Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 42
Capítulo 38; I gave my heart to you


Notas iniciais do capítulo

Eu aconselho que leiam toda a parte do show com Warmness On The Soul (escrevi escutando), a partir do momento que ele está no carro, comecei a ouvir Scream. Se deliciem!



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;JAMES "THE REV" SULLIVAN;


Estamos em meados de Junho do ano 2000, e as férias de verão se iniciaram a quase uma semana inteira. Por conta do acidente com o Brian tivemos que ficar algum tempo esperando pela sua recuperação. Mas não me importava com nada, não naquele momento. O tempo que esperei... A ansiedade, as noites insones, a preocupação por não ter concluído o que havia começado mais cedo com Leana. Nada importava.

Minhas mãos estavam com um suor pegajoso e Matt repetia pela milionésima vez que eu não podia deixar as baquetas escorregarem pelos dedos durante a apresentação, seria o fim. Sequei a mão na calça jeans, com o coração acelerado.

– Certo, toquem a mais suave que tiverem, por favor. – O Anão apareceu atrás do palco. Ele estava meio verde, o que me fazia pensar estar tão mais nervoso quanto qualquer um de nós... Que tocaríamos. – são pessoas meio frescas, acho que um metal não ia... Agradar.

– Metal sempre agrada. – Brian diz fazendo careta.

– Não agora, então. – Disse Matt, tomando aquela posição de líder que sempre costumava tomar quando o assunto a se tratar era importante.

Eu estava me sentindo impotente. Tinha ensaiado tanto, e agora não conseguia nem andar por que as pernas tremiam. Enquanto havia uma breve discussão sobre tocar ou não a musica mais suave, fiquei pensando em como poderia fazer minha performance ser melhor do que o esperado. Queria ser melhor do que era. Queria ser simplesmente perfeito. Não queria ser apenas o James Sullivan cujo Matthew Shadows babou durante meses, enquanto pensava em uma forma legal de me convidar para participar da sua banda.

Não queria ser o que eles sempre viam, menos previsível.

Não queria apenas impressionar o publico, queria impressionar todos eles e até a mim mesmo.

– Vamos cantar Warmness On the Soul, então. – Digo caindo na real.

– Certo vai ser essa. – O Anão diz enjoado. – vou buscar uma garrafa de água, desejo um puta show pra vocês.

– Obrigado. – Respondemos em uníssono.

Seco as mãos na calça jeans outra vez. Mordo o lábio inferior buscando equilibrar minha cabeça e não pifar de vez.

– Por que estão tão nervosos? – Pergunta Matt um segundo após o anão sair. – não estamos fazendo algo difícil, sempre tocamos, sempre. Não tem por que esse nervosismo todo.

– Eu quero mijar. – Dispara Brian. Todos riem, nervosamente.

– Não dá tempo. – Falo ao ouvir o Steven Jacob, dono do bar, ajustar o microfone e nos chamar.

– Eu vou mijar. – Brian diz conscientemente. Seco a mão nas calças outra vez, meu coração acelera novamente e Matt nos dirige para o palco.

Antes de subir fecho os olhos e faço uma prece, pedindo para que ninguém foda tudo essa noite. Respiro fundo, normalizando meus pensamentos... Matt tem razão. Eu sempre fiz aquilo. Bateria é a minha vocação desde os oito anos de idade, e nada nem ninguém pode me parar. Eu sou James Sullivan, e o Avenged Sevenfold vai explodir tudo.

Ao subir no pequeno palco, um pouco ajustado para caber uma banda inteira e não apenas um pianista ou um saxofonista, vejo aquele monte de olhos pendurados a minha frente. As pessoas são de classe media alta, estão tomando sua cerveja na noite de sexta feira, e nada parece muito certo. Como se não tivéssemos que estar ali. Eu nunca vi o Iron tocar em um bar rico alguma vez, mesmo sabendo que eles não começaram onde estão hoje.

Não somos um pianista. Nem um saxofonista. Somos uma banda de Metal, e tudo pareceu completamente errado no exato segundo em que pisamos naquele palco. Vestido de preto, com a cara maquiada de lápis e pó. Aquele não era exatamente nosso lugar, e me deu vontade de chorar ao ver uma mulher rindo da nossa cara.

Chorar. Vontade de chorar duas vezes no mesmo dia era algo impensável.

Engoli em seco e resolvo que estar atrás da bateria pode ocultar parte do meu rosto, ou qualquer coisa... Talvez apaguem as luzes. E sei que estou sendo completamente covarde ao pensar assim. Mas não consigo me mover diante de tanta luz, de tanta gente, de tantos risos.

Sim a mulher agora está sendo acompanhada por outras três pessoas, que riem. Não sei exatamente o por quê, pois não vejo nada de errado. Não. Na verdade eu vejo sim. Pelo reflexo no enorme espelho pendurado na parede a nossa frente, eu consigo identificar o motivo dos risos solenes.

Ao me sentar à bateria, seguro as baquetas com força e me obrigo a prestar atenção no que vou fazer atenção em me focar. Brian me olha por sobre o ombro, seu olhar sugere um medo iminente. Ele passa os dedos nas cordas da guitarra e então Matt começa a cantar baixo. A versão original colocaremos notas de um piano, para deixar tudo ainda mais suave. Enquanto isso, deixamos Matt cantar sozinho.

Ele disse que não precisávamos ficar nervosos, mas agora estou percebendo que pela terceira vez ele desafina. O que me faz pensar que alguém que canta tão bem como Matthew, errando em seu trabalho, pode significar que não estou impune.

Entro com as linhas de bateria, sentindo as baquetas pesarem em minhas mãos. Brian puxa as cordas da guitarra em sintonia com Zacky, Brian não está arriscando as brincadeiras, os guinchos ou acordes diferentes, está apenas ali, tocando a risca. Ergo uma das mãos, querendo girar a baqueta.

– I gave my heart to you.

Percebo que a baqueta escorrega pelos meus dedos e cai no chão, não sei se alguém além de mim percebe. Consigo puxar outra baqueta do compartimento improvisado com uma bolsa de couro que amarrei próximo ao pedal. Volto a tocar sentindo que estou corando. Corando pela segunda vez no dia. Talvez a ultima vez que tive um deslize semelhante tenha sido aos treze anos, quando havia perco o habito de girar a baqueta nos dedos. Não agora. Nem aqui. Não deveria ter acontecido.

Matthew ainda está cantando, mas um som mais alto chama a atenção de algumas pessoas além de nós. Um casal empurra as cadeiras, fazendo-as chiar no chão, e saindo do bar jogando algumas notas de cinqüenta sobre a mesa. Outras pessoas, um grupo de amigos, fazem o mesmo em um canto da sala.

E o bar vai esvaziando à medida que as pessoas jogam dinheiro em cima da mesa, como demonstração de que são superiores, de que não precisam daquilo. E sinto uma vontade incontestável de atirar uma das baquetas na testa da pessoa mais próxima. Ouvi as cordas da guitarra de Brian, pararem automaticamente. Matthew está cantando, mesmo após todos nós pararmos.

Sinto um nó na garganta, mas me obrigo a não chorar outra vez, me sentiria fraco, frágil, ridículo. Mordo o lábio inferior buscando equilíbrio novamente, mas a persistência de Matthew me provoca uma sensação estranha. Como se fossemos todos fracos, não apenas eu, o Avenged Sevenfold inteiro. Sei que ali não era nosso lugar, e que por mais que estivéssemos tocando a musica mais suave, aquele não era nosso tipo de publico.

Matthew não parou de cantar. O bar se esvaziou por inteiro, uma moça que estava com uma criança de mais ou menos quatro anos no colo, se levantou e foi até o Steven Jacob pagar a conta de uma maneira que ninguém ali havia feito de maneira educada. A garotinha andou até a beira do palco, seus olhos presos nos de Matthew. Ela se inclinou assim que Matt acabou de cantar.

– I gave my heart to you. – Cantarolou ela. – I gave my heart, cause nothing can compare in this world to you.

E aquilo fez toda a diferença na minha noite. A vontade de chorar desapareceu, uma criança tão pequena havia decorado uma frase inteira da musica e aquilo era muito mais do que eu provavelmente estava esperando, do que poderia suportar. A mãe dela pegou-a no colo novamente e a tirou de perto do palco, se afastando em direção a porta.

– Darei três minutos para tirarem essa porcaria do meu palco e sumir daqui. – Disse Steve Jacob, o velho rabugento dono do estabelecimento. – três minutos seus góticos viados.

Nenhum de nós respondeu, não tínhamos animo para aquilo. Eu me levantei e comecei a desmontar a bateria antes que alguém pudesse vir me ajudar, Leana estava ao meu lado. Ajoelhada enquanto separava os pedais do restante do instrumento.

Seus dedos delicados esbarraram nos meus, e eu ergui a cabeça para olhá-la. Leana havia chorado. Sua maquiagem borrou, e seus olhos estavam molhados ainda. Eu queria dizer que estava tudo bem, mas estaria mentindo. Não sabia como me confortar pelo que havia acabo de acontecer, muito menos sabia como confortá-la.

– Você pode deixar que eu faço isso sozinho. – Falei enquanto guardava o restante. Ela não respondeu e também não saiu de perto de mim. Essa era minha namorada Leana. Não dava muita importância para as coisas que eu impunha.

– Johnny está se sentindo mal. – Disse ela se levantando.

– Por quê? – Pergunto inocentemente percebendo enfim, que o Anão deveria estar arrasado. Afinal, ele estava mais nervoso que todos nós. Levanto-me e olho ao redor buscando por ele. Mas não o encontro. Dentro do bar até pouco lotado, estava apenas nós da banda, Steve Jacob, Leana, Val e Mich. Johnny não estava ali.

– Ele se sentiu culpado por tê-los trago aqui. – Disse Leana sem me olhar realmente. Eu me sentia culpado por não estar perto do Anão agora. Matthew estava conversando com a Val perto da porta do banheiro masculino, ele apoiava a cabeça no ombro dela e sussurrava algo com birra. Brian estava sentado em uma das mesas ao lado de Mich e Zacky, e eu sabia que todos estavam em um silencio constrangedor, por que podia vê-los de cabeça baixa.

Andei com Leana seguindo meus passos, enquanto arrastava os pedais da bateria em uma mala. Puxei os tambores até uma das mesas quando ouvi Steve Jacob:

– Tire essa merda de cima das minhas mesas de mogno senão vai arranhá-las, a não ser que queira pagar.

E eu havia aturado coisa demais para ter que guardar mais aquela. Andei até Steve Jacob com o sangue pulsando na nuca, Leana veio correndo atrás de mim, segurando meu braço. Mas a força dela era inferior suficientemente para não me fazer parar.

Olhei nos olhos daquele homem.

– Você quer que eu pague essa porcaria? Você acha que não tenho dinheiro? – Vociferei próximo dele.

– Não me importa se você pode pagar um arranhão em uma mesa seu idiota. Afugentou todos os meus clientes, sorte que todos pagaram! – Ele respondeu em tom superior, andando um passo em frente e erguendo o nariz. – meus clientes, vocês tocam tão mal que não terão um único fã.

Fiquei olhando aqueles olhos pequenos em frente ao meu rosto, desejando levantar a mão. Eu era mais forte que ele provavelmente, poderia levar uns tapas, mas nada seria comparado a sensação realizadora de encher o rosto dele de punho. Mas Leana estava segurando meus braços, e sussurrando piedosamente que eu não fizesse nada de errado. Eu tinha um anjo e um diabo em cima dos ombros. O diabo havia me possuído, mas o anjo ainda me seguia... Leana era o meu anjo.

– Vamos embora. – Disse Leana perto do meu ouvido. – por favor.

– Você um dia vai engolir todas essas suas palavras miseráveis. – Falei a Steve, e ele começou a rir alto.

– Um senhor que é meu cliente há anos, e que trabalha com música estava aqui hoje. E quando estava saindo sabe o que ele me disse? – Pergunto Steve antes de continuar. – disse que havia deixado o valor gasto em cima da mesa, mas não apenas o valor gasto com mais dinheiro. Mais dinheiro pela pena que ele sentia dos meus ouvidos... Pena que ele sentia por mim. Pena de vocês.

Eu não queria estar ali. Não precisava ter ouvido aquilo e nem queria. Tudo que eu vivi, todas as coisas boas na minha vida haviam acontecido nos últimos meses. Eu tinha construído minha alegria em torno daquela banda, em torno da minha paixão pela música. E agora tudo havia desmoronado.

Tudo.

Desde que havíamos nos juntado. Aquela noite em que tocamos juntos pela primeira vez, desde quando aceitei entrar para a banda apenas por que queria conquistar Leana. Quando briguei com Matt, e ele me entregou a letra da música que havia feito pra mim, a vez que acordei no hospital e os meus amigos de banda estavam ali, me xingando de filho da puta por ter tomado os remédios sem responsabilidade.

Eles haviam se tornado minha vida. O Avenged tinha se torno tudo pra nós, e não éramos bom o suficiente para agradar um publico nem com a musica mais suave. Nos escondendo atrás do que realmente éramos, para tocar uma música frágil que não fosse assustá-los. E nem assim.

– Abre a porta, Lea. – Falei baixando a cabeça. E nessa noite eu abaixei a cabeça tantas vezes, que nem me reconhecia. – vou levar os tambores para fora.

Leana ficou com medo de me deixar sozinho, eu percebi pela hesitação dela. Mas já estava abrindo a porta quando me virei.

Matt havia guardado os microfones, as extensões e os cabos; Todos os fios, cabos e extensões haviam sido rapidamente furtados da sala de música do colégio. Zacky havia pegado uma coisa de cada vez, desde o momento que a banda havia sido formada. Na nossa concepção de mundo os instrumentos não eram bem utilizados pelos alunos do ensino médio, estavam dentro de uma sala que cheirava a mofo e não eram bem aproveitados. Logo, era melhor servir-nos de algo.

Iríamos devolver um dia, quando estivéssemos melhores de vida. Mas nesse segundo eu não sabia bem se alcançaríamos a glória do: Melhores de vida.

– Precisa de ajuda? – Brian perguntou ao meu lado.

– Pegue o outro tambor e os dois pratos. – Respondi sem olhá-lo.

E a noite foi assim. Nós nos ajudamos até todo o equipamento estar dentro do meu carro. Johnny estava do lado de fora, sentia-se envergonhado. Mas eu falei a ele que não tinha motivo para tal feito, estávamos todos legais. Legais. Eu não queria estar apenas legal, mas não ia culpar Anão por isso.

Durante a viagem de carro ninguém falou nada. Nem mesmo Brian fez piada hoje. Deixei todos em suas casas, e íamos dizendo:

– Foi um ótimo show, parabéns.

Mas não estávamos sendo sinceros uns com os outros, pelo menos eu achava que não. Não tinha sido um ótimo show e eu particularmente não merecia parabéns por nada. Dirigi em silêncio e nesse dia não quis colocar nosso demo para tocar no carro. Não sabia dizer o que havia de errado comigo, mas era algo muito sério.

– Não me venha parabenizar como o Matt e o Zacky fez. – Disse Brian na janela do motorista, quando o deixei em frente a sua casa. Ele estava arrastando o amplificador, que pegou sem o pai saber, e a guitarra no outro braço. – eu não sou idiota. Aquilo foi um fiasco, mas a culpa não foi nossa.

– E alguma vez eu disse que foi? – Quero saber.

– Não exatamente. Mas eu não sou burro. – Diz Brian apoiando-se no carro. – estou vendo pela sua cara que você está se culpando aí dentro, pelo que aconteceu. Foi falta de sorte, cara.

Eu não estava me culpando. Só achava que se tivesse me esforçado mais talvez não tivesse acontecido.

– Eu sei. – Respondi desanimado.

– É sério, você é perfeccionista Jimmy, eu vejo isso em cada coisa que você faz. – Diz ele. – não vamos desistir.

Eu não respondo.

– Você entendeu? – Pergunta com veemência. – nós não vamos desistir. E não estou perguntando se você concorda. Isso é uma ordem.

– Certo Synyster, vá descansar. – Brinco. Ele enfim sorri.

– Descanse também Reverendo. – Ele dá as costas e enfim desmancho o sorriso em meu rosto. Subo o vidro e volto a encarar a estrada seriamente.

– Você deveria ser sincero consigo mesmo. – Lea fala repentinamente. Eu sei exatamente do que ela está falando... Sobre eu ter sorrido para Brian, fingido que as coisas estavam bem, mas que dentro de mim um caos ameaçava me explodir de dentro pra fora. – não precisa fingir que está legal.

– Eu realmente não estou. – Digo pegando a via expressa.

– E estou aqui, posso entender que não esteja bem, amor. – Diz ela se inclinando para estar mais próxima de mim. Eu não desvio o olhar da estrada, por que seria capaz de me perder nas feições daquela mulher ao meu lado, e não voltar mais a consciência.

Meus olhos se enchem de lágrimas. E não consigo retê-las.

– Eu só queria que tudo tivesse dado certo dessa vez. – Digo com as lágrimas embaçando minha visão. – tocamos tão bem, ensaiamos tanto, queríamos apenas atenção. Eles nos deixaram plantados naquele palco feito idiotas, o dono do bar nos humilhou com aqueles xingamentos, eu não pedia mais que atenção e aplausos. Não tocamos por dinheiro, queríamos apenas atenção Lea. Atenção! Era pedir demais?

– Encosta o carro. – Diz ela parecendo nervosa. E não a contradigo. Dirijo o carro ao acostamento, escuro e vazio, poucos carros cruzando ali. Desligo o motor e os faróis e ficamos submersos na escuridão com o som de grilos e bichos voadores zanzando próximos ali. Encosto a cabeça no volante e começo a chorar.

Leana se inclina e passa a mão nos meus cabelos.

– Não estava pedindo tanto... – Choramingo. – eu fui um idiota por tanto tempo, causei mal a pessoas que eu amava. Mas hoje eu sou tão diferente, e tudo que eu queria era atenção e nem isso Deus foi capaz de me dar. Eu merecia não merecia? Eu fiz a felicidade de Matt ao entrar para a banda, de Brian ao ajudá-lo a encontrar sua vocação, de Johnny sendo seu melhor amigo...

– Você não pode cobrar nada de Deus, Jimmy. – Diz ela lentamente. E é estranho conversar sobre religião com Leana, mesmo que estejamos juntos há muito tempo. – você diz que mudou, mas o antigo James daria coisas em troca de outras. Tudo que você fez pelos garotos da banda foi por amor, por amizade, não por que queria que no fim das contas tivesse um primeiro show maravilhoso. E agora você simplesmente não tem direito de cobrar isso. Nem mesmo de Deus.

Respiro pela boca por que meu nariz começa a ficar entupido, mas não ergo a cabeça. As lágrimas molham o volante, o couro do banco e meu cabelo. Leana desliza as mãos pela minha nuca e acaricia minha pele.

– Você consegue entender?

– Sim meu anjo. – Falo. E chamá-la de anjo, se não na minha cabeça, soa engraçado. Mas ela ainda é o anjo que apunha-la firmemente o diabo que eu havia me tornado.

– Então, ninguém começa vencendo. – Diz ela com suavidade. – todos começam por baixo, e são humilhados muitas vezes.

– Mas eu não estou me comparando a bandas grandes. Eu não quero dinheiro, quero fãs, quero que as pessoas sintam-se bem quando me ouvirem. Que amem a música, sobretudo. – Falo atropelando-me nas palavras sem saber como dizer a ela o que realmente quero. – quero que amem isso, não a mim. Quero trazer felicidade não dinheiro.

– Mas mesmo esses que só querem trazer felicidade, Jimmy. Não começaram no alto. Não eram ouvidos. Suas vozes foram oprimidas por vezes, e agora você tem que entender que o Avenged não vai sair tocando a alma das pessoas logo de cara. – Fala. Eu ergo a cabeça e encontro seus olhos castanhos enormes no escuro. Sei que ela chorou muito antes de chegar àquela conclusão. – e eu acredito que vocês ainda vão sim, tocar a alma de milhares de pessoas.

– Tocamos a alma daquela criança. – Falo lembrando-me da menina loira de olhos escuros, cantando um trecho da música. E aquilo me rouba um sorriso.

– E não só a dela, serão muitos outros. As pessoas viveram disso, da paixão dessa música. – Ela abre aquele sorriso escandaloso que eu tanto amo.

Lea segura meu rosto com as duas mãos e me dá um beijo rápido. Descontente com aquilo eu a puxo para o meu colo no banco do carro, ela se senta em cima de mim. Seus cabelos roçam meu rosto enquanto eu procuro seus lábios. Com auxilio do pé, ela empurra a alavanca que faz o banco se deitar. E eu caio pra trás no banco deitado, puxando-a comigo.

Era ri sobre os meus lábios, mordendo meu queixo e arranhando minha nuca.

Fico pensando que pelo menos uma coisa boa tinha que acontecer naquela noite, e com ansiedade para saber se aquilo seria a coisa boa a acontecer.

Qualquer coisa com Leana é bom, afinal.

– Você está tentando transformar minha noite? – Pergunto com um riso sigiloso. Ela se senta sobre mim, algo entre as minhas pernas ficando rígido com seu peso sobre ele. Minha respiração acelerada.

– Se você disser sim, eu posso tentar. – Ela abre o sorriso escandaloso.

Eu a encaro, não queria fazer tudo rápido demais, por causa da euforia. Não queria que ela fizesse aquilo apenas para que eu não chamasse aquele dia de um puta desperdício. Eu queria que ela fizesse por que queria, por que sentia tanto desejo por mim quanto eu por ela. E para ser mais especifico... Por que me amava.

– Quem cala consente. – Ela diz brincalhona lambendo o lábio inferior. Não deixo de pensar se sou tão excitante pra ela quanto ela é para mim. Minhas mãos começam a soar daquele jeito que estavam antes do show, só que a diferença é que antes do show eu não sabia exatamente o que esperar de mim, agora eu meio que podia imaginar. Eu poderia estar feliz no fim da noite, bastava dizer a ela que sim.

Meu coração palpitava com a adrenalina.

Não tinha ninguém ali. O lugar era vazio. Um carro no acostamento não atrairia atenções indesejadas também.

Bastava eu dizer sim.

Respiro fundo, trazendo um sorriso aos lábios. Algo dentro de mim estava queimando incandescente.

E então eu e a respondi...


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Notas finais do capítulo

Morreram de curiosidade, aposto :x OBS: Adoraria se pudessem escrever uma recomendação ): KKK E saudades da ditte_glabes.



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