;JAMES SULLIVAN;

- Este é Brian, falei dele uma vez. – Apresentei à Shadows. Na sala de Shadows, não tinha apenas ele... Lá estavam também,Matt, Zacky, Val, a irmã de Val, Lea, Johnny, o primo de Matt que seria provavelmente o novo guitarrista e Brian.

- Gosta de música Brian? – Shadows perguntou como quem não queria nada. Olhei para Brian, me lembrando da última vez que tinha o visto na minha casa... Ouvi ele dizendo para o pai, que queria usufruir da música.

- Gosto sim, toco guitarra. – Disse ele.

- Mentira! – Shadows abriu a boca, pasmo. – vem cá, toca aqui com a gente.

            A guitarra de Zacky estava em cima do sofá, quando todos empurraram Brian para ela. Não sei, mas eu nunca vou me esquecer daquela noite. O calor da lareira, fazendo um lado do rosto de Brian ficar na luz. Ele abriu um sorriso ao tocar na guitarra, era óbvio que Brian tinha um jeito pra coisa. Ele podia evitar a guitarra, dizer que não era o que ele queria fazer da vida. Mas eu senti, que por mais que ele evitasse-a, a guitarra fazia parte dele. Parte daquele desejo que fazia seus olhos brilharem.

            Brian não sabia. Mas ele era guitarrista. Não importa o que ele fosse fazer da vida... Ele tinha nascido, para aquilo.

- Vamos, você gosta de tocar o quê? – Zacky perguntou puxando sua outra guitarra. – posso fazer a base se quiser.

- Eu posso montar um solo meio que de ultima hora pra qualquer base que você tiver. – Brian disse suspendendo a guitarra nos braços.

- Certo. – Zacky começou, e logo reconheci aquela base. Estávamos aperfeiçoando as músicas desde que recebemos a Demo pronta. E Shadows estava querendo que revíssemos todos os projetos, e arrumássemos o que não estava perfeito. Almost Easy era uma música que estava nos planos de não entrar em nosso primeiro álbum, mas Shadows queria um solo decente pra ela.

            De repente a sala se encheu de uma áurea que nem eu sei explicar direito. Brian estava concentrado, de maneira que nunca tinha visto antes, e seus dedos deslizaram pelas cordas criando uma sequência de notas que só fazia eu me sentir mais arrepiado do que de costume. Zacky continuou na base, quando Shadows começou a cantar. No refrão eu entrei também, batucando na mesa. Johnny sabia cantar trechos desta música, por que certa vez eu cantei tanto que ele não havia esquecido ainda. E então Johnny todo brincalhão, fez uma nota ou outra no violão de Shadows, utilizando-o como baixo.

            Uma sintonia assustadora.

- Mother... – Sussurrava Zacky com Brian. Shadows cantava, e os dois sussurravam novamente.

            Vi os braços de Johnny se arrepiarem, ao mesmo tempo que Leana, Val e Mich pareciam tão absortas na música que não piscavam. Matt Wendt e seu primo, estava olhando pra todos nós de uma maneira meio estranha e engraçada eles pareciam se sentir deslocados. Shadows grunhiu, e então Brian criou um solo. O solo. E todos só puderam parar para apreciar como aquilo era capaz de tocar um coração.

            E aquela foi à primeira vez, que Zacky, Shadows, Johnny, Brian e eu tocamos e cantamos juntos.

            Um dia depois a banda havia se tornado oficialmente o Avenged Sevenfold.

            Depois de toda aquela bagunça na casa de Shadows, todos haviam ficado extasiado com a música. Bebemos muito, e nem eu tinha muita consciência dos próprios atos. Havia deixado Leana em sua casa, e Johnny na dele, e estava partindo para deixar Brian, quando aumentamos o rádio e começamos a tentar cantar Bon Jovi. Brian sabia algumas partes da música, e tudo que eu precisava fazer era gritar HEY nas partes certas. Minha cabeça estava rodando, mas eu conseguia ver Brian rindo e dançando de um lado para o outro.

- EU QUERO TE FAZER FELIZ MARIAAAA... – Gritou ele do nada, e começamos a rir. – MAAARIA.

- MARIA NÃO DESLIGUE O TELEFONEEEE... – Gritei inventando minha parte na canção. Minha cabeça girava, o volante também.

- FAÇA O QUE QUISER PORRA, QUE EXPLODA A MERDA DO MUNDO! EU SOU GUITARRISTA, SOU FODA E SOU SINISTRO!

- Cara acho que não me sinto muito bem. – Percebi ao ver que estava realmente tonto. Brian riu. – tu é sinistro.

- EU SOU SINIIIIIISTRO VELHO, EU SOU SINIIIIISTRO. CAI PRA DENTRO, QUE EU SOU SINISTRO! – Ele gritou abrindo o vidro, então com uma garrafa de Heineken na mão ele sentou-se na janela e começou a gritar. – HEI GATINHA, ME DÁ SEU TELEFONE.

            A mulher na rua mostrou o dedo. Comecei a rir.

- PORRA VAI TOMAR NO CU. – Guinchou ele enraivado. – EU NÃO QUERIA SEU TELEFONE NÃO! VACA.

- Brian chega de xingar os outros, saia daí. – Falei sentindo-me nauseado. – caralho quero vomitar.

- Você nem comeu direito para querer vomitar. – Abaixei a cabeça por um segundo, e invadi a faixa do lado, um carro buzinou ferozmente pra mim.

- Aí porra quero vomitar. – Falei outra vez. Diminuindo a velocidade, e baixando o vidro.

- Puta merda você vai vomitar com o carro andando. – Brian deu risada. – muito irado isso.

            Virei o rosto pra fora, e derepente...

- Que nojo.

- Ah, me sinto melhor. – Olhei pra Brian. Brian bebeu um gole da cerveja.

- SOU SINISTRO. – disse ele novamente.

- Pare de falar isso.

- CARA EU SOU O SYNYSTER GATES E ESTOU APAVORANDO, SE LIGA. – ele se sentou na janela de novo, jogando cerveja pela estrada.

- Você é o quê? – Perguntei expirando cerveja pelas narinas. Brian começou a rebolar.

- SYNYSTER GATES. SOU O SYNYSTER GATES E ESTOU APAVORANDO.

            E aquela foi a primeira vez que ele se chamou assim.

            Ele era.

            Synyster Gates, e estava apavorando.