A noite estava abafada então resolvi que vestiria meu sobretudo predileto preto, sem camisa por baixo. Uma gravata vermelha que combinava com as taxas carmins e pretas do cinto que segurava meus jeans escuros. Não que eu ligava pra moda, nem para se vestir bem... Eu só queria que as pessoas notassem como eu me comportava, minhas atituldes, por meio de minhas roupas.

- Onde pensa que vai? - Perguntou Sra. Sullivan, quando escutou o som das chaves do carro saindo de dentro da gaveta. 

- Ah sabe como é Sra. Sullivan, à algum ponto de drogas ou um beco... Não sei, vai depender da quantidade de dinheiro que tenho. - Era ironia, mas se tem uma pessoa que jamais saberá distinguir o que é real e o que é ironia, esse alguém era minha mãe.

- Oquê? Já não basta sujar o quarto de hospede inteiro com cigarro e bebida, você ainda vai sair pra comprar drogas? - Ela se levantou da poltrona preta, que costumava cochilar.

- Claro que vou. A imagem da familia já é uma merda mesmo... - Você sabe melhor do que eu mesmo que ela começou a gritar histericamente sou como sou um terrivel filho e eu juro que teria ficado lá para debater com seus argumentos inválidos...

Se Leana não estivesse me esperando.

- Bonita casa. - Falei quando parei o carro em frente à uma das enormes casas do condominio de casas Saint Etiene. Não era maior que minha casa, em questão, mas era linda ainda assim. E eu não fazia o tipo de cara que costumava reparar em casas... Então considere que isso foi um ponto positivo para Leana. 

- Bonito carro. - Observou ela se curvando para me olhar pela janela. Não era um carro bonito, já fora, mas não era mais. Eu não tinha muita paixão por automoveis, e talvez fosse esse o problema pra mim não achar um Tucson novo bonito.

- Entre. - Me inclinei e abri a porta do carona. Ela estava usando um vestido que dava acima dos joelhos vermelho, com uma jaqueta branca, brincos redondos e vermelhos chamavam a atenção para seu belo rosto. Eu não sabia como Leana era, por que não achei que ela fosse mais linda do que a voz que possuia, mas tinha um sorriso enorme e escandaloso que chamou minha atenção; ela era linda. 

- Pra onde a galera costuma ir? - Ela perguntou fechando a porta. Percebi que por mais irônico que eu tenha sido com minha mãe ao dizer que iria comprar drogas, a galera de Ronnie costumava fazer este tipo de programa. E este noite iriamos nos reunir perto de algum bar para jogar pôquer e tomar cerveja... E por mais que eu adorasse esse tipo do programa, não queria que Leana se envolvesse com esse tipo de gente.

- Bem, você vai descubrir - Foi a primeira coisa que me veio em mente. Antes que ela pudesse perguntar alguma coisa, liguei o carro e fiz o motor roncar mais alto que sua voz.
- Vocês costumam vir aqui? - Perguntou ela andando ao meu lado em uma estrada de terra deserta. No galpão número 6661, ficava uma éspecie de festa rave. Leana estava assustada inicialmente, por que o lugar era mesmo sinistro... Mas gostei quando ela se juntou à minhas passadas longas, e segurou minha mão.

- Não sei se é o seu tipo de lugar... - Brinquei. - mas é um lugar divertido, afinal.

- Meu tipo de lugar? E se eu falar que não gosto do seu humor negro? - Ela me encarou. Aquilo era uma piada?

- E se eu falar que não gosto da cor do seu cabelo? - Aquilo sim devia ser uma piada.

- Isso é uma piada? - Perguntou ela. Qual era o problema dela? Uma hora ela estava segurando minha mão, e agora ela estava me fuzilando desejando ter um olhar raio laser. - olha eu realmente não preciso que goste do meu cabelo OK James Sullivan? Eu devo não ser suficiente pra você, eu sou meio 'menininha do interior' mesmo idaí? Não estou ligando para o que acham de mim, eu simplesmente quero me introsar... O que vocês fazem? Enchem a cara de alcool até cair? Oras, eu não sou otária, sei me cuidar muito bem sozinha e não vou beber até cair apenas para satisfazer os desejos de alguém. Esse não é o meu tipo de lugar mas provavelmente você não sobreviveria um segundo no meu tipo de lugar. 

Aquela agressividade toda deveria ter me irritado, mas quer saber? Aquilo me atraiu. 

Ela puxou a mão bruscamente da minha e antes que ela pudesse virar a cara e sair marchando para onde quer que ela quisesse ir, segurei seu braço e a puxei pra mim.

- Nunca mais fale assim comigo. - Parecia uma ameaça. Tanto faz. - e você não tem idéia de como eu sobreviveria em todos os tipos de lugares.

Senti sua repiração acelerar em frente ao meu rosto.