Let It Burn escrita por Gorski


Capítulo 17
Capítulo 17; Menta


Notas iniciais do capítulo

Sorry a demora gente, estou de castigo ainda ÇASLÇASLÇAS



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;JAMES SULLIVAN;

            Quando dei por mim, notei que o céu já estava na fase do crepúsculo, o que de certo modo me intimidou, sendo que logo mais eu teria de jantar. Eu havia largado os estudos no meio da tarde, quando Leana foi embora de casa, e me dediquei à música dos caras do Matt Shadows. O pior de tudo era que eu me rendia ao som, e posto com uma caneta esferográfica preta entre as pontas dos dedos, eu ia riscando em uma folha de papel ajustes que achei necessário para cada música; Embora eu estivesse cheio de ajustes, não iria mostrar todos.

            Eu iria me vestir adequadamente para o jantar nesta noite por que, primeiro: Meu pai estaria na mesa. Segundo: não sei por que, mas queria estar apresentável. Era difícil ter a companhia do Sr. Sullivan durante os jantares em família, e eu queria aproveitar o tempo que tinha com ele. Fiquei no banheiro por tempo mais que o suficiente. Era difícil fazer frio na Califórnia, mas de tempos em tempos as noites se tornavam gélidas tornando a simples tarefa de respirar algo tenebrosamente doloroso.

            Ao sair do banho, vesti uma camisa preta com estampa fantasmagórica e uma frase escrita sobre a morte do mundo (Esta noite o mundo morrerá jovem), minha mãe odiava aquela camiseta. Joguei uma jaqueta jeans preta por cima e usei um jeans desbotado com tênis cano alto branco e preto. Joguei os cabelos de qualquer jeito para o lado e caminhei para o corredor, bati a porta e assim que cheguei as escadarias consegui escutar a voz familiar do meu pai ressoar no andar debaixo. E então ouvi outra voz masculina, porém nem um pouco familiar; Talvez um companheiro de negócios.

- Não se engane por causa do ar de maloqueiro dele. Apesar de tudo Brian é um bom garoto. – Disse a outra voz. – aconselho você não prendê-lo aqui dentro, é bom deixá-lo na rua boa parte do tempo, se trancá-lo ele pode acabar fazendo merda.

            Bem, não se tratava de um negociante; Afinal de contar Brian era um cachorro?

- Não tem motivos para preocupação Gates. – Insinuou meu pai com clareza. – não se esqueça tenho um filho, sei muito bem os procedimentos...

            Que porra era essa? Eu por acaso era um cachorro?

- Espero que seu filho se dê bem com o Brian. – Disse o outro homem com pesar na voz, uma preocupação evidente.

- Odeio animais. – Arrastei a voz ao mesmo tempo que descia os degraus, aparecendo no campo de visão dos dois. De qualquer forma, eu não odiava animais... Não todos eles. Sempre achei tarântulas legais.

- Do que esta falando? – Meu pai estreitou o olhar, aquele olhar dizia: Cale a boca.

- Do cachorro afinal. – Respondi indo até o tal Gates, e apertando sua mão.

- Que cachorro? – Gates perguntou apertando minha mão e com confusão nos olhos.

- De qualquer modo, este é meu filho James Sullivan, e este é meu amigo de longa data Gates. – Disse meu pai.

- Sim, costumávamos pular muros do colégio e matar as aulas de física juntos. – Gates disse com um breve sorriso sereno. Meu pai? Sr. Sullivan? Matando aulas?

- Enfim. – Meu pai pigarreou com o tom de voz embaraçado. – o filho de Gates, Brian, vem passar três dias aqui filho. Os Gates irão viajar. E achei conveniente dar uma força.

            O tom de voz que meu pai abrangeu impunha e pedia por minha educação.

- Será um prazer conhecer seu filho Sr. Gates. – Falei. Mas na verdade preferia ter usado as palavras: Brian não é um cachorro certamente.

- Gates iniciaremos o jantar. – Meu pai se dirigiu a mesa enorme da sala de jantar, e esperou que a cozinheira viesse dizer em voz alta o que tinha para o jantar. Gates assentiu e rapidamente discou um numero no celular: Brian, entre logo.

            Com um estrondo ouvi a porta da frente bater a maçaneta na parede. O tapete de frente voou uns metros até alcançar o pé da escada. Brian, estava lá. Seus cabelos eram grandes e negros, e seus olhos pequenos e do mesmo tom. Ele parecia do tipo difícil de se conviver, mas mesmo a maquiagem escura não me afetou tanto assim.

- Quero que mostre ao rapaz como se comportar. – Meu pai sussurrou tão baixo ao pé de meu ouvido que creio que ninguém além de eu escutou. Brian estava com calças Jeans escuras e rasgadas, a barra era longa e estava suja de barro. Suas unhas estavam pintadas de preto, mas o esmalte estava descascando nas pontas dos dedos. Ele coçou a testa vincada e depois estralou os dedos com preguiça.

- Ohayo. – Berrou ele com uma voz mais alta do que provavelmente deveria utilizar.

- Ora, Ora, Brian Gates. Que prazer e enfim te conhecer. – Disse meu pai como se realmente estivesse feliz em abrigar alguém como Brian em casa por três dias. – faça as honras da casa James, leve Brian para conhecer seu quarto de hospedes.

- Eu até iria... – Brian começou. – mas prefiro dormir no sofá.

- O quê? – Sr. Gates falou ao mesmo tempo que meu pai.

- Sabe, eu me sinto mais feliz. É mais perto da cozinha, é mais confortável, tem uma TV e uma porta de acesso a entrada e saída da casa. – Brian atirou a mochila preta desfiada, em cima do sofá. Sentou-se no mesmo e nos encarou. – quando sai o rango tio?   

            Aquilo quase me fez rir. Quase.

- Venha Brian, vou te arrumar algo pra comer e o quarto. – Falei fazendo as honras da casa. Brian saltou do sofá, com um olhar intrigado e me seguiu para o segundo andar.

- Se você pensa que eu vou seguir as regras da casa esta enganado.

- Não adianta Brian. – Falei abrindo a porta do quarto de hospedes pra ele. – tudo que você fizer para prejudicar a família será em vão... Você acha que eu já não fiz de tudo para desestruturar essa droga?

- Você? – Brian estreitou o olhar, meio inseguro. – você tá fazendo de tudo pra fuder a família? A sua própria família?

- Sinto muito te desapontar Gates, mas não existe ovelha mais negra do que eu. – As palavras me fizeram sorrir. – você pode não acreditar. Mas já fui expulso de três colégios, tenho diversas advertências e mais de 360 dias de suspensões contando desde o jardim de infância... Incontáveis bilhetinhos na agenda, e reclamações. Já fui pego fumando, bebendo e colando no colégio. Pichei muros e já matei aulas, já fui fichado duas vezes na policia por que dirigia bêbado e também...

- Tá OK cara. – Brian gargalhou. – puta merda, você é melhor do que pensei que fosse.

- Melhor?

- Sim. Muito melhor. – Brian atirou a bolsa no canto e entrou no quarto. – nada mal esse quarto aqui. Seus pais surtariam se eu pintasse as paredes de preto?

            Gargalhei com vontade e me apoiei na porta, notando que já gostava de Brian.

- Vai por mim... Eles ficarão mais malucos ainda se você derrubar cerveja nas cortinas e fumar com as janelas abertas.

- Acho que trouxe uns cigarros. – Disse ele automaticamente tateando o bolso da calça. – alias eu tenho bombas de cheiro também.

- Vai ser divertido então. – Falei, abrindo um largo sorriso; Bomba de cheiro, por que não pensei nisso antes?

- Cara! – Brian correu pra sua mochila e a abriu, atirando mil e uma tralhar na cama. – vem ver só o tanto de porcarias que eu trouxe de casa para infernizar a vida dos Sullivan.

- Você não tem vergonha de falar isso? – Perguntei, embora estivesse interessado nos objetos sobre o lençol.

- Não.

- Não tem medo de que eu esteja blefando? E de que eu vá te dedurar para meus pais agora?

- Sabe James... – Começou ele passivamente. – eu posso ver nesses teus olhos azuis que você não tá mentindo pra mim quanto a dizer que quer infernizar a vida dos teus pais. Sei lá, ainda não entendi... Mas é tipo uma ligação. É gay. Mas é real.

- Quer dizer que... ?

- Eu já confio em um cara que nunca vi na vida. – Brian sorriu, me fazendo sorrir também. – diz ae, cigarros e cerveja certo?

- Menta. – Falei.

- Ã?

- Minha mãe odeia cheiro de cigarro de menta.

            Os pequenos e negros olhos de Brian brilharam.


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Notas finais do capítulo

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