Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 40
Capítulo 36; Engasgando


Notas iniciais do capítulo

Para matar a saudade. Prometo voltar a postar com regularidade.



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;SYNYSTER GATES;

Vou tentar explicar mais ou menos como é a sensação. Tipo você sente seus pés e suas mãos formigarem e, seus dedos se movem em uma freqüência mais rápida do que você está acostumado a meche-los. Seu corpo está ligado no automático, você sabe que não pode errar, mas não se importa muito com isso. Para ser honesto é uma sensação ridícula. Uma tremenda putaria. Mas eu gosto disso.

Olhos se movem junto com minhas mãos, mulheres que encaram como se eu fosse um anjo de asas negras e de cueca Box. Aquilo não é assustador, ao contrario... Eu realmente me sinto confortável em ficar em frente a uma multidão de asas de anjo e cueca. Sério isso não é ironia. Ou sem a cueca, se tiver só mulher presente. Não me importaria mesmo.

Matthew grita, um berro daqueles que fazem os pelos do meu braço se eriçarem. Gosto tanto dessa sensação quanto da de eu nu em frente à trocentas mulheres. Jimmy está na bateria, seus punhos estão furiosos como se estivessem na cara de Wendt. O que não seria má idéia, sinceramente. Outra coisa está acontecendo. E eu reconheço. É o calor que sobe nas minhas mãos e nas minhas pernas quando estou tocando junto dos caras. É algo único, e agora não é apenas tocar. É tocar para pessoas. E isso acaba de certo modo me fazendo sentir que sou foda. Não que eu não fosse foda, na moral, sempre fui foda. Mas tipo, subindo no conceito de fodásticalidade do Brian Haner. É quase são tão bom quanto ter sua própria linha de guitarras, com fotos suas nu estampados nelas. Mas a idéia das guitarras ainda é uma boa.

- Brian, você pode nos ouvir? – Escuto Matthew falando no microfone. E sinto um desejo incontrolável de dar um soco nele. Tem pessoas nos assistindo, mulheres gritando meu nome, e Matt quer saber se eu o escuto? Que porra é essa. – Brian?

- Caralho Matt, canta a porra da música! – Grito, mas o som da bateria do Jimmy parece muito mais alto. Vejo uma mulher na multidão. Ela está apenas de short e sutiã (preto com renda vermelha, o que me é bastante atraente. Na verdade qualquer sutiã preso no corpo certo, é atraente pra mim), e eu a vi desde o inicio do show balançando aquelas coisas enormes chamados de peitos e gritando o meu nome. Eu teria tentado ignorar, como um bom profissional faria. Mas eu nasci com erros de fabricação. O que significa que eu não consigo tirar os olhos de um par de melões se mexendo na minha frente.

- Brian? – Ouço alguém mais distante, uma voz feminina talvez. Olho para a multidão. A mulher dos peitos está me chamando?

- Gates! Gates! Gates! – Estão me chamando. O som do meu nome ecoando na multidão é quase tão gostoso quanto mijar, quando se está com vontade.

            Algo belisca meu braço. Instintivamente o puxo, e vejo que uma mulher loira tão alta quanto Jimmy está do meu lado. Ela me belisca de novo com aquelas unhas gigantes. Outra vez sinto o beliscão, em algum lugar do meu outro braço. Sinto no pulso. E começo a sentir aquelas unhas afiadas me pinicando o tempo todo. Mulheres e mais mulheres me apertando, me beliscando e querendo tirar pedaços de mim. E o pior de tudo é que... Caralho, eu amo que tentem tirar pedaços de mim.

            Mas ta doendo.

            Tento gritar, tento chamar Matt, tento falar qualquer coisa, ganir, chorar sei lá. Mas sons não saem de mim, minha boca parece estar cheia de arreia. Tento cuspir, mas algo impede que eu faça isso.

            Quando levo a mão a boca para tirar a areia vejo o tanto de tecido que está enfiado na minha garganta. Tecido não. Um sutiã preto com renda vermelha.

Aí meu Deus. Estão me sufocando até a morte!

Começo a tentar outra vez, levo a mão a boca e uma das mãos a puxam.

- Não Brian. – Ouço brigarem comigo. Não tento machucar nenhuma das mulheres, são minhas fãs afinal, e minhas fãs vem acima de tudo, até mesmo de um engasgo com um sutiã preto. Recolho as mãos, tentando me manter quieto. Respiro fundo.

            Uma abelha entra no meu nariz.

            Não, você não leu errado. É sério, uma abelha entrou no meu nariz. E aí tive plena certeza de que a morte seria assim, lenta e gostosa. Uma abelha dentro do seu nariz, unhas afiadas te tirando pedaços e um sutiã na goela. Mas eu não estava triste, quase podia chorar de felicidade. Mulheres. De todos os tipos me rodeavam feito as angels da Victoria Secret, e eu já me sentia no céu.

            Alguém tão gata quanto a Rosie huntington-Whiteley estava sorrindo pra mim, e aquilo me fez morrer mais um pouco. Eu teria jogado um charme, piscado e feito uma cantada de pedreiro que é bem minha especialidade. Mas no momento estava sendo sufocada.

            Aqueles olhos azuis piscando feito o mar profundo.

            E ao seu lado, alguém tão bela quanto a Adriana Lima, piscava do lado de Rosie.

            Dois par de olhos. Azuis e verdes. E eu só precisava tirar o sutiã da boca para poder perguntar se o pai de uma das duas era piloto de avião.

            Quando meu coração quase explodiu de susto, ao passo que abri meus olhos e vi James e Matthew me encarando com aqueles olhos azuis e verdes, feito bolas de gude. Eles gritaram.

- AÍ PORRA! – Grito ao me assustar. Os dois começam a rir e a bater palmas eufóricos como duas focas de circo. Duas focas de circo com roupas pretas e olheiras fundas no rosto. Focas de circo que amo como irmãos. – que diabos ficam em cima de mim? Sentia a respiração de vocês na minha boca, que nojo! Puta merda que nojo!

            Eles não pararam de rir.

            Me abraçaram tão forte que senti as mulheres me apertando os braços novamente. Quando me dou conta não eram mulheres. Era agulhas. Pretas no meu pulso, e nos meus braços. E no meu nariz um tubo de oxigênio me impede de respirar por conta própria. Não era uma abelha afinal.

- O que era o sutiã então? – Pergunto tão desnorteado quanto a vez que estava bêbado no carro com Jimmy, quando falei que era o Synyster Gates. Synyster Gates é uma mensagem subliminar do demônio das terras férteis e significa que sou foda. Ou eu só estava tão bêbado que inventei tudo.

- Sutiã? – Pergunta Jimmy me olhando, ele ainda está sorrindo. Matthew abriu a porta e está gritando algo pro corredor. Cada louco com suas manias.

- O que estava na minha boca. – Digo dando de ombros. E dar de ombros dói. – o que aconteceu?

- Você se acidentou a uns três dias. – Diz ele sorrindo tristonho. – puta merda, graças a Deus acordou. Precisamos tocar ainda.

- Tocar... – Repito fazendo cara de débil mental. – a gente toca?

- O quê? – O olhar de Jimmy se perde no meu. – claro que sim. Você toca guitarra lembra?

- Na realidade não. – Digo seriamente.

            Jimmy fica pasmo.

- Sombra... – Diz ele chamando Matt daquela apelido antigo. – ele não se lembra de que tocávamos.

            Matt tira a cara da porta, e se vira para nós. Seus olhos perdidos também.

- Não se lembra como assim? – Pergunta correndo até minha cama.

- Eu tocava flauta doce quando tinhas sete anos. Lembro que meu pai queria me ensinar a tocar guitarra, por que era o sonho dele ser famoso. Só isso. Mas não cheguei a querer fazer isso da vida. – Falo com um sorriso contido. – quero ser comediante.

- PUTA QUE PARIU! – Grita James pulando pra trás, ele está com os olhos marejados e percebo que é hora de parar com a brincadeira.

            O sorriso contido vira debochado.

- Seus putos, até parece que vou me esquecer que toco guitarra. Que sou foda digdin. E além disso tudo, que mulheres vão me desejar um dia tanto quanto desejam hoje. Transpiro testosterona. – Aquilo os fazem rir. James me dá um bom tapa na testa.

- Idiota, faça isso de novo e vai ficar sem os dedos. – Fala.

- Ui, que ameaça. – Brinco.

- Cala a boca. – Matt guincha.

- Cadê a porra do meu ipod? – Quero saber me lembrando vagamente de estar ouvindo Pantera, na ultima vez.

- Ele parece um monte de farofa agora. – Diz Matt zombeteiro.

- Foda-se, vocês vão me dar outro. – Reclamo. – se eu não tivesse que ir até a escola de vocês, não teria sido atropelado, se não tivesse sido atropelado, não teria perco meu ipod. Se penso logo existo.

            Eles começam a rir outra vez.

- Se penso logo existo? – Matt ri alto. – virou filosofo.

- Gente, é sério. Eu não vivo sem meu ipod. – Falo quase esperneando.

- Vamos comprar um, quando tocarmos naquele barzinho que o anão arrumou pra gente. – Diz Jimmy parecendo eufórico. – vamos ganhar tanto dinheiro, meu Deus. Vamos poder fazer tanta coisa.

            Matt segura o braço de Jimmy gentilmente.

- Segura a onda. – Matt diz. Ele sempre foi o mais pé no chão. – não vai ser tanto dinheiro, é apenas uma forma de divulgar nosso trabalho.

- Eu sei. – Jimmy faz bico. – não custa nada sonhar.

- Não estamos falando em sonhar, isso não tem nada a ver. Estamos falando em se segurar no chão, sabemos que não vamos ganhar praticamente nada agora. – Diz Matt confiante.

            A porta se abre, e vejo o velho senhor Haner ali de pé. Ele parece em choque, seus olhos estão vermelhos e está com as mesmas olheiras arroxeadas cujo possui no rosto de ambos os meus amigos. Aquilo me assusta. Eu não sabia que um acidente podia mexer tanto com as pessoas, poderia imaginar é claro. Mas não havia pensando nas proporções.

            Ao ver os olhos do meu pai cheio de lágrimas lembrei da vez em que fui hospitalizado por causa das picadas de abelha. Foi tão ruim quanto agora, e eu sabia que ia morrer. Imaginava pelo menos, a dor era forte, a pressão sobre o peito. Mas quando comecei a ficar menos inchado, e voltei a ver o rosto dele. A expressão era a mesma. De alguém que tinha que dar duro para criar os três filhos, e que ainda assim, era o melhor pai do mundo.

- Oi pai. – Digo. E provavelmente aquilo o afeta também, geralmente chamo ele de irmão, mano, velho, tio, truta. Meu truta.

            James e Matt saem do quarto sem falar nenhuma palavra.

- Não imagina o susto que me deu. – Ele encosta a porta e senta nos pés da cama. Eu vejo que ele está chorando, por mais que se esforce para não fazê-lo na minha frente.

- Ah eu imagino sim. – Abro um sorriso. – mas ta tudo bem. Só foi um atropelamento.

- Só foi um atropelamento. – Ele imita minha voz. – tu queria morrer?

- Claro que queria. Adoro morrer. Muitas vezes.

- Sem ironia Brian. – Ele parece irritado.

- Me desculpe pai, eu só ia encontrar os caras, não queria morrer. – Faço careta.

- Não me faça uma merda dessas de novo. Agüentei da primeira e da segunda vez... – E eu sabia que a primeira era toda a historia da minha alergia com abelhas. – e na terceira, você me traz um infarto.

- Não haverá uma terceira. – Antes que eu termine de falar, ele me abraçou. E considerando o meu pai, meu truta, tio, irmão e etc. Era inusitado.

            Eu o abracei, de uma maneira que não fazia a anos.

            E quando percebi, estava chorando.


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