Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 26
Capítulo 25; Reverendo. Reverendo Jimmy


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem o Reverendo ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/138171/chapter/26

;LEANA SILVER;

            No dia seguinte minha cabeça estava explodindo de dor, e acordei com um calor desvairado. Empurrei os cobertores, e o sobretudo pesado de Jimmy que estava me envolvendo. Olhei em volta e percebi que ele não estava aqui. Levantei-me e tomei um banho para tirar aquele cheiro horrível de cerveja que estava impregnando minha roupa, e após isso vesti o sobretudo dele outra vez. Seu cheiro ainda estava nele. Prendi o cabelo em um rabo-de-cavalo novamente, e procurei meu celular. Liguei para Jimmy, mas ele não atendeu.

            Vesti um jeans limpo e uma camiseta branca, botas de cano alto pretas e de fivelas metálicas. Abri a geladeira e percebi que não tinha realmente nada para comer ali. Desejei que Jimmy mais uma vez, inventasse de irmos tomar café no Starbucks antes de irmos para o colégio, ou qualquer outra padaria por ali. Procurei minha carteira debaixo das roupas jogadas, procurando dinheiro, e achei cinco dólares. Se você soubesse como fiquei feliz ao ver aquele dinheiro...

            Acenei para o porteiro, e depois para o faxineiro e fui até uma padaria próxima.

- Um café e um pão de queijo. – Pedi sentando-me ao balcão. Fiquei esperando, e flashes da noite passada vieram à tona.

            Os meninos da banda rindo na sala da casa de Matt Shadows. Uma música... Uma música linda, cantada por todos eles, e um solo de guitarra de arrepiar. Jimmy me segurando pela cintura. Macarrão com molho. Ronnie...

            Ronnie.

- Aqui moça. – O balconista disse me encarando.

- Obrigado. – Agradeci. Comecei a bebericar o café e me lembrar de Ronnie gritando algo, e me colocando pra fora de casa. Me lembrei também de Jimmy indo me buscar, e de um buraco em uma janela. Lembro de batata frita e... Do perfume de Jimmy em meu travesseiro.

            Droga.

            Ronnie iria me matar.

            O balconista me entregou a Comanda, e depois de comer fui pagar. Andei até o colégio, me sentindo cada vez mais sedentária e cruzei a última rua quando vi Shadows e Val abraçados no muro do colégio. Ela acenou pra mim.

- Oi... – Sorri pra eles quando cheguei perto.

- Você esta com uma cara péssima... – Disse Val de repente.

- Obrigada. – Abri um sorriso de canto, e sentei-me na calçada. – estou com problemas.

- Problemas? – Matt se inclinou para me olhar. – conte Lea.

- Ontem eu cheguei muito louca na casa do meu primo, e ele me colocou pra fora. – Falei sem realmente querer olhá-lo.

- Por que você não foi pra sua casa? – Perguntou Val se intrometendo.

- Por que eu estava com fome. – Respondi baixinho.

- Podia ter ficado lá em casa. – Disse-me Matt. – minha mãe adora companhia lá... Tinha comida também.

- Cadê o Jimmy? – Quis saber de repente. – ele não me atendeu.

- Não sei. Ele não me atendeu também. – Uma ruga de preocupação surgiu no rosto de Matt. – ele nunca não me atende.

- Ele nunca não me atende também. – Falei. – será que aconteceu alguma coisa?

- Não. – Matt disse rapidamente, como se quisesse não ter ouvido aquilo. – vamos ligar na casa dele...

            Senti as mãos soarem frio, como se algo tivesse acontecido ao Jimmy.

            Não. Nada tinha acontecido à ele.

;JAMES SULLIVAN (Reverendo *-*);

- Não acredito! – Megan berrou em algum lugar da minha cabeça. – você é idiota Jimmy?

            Tentei responder que não, mas parecia que minha garganta estava cheia de areia.

- Eu... Vou... Matá-lo... – Leana disse em resposta algum tempo depois. Minha cabeça estava rodopiando em um abismo negro sem fundo. Queria abrir os olhos para poder ver Lea, mas não conseguia. E por mais que eu tentasse parecia doer. – que diabos ele tem de ficar fazendo isso?

- Vamos conversar com ele depois... – Shadows disse em seguida. – não quero você condenando ele Lea, não na hora que ele acordar... Olha só ele esta pálido.

- Ele devia ter pensado nisso antes de se dopar, alias são oito horas da manhã por que ele fez isso? – O tom de voz de Lea era extremamente hostil e nervoso, e pela primeira vez desde que recuperei minha consciência senti-me feliz por não conseguir abrir os olhos.

- Desde quando ele tem esses problemas? – Shadows quis saber.

- Não sei. – Leana vociferou.

- Desde que começou a tomar remédios controlados. – Megan disse. – faz tempo.

- Eu me lembro que quando éramos pequenos, ele tomava remédio pra dor de cabeça... Sem sentir dor de cabeça. – Shadows disse com uma voz murcha, como se estivesse se desculpando.

- Ótimo meu namorado é um viciado em aspirina. – Leana disse sarcasticamente.

- Leana... – Shadows cortou o tom de voz rabugento dela. – ele é seu namorado, qual é o problema?

- O problema é que ele prometeu pra mim que não iria mais fazer isso. – Disse ela com a voz calma agora.

- Só não sei de onde ele arranjou os remédios. – Megan disse agora sua voz distante. – por que afinal, mamãe cortou os gastos com medicinais.

- Ér... – Leana disse sem graça. – ele precisava dos medicamentos de qualquer forma. Por mais imprudente que ele seja na hora de tomá-los.

            Alguém abriu e fechou a porta.

- Leana? – Shadows quase gritou um minuto depois. – você deu essas porras pra ele?

- Ele precisava... – Ele choramingou. – você não viu o estado que ele estava da primeira vez que fomos parar na enfermaria.

- E nem preciso! Basta simplesmente olhar para o estado que ele esta agora. – Shadows grunhiu alto. – puta merda Leana, o Jimmy precisa do nosso apoio e...

- Eu apoio ele! Mas Shadows os pais dele não dão os remédios que ele precisa, eu tinha de fazer algo. Não sabia que ele iria fazer errado de novo...

            De repente a luz ofuscou meus olhos. Os dois pararam de tagarelar e me encararam.

- Lembre-se de ser gentil... – Shadows balbuciou, mas eu fui capaz de escutar.

            Minha cabeça ainda doía quando eu me movia, e uma agulha intravenosa estava ligando uma veia do meu pulso até um aparelho. Então flashes da última noite me tomaram: Eu chegando em casa quase ao amanhecer do dia, tinha cochilado na cama com Leana e resolvi voltar pra casa. Minha cabeça doía muito, e tomei dois ou três comprimidos pra dor. Os músculos das costas ardiam, e tomei dois comprimidos para a dor muscular. E bem naquele segundo resolvi tomar meu remédio controlado para ansiedade e colapsos nervosos. Ah, antes que eu me esqueça... Tomei um único comprimido para a cardiomegalia seguido de um à base de cálcio.

- Oi Jimmy. – Shadows andou até mim. – você se sente bem?

- Sim... – Respondi me sentindo culpado por estar ali.

- Que ótimo que você esta bem! Por que vamos ter uma conversinha agora... – Leana estava com as mãos na cintura.

- Leana... – Shadows pediu. – agora não. Você pode nos dar um minuto?

- Claro. Mas depois é minha vez. – Ela se virou e bateu a porta com tanta força, que naquele simples ato deu para perceber sua raiva fervilhando.

            Shadows se espreguiçou lentamente e então de dentro do bolso de trás do jeans, tirou uma folha de papel.

- Comprimidos para cálcio, comprimidos para dor de cabeça, comprimidos controlados para uma doença chamada CardioMegalia, comprimidos para dor muscular, comprimidos controlados para ansiedade e comprimidos para colapsos nervosos e problemas nos nervos. – Recitou ele devagar. – você sabe o grau de poder que cada comprimido que ingeriu possuia?

            Fiz que não com a cabeça.

- Podemos dizer que... Misturar todos eles, pode te colocar em coma. – Ele sorriu, um sorriso sem traço de humor ou afeto. – e claro, sem contar que você havia bebido demais e fumado também... Agora vamos somar tudo. Uma grande possibilidade de você ir parar do outro lado e não voltar nunca mais.

            Seu tom era sério e aquilo me atingia.

- Desculpe. – Foi tudo que consegui falar.

- Leana esta se sentindo nervosa não é com você, é com ela mesma... Por ter sido idiota de ter te dado parte dos remédios que te fizeram apagar Jimmy. E ela nunca, nunca se perdoaria se você estivesse em coma agora ou algo do gênero.

- Eu sei.

- Então não é a mim que você tem que pedir desculpas, é a ela... – Ele dobrou a folha de papel. – eu não sabia que você tomava remédios controlados.

- Por favor... – Comecei. – não conte... Não conte a ninguém.

- Não vou contar. – Ele sentou-se na cama. – agora me diga, que porra é CardioMegalia, e tudo o mais... Por que é que você toma isso tudo?

- Quando eu não tomo os comprimidos de cálcio... Eu desmaio de fraqueza. Tinha de tomar pelo menos um por semana, e com o tempo a dosagem diminuiria e então um por mês...

- E por que você não toma? – Quis saber Shadows.

- Eu os tomo. – Respondi rapidamente.

- E por que toma em excesso? Porra, o negocio é tão bom assim? Tô precisando experimentar então.

- E os colapsos nervosos... Bem, eu tenho isso desde que me entendo por gente. – Virei o rosto para encarar a janela do hospital. – tomo desde quando te conheci, não se lembra?

            E um tempo depois Shadows arfou se recordando.

- Aqueles... Aquela coisa que você brincava dizendo que era açúcar extra com zinco, ferro, e sei lá mas que merda? – Ele me encarou boquiaberto.

- Sim, eram os comprimidos de colapso nervoso. Mas eu não queria que ninguém soubesse que eu era irritadinho...

- Por isso você nunca me deixou tomá-los. – Shadows fechou a boca.

- Hm, os remédios de ansiedade eu venho tomando não faz tanto tempo. Eu tenho ansiedade para fazer tudo, e isso transforma meu metabolismo e meche com os neurônios também e uma pá de porcarias mais... Mas minha mãe cortou os remédios.

- E a CardioMegalia? – Os olhos de Shadows estavam tensos, pousados sobre mim.

- É uma doença no coração. – Bastou eu dizer aquilo que ele já não quis tocar mais no assunto.

- Cara, você tem que prometer pra mim que... Que não vai mais tomar essas paradas assim... Que vai... Que vai se cuidar, e tomar a quantidade certa sem misturar com nada. – Shadows coçou a nuca. – por que eu não posso... Ficar sem meu melhor baterista do universo. E também não posso ficar sem meu amigo.

- Não é algo que eu controle.

- Ah é sim! – Ele me encarou fixamente. – você vai prometer que irá se cuidar Jimmy.

- Porra vocês cobram tantas promessas de mim... Até parece que eu sou tão sincero e verdadeiro a ponto de cumpri-las... Agora eu sou o papa? – Falei em tom de zombaria.

- Não precisa ser o papa.

- Um padre? – Perguntei.

- Um Reverendo. O Reverendo Jimmy. – Disse ele sorrindo.

            Reverendo.

            Reverendo Jimmy.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Let It Burn" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.