

- Pior de tudo é que acho que estou gostando da situação toda. – Respondi e seu sorriso ergueu-se no rosto como o nascer do sol. Meu coração pulou.

- Pensei que me odiasse. – Suas palavras eram alegres mesmo dizendo o que dizia. Ele abriu a porta para sair. Abri um sorriso largo pra ele.

- Sim, mas nem todo ódio é ruim.

- Tenha cuidado... Alguns se transformam em amor. – Ele riu.

- Nunca. – Sorri e então ele saiu e fechou a porta.

            Respirei fundo. Uma coisa era certa: Eu não podia deixar um ódio se tornar amor... Não o alvo sendo James. James Sullivan.

            Desci as escadas depois de ter tomado um banho rápido e vestido as mesmas roupas. Fiquei também vasculhando o quarto da casa dos Sullivan. Era uma casa linda, e eu ficava fascinada pela qualidade dos moveis e também pela maciez do carpete felpudo. James estava sentado na mesa da sala de jantar, o que me fez pensar que ele não costumava comer ali. Ele estava tomado um copo de soda limonada e comendo uma tigela de frutas cortadas (morangos, pedaços de pêra, maçã). Ele ainda não havia trocado a roupa, e eu conseguia olhar seus peito nu; Uma tatuagem descia por ele, e por algum motivo eu quis tocá-la.

- Bom dia. – Sussurrei puxando uma cadeira para me sentar. James empurrou a revista que estava em cima da mesa com o titulo: Rock.

- Belo dia. – Contornou ele sorridente. – você pode pegar o que quiser pra comer nos armários.

            Abri a geladeira e contemplei por alguns segundos a variedade de alimentos. Tirei uma garrafa de Soda, e abri-a.

- Desde quando você toca bateria? – Perguntei, fazendo-o prestar mais atenção em mim do que de costume.

- Eu falei algo sobre isso? – Ele se perguntou em voz alta. Abri um sorriso sentando-me à mesa com ele.

- Não, você não falou. – Beberiquei a soda, sentindo o sabor amargo do limão penetrar em minha língua. – eu vi uma foto sua lá no quarto. Você era bem pequeno...

- Cerca de seis anos de idade. – Ele respondeu como se aquilo não fosse o máximo.

- Queria ouvi-lo tocar. – Balbuciei olhando para a tatuagem em seu peito.

- O quê? – Ele seguiu minha linha de olhar e viu que eu estava praticamente obcecada por sua tatuagem. – você gosta?

- Se-se e-eu gosto? – Gaguejei desajeitamento. – se eu go-gosto da sua tatuagem?

            James riu.

- Não. Se você de tatuagens, e não especificamente da minha. – Ele deixou a garrafa de soda na mesa, e tocou cada letra da palavra no peito, desde o “F” até o “N”. Aquilo era uma provocação?

- Gosto... Eu gosto. Mas nunca fiz uma. – Olhei para o meu braço direito. Onde eu tinha um risco perto do cotovelo, que tentei fazer uma tatuagem sozinha.

- Se quiser eu posso te levar para fazer uma.

- Não. Meus pais me matariam... – Sorri. Ele deu de ombros, fechando o sobretudo preto para tapar minha visão privilegiada.

- Para uma garota que picha os muros do colégio... – Ele mordeu a unha do dedo mindinho. – eles não sabem que você é louca assim não é?

- Diferente de você, qual todos sabem que é um maluco completo... Ninguém sabe das coisas que faço, e pretendo manter essa imagem James. – Olhei-o fixamente na tentativa de que ele percebesse que aquilo era uma indireta pra ele. Mas James parecia imune a indiretas.

- Por que seu nome é Leana? – Ele perguntou de repente.

- Não sei... Por que o seu é James?

- Acho que por causa de um guitarrista que minha mãe tinha paixão platônica quando era mais nova. Ela costumava me chamar de Jim... – A lembrança o fez sorrir.

- Jim? – Perguntei.

- Sim. Jim, de Jimmy. – Ele mordicou um morango.

- Gosto de Jimmy, tanto quanto gosto de James. – Anunciei tomando a liberdade de me levantar, e por pães de forma na torradeira.

- Me traga um pão. – Ele pediu. Virei-me para olhá-lo.

- Jimmy... – Sussurrei.

- Só minha mãe me chamou assim na vida... Não pense que vou gostar que me chame assim também. – Ele disse retornando a abrir a revista.

- Jimmy você quer bem torrado ou branquinho? – Provoquei desligando a torradeira.

- Leana... – Ele rosnou. Rindo coloquei os pães em um prato e os pus em cima da mesa.

- Jimmy, me passe à manteiga? – Perguntei pegando a faca ao lado do meu prato, e estendendo a mão para que ele me passasse a manteiga.

- Manteiga? Você quer manteiga? – Um sorriso malicioso e irônico brotou em seu rosto. James passou a faca na manteiga, então apontou a faca pra mim, posicionou o dedo polegar na ponta da faca fazendo-a dobrar e a manteiga ser arremessada bem... Na minha testa.

- Jimmy! – Gritei sentindo-a derreter pelo meu nariz.

- Você fica mais bonita assim... – Ele sorriu. Puxei o pano da mesa e tirei aquele grude da minha testa, sabendo que era uma indelicadeza limpar o rosto com a toalha da mesa.

- E você? Quer pão? – Estreitei o olhar antes de atirar uma fatia de pão nos cabelos negros e penteados dele. Ele saltou da cadeira e senti uma chuva de frutas voar por sobre meus ombros e meu rosto.

- Lea! – Ele riu.

- Jimmy. – Anunciei antes dele jogar outro pedaço de manteiga no meu cabelo. Eu sabia que me lavar seria difícil, levando em consideração o teor de gordura que àquela simples porção de manteiga estava trazendo pros meus fios de cabelo. Mas eu não estava me importando muito agora.

            Eu só sabia que gostava de como a palavra Jimmy soava.

            Jim.


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