Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 38
Capítulo 35; Jimmy, Sr. Haner, M. Sanders


Notas iniciais do capítulo

Gente, preciso comentar quanto à demora para postar novos os capitulos. Se eu quisesse postar todos os dias, postaria certamente. Mas por trás de cada capitulo que escrevo, quero que tenha algo 'especial' além do mais, se eu escrever todos os dias, meu modo de ver a história pode mudar por conta da vontade de escrever ou da criatividade. Então prefiro postar demoradamente ALGO QUE VALHA A PENA LER, do que postar todos os dias uma merdinha. Espero que tenham compreendido (; Obrigado.



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;JAMES SULLIVAN;

The Rev

- Seu grande merda! – Gritou Zacky apontando o dedo na cara do motorista. É claro que geralmente não se vê Zacky furioso, mas era bem  claro que ele iria ficar se alguém tentasse matar seu companheiro guitarrista. Eu mesmo estava afim de enfiar o punho na cara do malandro, mas estava ocupado demais dando leves tapas no rosto de Brian ainda desacordado na calçada. Uma multidão havia se formado em volta, tentando olhar e Shadows estava puto demais da vida com um monte de gente em cima do Synyster. Afinal, ninguém ali se importava com o bem estar dele além de nos mesmos.

- Zacky chega. – Aconselhou Val ainda com as mãos tremendo.

- Ei Brian, vamos, acorde. – Tentei de novo, puxando seu braço e verificando a pulsação dele.

- Não sabe olhar pra onde anda porra? Aqui é um colégio seu babaca! Tem pessoas atravessando essa rua o tempo todo, não esta vendo a placa de “Reduza a velocidade” à quinze metros dali? – Zacky apontou, ainda estava impaciente. O motorista, cujo implorara para não chamar a policia ou a ambulância sendo que o carro não era dele, estava encostado no muro verificando o estrago do seu carro; E o mentalmente verificava os futuros estragos do rosto dele. Wendt estava segurando Zacky.

- Vamos ter que chamar uma ambulância. – Leana disse no pé do meu ouvido, encarando o rosto de Brian. Ele estava pálido e devido à queda, ele bateu o rosto no vidro do carro e estava sangrando. Sangue costumava me dar ânsia, mas eu não conseguia sair de perto de Brian. – ele não pode ficar aqui.

- Não tem ninguém da coordenação aqui? Preciso de alguém responsável pra ajudar. – Respondi segurando a mão de Brian. Shadows agachou-se ao meu lado, eu podia ver a preocupação nos olhos dele tão evidentes quanto qualquer coisa.

- O cara vai tirar o carro daqui, vamos dar um jeito de ligar pra ambulância logo, não quero Brian desmaiado no meio da rua. – Disse-nos. Ele se ajoelhou e tocou a testa de Brian, onde o sangue estava escorrendo. Os dedos de Shadows ficaram impregnados de sangue carmim-escuro.

            Virei-me a tempo de ver o cara entrando no carro e dando ré pra tirá-lo do caminho. O problema? O infeliz não deu apenas ré, ele deu ré até a avenida e desapareceu de vista.

- FILHO DA PUTA! – Gritou Zacky com tanta raiva, que de onde eu estava era possível sentir sua saliva. Não me movi, não queria sair de perto de Brian. Não estava me importando com aquele idiota que o atropelou agora, estava me importando com meu amigo.

- Fica calmo cara. – Incentivou Shadows, mesmo sendo que ele mesmo não estava calmo.

- Vocês vão ficar aí parados? – Alguém na multidão quis saber.

- Eles não sabem o que fazer. Acho que o amigo deles morreu. – Diz outro idiota.

- Não pode tocar na pessoa quando tem esse tipo de acidente que eu saiba. – Uma menina com voz nasalada falou.

- Saiam daqui! – Shadows berrou estridente. – saiam todos, ao menos que conheçam o Brian.

            Algumas pessoas se dispersaram, e emergindo da multidão, passando à cotoveladas, vi Michele Dibenedetto.

- Aí Deus! – Ela soltou um grito, e pude ver que ela sentia-se nauseada. – meu Deus, Brian!

- Ele vai ficar bem. – Val disse à irmã, tentando amenizar a situação. – já estou ligando pra ambulância.

- Já era pra ter ligado Valary. – Falo tentando manter a voz instável, sem sucesso. Mich esta debruçada no chão, os olhos cheios d’água.

- Sinto muito. – Val diz sentindo-se de certo modo culpado por não ter o feito antes.

- Jimmy, tenha calma. – Leana ainda esta ao meu lado. E eu havia esquecido completamente da presença dela. – façamos o seguinte, você pode ir até a coordenação falar sobre o ocorrido, tentar ligar para o pai do Brian, e enquanto isso esperamos por uma ambulância.

- Não. – Foi tudo que consegui dizer. Eu não queria sair dali, Brian precisava de mim.

- Por favor, se a ambulância chegar eu fico aqui te esperando. – Ela suplicou. Consegui desviar, com muito esforço, o olhar para seu rosto e pude ver sua expressão alerta. Eu não queria deixá-la assustada daquela forma. E naquele instante comecei a pensar como um dia poderia começar tão maravilhoso, no quarto de Leana abraçado à ela, e se seguir para uma linha tão tenebroso como um acidente de carro envolvendo um dos meus melhores... Ahn, amigos

- Eu quero ir com ele... – Falei sentindo um nó na garganta.

            E como um dejavú engraçado eu vi duas cenas seguidas e alternadas. Primeiro era Brian, atirando tinta na minha testa no quarto de visitas da minha casa. Depois, há muito tempo atrás, quando estava no galpão 6661 e fui pedir perdão à Ronnie por ter explodido com ele, sua fala foi exatamente essa: Estou cheio das suas percas de controle por porcarias... Você já notou como é indiferente com o mundo?

 Acha que vai ter amigos assim? Eu duvido que você vá encontrar algum idiota feito eu para te dar apoiar e rir das suas piadas sombrias e sem graça. E novamente repassei uma frase em ênfase dele, Acha que vai ter amigos assim? E a cena que se seguiu a esta foi àquela noite, com Synyster Gates apavorando na janela do meu carro. Bebendo, rindo, dando em cimas das mulheres da rua e mostrando o dedo. O garoto que tentei, e consegui despertar a paixão pela guitarra. Brian Haner, o garoto que havia me acolhido tão bem. Meu amigo. Melhor amigo.

- Entenda, é para o bem dele. – Lea pousou a mão em meu ombro. Ergui-me do chão.

- Vou com a Lea informar o pai do Brian e bom... Sei lá. – Digo à Shadows que ainda parece alarmado. Lea pega minha mão e no caminho até a secretária tenta me entreter com assuntos dinâmicos, mas eu simplesmente não estou a escutando. Agora é inicio de férias de verão... Era para ser uma nova fase, o Avenged ia bombar. E agora bombaram nosso guitarrista. Ao chegarmos na secretária vejo Denise, aquela maníaca desequilibrada, estava na porta.

- O que deseja Sullivan? – Ela pergunta com uma voz que sugere náusea. E eu sinto náusea... Apenas de ver aquela cara dela.

- Preciso que informem ao pai do Brian que...

- Que Brian? – Ela pergunta, e percebo que não nossa escola não é responsável por Brian. Ele não estuda aqui, que porra.

- Brian Haner... Um amigo meu. – Digo tentando manter a voz instável. – ele foi atropelado na frente do colégio e...

- Ele não estuda aqui? – Ela dá de ombros.

- Não, mas...

- Então o problema não é nosso. – Diz-me. E começo a sentir aquele calor intenso nascer no fundo do peito, aquele que me faz querer arrancar a cabeça de alguém fora. Leana segura meu braço por que previu isto.

- Sua desgraçada. – Digo com raiva. – meu melhor amigo foi atropelado, e está na rua na frente dessa porra de colégio e você me diz que não vai fazer nada?

- Sullivan. – Ela berra mais alto. – olhe a educação comigo.

- Não estou me importando com educação nenhuma! – Grito de volta, e agora consigo desprender meu braço da mão de Leana, e apontar o dedo no rosto de Denise; Uma atitude impensada, mas afinal, que atitude minha é realmente pensada?

- Jimmy... – Leana pede delicadamente. – por favor.

- Não Leana! – Me viro para Leana, parecendo tão pequena e tão intimidada ali no canto. Ela segura meu braço de novo, e seu olhar me é suplicante.

- Ela vai dar um jeito se você cooperar.

- Essa puta de merda... – Rosno. Lea segura meu rosto entre as mãos, daquele jeito que parece me desarmar por completo.

- Vai ficar tudo bem. – Diz ela lentamente, como que para que eu absorva a idéia. Solto um suspiro quase que involuntariamente. – calma...

            Alguns minutos depois Brian, o pai de Synyster aparece. Eu já tinha visto o Sr. Haner, algumas outras vezes na minha casa, mas nunca o vi com um semblante preocupado quanto estava agora. Ele desviou de alguns alunos na porta da secretária e parou na minha frente, o olhar atordoado.

- Sullivan... – Ele me chama.

- Sim senhor. – Respondo. E Denise me encara perplexa por eu ter dito Sim senhor, educadamente tudo em uma única frase e em um mesmo dia. Maneira que não a trato.

- O Brian está indo para o hospital. – Ele inclina a cabeça, penso que ele está se segurando para não chorar na minha frente. – você vem?

- Sim, é claro. – Digo rapidamente.

- Eu também vou. – Leana diz.

- Eu vou processar essa porra de colégio. – Digo me voltando a Denise. – e você vai perder a merdinha de emprego que tem nessa droga.

- Eu não admito que...

- Eu não admito que você otária trabalhe aqui. Meu Deus, se você tem um emprego, eu não preciso terminar a escola para ter um... – Me viro, e antes que ela insinue que preciso ir para a direção pela milionésima vez conversar com a diretora sobre meu comportamento hostil, saiu do recinto arrastando Leana e o Pai de Synyster.

            O Synyster Gates.

;PAPA GATES;

Sr. Brian Haner

[Flashback; Há quase 10 anos atrás]

            Estou tentando afinar a guitarra para fazer um show maneiro e ganhar um pouco de dinheiro para comprar roupas novas para Brian.

- O senhor não pode comprar roupas novas para mim? – Pergunta Brent. – e dá as minhas roupas velhas para o Brian?

- Não. – Digo tentando afinar outra corda. – Brent, seu irmão precisa de roupas novas também.

- Não precisa. – Brent se irrita.

- Preciso sim seu idiota! – Brian grita birrento.

- Idiota é você! – Brent reclama. – olha só seu cabelo de idiota!

- Seu cabelo é de idiota! – Brian devolve. – seu nariz é de idiota.

- Sua cara inteira é de idiota. – Brent mostra a língua.

- E o seu... – Quando Brian está prestes a falar, eu o encaro tão feio que ele não diz.

- Vocês dois são idiotas. E chega dessa conversa. – Eles me olham. – vou comprar uma blusa para cada um, que tal?

            Os olhos dos meus pequenos filhos se iluminam com a idéia.

- E quem sabe uma camisa do Metallica. – Incentivo. Então os dois começam a gritar, e pular a minha volta.

- Pai pode ser uma que tenha fogo? – Brian pergunta. – é que tipo, uma vez eu vi um cara com uma camiseta do Metallica que tinha uma labareda, mas acho que era uma versão única por que né, não existem camisetas com fogo do Metallica à venda eu acho. Podíamos comprar todas as camisetas pretas do Metallica que existem no mundo, e pintar labaredas nela com tinta e tipo vender por um milhão de reais.

- Que coisa mais ridícula. – Brent abana o ar com banalidade. – dois mil reais apenas, por cada. É um preço justo.

- Não é um preço justo. – Brigo com os dois. – não para camisetas pintadas com tinta guache.

            Os dois me olham ao mesmo tempo. Vejo os olhos de cada um deles; meus olhos. Ouço o choro de McKenna.

- Vamos lá, quero uma ajudinha... – Digo mudando de assunto e começando a tocar Paranoid do Black Sabbath. – quero o solo com a boca.

- Tananananaaaa – Começa Brian. Dou um tapa na mão dele. – aí pai.

- Tananananaaaa? – Pergunto irritado. – é Tanaan, tanaaan.

- Mas como vocês são babacas. – Brent diz desrespeitoso. – é tananananananananannnnn.

- Seus bobinhos, é tanan, tanan, tanannananan. – Suzy, minha esposa entra no quarto com McKenna em seu colo.

            Abro um sorriso, por que mesmo aceitando meus filhos, e tido uma filha comigo, Suzy não mudou nada desde que a conheci em uma convenção de bandas a anos atrás.

- Mãe, mãe... – Brian chama. – por que diabos vocês colocaram meu nome igual do pai?

            Começo a rir.

- Não fale diabo Brian, diabo. – Suzy o retêm. – não sei onde diabo, você aprende essas porcarias de palavras! Diabo.

- Por que meu nome é lindo. – Abro um sorriso. – e você é igual o papai.

- O meu nome é feio? – Pergunta Brent. – por que Brent? Brent parece nome de cachorro.

- Não é nome de cachorro meu bem. – Suzy beija sua testa. – agora chega desse papo e vai para o quintal brincar.

- Posso levar a Mckenna? – Brian pula na ponta dos pés e tenta alcançar Mckenna no colo de Suzy.

- Não Brian, ela vai dormir agora. – Suzy se vira. – vamos, deixem seu pai em paz. Ele está trabalhando.

            Os meninos descem acompanhados de Suzy para o andar debaixo, onde ficam no quintal brigando perto das roseiras. Não me importo em acompanhá-los, por que para ser franco eles não são capazes de se envolver em uma briga corporal. Da primeira e última vez que saíram na porrada, eu briguei tanto com eles que nunca mais voltaria a ocorrer. Estava novamente tocando Sabbath, quando alguns minutos depois escuto um berro estridente de Suzy

            Era um berro que me assustou, para ser honesto. Deixo a guitarra de lado e vou até a janela do quarto.

- O que foi amor? – Pergunto crendo que não houve nada de errado, mas com a certeza de que estou enganado. Suzy aparece em meu campo de visão, com a expressão mais aterrorizada que já vim atingir sua face.

- Venha cá! Corre! – Ela grita.

            Eu desço as escadas a tropeço, e quando chego no primeiro andar vejo Mckenna sentada no chão me encarando sem entender nada. Brent está chorando na porta, e aquilo só me dá mais nervoso. Meu coração começa a acelerar a medida que não vejo Brian em lugar algum.

            E quando enfim o acho, preferia não tê-lo encontrado.

- Meu Deus. – Solto inconscientemente. Brian está caído no chão, perto da roseira, de inicio penso que ele levou um tiro e meu desespero me esmaga. Mas para piorar, consigo ver a abelha que o picou na perna. E a outra que o picou no braço, e outra na garganta. E uma perto da têmpora, inchou sua pele e o fez não conseguir abrir um dos olhos. – Brian?

- Pai... – Consigo ouvir a voz dele branda, menos lúcida. – ta doendo...

- Eu sei. – Falo sem pensar. – calma Brian...

- Faz a dor parar. – Consigo ver que ele está chorando. E nunca estamos preparados para este tipo de situação. Você se torna pai, mas nunca imagina que seu filho alérgico a abelhas realmente será picado por algumas, e ele ficará neste estado pedindo por ajuda sua. Você não sabe o que fazer, não sabe como reagir... Por que nunca foi pai antes. Ou foi, mas não era a mesma coisa. A cada filho você aprende mais com ele, e Brian estava me ensinando que eu era no momento a única pessoa que podia salvá-lo.

            Suzy ligou para a ambulância e eles deram os primeiros procedimentos para ajudar Brian a sair do chão. O corpo dele inchava a cada minuto que passa, e teve uma hora que Brian parou de me responder. Eu não sabia realmente se tinha como prever por aquilo, mas fiquei me sentindo mal durante todos os outros anos da minha vida por não ter tido a dignidade de imaginar que Brian e Brent estavam brincando perto de roseiras. Que é óbvio, que no pior das circunstancias, ele poderia ter sido picado... Não por uma, mas pelo menos por cinco abelhas.

            No hospital Brian ficou tomando soro, e Brent ficou ao meu lado esperando que desintoxicassem seu irmão.

- Pai... – Ele disse apertando minha mão. Eu o encaro.

- Sim Brent.

- Acho que quando o senhor ganhar o dinheiro do show pode usar tudo para comprar roupas para o Brian. – Ele diz parecendo confiante. – e se sobrar dinheiro...

- Compro algo para você?

- Não. Compra camisetas pretas do Metallica... Todas as que o dinheiro der. Vamos pintá-las e vender por... Um milhão de reais. – Ele abre um mínimo sorriso.

- Claro Brent. Pode deixar. – Digo de volta.

            Passamos mais tempo esperando pela recuperação de Brian. E sentindo muito o medico diz que Brian corre risco de vida. Aquilo foi, não como um soco na barriga, foi como um bom tiro na testa. Eu nunca teria imaginado meu filho no estado em que estava, o pior de tudo é que é neste momento que você deseja nunca ter colocado um filho no mundo: Quando ele está sentindo dor.

            Eu sentiria dor por Brent, eu sentiria dor por Mckenna... Sentiria dor por Brian naquele instante.

            E todas as noites que passei sentado na cadeira de visitante, ao lado da cama de Brian vendo sua recuperação flutuar lentamente, foram dias torturantes. Brent sempre vinha ao hospital depois da aula, e sempre queria ver Brian. Ele ficava cutucando o braço de Brian esperando que seu irmão o xingasse. Mas Brian simplesmente ficava lá imóvel e inexistente. Passaram-se quase três semanas até que Brian conseguiu voltar a falar, e comer sem ser por sondas. E depois daquele dia, prometi a mim mesmo que estaria atrás dos meus filhos a onde quer que eles fossem. Não queria passar por aquela experiência novamente... Não mesmo.

M. SHADOWS

Matthew Sanders

- Ele está bem? – Escuto a voz de Val um pouco distante. Viro o rosto e vejo que ela está cutucando meu braço impacientemente em busca de uma resposta. Não a respondo por que afinal, minha resposta seria o que todos nós queremos ouvir e não o que realmente deva ser verdade... E nem eu mesmo sei se tenho resposta para aquilo. – quem está lá dentro?

- Sr. Haner, o pai do Brian. – Respondo. Sr. Haner está dentro do quarto e não consigo identificar sua expressão... É como se ele... Ahn, tivesse fracassado em alguma coisa. Só não faço idéia do quê.

- E agora o que faremos com o Avenged? – Val está histérica.

- Não quero saber o que faremos com o Avenged, quero saber como ajudaremos o Brian. – Digo estridente, e ao mesmo tempo Jimmy aparece no hospital de mãos dadas com Leana. Os dois nos encaram, esperando respostas acredito, porém como disse antes não tenho respostas para aquilo. Então simplesmente digo: – O pai dele está lá dentro.

- Droga. – Jimmy guincha, e então instintivamente ele soca a parede. Não falamos nada, por que bem estreitado no fundo, cada um de nós quer manifestar o mesmo comportamento. Estou à ponto de chorar aliás, por que nada do tipo aconteceu comigo antes. Nenhum amigo meu preso em uma cama de hospital.

            O doutor aparece. Como em filmes de terror ingleses, com aquela cara de quem não sabe qual noticia dar primeiro: A boa ou a péssima.

- Quem aqui é Matthew Sanders? – O Doutor pergunta, me atacando emocionalmente.

- Eu, por quê? – Meu peito de estufa, e prendo a respiração.

- Brian estava chamando Matthew Sanders, e por James Sullivan. – Diz o doutor fazendo Jimmy voltar sua atenção para o mundo real.

            Nós dois corremos em direção à sala tropeçando em tudo, e atropelando todos. Esperamos ver Brian rindo, ou batucando na cama de hospital e gritando algo como HAHÁ PEGADINHA DO MALANDRO.

- Brian? – Pergunto quando entramos. Mas ele ainda está desacordado.

- Ele estava chamando por vocês, eu acho. – Diz Sr. Haner se endireitando. Não sabemos o que dizer. Novamente uma situação que nunca provei antes, não tem reação para aquilo.

- Nos chamou? – Jimmy faz a mesma pergunta que, eu estava fazendo mentalmente.

- Sim.

- Podemos ficar um pouco aqui? – Pergunto. Sr. Haner assente e sai do quarto, fechando a porta silenciosamente. Jimmy e eu nos entre olhamos, e andamos até o leito. Brian está com aquele sorriso maroto que sempre deixa no rosto quando vê uma mulher gostosa andando na rua. Mas os olhos negros estão fora do nosso alcance.

            Jimmy está mexendo nas gavetas e nos armários, até que encontra o prontuário de Brian.

- Ele teve uma concussão, por isso desmaiou. – Diz Jimmy devagar, como se cada palavra que dissesse lhe doesse dentro do peito; E talvez doesse mesmo. Como doía no meu ver Brian desmaiado e ainda sim sorrindo. – e uma perna quebrada.

- Mais alguma coisa? – Me viro para encarar Jimmy.

- Duas costelas fraturadas e um iPod destruído. – Jimmy ergue as sobrancelhas de forma duvidosa. – sério que no prontuário médico está escrito e um iPod destruído?

            Jimmy abre um sorriso de canto, me fazendo rir.

- Deve ser alguma piada do Sr. Haner. – Digo. – afinal, ele sabe que quando Brian acordar vai querer ler isso daí.

- Deve sim. – Concorda ele folheando o documento. – bom, ele tomou uns analgésicos e também algo para a concussão.

- E quando ele acorda? – Pergunto sem paciência.

- O remédio diz que os efeitos duram cerca de cinco à sete horas. – Jimmy parecendo tão desapontado quanto eu. – mas vamos esperar, certo?

- Claro. – Respondo.

- Acho que mais ou menos umas oito da noite ele acorda. – Ele diz descrente. – se os exames da concussão não disserem que teve algo mais grave, na cabeça dele...

- O quê? – Pergunto andando até ele, e tirando o prontuário de suas mãos.

- Aí está escrito que concussão traz uma série de riscos devido ao nível da batida na cabeça. Que pode ser do mais lento e imune como dor de cabeça fraca, até uma perda de memória recente. Ou um coágulo de sangue... E...

- Chega. – Disparo com nervosismo. Minha mão começa a tremer. Olho para Jimmy. – ele vai acordar bem, não vai?

- Vai. – Ele diz com determinação.

            Olhamos para Brian ali deitado, com aquele sorriso inconseqüente na boca.

- Olha como ele é banal.  – Digo apontando o rosto de Brian desacordado. – parece que mesmo desmaiado, ele está se divertindo à nossas custas...

            Minha observação nos faz rir um pouco.

- E provavelmente ele está mesmo rindo à nossas custas. – Diz Jimmy. Andamos até o leito novamente, e eu me ajoelho ao lado da cama de Brian de um lado e Jimmy do outro. Ficamos ali parados encarando Brian quieto. Não sabemos o que dizer, então preferimos ficar em silencio imaginando por que aquele sorriso irônico está estampado no rosto de Brian.

            Um sorriso sarcástico para alguém sarcástico.

            E mais uma vez espero... Que Brian acorde. E diga que foi uma brincadeira tosca.

            Mas não acontece...

Não pelas próximas duas horas pelo menos.


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Notas finais do capítulo

Gostaram da visão do Papa Gates? [Bom ficou meio maluco, por que quis mostrar um pai 'jovem' KKK mas Ok. Não sou pai, não sei bem como funciona KKK]