Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 28
Capítulo 27; Fiction


Notas iniciais do capítulo

Own Fiction *-* se preparem pra chorar AÇSLÇASLÇAS u__u e leiam escutando FICTION tá ? KKKKK



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;JAMES SULLIVAN;

O dia havia voado por sob meus olhos e eu não havia feito praticamente nada, o que mais me deixava desconfortável era o fato de que o tinha 300 chamadas perdidas do Anão sem resposta desde ontem quando não fui ao colégio por causa... Bem do incidente. Ele se importava comigo, era verdade, e até curtia isso. Mas não era o que me frustrava, o que mais me chateava era o fato de que nenhum dos meus pais haviam se mobilizados ao saber que eu tinha capotado de sono por causa de remédios, eu sabia que no fundo eles se importavam comigo, mas eu queria um indicio disso agora. Por que a carência estava me abrangendo e eu não poderia viver muito tempo mais, não agora depois que minha vida mudou e meu conceito de ver o mundo havia sofrido mudança também, sem amor dos pais.

            Megan estava esparramada em minha cama e seu olhar vago demonstrava que ela estava pensando em algo que requer muita concentração. Fiquei olhando seu rosto lindo sob a penumbra e imaginando se ela não sentia tanta falta do pai e da mãe como eu sentia. Foi difícil até pra mim mesmo notar que eu precisava deles agora, por que eu aposto que não tivesse conhecido Leana dificilmente iria pensar assim hoje. Quando vi Lea no outro dia, quando ela me disse que queria sua mãe a única coisa na qual pensei é que no fundo eu também desejava muito a minha. Quando a empresa dos meus pais não estava crescendo, a Sra. Sullivan passava mais tempo em casa, e costumava me incentivar no lance da bateria... Eu me lembro de quando tinha sete anos e ela me comprou uma.

- Não é linda? – Perguntava ela apontando a bateria pra mim, eu me encantei por aquela bateria. Uma luz parecia radiar dela, mas é claro que eu demorei certo tempo pra me acostumar com a idéia. Eu um baterista. Mas não durou tanto tempo assim, cresci escutando Rock sobre influencia de praticamente a família inteira e depois na segunda serie com Shadows, persuadíamos os nossos outros amigos a comprar os novos álbuns do Iron e do Metallica dizendo que aquilo era melhor que vídeo game, os idiotas compravam pra se mostrar e nos levávamos emprestado e nunca mais trazíamos de volta. Cantávamos juntos no coral da escola, por que éramos obrigados também, e riamos quando o professor procurava no meio da multidão os dois idiotas que estavam cantando Guns. E por ironia do destino lá estávamos nós dois juntos outra vez.

- Você não sente falta de casa? – Perguntei voltando a realmente ver Megan deitada em minha cama, ela se virou pra me encarar, um olhar atordoado.

- Por quê? – Ela manteve o olhar estonteado. 

- Hm, curiosidade. 

- Sim. Sinto falta principalmente da comida... – Ela riu. – e pra variar, sinto falta de você também.          

- Não Megan... – Procurei as palavras certas para conseguir as resposta que realmente iriam me satisfazer. – não sente falta do pai? Da mãe. Da sua infância...

            Ela sustentou meu olhar por um minuto inteiro, sem entender o porquê da pergunta. Então constrangido com a situação virei o rosto na direção oposta de seu olhar.

 - Sinto. – Admitiu muito tempo depois. – principalmente de quando a Sra. Sullivan fazia piada durante o jantar.

            Analisei suas palavras, e a maneira como ela havia chamado nossa mãe. Sra. Sullivan. Uma influencia minha. Megan nunca a chamaria assim se não fosse por mim, e isso de certo modo me atingiu de forma negativa. Ficamos nos encarando, um brilho estranho em nossos olhares e uma prece silenciosa. Era claro que Megan sentia falta dos nossos pais, se eu sentia por que a caçula não iria sentir? Não falamos mais nada, apenas ficamos nos encarando por um longo tempo. Até que meu celular tocou.

- Sim? – Atendi indo até a cama me sentar ao lado de Megan, que agora estava lendo um livro.

- Oi Jimmy... – Era Shadows. – preciso conversar com você, mas é tipo sério.

- Tudo bem... – Eu não sabia como reagir. – pode falar.

- É, eu preferia não falar por telefone... Parece meio medíocre e tal, mas eu queria falar com você pessoalmente. – Disse ele com pesar na voz, me assustando.

- Tudo bem. Onde quer que eu te encontre? – Perguntei aflito.

- No Starbucks, aquele que fica perto do centro onde a Lea mora e...

- Eu sei onde fica.

- Tá certo. – Ele desligou sem ao menos se despedir.

- O que foi? – Megan me encarou por sobre o livro.

- Nada. O Shadows ta precisando de mim... – Falei pescando minha jaqueta de couro de cima do criado mudo e saindo do quarto. Não avisei a ninguém a onde iria, peguei o Tucson e sumi na escuridão do inicio de noite, submergindo na ultima avenida próxima ao Starbucks. Quando estacionei o carro, vi Shadows encostado no muro fumando. Ele inspirou pela ultima vez a bituca, e atirou no chão pisando. Algo naquele movimento me pareceu rígido e nervoso, e mesmo sem saber como eu tinha tanta certeza... Eu sabia que Shadows não fumava por vontade própria, só quando se sentia nervoso ou ameaçado. Como eu.

- Eae cara. – Cumprimentei batendo a porta do carro. Ele caminhou até onde eu estava.

- Desculpa fazer esse escarcéu todo. – Disse ele olhando para os lados, enfim me encarou nos olhos. – eu li sobre a CardioMegalia.

            Fiquei em silencio sem saber como recuar. É claro que tinha a ver com meus problemas...

- Li até o ultimo depoimento existente, a ultima tese, o ultimo argumento, eu li tudo. E li também que pessoas que se dopam como você costuma fazer, tem grande chances de morrer. Já foi ao Cardiologista nestes últimos dias Jimmy? Sabia que seu coração pode estar três vezes o próprio tamanho por causa dos remédios? – Seu olhar era sério e suas palavras pareciam ter bordas afiadas feito navalha. Eu não sabia como reagir, por que desde que descobri que tenho CardioMegalia a única coisa a que pude fazer era tomar os remédios controlados e saber que meu coração ficaria bem.

- Eu não... Me dopo. – Consegui falar com esforço. Eu odiava aquele poder de persuasão que Shadows tinha, me irritava.

- Você sabe que tem que se cuidar, então toma os remédios controlados, só que no mesmo instante você resolve tomar todos os outros de que precisa de uma única vez achando que revolverá seus problemas. E se sente uma mínima dor acha que é preciso cinco comprimidos para ajudar a melhorar... – Ele se espreguiçou silenciosamente me estudando. – eu só estou aqui pra ajudar você.

- Porra Shadows! – Gritei, e logo senti que não fosse parar até tirar aquele peso de cima de mim. – olha, eu andava bem quando não tinha você nem a Lea. Não estou reclamando. É só que ninguém pegava no meu pé, eu tomava meus remédios, não morri até hoje. E Ronnie nem ninguém se interferia na minha vida.

- Ronnie não interferia por que não era seu amigo de verdade. – Disse ele, com raiva. – eu sou seu amigo, eu sou seu amigo desde a segunda série e eu me preocupo com você.

- Errado! Você se preocupa com seu baterista, com o seu melhor baterista do mundo. Com a sua banda! Com sua musica, e sua fama, não comigo.

- Você esta sendo injusto. – Disse ele cerrando as mãos em punhos. – sabe que não é verdade.

- Você Shadows, sabe que estou sendo franco. – Senti o sangue esquentando e passando com mais força pelas veias, senti um pulsar forte nas têmporas. – desde quando você se preocupa com alguém além de si próprio? Além de sua música? Você nunca teria olhado pra mim, se não soubesse que toco. E que sou bom nisso.

- Para de ser idiota caralho! – Gritou ele, e um casal que estava saindo do Café nos encarou amedrontados. – a banda é nossa, a música é nossa e eu nunca me preocupo só comigo eu...

            Ele parou, e diante de tudo aquilo ele percebeu que não teria mesmo olhado pra mim caso eu não tocasse.

- E ae? Vai querer negar agora? – Perguntei. Ele engoliu em seco.

- Você James, só aceita ajuda de si próprio, só que você... Não sabe se ajudar. – Fazia tanto tempo que ninguém me chamava de James, que ouvir aquilo da boca dele me fez pensar como eu já amava ser chamado de Jimmy. – e nunca vai saber se ajudar, se não se abrir para o mundo.

- Desculpe, mas acho que não devia nem ter vindo. – Virei me para entrar no carro.

- Eu te trouxe uma coisa. – Disse Shadows baixo. – antes que vá embora.

            Voltei a encará-lo. Ele tirou duas folhas de papel grampeada de dentro do bolso, me entregou. Olhei e vi as tabelas desenhadas a mão com os números de comprimidos e horários que eu devia tomá-los, no verso da primeira folha haviam dezenas de contas feitas a lápis desenvolvendo cálculos que no final resultavam no melhoramento da CardioMegalia caso eu seguisse a receita.

- Passei a noite inteira passada desenvolvendo isso. Quando cheguei em casa do hospital, passei a tarde lendo tudo sobre todos os problemas que você tem de saúde, e no final anotei todos os remédios que você pode tomar, e os que não deve chegar perto por causa das contra-indicações, também achei os lugares onde você pode comprar os remédios por um preço muito baixo, e eu mesmo já os comprei pra você... De presente. E a noite passada passei lendo suas receitas medicas antigas, feitas à quatro anos atrás, todas. Consegui que Leana as arrumasse pra mim, acho que ela foi até o hospital e as pediu eu não sei... Mas as contas estão todas certas com relação a quantidade que você deve tomar e as do melhoramento do seu desempenho também. Só achei que seria bom você ter uma noção de por onde começar, por isso anotei os horários e fiz tabelas também. Só achei que... Você precisava de alguém que fosse especialista no assunto para poder te ajudar, por que você não parece ter muita consciência dos seus problemas. – Ele me encarou, seus olhos verdes parecendo líquido... Como se fosse ouro verde moldado. – me desculpe se eu te passei a idéia de que pensava só em mim, na minha música, e na minha banda. Por que você não tem noção de como eu me senti quando soube que estava internado ontem, não sabe mesmo. Era como se eu estivesse internado, como se parte de mim estivesse lá não você. Incrível como eu me preocupei tanto com alguém que mal conheço não é? Estamos juntos agora a quase cinco meses. Dizem que amizade de infância nunca morre, talvez seja por isso que eu sinto que você é meu melhor amigo. A quem devo dar minha vida caso preciso. Mas enfim... Eu não me preocupo com ninguém alem de mim. Eu te dou os remédios amanhã. 

            Ele virou as costas e saiu marchando sem ao menos olhar pra trás. Notei que Shadows havia vindo andando, da casa dele que era bastante longe levando em consideração uma caminhada a pé. Ele havia feito tudo aquilo por mim. Ninguém fazia aquilo por mim. E agora o cara a quem eu havia condenado até a ultima sentença, havia feito tudo que podia. Ergui a mão e vi todas as contas bem trabalhadas, parte do papel borrado por conta da borracha, e ali estava todo o trabalho de Shadows da noite passada inteira. Tirei a primeira folha da frente e vi o que era a segunda página, não eram contas, não era nada do tipo, era uma linha de bateria na parte de baixo no alto tinha...

            MÚSICA DO THE REVEREND

Agora eu entendo, por que o homem é frágil.

Sua facilidade de encontrar

Erros existentes entre coisas que não te fará sorrir.

Algo que te possa afundar.

Encontre dentre o céu e o inferno.

Daria a vida à você, por que agora posso enxergar.

Um homem frágil.

Naquele segundo quando li aquela composição não podia imaginar que ela nunca seria gravada, mas que eu mesmo iria fazer minha própria versão anos após, uma versão que teria suas raízes e suas inspirações naquela seqüência musical de Shadows. No futuro a música que ele havia dado meu nome não se chamaria:

            Música do The Reverend.

            No futuro eu daria seu nome de Death.

            Só que então, mudariam seu nome e ela se tornaria...

            FICTION. 


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Notas finais do capítulo

Tá preciso confessar que esse capitulo me emocionou muito ÇALSÇASLÇASLAS sério, eu não sei direito por que, não sei se foi pela fragilidade do REV ao se lembrar de como era a família antes, se fora o fato de entrar mais uma vez na questão dos problemas do Rev, se tem a ver com a discussão dele com o Shadows, se é por causa da maneira como o Shadows ama tanto o Rev. Ou se é (acho que de todos esse é o motivo mais impactante) por causa da música DO THE REVEREND que se torna FICTION. Foi uma maneira de imaginar que o Rev sentiu algo poderoso antes mesmo de escrever Fiction, e achei que essa música tinha que ter muito impacto, por que tem poder mesmo sobre os fãs, então achei que criar uma raiz pra ela seria legal. Uma raiz que pudesse fazer você sentir de verdade o quão especial foi escrever Fiction par ao Rev, que imagino que tenha sido mesmo.