Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 22
Capítulo 21; Ronronado


Notas iniciais do capítulo

Vou dedicar este a todos que ainda estão lendo.



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;JAMES SULLIVAN;           

Dois meses depois.

            Vou te contar mais ou menos o que era sentir aquilo. Meu coração acelerava de forma brusca, e eu podia ouvi-lo acompanhar as batidas da bateria enquanto minhas mãos impregnadas de suor seguravam as baquetas com certa leveza. O suor escorria por minha testa também, fazendo parte do cabelo grudar na pele do rosto; foi esse um dos motivos que me fez cortar o cabelo a alguns dias. Eu não sentia meus pés, por que eles pareciam ter vida própria quando eu tocava. Antes de me juntar à banda, eu procurava ensaiar uma ou duas vezes em casa sozinho e isto era o suficiente para que eu não precisasse prestar tanta atenção nos pés quanto nas mãos na hora da música.

            Mas isso não era o melhor. O melhor era sentir aquela sensação. Eu sabia ronronar como diz o Sr. Gates. O ronronar pra ele, era berrar (palavras opostas, mas que pra nós traziam o mesmo significado). Eu não sabia, mas descobri recentemente que berros era outra vocação que tinha para aperfeiçoar. Eu nunca gostei de saber que tinha um dom, e que ele poderia desaparecer com o tempo se eu não me esforçasse para atingir o melhor dele. Perfeccionista, Leana sempre dizia que eu era. E eu era mesmo.

            O auge daquela sensação era quando Shadows gritava comigo. Ele tinha um timbre daqueles que você gosta de ouvir, não importa o que ele esteja falando, você apenas quer ouvir a voz dele. E sua voz rouca trazia certo poder à nossa música. Quando entravamos em ação, eu preferia fechar os olhos errando parte ou outra das bases de bateria, apenas para sentir como era unir minha voz à dele. Embora eu gostasse tanto de ouvir nossas vozes juntas, com o conjunto todo da banda em sintonia, era sempre bom quando Zacky ousava entrar na canção também. Zacky era o astro, mesmo que ele não saiba disso muito bem. A voz de Zacky era outra coisa legal de se explorar, era grave, e tinha o poder de arrepiar qualquer um.

            Não que eu fosse o único a estar arrepiado ali. Zacky, Shadows e Matt também estavam. Leana estava no canto da sala ao lado de Val, e as duas abriam sorrisos eufóricos sempre que eu entortava o rosto para vê-las. Nos últimos dois meses minha relação com Lea, só se firmou mais. E eu também gostava de Val... Ela me fazia rir. O olhar de Leana atravessou a sala, e pousou-se em cima de Matt. Aquilo por alguns segundos fez com que eu perdesse noção do que estava fazendo, mas logo me recompus para gritar minha parte do refrão da música. E conectando minhas mãos à aquele estado que eu conectava os pés, uma espécie de piloto automático, eu desfiz minha mente e lembrei-me de quando trouxe Lea para nosso primeiro ensaio à dois meses atrás.

- Meu Deus... – Sussurrou ela quando viu Matt. Ela tentou desviar o olha, tentou sair de perto, mas eu notei que Matt havia sido algo pra ela. Quando o primeiro ensaio terminou, Matt veio cumprimentar Leana.

- Então esta é sua namorada... – Disse ele vagamente ao olhar de Leana pra mim. – pensei que fosse uma coincidência ela se chamar Leana.

- Do que você esta falando? – Perguntei ao ver que Lea se sentia desconfortável com a conversa.

- Leana... Você não disse ao James que me conhecia? – Disse ele notoriamente surpreso. Fechei a mão em punho, sentindo-me traído de alguma forma. Olhei pra Lea, ela mordeu o lábio inferior.

- Não achei necessário. – Disse ela olhando pra mim de supetão, então voltou a olhar pra Matt. – enfim, estou feliz em poder ver você.

- Você mudou... – Disse ele se inclinando, e com atrevimento, pegando uma mecha do cabelo dela. – você não era loira.

- Isso não é loiro. – Respondi. – é castanho.

- James, você não a viu a uns cinco anos atrás... Os cabelos dela eram bem mais escuros do que isso. – Matt apontou.

- Não importa. – Lea segurou meu braço. – precisamos ir, nos vemos depois...

            Ela se virou antes que Matt pudesse falar mais alguma coisa e me puxou para longe dali. Fiquei quieto durante a viagem a pé pra casa dela, que não era tão longe da de Shadows, por que afinal eu não me sentia bem o suficiente para querer saber sobre o relacionamento dela com Matt.

- Está bravo comigo? – Ela perguntou quando estávamos a dois quarteirões do apartamento dela, no centro.

- Tenho motivos? – Perguntei ao parar para encará-la.

- Eu ia te falar...

- E por que não disse? – Perguntei estridente.

- Você não iria gostar. – Disse ela aumentando o tom de voz. – olhe, eu conheço ele desde a quinta série. Estudamos juntos quando pequenos, e namoramos.

- Vocês o que!? – Minha voz falhou.

- Namoramos. Namoro de criança. Eu devia ter... Treze anos de idade, não era nada demais. – Ela disse segurando minha mão. – é passado.

- Você viu como ele te olhou? – Perguntei quase em um sussurro entristecido. – ele gosta de você...

- Não gosta, eu já disse... Éramos crianças. – Ela passou o braço em volta de mim, e me puxou beijando a ponta do meu queixo. – e eu gosto de você.

- Não quero mais você naqueles malditos ensaios... Não perto dele. – Gemi. Ela sorriu gostando da minha ridícula cena de ciúmes, beijou meu nariz quando baixei o rosto para olhá-la.

- Você não quer que eu largue de ir nos ensaios da banda do meu namorado, só por que tem um cara lá.

- Só por que tem um ex seu lá. – Disse eu sem olhá-la.

- Não gosto quando você fica assim... – Sua voz se resumiu a um balbuciar urgente.

- Assim como? – Perguntei, agora olhando-a novamente.

- Quando você traz indícios de que não me ama... – Ela fez beicinho. E aquela lá era a tática infalível de Leana para acabar com o resto que eu tinha de dignidade... Ela sempre falava aquilo quando eu demonstrava que não gostava de alguma situação na qual envolvia ela, nosso namoro, e qualquer outra coisa...

- Não é isso... – Falei imediatamente.

- É claro que sim. – Ela virou o rosto, e tirando os braços de mim, cruzou-os sobre o peito.

- Não é. – Dei um passo até ela, e tomei-a nos braços. – eu gosto de você também.

- Eu vou poder ir aos ensaios? – Ela perguntou baixinho. Eu odiava quando ela me tinha totalmente nas mãos daquele jeito, me sentia vulnerável e vai por mim... Homens não querem parecer vulneráveis, NUNCA!

- Vai sim, agora pare de dizer essas bobagens e venha aqui. – Ela venho. Sorriu. E me beijou. Seus olhos brilharam...

            E agora era isso. Seus olhos estava brilhando novamente ao me ver tocar. A música acabou, e eu estava repassando uns trechos da outra música enquanto Zacky tentava o solo favorito dele.

            Em tão pouco tempo eu tinha me encantado por aqueles caras e nem o motivo eu sabia qual era. Vivi por tanto tempo com Ronnie e os outros, e nunca senti-me que estava completamente encaixado. Agora no entanto, eu me sentia tão bem com Zacky e Shadows, que era fácil ser eu mesmo e não ser julgado por isso. E pra completar ainda, descobri recentemente que Shadows e eu fomos amigos na quinta série. Faz um mês que estávamos fumando narguile, de coca-cola. Estávamos conversando sobre a banda quando Zacky disse.

- Quero um nome artístico que mostre bem que eu sou... – Falou naturalmente.

- Procure um apelido de infância então... – Brincou Shadows. – as pessoas costumam ser rigorosas quando somos crianças, e nos dar apelidos que digam exatamente o que somos.

- Já recebi muitos apelidos. – Zacky disse em um tom de voz que indicava que ele não diria quais eram. – você já Jimmy?

- Não... – É, ele realmente me chamava de Jimmy. Bastou Lea me chamar assim uma vez, que havia se tornava oficialmente um apelido. – só Jimmy mesmo.

- Nenhum outro? – Shadows estranhou.

- Gigante. – Falei rindo. – Johnny me chama assim desde que nos conhecemos.

- Legal. – Shadows disse suspirando fumaça com cheiro de coca pela sala. – já me chamaram de Sombra uma vez, mas faz muito tempo.

- Sombra? – Aquela palavra me atingiu.

- Sim, um colega meu de colégio. Nós costumávamos fazer muita merda, acabar com a vida dos outros sabe... – Ele gargalhou. – uma vez eu e ele nos juntamos na sala da direção para...

- Roubar comida. – Complementei. Ficamos atônitos sem entender como aquilo havia acontecido.

- Caralho... – Disparou Shadows sem entender. – ele me deu o apelido de Sombra por que...

- Disse que você não parava de seguir ele, pra onde quer que ele fosse. Então disse que você era a sombra dele. – Falei lembrando-me de quando dei esse apelido a ele. 

- Puta que pariu! – Gritou ele rindo.

            E foi assim que descobrimos que tínhamos sido amigos a muito tempo. Só que eu fui expulso depois que descobriram que eu estava por trás de dois apagões que houve no colégio, e por trás também dos roubos de comida na sala dos professores, e por trás do roubo dos Boletins dos alunos do sexto ano, e por trás também dos pneus furados de todos os professores do primário e por trás de... Bem deu pra entender certo?

- Vamos repassar as últimas duas músicas, por que não gostei muito de como soou o baixo, acho que você deveria trocar algumas notas graves Matt. Ficou meio estranho. E a parte que o Jimmy entra na música, com o ronronado a guitarra estava muito alta e destruiu o efeito que era pra ter causado, então acho melhor Zacky trocar a parte do solo pra depois dos berros. – Instruiu Shadows. – e você Jimmy... Foi perfeito.

            Pisquei.

- Venham, vamos comer alguma coisa. – Shadows chamou. Shadows era não apenas o vocalista da banda, mas o líder do grupo se é que me entende. Era ele quem dava a palavra final após as composições. Mas o fato era que sempre que fosse fazer isto, chamava-me para ter certeza de que estava dando a palavra final certa. Eu gostava disso.

- Você é incrível! – Lea gritou ao pular em cima de mim. – eca mas esta fedendo...

            Abri um sorriso.

- Bateristas suam sabia? – Ela riu, peguei sua mão e fomos atrás de Shadows. No andar debaixo a mãe dele, uma mãe admirável, havia preparado comida para todos.

- Espero que meus Metaleiros estejam com fome! – Disse sorridente.

- Obrigado mãe. – Shadows beijou a testa dela.

            Todos se acomodaram, e depois de enchidos os copos com refrigerante Shadows disse:

- Um brinde. A nosso futuro sucesso, senão, apenas a alegria da banda.

            Todos ergueram os copos e o tilintar dos copos de vidro ressoaram.

- Ao sucesso e a alegria. – Zacky disse.

    E de alguma forma eu pensei que... Iriamos ter sucesso.

   Sucesso e alegria.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu estava pensando que... Eu tenho TANTAS idéias pra essa FIC, que ela iria ficar cheia de capitulos :/ Tipo muito grande mesmo...