Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 33
Capítulo 31; Perdão


Notas iniciais do capítulo

Sorry a demora, o capitulo ficou imenso. Espero que gostem ♥



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;LEANA SULLIVAN;

            Suas últimas palavras ao telefone poderiam significar qualquer coisa, não podiam? Mas por mais que eu me apegasse a essa idéia não fazia sentindo ele ter desligado o telefone na minha cara, o que insinuava que o buraco era bem mais embaixo. Deveria ter me preparado emocionalmente para isso, era claro... Aquela voz firme e retesada na raiva. Jimmy não estava chateado por eu tê-lo deixado falando sozinho hoje mais cedo em frente à casa de Zacky. Possivelmente ele deveria ter descoberto algo, algo que eu estava escondendo a sete chaves à tanto tempo e agora a verdade veio a tona. Caminhei do quarto para a cozinha, da cozinha para o quarto sem saber o que fazer. Impossibilitada de pensar em algo que não fosse o perdão de Jimmy. O que afinal ele teria descoberto?

            Meu celular vibrou em cima da mesinha, chamada de um número não identificando. Atendi, sentindo no fundo do peito o alarme, de que era imbecilidade.

- Oi docinho. – Era Wendt, para completar meu estado de pavor. Eu iria ter um troço do coração.

            Não respondi.

- Sabe... O tapa que você me deu na cara... O soco que Sullivan me deu no rosto... Os puxões de cabelo, a gritaria, e todo o alvoroço na casa do Zacky só me fez perceber uma coisa. – Uma pausa dramática, que fez parte do meu subconsciente querer desligasse daquela voz assustadora de Wendt. – perceber que não temos mais nada, e que era idiotice ter esperado tanto tempo a alertar o Sullivan. 

- O que foi que você fez? – Minha voz tremeu no ar, deixando a desejar meu medo, o pavor, e principalmente minha fragilidade diante de tudo aquilo.

- Sullivan ainda não te ligou? – Perguntou notoriamente surpreso. – acredito que acabou Leana. Todo seu romancezinho banal acabou.

            E então ele desligou. Desligou na minha cara também, sem me dar explicações do que realmente havia feito. Fechei os olhos sentindo a tontura, a dor de cabeça e todo o confronto que eu iria ter com Jimmy. Parei para pensar minhas opções, pensar no que afinal Wendt havia feito. Ele poderia ter telefonado a Jimmy, ele poderia ter peço que Stevan mesmo ligasse, poderia ter mencionado algo do meu passado, ou em ultima hipótese, ter mandado links ou o vídeo... Não. Stevan havia apagado. Wendt era o dono na conta do Youtube, e ele... Ele havia me prometido apagar aquilo quando começamos a namorar. Ele... Ele me odiava agora. Antes de querer pensar mais qualquer coisa, arranquei as roupas do corpo e me tranquei no banheiro.

            Deixei que as lágrimas se juntasse à água quente do chuveiro. Derrotada... Era isso que eu era. Uma derrotada. Desde que cheguei à Califórnia tudo que recebi foi o amor de Jimmy, o amor da banda dele. E agora todos me odiariam, além de claro meus tios e Ronnie, que provavelmente na primeira oportunidade me colocariam dentro de um avião e me mandaria de volta pra casa. Fiquei ali até que não restasse mais pelo quê chorar. Desde que larguei meu passado, abandonando minha cidade natal, acreditando em uma possível nova vida aqui. Desejei enfiar todo o passado negro em uma caixa e escondê-la, o que agora me parecia totalmente ridículo. Jimmy deu tudo de si por mim, eu sabia exatamente quem ele era só de olhar em seus olhos. Ele sempre transpareceu a verdade, e eu de forma inconsciente sempre inspirei a diferença. Nunca fui totalmente eu mesma com ele?

            Então minha mente disparou para aqueles outros segundos de felicidade que pude vislumbrar em minha cidade. Aquele em que eu ria com minha ex melhor amiga, sentada no sofá assistindo seriado e comendo Doritos. Quando falávamos mal das magrelas lideres de torcida. E então lembrei-me do sorriso da minha mãe quando terminei o ensino fundamental, aqueles olhos brilhantes só de me ver entrando para o primeiro ano do ensino médio, ela estava feliz por isso. Por algo tão simples. E tentei pensar em outras coisas em minha vida, pelo qual eu tinha motivo de orgulho. Só que, agora, só tinha Jimmy. Todos os motivos para que eu estivesse feliz eram ele. De repente ouvi alguém gritar, um grito aterrorizado e um estilhaço de vidros no chão. Só após alguns minutos notei que eu estava gritando, e que havia esmurrado o espelho. O corte na palma da mão não era profundo, uma base irregular, e muito sangue. Sangue me aterrorizava. Enfiei as mãos debaixo da água gelada da torneira do banheiro, sentindo o gelo penetrar em minha carne. Esperei estancar o sangue apenas com a água, mas nada aconteceu. Entrando em pânico, amarrei uma camiseta em volta da mão e vesti moletom enquanto me enfiava dentro de um milhão e meio de cobertores. O calor começou a me sufocar, mas mesmo assim não quis sair dali, acredito que o sangue na mão passou... Não tenho certeza, por que logo eu já havia dormido.

            Acordei quando a campainha do apartamento começou a soar estridente.

            Levantei da cama, o corpo todo suado me fez perceber que o banho não adiantou de muito. Cambaleei para o chão, o ar gelado me trazendo um cala frio. Caminhei até a porta. Estava escuro o que na verdade não era uma surpresa, meu corpo estava se rebelando ainda sonolento dizendo-me que foram poucas horas de sono. Refiz o nó da camisa na mão antes de chegar à porta, quando meu coração começou a se acelerar com a possível idéia de que não fosse o porteiro trazendo uma correspondência ou algo do gênero. Pudesse ser Jimmy.

- Não vou demorar muito. – Ele passou por mim quando abri a porta. Confirmando meu pensamento, era Jimmy. E seu semblante sério congelou meu coração. Andou dois passos até a mesa da sala, uma mobília antiga que mamãe fez questão de desmontar da nossa própria casa, encaixotar e me mandar de presente. Colocou um Netbook sobre a madeira escura polida, e o abriu. Soltou um logo suspiro que mais me pareceu uma respiração forçada, e a tela se acendeu. Estava aberto em uma página do Youtube. Não uma página qualquer, era a página. Aquela que eu sempre temi, que eu nunca quis na realidade ver novamente. Aquilo fazia parte das minhas lembranças presa dentro daquela caixa escondida. Só que Jimmy destampou a caixa, e não estava contente com o que havia encontrado. – assiste isso. Calada.

            Disse-me com uma frieza não natural.

            Eu já havia visto aquele vídeo. Mas fazia anos, e com o tempo minha mente fez questão de apagar memórias dolorosas e desnecessárias. Por mais que aquilo ainda estivesse em algum lugar da minha mente, estava longe, longe suficiente para que eu não me lembrasse de detalhes. E então me vi. Novamente. Ali, presa em uma armadilha obscura... Gritando e gemendo o nome de Stevan. Sabe quando você ama muito alguém? Ama tanto, e na loucura do primeiro amor você não sabe distinguir se aquilo é realmente o que quer para sua vida. Stevan foi meu primeiro amor. Aquele que fazia minhas mãos soarem e meu coração bater tão forte que eu sentia o pulsar nas têmporas dos olhos. Que me roubou o primeiro, o segundo e o terceiro beijo. É de se esperar que alguém que você ame tanto, faça-o sentir aquele desejo quente de querer ter algo a mais. Era o que eu sentia por Stevan. Não tem por que me condenarem por eu ter feito o que fiz com ele. Eu o amava. E acredito que todo mundo que ame demais o namorado espera que isso não seja um erro.

            Jimmy estava calado, mas encarando minha expressão. Era notório que quando ele desviava o olhar de mim para a tela brilhante em cima da mesa, a dor percorria sua íris azul. Eu sentia dor por ele, sentia por que não era justo o que ele estava passando por minha causa. Não por minha causa. Jimmy nunca foi o melhor dos garotos do mundo, sempre se metendo em confusão, mas seu coração era bom. Sempre foi. E eu era o motivo pela destruição disso, dessa bondade. Fiz de tudo para trazer à tona o Jimmy sensível e amável e agora eu estava empurrando-o para mais longe de onde se encontrava quando o conheci. Um grito meu no vídeo me fez ficar arrepiada.

- Só tenho uma pergunta... Por que você não me disse? – Ele enfim me olhou nos olhos. A dor estampada ali. A voz dele era firme e fria, suas palavras com bordas afiadas feito navalhas.

- Jimmy...

- Leana! – Berrou ele para o meu espanto. – só quero que me responda: Por que você não me contou antes? Achou que essa putaria ia ficar escondido por quanto tempo?

- Não achei que fosse ficar escondido por tempo nenhum. – Me peguei falando a verdade, a garganta se fechando por conta das lágrimas que enchia meus olhos. – eu não pretendia... Eu só... Vim pra Califórnia para esquecer tudo, não imaginei que fosse te conhecer nem nada... Não pensei que iria me envolver com alguém e...

- Mas você me conheceu. – Disse estridente. O brilho da tela fazendo parte do seu rosto se encontrar na luz e parte na escuridão, o que deixava tudo mais sombrio ainda. – não acredito que fui enganado desse jeito. Eu não acredito mesmo, como sou idiota, caralho! Eu achando que você era pura Leana, santa de verdade... Virgem.

- Jimmy... – Tentei falar algo, mas minhas palavras secaram-se no ar quente que agora nos envolvia. Parecia abafado demais estar ali, presa no meu próprio apartamento.

- Cala a boca! – Gritou transtornado. – não me chama de Jimmy.

            Eu imaginava que mais cedo ou mais tarde teríamos essa conversa. Mas para ser honesta, me imaginava deitada em minha cama sobre o peito nu de Jimmy enquanto sentia seu calor me envolvendo... Contando a história como algo tão fulo, que iria parecer uma história remota e frívola. Como se nem comigo tivesse acontecido. E ele entenderia, como sempre me entendeu... Iria até rir de algumas coisas. Juro que imaginava tudo assim, rondando sob uma áurea tão em paz que era possível respirar felicidade. Nada como isso. Nunca imaginei também que Jimmy pudesse me bater, e na real ele nunca chegou a fazer algo assim... Mas também nunca havia chegado a fazer o que acabou de fazer.

            Me empurrou na parede, segurando meu pulso cujo a mão estava envolta pela camisa com sangue, sua mão me prendendo com tanta força que chegava a doer.

- Wendt tinha razão quando te chamou de putinha? – Perguntou dolorosamente, sua voz quase choramingando pra mim. A pergunta me doeu bem mais do que provavelmente doía a ele perguntar, afinal, achei que ele fosse entender que fui uma vitima.

- Você esta me chamando de puta? – Não era uma pergunta, era mais uma afirmação. Seu olhar se perdeu levemente da fúria e encontrou a surpresa. – justo você. Justo você que eu sempre confiei tanto Jimmy.

- Não. Eu quem confiei em você. Quem foi traído aqui fui eu, caralho, não vem tentar mudar o lado da situação. Errada aqui é você. – Sua voz penetrou em meus ossos. Um frio me condensou, e a tontura me abrangeu. – por que Leana?

- Por que eu fui enganada! – Gritei enfim tomando consciência novamente, empurrando-o. – você sabe o que é amar James? Da mesma maneira que você diz me amar... Eu amei alguém a muito tempo. E achei que fazer sexo com ele não era um problema, por que pra mim não era fazer sexo... Era fazer amor. Eu o amava... E amava demais. E ele me enganou. Dizia que me amava também, mas não... Ele só queria me usar. Sabe como é difícil pra mim ter que agüentar ver você assim? Saber que você assistiu à esse maldito vídeo? Você não sabe! Você não imagina quantas vezes pensei em te contar isso, quantas vezes me imaginei te falando sobre essa situação, mas acreditei que não fosse influenciar de nada no que você sentia por mim...

- Eu achei que você era virgem Leana, aí que ta! Eu acreditei que você era totalmente pura... Pura pra mim. – Disse-me ele, agora falando mais baixo.

- Eu sou pura pra você! – Falei tentando tirar aquele peso de cima das costas. – ele foi frio comigo. Sabe como é difícil para alguém como eu, do interior, ter acesso ao mundo? Eu não sabia que ele estava brincando comigo, que fazia parte de um grande plano banal. Me expor na internet e rir de mim no colégio. Fiquei por não sei quanto tempo tentando fugir da escola Jimmy, tendo que agüentar pessoas pedindo meu telefone e fazendo brincadeirinha me chamando de puta. E eu nunca, nunca quis ter de aturar toda essa palhaçada. Mas os caras riam de mim, as meninas apontavam e diziam coisas feias. Eu não sabia pra onde correr, não sabia o que fazer. Até que chegou ao ouvido dos meus pais. Meu pai me bateu naquele dia. Ele nunca havia me batido, mas eu jamais irei esquecer quando ele sacou todos os instrumentos que tinha por perto para me machucar. Ele chegou a me dar milhares de tapas na cara, e só parou quando me colocou pra fora de casa... O pior foi essa vergonha. O que eu sentia. Passaram-se meses até que meu pai me aceitasse de volta, e é claro que até hoje ele não superou isso direito... Passaram-se dois anos e quando ele sorri ainda vejo lampejos de dor nesse simples ato. E quando vim para cá querendo reconstruir minha vida, acreditando que as coisas iriam melhorar... Melhoraram. Eu conheci você, encontrei toda a paz que eu perdi no passado. E não queria ter de destruir tudo, quando vi já estava feliz demais contigo para querer que você me odiasse como sei que meu pai ainda me odeia. Sempre que a verdade iria escapulir por meus lábios, o medo de te perder gritava mais forte. E eu nunca quis... Nunca quis que você sorrisse com dor e desprezo como vejo meu pai sorri para mim.

            Um sorriso nasceu em seus lábios, um sorriso pequenino, mas ainda sim era um sorriso. Meio tristonho e contido, ele tocou meu rosto.

- Eu te amo tanto a ponto de não querer estar longe de você em hipótese alguma. – Disse-me ele devagar. – dói saber que você já foi de outras pessoas além de mim. É só isso...

- Dói saber que sou uma farsa. – Digo mais lentamente ainda. – saber que nunca fui tão verdadeira. Deveria tê-lo dito à você, antes que o Wendt interferisse nisso... Ele não tem direito.

- Nunca teve. – Concordou.

- Jimmy, por favor, não fique chateado comigo... Eu nunca vou amar tanto alguém como amo você. Foi um engano, eu era jovem demais... Imatura demais e inconseqüente, por favor...

- Shhh. – Ele tocou meus lábios. – cala a boca...

            Pediu com delicadeza.

- Desculpe. – Falei antes que ele se inclinasse para me beijar. Foi um beijo cheio de mágoa é claro, meio transtornado, mas como se fosse um pedido de desculpas aceita.

- Só espero ser melhor do que ele. – Disse baixinho deitando a cabeça em meu ombro. De alguma forma percebi que ele se referia à Stevan. – quero dizer... A ponto de você também achar que temos essa ligação forte. Acho que mesmo com tanta imaturidade você acreditou que vocês possuíssem essa ligação.

- Do que você esta falando? – Perguntei puxando levemente seus cabelos, fazendo-o tombar a cabeça para trás e me encarar.

- Estou falando de... De fazer o que você fez com ele. – Disse parecendo envergonhado, o que era engraçado, pois em poucas situações se encontrava um James Sullivan ruborizado. – você sabe.

- De ter feito sexo? – Quis saber, parecendo um pouco indelicada.

- Não fala assim. – Diz ele meio irritado com a conversa, me fazendo rir.

- Mas é isso que você quer dizer. – Falo.

- Quando se é com alguém que a gente ama, se diz de maneira diferente... – Falou ele ainda com rubor transparecendo em seu rosto. Mesmo no escuro era possível enxergar e sentir o calor que emanava de seu rosto em chamas.

- Fazer amor. – Falei. Ele assentiu de forma a desejar que estava desconfortável com a situação toda. Me inclino para poder beijar seu rosto e inspirar seu perfume. – Jimmy é claro que temos essa ligação de que você esta falando. E agora posso dizer, que tenho maturidade suficiente para falar que você é a pessoa no mundo com quem já tive a maior ligação.

- Não fala assim... – Choraminga. – estou ficando arrepiado.

            Começo a rir.

- E essa delicadeza toda de onde vem? – Pergunto olhando-o nos olhos. Ele sorri, agora sem vestígios de qualquer tristeza. O que me alegra.

- Vem do medo de perder você Leana. – Ele disse com tanta sinceridade, que me deu arrepios. Encarei novamente aqueles olhos azuis tão lindos que só me dava mais prazer de viver, de estar aqui na Califórnia hoje.

- Você sabe que nunca vai acontecer isso. – Falo, percebendo que estou contente pelo Jimmy delicado não ter se afastado. Passo a mão no rosto dele, onde deixo um rastro de sangue em sua bochecha. Ele sente, e então toca.

- O que aconteceu com sua mão? – Logo pergunta-me, puxando minha mão e desatando o nó que dei com força para verificar o estrago.

- Não foi nada. – Digo tentando puxar minha mão, ele a segura com mais força. Vai me puxando até o interruptor, onde acende a luz.

- Corte com vidro? – Pergunta revirando a palma da minha mão.

- O espelho. – Falei. – ele estava caindo, durante o banho, e tentei segurá-lo quando ele quebrou.

            Ele me encarou, seu olhar desconfiado. Ele soltou um suspiro, por que sabia que eu estava mentindo.

- Fiquei com raiva. – Falei, agora ciente de que ele precisava saber a verdade. Depois de tudo que aconteceu hoje eu não queria mentir pra ele. Não mais. – com raiva da minha idiotice, e esmurrei o espelho.

- Depois que te liguei? – Perguntou ele limpando o restante do sangue em minha mão com a minha camiseta manchada.

- Depois que você desligou, e o Wendt telefonou. – Falei. Ele parou e me encarou.

- Ele ligou pra você?

- E em duas ou três frases... Ele tentou me passar de maneira subliminar, que havia te dito... Bem, o que ele disse. – Falei recuando alguns passos, e puxando minha mão das dele.

- Me lembre de quebrar a cara dele. – Disse com raiva. Toquei seu rosto.

- Não amor, não faz isso. – Pedi. E Jimmy ficou quieto, perplexo por um minuto. Então entendi que foi pela maneira como eu o havia chamado, dificilmente eu o chamava de Amor, o que não é lá tão incrível. Mas Jimmy fazia as coisas se tornarem triplamente especiais.

- Vamos cuidar da sua mão, vem. – Me arrastando para o banheiro, ele lavou minha mão novamente e a envolveu com outra camisa minha. Fez questão de lavar a roupa suja na pia, e então depois de terminar veio se deitar ao meu lado na cama. Seu cheiro gostoso estava misturado com cheiro de chuva, e um cheiro de ferrugem com sal... Cheiro característico de sangue.

Ficamos abraçados, até que o sono começou a me puxar para a inconsciência. Não me lembro de muito, sei que conversamos tanto naquela noite quanto havíamos conversado desde que nos conhecemos. Falamos sobre tudo. Inclusive sobre os assuntos em que conversamos na primeira noite, no galpão 6661. Falamos sobre coisas que nos atormentavam também, e sobre como nos sentíamos com relação ao mundo. Realmente não me recordo sobre exatamente tudo... Mas um dos assuntos me chamou a atenção, mesmo eu estando à beira da inconsciência. Ele havia falado sobre nunca ter pensado em casamento. Casamento! E justo comigo, ele havia imaginado a situação toda. Juro que quase tive um ataque cardíaco, mesmo a idéia ainda sendo remota. Ele havia imaginado. O que significava que um futuro juntos não era uma coisa que apenas existia em minha cabeça. Lembro que dormi com a mão entrelaçada à dele, e a última conversa sobre nosso futuro, casados, falamos sobre uma possível aliança sem ser convencional. A idéia era tatuar a aliança, pra sempre.

            E sei que ali nos braços dele tudo acabou valendo à pena. Se Stevan realmente não tivesse postado aquele vídeo na internet, eu não teria me abalado tanto a ponto de querer sair da cidade. E agora, assim sentindo os cabelos de Jimmy em meu rosto, o toque suave de sua mão em meu braço e seus lábios em meu pescoço, tudo realmente havia valido a pena. De certa maneira eu estava me sentindo extremamente livre nesta noite, por que agora não havia mais nada sobre mim que Jimmy não saberia. Eu seria tão sincera à ele, quanto ele era a mim. Pensando em tudo que me aconteceu, na dor que senti ao ver aqueles rostos cochichando sobre mim nos corredores, e a vergonha da família, nada fez tanto sentindo. É por isso que existe o lance todo sobre o destino... Por que passamos por certas coisas, para chegar à uma finalidade. Minha finalidade era ter sofrido, para agora encontrar a paz nos braços de James Sullivan. E caso não tivesse o feito, Jimmy não estaria em minha vida. E para ser sincera...

            Não consigo imaginar...

            Uma vida sem ele. 


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Notas finais do capítulo

Um final feliz certo? ♥ amo,



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