The Sound Of 2 Hearts escrita por Mariia_T


Capítulo 8
O8.


Notas iniciais do capítulo

OOI, mais um capítulo para vocês :D



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- Justin

     Acordei, me arrumei e saí de casa numa velocidade incrível. Peguei o celular e liguei para Miranda.

     - Alô? – Ela atendeu, meio grogue.

     - Estou chegando aí em trinta minutos. – Avisei.

     Ela demorou um pouco para responder.

     - Certo. Estou esperando. – Ela desligou.

     Ri comigo mesmo. Cheguei na casa dela dentro do prazo combinado e ela entrou no carro.

     - Bom dia. – Ela falou, sorrindo.

     - Bom dia. Está melhor? – Perguntei gentilmente.

     Ela me olhou por um segundo.

     - Sim. Só precisava de uma boa noite de sono.

     Liguei o carro e dirigi até o estúdio de dança. O lugar parecia um armazém, só que com as paredes espelhadas – menos duas -, o chão em piso de madeira e uma imensa aparelhagem de som.

     - Cadê o povo? – Ela fez a pergunta crucial.

     - Eles só vêm depois do almoço. – Falei.

     Ela me encarou.

     - E nós vamos ficar aqui fazendo nada até uma hora da tarde?

     - Fazendo nada não. Vamos nos aquecer. Vamos dançar.

     - Você sempre faz isso ou está me sacaneando? – Perguntou ela, desconfiada.

     - Faço isso algumas vezes.

     Peguei meu Ipod na bolsa e conectei-o no som. Coloquei a primeira minha que vi. One Time. Miranda revirou os olhos.

     - One Time?

     - Sim. Comece a dançar.

     - Aham, está bom. Começa tu. – Ela falou.

     Sorri para ela e fui para o meio da sala. Fiz os passos básicos. Os passos que eu fazia nos shows. Ela me olhou, tentando entender se eu falava sério ou se brincava com ela. Miranda pegou algo grande de sua bolsa. Uma câmera fotográfica e o suporte médio. Apenas olhei para ela enquanto ela mexia na câmera.

     - O que vai fazer com isso? – Perguntei.

     - Fotografar momentos espontâneos. – Ela respondeu na maior calma. – Por favor. Deixa!

      - Tudo bem. Agora vem! – Chamei-a. Mas ela não veio. Fui até ela. Peguei em suas mãos e a puxei. – Vamos lá. Eu concordei em você tirar fotos, agora você dança comigo! – Ouvi o som de fotos sendo tiradas.

      - Vai tirar fotos em sequência. Até que eu pare. – Ela explicou. Cruzou os braços e ficou ali, parada.

     Depois de um tempo ela começou a balançar com a música. Depois estávamos dançando, como em uma competição. A cada passo que ela fazia, ela ria e não conseguia terminar. Mas ela dançava bem.

     Mostrei a ela alguns passos que eu mais gostava de fazer. Alguns ela conseguiu fazer de modo até satisfatório, mas outros ela não conseguiu de jeito nenhum.

     Na quinta música minha, ela revirou os olhos e foi trocar de música. Quando eu ouvi a primeira frase, arqueei uma sobrancelha.

     - Peacock? – Perguntei, sorrindo maliciosamente para ela.

     - A música é legal. – Ela se explicou.

     - Certo. Agora dança, gatinha. – Falei.

    Ela riu e começou a dançar. No refrão ela virava para mim e cantava. Eu ria até não aguentar mais. Era estranho ter uma garota cantando essa música ainda mais para você.

    - A gente acha que conhece as pessoas, mas veja só. – Falei.

    Recebi um tapa no braço. Dançamos mais algumas músicas agitadas até que começou E.T. (Futuristic Love).

     - Eu adoro essa música. Dança comigo. – Ela pediu.

     Esse não era o tipo de pedido que se recusava. Ela dublava a voz de Katy. Quando a Katy cantou “Your touch is magnitizing”, Miranda colocou minhas mãos em sua cintura e ficou de costas para mim. Ela meio que interpretou todas as falas da música, até o refrão. Bom, na música é meio que pedido para “alguém” beijar ela. Miranda olhou para mim e corou. Depois se afastou.

     O clima ficou tenso. Paramos de dançar e apenas escutamos as músicas passarem. De repente tive uma ideia.

     - Me ensina a dançar alguma dança brasileira? – Pedi.

     - Ahn... Claro...

     - Alguma que não seja samba. Eu não consigo sambar de jeito nenhum.

     - Certo. – Falou ela rindo. – Deixe-me ver...

     - Que tal um funk? – Sugeri.

     Ganhei outro tapa.

     - Funk... Não. Tem o forró. Já dançou forró? – Ela me perguntou.

     - Não faço ideia nem do que é isso.

     - Ok. Então é essa. Você faz assim. O homem é quem conduz. Mas como você não sabe, deixe que eu conduza. – Ela falou.

     Miranda pegou minha mão direita e colocou em sua cintura, e com a esquerda pegou em minha mão. A princípio achei que íamos dançar valsa, mas ela quase grudou seu corpo no meu.

     - O básico: dois passos para lá, e dois para cá. Assim. – Ela mostrou. Tenho certeza de que me saí muito mal. – Assim, Jus. – Adorava quando Miranda falava Jus. Tentei me concentrar.

      Percebi que a dança tinha que ser solta; nada de movimentos muito duros.

     - Não estamos fazendo isso direito. – Ela falou e se afastou de mim, sorrindo. Eu ri e me desculpei. – Que nada. Eu também não consegui dançar muito bem quando fui lá. Depois você pega o jeito.

     - Podemos voltar então ao funk? – Perguntei inocentemente.

     - Que cisma com o funk!

     - Então que outra dança você sugere?

     - Samba logo, Justin. Deixe-me ver o que você sabe.

     Suspirei e tentei – uma tentativa fail. Ela teve que conter uma risada. Parei imediatamente.

     - Desculpa. – Ela pediu. – O homem samba mais com os pés, não precisa ser tão solto quanto as mulheres.

     - Quando você fala solto, você quer dizer rebolar?

     - Sim, Justin, eu estou querendo dizer rebolar.

     Ela começou a sambar. Olhei, meio que em transe. Ela era linda parada e era linda se mexendo.

     - Agora você. – Ela falou ao parar.

     Tentei novamente. Ela veio mais para perto de mim e me mostrou como mexer os pés.

     - Olha a técnica que o professor de lá ensinou: mata a barata e joga a barata. – Ela pisou um pouco na frente e arrastou o pé para trás. – Movimentos curtos e rápidos. Agora você.

     Fiz como ela havia me mostrado. Ela soltou um grito de apoio e me deu um abraço. Ainda com os braços em volta do meu pescoço, ela olhou em meus olhos.

     - Você é lindo, Jus. – Ela disse. Bem, disso eu já sabia, mas ouvir dela fez meu coração triplicar de tamanho.

     Miranda tirou uma mão e a passou em meu rosto. Com a ponta dos dedos acompanhou o traço de meus olhos, depois o nariz. Contive um espasmo de excitação quando ela contornou minha boca. “Hormônios.”, pensei. Olhei para ela, que sustentou meu olhar. Devagar, aproximei meu rosto do dela, sem parar para pensar em sua reação. Podia sentir meu coração palpitar a mil. A respiração dela acelerou. Encostei meus lábios nos dela. Ao contrário do que eu havia esperado, ela respondeu ao meu beijo.

     Miranda. Eu só tinha consciência disso naquela sala. Só tinha consciência de que eu agora estava sentindo tudo o que eu havia me imaginado sentir. Puxei-a mais para perto, abracei sua cintura e ela acariciou minha nuca. Dei mordidas suaves em seu lábio inferior. Minhas mãos passeavam por suas costas e seus dedos se entrelaçaram em meu cabelo. Apertei mais sua cintura e ela comprimiu mais seu corpo contra o meu.

     Miranda afastou o rosto, ela ofegava e em seus olhos havia um brilho diferente, mas seu rosto dizia outra coisa. Confusão?

     - Justin, me desculpe... Eu... Vamos fingir que isso nunca aconteceu, certo? – Ela pediu.

     “Não.”, respondi em minha mente. Ela havia me beijado, se ela não gostasse de mim não teria retribuído o beijo. Agora eu tinha certeza de que ela gostava de mim, e não ia desistir disso.

     Olhei o relógio. Hora do almoço. Eu havia me livrado de um bom tempo de tensão entre nós dois.

     - Vamos almoçar? – Perguntei e ela assentiu.

     Levei-a ao Burger King, já que ela não gostava do Mc Donald’s. Coloquei um boné comum de aba curva, um óculos de sol e um cachecol. Troquei a jaqueta preta por uma de camurça bege. Miranda riu e saiu do carro.

     - Porque não trouxemos Kenny? Ia ser mais fácil. – Observou ela, me analisando de cima a baixo.

     Dei de ombros e entrei na lanchonete.

     - Você faz o pedido? – Pedi.

     - Claro. – Falou ela, indo para a fila.

     - Milk-shake de chocolate. – Falei, ela apenas fez “joia” com a mão, sem olhar para mim.

     Olhei o movimento na lanchonete ao sentar numa mesa no canto. Estava meio vazio. Isso era bom; se alguma garota me reconhecesse eu poderia fugir, com alguma dificuldade, mas conseguiria. Miranda voltou com os pedidos.

     - Obrigado.

     - Por nada. – Falou ela, sentando-se.

     Comi uma batata. Miranda parecia incomodada.

     - Jus... – Ela hesitou. – Você está bem?

     - Sim. Estou. – Nunca estive melhor em minha vida.

     - Usher falou comigo e ele acha que você não está bem. Ele disse que uma hora você está feliz e noutra está triste... E eu percebi que nunca falamos de você. – Ela falou.

    - Mas o que há de novo para saber de mim?

    - Levando em conta que eu nunca vi uma entrevista sua, há muita coisa nova para saber.

     - Certo. Meu nome é Justin Drew Bieber. Tenho dezesseis anos, meu aniversário é dia 1º de março. Nasci e cresci em Stratford. Meus pais são separados. Tenho uma irmã e um irmão por parte de pai. Meus melhores amigos são Ryan, Chaz e Christian. Namorei a irmã do Chris. Nas férias costumo ir para Bahamas. Adoro espaguete à bolonhesa. Tenho medo de escuro e de elevador, ainda fico de castigo e meus pais não me deixam sair de casa, sozinho. Acho que é isso. – Falei.

     - Quando eu te devolvi o seu texto naquela noite, você disse que sua vida não é tão perfeita como acham. Está tendo problemas? – Ela quis saber.

     - Não. Na verdade meu problema já foi resolvido.

     - Que ótimo! E qual era ele? Posso saber?

     - Acho melhor não saber, por enquanto. – Falei, com cautela.

     - Engraçado, nós dois temos problemas com a categoria “Pais”. – Falou ela.

     - É. Mas meus pais... Eu ainda não os entendo. Fazem algumas coisas juntos, mas acho que é mais por mim do que por eles. Meu pai não foi totalmente ausente em minha vida, mas minha mãe teima em dizer que me criou sozinha. – Suspirei.

     - Desculpa... Eu não queria te fazer lembrar coisas ruins.

     - Não tem problema. É legal falar sobre isso com alguém. – Falei.

     Ela sorriu, o que fez tudo valer a pena.

     - Ei, você viu o negócio lá do Justin? – A conversa da mesa ao lado chamou minha atenção. – Ele e a Victoria Justice estão namorando. Saiu primeiro no Twitter, depois explodiu na mídia.

     “Como é?”, perguntei-me, irritado. Olhei para Miranda. Ela também ouvira. Seu sorriso foi murchando aos poucos.

     - Vou ao banheiro. – Falou ela, saindo da mesa.

     O que Victoria havia feito dessa vez? Peguei meu celular e entrei no Twitter. 95% dos tweets falavam sobre isso. “AAAAAAH! Acabamos de receber a confirmação da própria Victoria Justice de que Justin e ela estão namorando! Victoria estava no Phipps Plaza – obviamente – quando nos confidenciou a notícia.”, essa era a notícia que deu início a toda a coisa.

     Quando Miranda voltou parecia meio abalada. Lembrei que Victoria a havia levado para o shopping.

     - Ela falou isso mesmo? – Perguntei a ela.

     - Falou. Tentei falar com ela, mas ela não me ouviu. Desculpa, Jus.

     - Desculpar o que? Não há problema algum. Depois eu falo com ela e nós nos acertamos. – Falei.

     Seu rosto ficou indecifrável. Miranda não falou mais nada. Comeu seu almoço e me esperou.

     Voltamos para o estúdio. Todo mundo já havia chegado, menos Usher.

     - Ei, Beebs! – Scooter me chamou assim que entrei no estúdio. – Esse vai ser seu coreógrafo hoje. Ele vai nos ajudar, enquanto o coreógrafo do show está viajando, coreografando o Chis Brown.

     - Legal. Prazer. – Falei para o cara que estava do lado do Scooter.

     - Prazer. Sou Andrew. – Falou ele.

     O cara era alto, atlético e jovem, devia ter uns vinte e dois anos. Devia ser bom, para o Scooter chamar alguém tão novo.

     - Certo! Vamos começar. – Scooter falou.

     Eu e Andrew fomos para o centro da sala. Começamos com um alongamento e aquecimento básico. Ele me mostrou a sequencia que o coreógrafo-chefe – por assim dizer – havia preparado para a música Latin Girl. Eu gostei. Era fácil e legal de se ver e dançar. Miranda ficou sentada num canto, olhando as fotos na câmera. Perguntei-me se a câmera havia fotografado o beijo. Continuamos com as coreografias de Baby e One Time. A música estava alta, meu coração parecia acompanhar o baixo. Depois de umas três horas repetindo e repetindo passos, Andrew pediu um intervalo.

     - Cadê o Usher? – Perguntei a Scooter.

     - Está atrasado, eu sei. Mas você não é o único que dança e canta, sabia? – Scooter me advertiu.

     Sorri e me afastei dele, que foi resolver alguma coisa com Andrew.

     - Oi. – Falei para a menina sentada.

     - Ah, oi Jus. As fotos ficaram legais. Eu sou demais. – Falou ela, sorrindo.

     - Modéstia à parte.

     - Chato.

     - E aí, o que achou da nova coreografia? Ou você não viu nada? – Perguntei.

     - Gostei muito da Latin Girl. É divertida.

     - Gostei dessa também.

     Ela sorriu e se voltou para a máquina. Fiquei incomodado, Miranda ainda não falara nada sobre o que aconteceu mais cedo.

     - Miranda?

     - Sim? – Ela se voltou para mim, sorrindo.

     - Sobre o que aconteceu hoje...

     - Ei, Justin! Vamos voltar? – Andrew se aproximou e perguntou.

     - Claro. – Suspirei e me levantei.

     - Ah, eu tinha te visto antes. Pode nos ajudar com essa música que vamos ensaiar agora? – Ele perguntou a Miranda, que levantou a cabeça assim que ele pediu a ajuda dela.

     - Ahn... Claro, por que não? – Respondeu ela.

     Fomos os três de volta para o centro da sala. Andrew deu os comandos. A música seria Eenie Meenie; Miranda seria a garota por quem disputávamos; eu seria eu – claro – e Andrew dublaria a parte de Sean. 

     Primeiro Andrew ajudou Miranda com o que e como deveria fazer, mas falou algo em segredo para ela. Depois me passou rápidas instruções. Miranda teria que nos “seduzir” e nos ignorar, um de cada vez, primeiro Andrew e depois eu; conforme ordem de aparecimento na música. Gostei da ideia, me fazia sentir como Michael Jackson em “The Way You Make Me Feel”.

     A música começou. Andrew foi atrás dela, mas ela nem ligou. Ele colocou o braço no ombro dela, mas ela, sorrindo, o afastou. Andrew dançou para ela, que revirou os olhos e saiu de perto. No refrão ela até que deu bola para ele.

     “Minha vez.”, pensei. Miranda ficou de costas para mim e para o espelho. Me aproximei rapidamente, coloquei minha mão em sua cintura e, ao invés de dublar, cantei em seu ouvido. Pude ver que ela se arrepiou; aquilo me divertiu muito. Rapidamente ela saiu de perto de mim. Fui atrás dela. Miranda se virou e foi em minha direção, estávamos muito perto, e, ter que ir para trás enquanto ela avançava foi uma coisa meio difícil de fazer – uma vez que eu queria ir de encontro à ela.

     Quando eu e Sean cantamos a última parte juntos, ela fingia estar escolhendo e se decidindo. Aquilo, Andrew deixou a critério dela. Ela iria escolher. Miranda começou a vir em minha direção, mas logo se virou foi até Andrew e pulou em seu colo, abrindo os braços. A música acabou. Fiquei olhando aquela armaçãozinha. Todos que estavam em volta aplaudiram. Miranda corou. Andrew a soltou deu um beijo em sua bochecha – o que a fez ficar mais vermelha ainda –, agradeceu e pediu que ela voltasse ao seu lugar.

     Andrew pediu que ensaiássemos mais duas músicas. Dançamos e terminamos o ensaio.

     - Bom ensaio, Jus. – Scooter falou. – Amanhã voltaremos a gravar lá na mansão no horário normal, ok?

     - Certo.

     - Você vai jantar com seus pais hoje. – Scooter falou. Assenti. Pelo canto do olho pude ver Andrew falando com Miranda. Ela ria e ficava vermelha cada vez mais. Fiquei meio incomodado de repente. Tentei achar motivos, mas não achei. Essa sensação era a mesma que senti quando Norah perguntou a Miranda se ela tinha conhecido outro cara na festa. Logo depois Andrew e Miranda estavam perto de uma das paredes espelhadas. Ele colocou uma música e mostrou a ela alguns passos, que ela tentou repetir.

     Encostei-me a uma parede não espelhada e fiquei observando os dois dançarem – na verdade só Miranda. Ela tentava repetir os passos dele, e depois caía na risada. Andrew falou alguma coisa e simulou estar dançando um funk, Miranda riu.  Começou outra música – OMG do Usher. Andrew deixou-a livre para dançar essa música.

     Ela mexia o quadril de acordo com a batida da música. Quando o Usher cantava “Oh my god” Miranda se abaixava e levantava no ritmo da música. Eu só tinha uma palavra para descrever aquilo e essa palavra era...

     - Sexy. – Usher falou, ao meu lado, olhando para Miranda também.

     Levei um susto. Não sabia o que meu rosto dizia, mas me recompus rapidamente.

     - Nunca essa música foi tão... Sexy. Acho que é porque nunca vi uma brasileira dançando ela. – Usher comentou e olhou para mim. - Qual é, Biebs, estou brincando. Que cara é essa?

     - O que... Quando chegou aqui? Há quanto tempo está aqui? – Perguntei meio aturdido.

     Ele riu, mas não desviou os olhos da garota.

     - Há alguns minutos, acho que cheguei quando a música começou. – Ele falou.

     Voltei a olhar Miranda. Andrew parecia implorar algo. Ela assentiu e fez um passo de funk. Eu nunca tinha visto Miranda dançar funk; eu pedi e ela não quis fazer, mas Andrew pediu e ela fez. Mas rapidamente parou, corou e riu nervosa. Pode ter sido um passo curto, mas eu gostei do que vi.

     - Justin... Se você não ficar com ela, eu juro que sequestro ela, mantenho em cativeiro até ela completar vinte anos, e então só Deus sabe o que vou fazer com ela. – Ele ameaçou.

     Mesmo sendo o Usher e esse tipo de coisa ser esperada, olhei para ele, meio chocado.

     - Que foi? – Perguntou ele, desviando o olhar dela para mim. – Estou brincando!

     Revirei os olhos. A música havia acabado e Andrew a aplaudia.

     - Você gosta dela, não é Biebs?

     - Gosto. Hoje nós nos beijamos, mas ela falou para fingir que não havia acontecido nada e, bem, acho que ela está realmente fingindo. – Falei.

     - Bom, eu acho que ela gosta de você.

     - Também acho, mas alguma coisa está a fazendo reprimir isso.

     - Você já entrou no Twitter hoje?

     - Acha que isso tem alguma coisa a ver? Mas Victoria e eu nem estamos namorando de verdade...

     - Você falou isso para ela? – Usher perguntou.

     Um gelo correu por meu corpo.

     - Não. – Falei. Esperei pela reação dele, que provavelmente iria me trucidar.

     - Bom, acho que você tem que dizer isso a ela, antes que Miranda tire conclusões precipitadas.

     - Ok. Espero que não seja tarde demais.

     Usher riu e balançou a cabeça negativamente. Scooter chamou Usher e eu para resolvermos alguma coisa. Eu odiava quando Scooter me chamava para resolver algo; demorava horas para resolver a coisa. Depois que Scooter terminou sua reunião básica, corri para ver Miranda. Ela estava sentada num banco que tinha no estúdio, parecia muito entediada.

     - Oi. – Falei.

     Sem resposta.

     - Miranda?

     Nada. Cutuquei seu braço. Ela pulou e tirou um fone do ouvido. Nem acreditei que não tinha reparado os fones.

     - Ah, oi Jus. Terminou tudo? – Perguntou ela, olhando em volta.

     - Sim. Vamos, vou te deixar em casa.

     Ela sorriu e se levantou. Entramos no carro. Eu estava nervoso, não sabia nem como puxar o assunto do Twitter. Liguei a rádio. Não estava passando nada de bom, deixei mais baixo.

     Chegamos à casa dela. Ela abriu a porta e ia saindo.

     - Miranda? – Chamei.

     - Sim? – Ela virou para mim.

     Beijei-a de novo, mas esse foi mais suave do que o outro.

     - Justin... Eu não entendo... Mas e Victoria? Vocês estão na...

     Interrompi-a com um beijo. Afastei-me dela, que estava ofegante.

     - Não estamos namorando. Victoria é difícil, depois eu falo com ela.

    Miranda me encarava. Logo ela abriu um sorriso. Seus olhos brilhavam. Ela fechou a porta do carro, abaixou a cabeça, olhando para as mãos entrelaçadas no colo.

     - Eu sou tão idiota! – Ela riu.

     - Por quê?

     - Achava que você gostava dela... Por isso fui tão indiferente hoje. Quer dizer, ontem, no shopping, Victoria falou que vocês estavam namorando e que o mundo de vocês não incluía a mim. Não sei por que, mas acreditei naquilo. – Falou ela, ainda olhando as mãos.

     - Ela disse isso? – Perguntei meio alterado. Senti vontade de matar Victoria. Ela havia tentado afastar Miranda de mim. Afastar a pessoa que eu mais queria por perto. – Não liga. Você é a parte mais linda da minha vida, a melhor parte do meu mundo. – Falei.

     Ela levantou a cabeça e sorriu para mim. Ela se aproximou e me beijou.

     Miranda se afastou, sorrindo e saiu do carro.

     - Ei, tem compromisso para hoje à noite? – Perguntei.

     - Não.

     - Quer jantar comigo e com meus pais?

     - Jus, é um momento seu e da sua família.

     - Vem comigo e faça parte da família. – Sugeri.

     Ela sorriu e concordou.

     - Passo aqui às oito.

     - Certo. Até lá então.

     Liguei o carro e saí. Dirigi até a casa de Victoria.

     - Justin! – Falou Victoria ao abrir a porta.

     - Precisamos conversar. – Falei entrando.

     - Claro. É sobre o que eu falei, não é? Eu sei que eu falei antes de te perguntar, mas achei que o que temos deve ser mostrado para o mundo...

     - Nós não temos nada, Victoria! Você me beijou e isso não significa nada.

     - Mas você sempre queria me ver e... Você gostava de mim!

     - Gostava, sim! Desculpa Vick, mas não sou eu o cara certo para você. – Falei, tentando ser gentil.

     - Foi ela, não foi? Ela colocou você contra mim! Por favor, Jus, não deixe que ela fique entre nós.

     - Ela quem?

     - Miranda! – Ela pronunciou o nome com nojo.

     - Victoria, não vou discutir sobre isso. Amanhã vou dizer que você se equivocou e que não temos nada. Boa noite, Vick. Tenho um jantar com meus pais.

     - Mas...

     - Tchau! – Falei, saindo da casa.

     Entrei no carro irritado. Victoria não tinha o direito de fazer o que fez. Fui para casa. Minha mãe estava se arrumando em seu quarto. Entrei e sentei em sua cama.

     - Oi filho, como foi o ensaio? – Perguntou ela, colocando o brinco.

     - Bom. – Mentira, foi ÓTIMO.

     - Você está bem? Está sorrindo para as paredes. – Ela quis saber.

     - Estou bem... Mãe. Convidei uma pessoa para jantar com a gente.

     - A Victoria? – Perguntou ela, fazendo uma cara de desânimo.

     - Não... Lembra-se da Miranda... Aquela garota que eu conheci na casa onde estamos gravando...

     - Ah sim! Convidou ela? Por quê? Nós nem temos um mínimo de intimidade.

     - Por isso mesmo... Quero que vocês a conheçam. Ela é incrível, mãe. – Falei.

     - Certo. – Falou ela, com um enorme sorriso no rosto. Ela soltou uma risadinha.

     - Mãe!

     - Meu bebê está apaixonado! Que gracinha! – Ela falou.

     - Mãe, por favor!

     - Vou tratar ela muito bem, viu? – Ela piscou para mim.

     Afundei a cara no travesseiro. Por que eu tinha que comentar as coisas com minha mãe?

     - Você vai pedi-la em namoro? – Ela perguntou.

     - Não sei... Por que a pergunta?

     - Curiosidade... Mas se você vai apresentar a garota para seus pais, tem a intenção de namorá-la.

     - Isso está em algum manual? De onde você tirou isso?

     - Lógica feminina. – Respondeu ela, confiante.

     - A mesma lógica que você usou quando voltou quatro vezes no shopping para trocar aquela calça? – Brinquei.

     - Justin Drew Bieber!

     - Tá, parei.

     - Você não tem que se arrumar? Você dançou, suou, pulou... Não precisa de um banho?

     - Certo. Já vou.

     Fui para meu quarto, tomei um banho e vesti um jeans, uma blusa azul, um tênis também azul e minha jaqueta preferida.

     - Está pronta, mãe? – Perguntei, já na sala.

     - Ainda não. – Ela gritou lá de cima. Revirei os olhos. – Vai na frente, você não vai buscar a menina?

     - Miranda. – Corrigi.

     - Isso. Vai lá. Peço para seu pai passar aqui e me levar.

     - Certo. Tchau, até lá.

     - Até lá, meu amor.

     Minha mãe me tratava feito um bebê, mas era bom ser mimado de vez em quando.

     Cheguei à casa de Miranda. Norah falou que ela estava no quarto. Subi e entrei, já que a porta estava destrancada.

     - Miranda?

     - No banheiro! Já estou saindo. – Falou ela. Um minuto depois ela saiu. – Oi. – Falou ela, sorrindo.

     Ela estava linda. Vestia um vestido leve, branco e um suéter aberto por cima. Reprimi a vontade de agarrá-la ali mesmo e lhe dar um beijo. Eu tinha essas vontades de vez em quando, mas Miranda não parecia esse tipo de garota atirada.

     - Você está linda.

     - Obrigada. Você também está.

     Descemos e entramos no carro. Dirigi até um restaurante que eu nunca havia visto.

     - Oi Jus! – Minha mãe falou assim que descemos do carro, eles nos esperavam na porta. – E você deve ser a Miranda.

     - Sim, sou eu. – Miranda abriu um sorriso.

     As duas se abraçaram.

     - E aí, filhão! – Meu pai quase gritou.

     - Oi, pai.

     - Quem é a gata? Vocês estão namorando? – Droga, ele fez a pergunta na frente dela.

     - Sou a Miranda, e não, não estamos namorando. – Miranda apressou-se em dizer.

     - Ah... Que pena. Você ia dar um jeito no meu filho. – Ele falou.

     - Pai!

     - Que foi? – Perguntou ele, inocentemente.

     Miranda e minha mãe riram.

     - Ah, olha que indelicadeza a minha; Sou a Pattie e ele é o Jeremy. – Minha mãe falou.

     Miranda sorriu. Entramos no restaurante. Era um lugar bonito e bem agradável.

     Pedimos nossos pratos e um silêncio pairou entre nós.

     - Então, Miranda. Quem são seus pais? – Minha mãe quebrou o silêncio.

     - Charlotte e Anderson Stephen.

     - Ah, seu pai é o dono da editora CAS? Que legal! Adoro os livros que a editora lança. – Ela falou.

     - Eu também gosto demais. Mas a parte burocrática da empresa nem é tão legal assim. Para as pessoas de fora pode ser legal, para quem está dentro nem tanto. – Miranda falou.

     - Imagino. É igual com Justin. Todos acham que ser famoso é as mil maravilhas... Para quem está dentro nem tanto. – Minha mãe repetiu.

     - Fiquei sabendo que eles adotaram uma das filhas. É você ou a outra? – Meu pai perguntou.

     - Jeremy! – Minha mãe o reprimiu.

     - Quero saber, não posso?

     - Como ficou sabendo disso? – Miranda perguntou.

     - Vocês moram numa das mais bonitas mansões de Atlanta saiu no jornal, lembra? Então, lá falava que seus pais adotaram uma das filhas. – Meu pai explicou.

     - Ah... Eu sou a filha adotada. – Miranda falou. Arqueei uma sobrancelha, ela havia contado assim, tão rápido.

     - Ah. – Foi tudo o que meu pai falou.

     - Bem... E Justin está dando trabalho lá nas gravações? – Minha mãe mudou de assunto.

     - Ah, esse garoto sempre dá trabalho, cá entre nós. – Miranda falou brincando. Minha mãe começou a rir feito uma doida. Desejei que um buraco se abrisse no chão para eu poder me jogar lá e só sair quando meus pais fossem embora.

     - Jus, vamos ali ao bar comigo, quero uma bebida. – Meu pai me chamou.

     - Vai lá você, estou descansando as pernas. – Falei, preguiçoso.

     - Vem, Justin! – Ele ordenou.

     Levantei e o segui.

     - Ufa! Como elas se deram bem, não se deram? – Meu pai comentou.

     - É.

     - Justin, o que vocês são, exatamente? Você e Miranda.

     - Não sei. Estou pensando em pedi-la em namoro...

     - Mas já? Espere um pouco, só peça quando tiver certeza disso.

     - Eu tenho certeza, pai.

     - E quando vai fazer isso?

     - Não sei.

     - E quem sabe? Cuidado, Justin, o amor é traiçoeiro. Veja eu e sua mãe.

     - Não use vocês como exemplo.

     - Desculpe. Vou querer um conhaque. – Ele falou ao balconista. – Vocês parecem se gostar muito. Acho que você vai fazer a escolha certa, seja ela qual for. Confio em você. Mas se fizer a escolha errada, você vai se ver comigo. Não deixa essa garota escapar, meu caro.

     Eu ri fraco. Falar sobre garotas com meu pai não era alguma coisa que eu estava muito acostumado a fazer, mas era bom saber que ele confiava em mim. Nosso jantar estava servido, minha mãe estava acenando para a gente.

     O jantar foi muito bom... Em parte; minha mãe monopolizou a conversa com Miranda. Eu e meu pai só escutávamos. Elas falaram de tudo; família, casa, lugares do mundo, comida, falaram demais sobre o Brasil... Foi um jantar bastante produtivo.

     Miranda já havia entrado no carro, dei um abraço em meu pai e me despedi dele. Entrei no carro e dirigi até a casa de Miranda.

     - Gostou do jantar? – Perguntei.

     - Adorei. Seus pais são legais.

     - Meu pai foi meio idiota quando perguntou sobre a adoção, desculpe.

     - Não, que isso. Confio nos seus pais... Não saio por aí falando que sou adotada, mas acho que o pior é falar o porquê de estar em um orfanato para ser adotada.

     - Ah.

     Chegamos.

     - Bom, está aí minha deixa. Boa noite, Jus. – Ela se virou para sair.

     Puxei seu braço, ela se virou e eu a beijei. Quando me afastei, Miranda tentava controlar a respiração. Eu ri baixinho.

     - Agora sim, posso ter uma boa noite. – Falei e ela sorriu. Miranda me deu um selinho e saiu.

     Cheguei em casa, olhei no espelho perto da porta, eu tinha um sorriso bobo no rosto.

     - Jus? – Minha mãe me chamou da sala.

     - Oi. – Falei, encostando na parede.

     - O que aconteceu? Por que esse sorriso bobo no rosto?

     - Miranda é incrível, apenas isso.

     - Hm, sei. Olha lá, hein senhor Justin Bieber. Respeito!

     - Claro, mãe. Não confia na sua criação?

     - Confio claro. Só não confio na criação que o Usher te dá.

     - Ah, mãe. O Usher é legal.

     - Só estou brincando.

     “Tá perdendo a graça!”, pensei.

      - Boa noite, mãe.

      - Boa noite, filhote.

      Revirei os olhos, um jeito carinhoso a mais de me chamar. Subi para meu quarto, troquei de calça, tirei a blusa, tirei o tênis e me joguei na cama. Agora sim eu teria uma boa noite.


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Notas finais do capítulo

booom, hoje é só isso :Dsei que não é muito, mas fica para a próxima 3beijos, amo vocês :*