The Sound Of 2 Hearts escrita por Mariia_T


Capítulo 7
O7.


Notas iniciais do capítulo

Eu ia postar um lindo double-Justin, mas o site não aceitou porque era muito grande. Então vamos continuar com apenas o resto da parte do Justin e a parte da Miranda.



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  ...

Hoje, depois que ela havia chegado de seu “passeio”, eu tinha certeza de que ela gostava de mim. Mas depois do acontecido com Victoria no shopping, ela se distanciou. Ela ainda não falou comigo mais que dez palavras. Sinceramente, não queria muito ver Victoria. Mas antes ficar com Victoria do que com uma Miranda “muda”.

     - Gostei das gravações de hoje. – Falou ela, olhando para a janela. – Você dança muito bem.

     Sua repentina vontade de falar me pegou de surpresa. Ainda mais o elogio.

     - Obrigado. – Falei e decidi arriscar brincar com ela. – Você fez cara de boba o tempo todo.

     Ela riu. Aquilo foi como música para meus ouvidos.

     - Eu sabia! Por isso você ria quando olhava para mim! – Ela declarou.

     Eu ri.

     - Ah, Miranda... Adoro você. – Falei sem querer. Seu sorriso desapareceu.

     - E isso é bom ou ruim? – Perguntou ela, baixinho.

     - Como assim?

     - Hã? Ah, nada. Besteira minha.

     Olhei para ela pelo canto do olho, seu rosto era indecifrável. Dobrei a esquina.

     - Chegamos. – Anunciei.

     Ela olhou, de repente parecendo aliviada.

     - Sai primeiro. Não queremos levantar boatos, queremos? – Ela perguntou.

     Assenti e saí do carro.

     - Me espere na entrada. – Falou ela, antes de passar para o banco do motorista e fechar a porta.

     Andei até a entrada, os fleches quase me cegando. Sorri, acenei e parei na entrada. Fingi estar falando no telefone.

     - Aí gatinha! Qual seu nome? Cadê sua companhia? – Um fotógrafo gritou e eu olhei.

     Ali, na luz dos holofotes e iluminada pelos fleches, Miranda era a garota mais assustadoramente bonita que eu já vira em toda a minha vida. Tudo bem, talvez eu seja suspeito para falar isso, mas que ela estava linda, ela estava.

     Ela parou na frente do segurança. “Desliguei” meu celular e fui até os dois. Nem sequer encostei-me a ela. Apenas disse que estávamos juntos. Ela entrou primeiro, e, um segundo após, eu entrei também.

     - Ei, Biebs! – Usher me gritou, numa mesa no canto.

     - E aí, Usher? – Dei um tapinha em suas costas.

     - Trouxe Miranda! – Ele a abraçou e deu um beijo em sua bochecha, ela ficou meio sem graça. – Você está linda! – Ela corou.

     - Obrigada.

     - Miranda! Você está divina! – Lizzie nos encontrou, estava acompanhada por Chaz.

     - Você também está linda! – Ela falou.

     Eles se sentaram na mesa do Usher, eu fui dar uma volta, falar com gente conhecida. Encontrei o Sean Kingston, a Rihanna, e um punhado de outras pessoas para quem só acenei.

     - Justin. – Miranda atravessou a multidão e veio em minha direção. – O Usher quer saber se você pode dar um “showzinho”.

     - Vou pensar. Já te dou a resposta...

     - Jus! – Uma voz familiar falou atrás de mim. Virei-me.

     - Katy! – Falei, no mesmo tom feliz que ela. Katy me abraçou. – Onde está o... ?

     - Está pegando minha bebida. E você trouxe uma acompanhante bem melhor que a Jasmine ou a Victoria! Que gata! – Ela riu ao ver Miranda atrás de mim. – Oi qual seu nome?

     Olhei para Miranda. Ela parecia meio em choque, mas logo se recompôs.

     - Gata, eu? São seus olhos, que são lindos, por sinal. Meu nome é Miranda Stephen. – Ela abriu um sorriso que me fez parar de respirar. Katy reparou isso, ela era como Usher; impossível de se esconder algo.

     - Muito prazer. – Katy falou.

     O marido dela a chamou, do outro lado da pista de dança.

     - Com licença. Foi um prazer, Miranda. Beijos Jus. – Ela falou e saiu.

     - Eu conheci KATY PERRY. Te devo essa, Jus. – Miranda falou. Foi a primeira vez que ela me chamou de Jus, e eu adorei ouvir aquilo dela.

     - Vou cobrar. – Falei. Ela riu.

     - Justin! – Victoria me virou para ela. Viu Miranda e seu sorriso murchou um pouco. – Oi, Miranda. – Virou-se para mim. – O que ela está fazendo aqui? Esquece, não quero saber, não faz diferença. Tem tanta gente que quero que você conheça! – Ela começou a me puxar.

     Olhei para Miranda. Ela acenou sem ânimo algum e voltou para a mesa. “Droga!”, pensei.

     Depois de conhecer quinhentas pessoas que eu não estava com a menor vontade de conhecer, consegui me livrar dela. Falei que iria resolver coisas do showzinho particular que Usher queria que eu desse. Voltei para a mesa, mas ela não estava lá. Na verdade só quem estava lá eram o Usher, algumas pessoas com que ele conversava, mas eu não fazia ideia de quem poderiam ser e Scooter, que continuava ligado ao seu precioso celular.

     - E então, Jus? – Usher perguntou. – Vai fazer?

     - Ahn... Certo, eu faço.

     - Ótimo. Vai ser no final da festa.

     - Ok. Viu o Chaz ou o Ryan ou as meninas?

     - Chaz saiu com Lizzie, para algum lugar e ainda não voltaram. – Ele deu um sorriso malicioso. – Ryan simplesmente evaporou e Miranda está no bar, acho. – Ele me deu o relatório completo.

     - Valeu. – Falei e me dirigi até o bar.

     Vi Miranda sozinha, meio mergulhada no tédio. Percebi que alguns playboyzinhos olhavam descaradamente para ela, mas Miranda, por sua vez, não estava nem prestando atenção.

     - Oi. – Falei, sentando ao seu lado.

     - Por favor, outra Coca. – Ela pediu ao balconista, me ignorando completamente.

     “Maldita hora em que Victoria tinha que chegar! Ela estava começando a se aproximar de novo!”, pensei irritado.

     - Onde está a Lizzie? – Perguntei.

     - Está se pegando com o Chaz. – Ela suspirou.

     - Faz sentido.

     Ela riu.

     - Ainda não acredito que conheci a Katy Perry. Sei lá, parece que a ficha ainda não caiu. – Ela comentou.

     - Está gostando da festa? – Perguntei.

     - Até que está legal. O DJ é bom, tem muita gente famosa... Dá para o gasto. O B.o.B já até veio aqui tentar me pagar uma bebida. – Ela brincou.

     - Aham, sei. Você está adorando, que eu sei.

     Ela abriu um sorriso forçado.

     - Certo, adivinha. Estou gostando. Mas... – Ela parou, prestando atenção na música. Era Forever, do Chris Brown. – Eu gosto dessa música. – Ela começou a cantar. Fiquei impressionado com a voz dela, cantava muito bem.

     Ela cantou até o refrão. Depois parou e eu continuei como se estivéssemos fazendo um dueto. Acho que ela entendeu, porque continuou depois que eu parei. Quando a música terminou, começamos a rir como dois idiotas. Ela mexeu no cabelo.

     - Não sabia que cantava. Uau, você é uma artista completa. – Falei.

     - Ah. Não. Eu não desenho e não toco instrumento algum.

     - Você é tão modesta.

     Ela sorriu. Colocou o canudo na boca e sugou tudo e fez aquele barulhinho. Eu ri.

     - Meus pais odiavam quando eu fazia isso quando criança. – Ela falou e fitou o balcão. – Você me faz lembrar as coisas boas que passei com eles. Você é especial, Justin. – Ela falou, com um sorrisinho no rosto.

     Fitei-a por alguns segundos. Suspirei. Não podia olhar demais, me apaixonar mais e saber que ela só me considerava um amigo, nada mais.

     - Ei! Já falei que você está linda? – Perguntei.

     - É o mínimo que você podia falar depois que eu disse que você estava divino hoje de tarde. – Ela falou. – Mas obrigada.

     Ficamos nos olhando por alguns segundos. Ela pareceu decidir algo.

     - Jus, preciso te dizer uma coisa...

     - Diga.

     - Eu...

     - Justin! – Victoria a interrompeu. – Chaz me disse que você só veio porque eu estaria aqui! – Ela quase gritou.

     - Ér... – Comecei a falar, mas fui interrompido por um par de lábios. Victoria estava me beijando. Ela grudou seu corpo no meu e meu instinto masculino apenas respondeu ao beijo dela.

     - Obrigada. – Ouvi Miranda falar baixinho e o garçom respondeu um rápido “de nada”. Ouvi a sandália dela fazer barulho enquanto ela se afastava. A boate meio que parou para ver o “show”.

     Quando ela resolveu parar, eu arfava feito louco. Os fleches me cegaram. Sorri forçado para Victoria e depois saí até a mesa. Certo de que Miranda tinha ficado com ciúmes e por isso tinha saído de lá. Mas quando cheguei lá, ela parecia bastante normal.

   - Porque você saiu? – Perguntei esperançoso.

   - Não queria sair nas fotos. – Falou ela, tão naturalmente que achei que era verdade. – Além do mais, não é legal segurar vela, se bem que lá eu estava segurando uma tocha.

     Quebrei a cara.

     - E o que você queria me falar?

     Ela corou.

     - Não era nada.

     - Mas...

     - Jus, está na hora. – Usher me falou.

     Suspirei e fui para a lateral do palco.

     - Você vai cantar “That Should Be Me” e depois vai cantar “Grenade”, do Bruno Mars. Você vai pedir para alguém cantar com você, ok?

     - Certo.

     Subi no palco. Todos se viraram para mim. Cantei minha música. Várias pessoas se abraçaram e dançaram abraçados ou algo do tipo. Quando terminei, olhei em volta, procurando alguém que para cantar comigo... Katy não, Rihanna não, Jasmine não, Victoria... NÃO! De repente algo me ocorreu. Procurei-a na boate. Ela estava de pé, perto do Chaz e da Lizzie, que estavam perto do Usher.

     - Canta comigo? – Perguntei, olhando diretamente para ela, que fez uma cara de “Você tá louco?”. – Por favor?

     Ela suspirou, fez um sinal da cruz, mexeu no cabelo e subiu. Eu ri por dentro. Colocaram dois bancos para nós. Sentei e comecei. Parei no “why were they open?”. Ela continuou. Quando as pessoas a ouviram cantando, todos a aplaudiram. Katy deu um grito. Continuamos cantando. Nas partes mais altas que ela cantava, até eu me surpreendia.

     Depois daquela música, Usher subiu no palco e agradeceu a presença de todos. Implicitamente a festa havia acabado. Algumas pessoas já estavam indo embora.

     Ficamos lá com Usher até a última pessoa sair, o que aconteceu lá pelas quatro da manhã.

     - Se eu aparecer em algum jornal, juro que te mato. – Ela falou, quando entramos no carro.

     - Que besteira. Você cantou tão bem! A Katy gostou de você. – Falei e ela abriu um sorriso, que foi interrompido por um bocejo. – Está cansada?

     - Um pouco. – Falou ela, encostando a cabeça na janela.

     Ela não falou mais nada. Quando estacionei na frente da casa dela, esperei ela descer, mas ela nem se mexeu.

     - Miranda, chegamos. – Falei.

     Sem resposta. Puxei-a de leve. Ela estava dormindo. Ri baixinho. Saí do carro e abri a porta dela, ela quase caiu, mas eu a segurei. Procurei a chave da casa na bolsa dela, peguei a chave e abri a porta, depois voltei. Passei um braço por seu ombro e o outro braço por debaixo de suas pernas. Até que ela era leve. Cheguei até o pé da escada.

     - Miranda?

     - Hm?

     - Vamos subir as escadas, me ajuda?

     Ela fez que sim com a cabeça, ainda dormindo. Subimos com certa dificuldade. Abri a porta de seu quarto e a conduzi até a cama. Ela sentou e se deitou. Já ia saindo quando ela pareceu que ia acordar.

     - Boa noite, Jus.

     Voltei e dei um beijo em sua testa. Acariciei seu rosto, certo de que seria a primeira e última oportunidade de fazer aquilo sem levantar suspeitas dela. Olhei seu rosto sereno novamente e me lembrei da primeira vez que a vi dormir. Tão serena e em paz... Continuei olhando e me dei conta de que minha atração por Miranda não era apenas física. Eu gostava mesmo dela, gostava do jeito dela rir, gostava do jeito dela de bagunçar o cabelo, mas gostava principalmente do modo como eu me sentia quando estava com ela. Arranquei a mim mesmo de meus devaneios. Saí do quarto.

     No caminho para casa, eu sorria feito bobo. Miranda era tão... Eu não sabia explicar. Só sabia que gostava dela de verdade, mas não seria correspondido. Ah! Aquela dúvida: ela gosta ou não gosta de mim, me mata por dentro!

     Cheguei em casa. Desabei no sofá e repassei minha noite em minha cabeça. Acabei dormindo no sofá mesmo.

 - Miranda

     Acordei em minha cama. O que me fez concluir que Justin havia, literalmente, me deixado em casa. Abri um sorriso bobo, eu me lembrava do beijo em minha testa. Levantei e fui tomar um banho. Ao sair senti frio. Ótimo. Estava chovendo. E quando chovia em Atlanta, não era como nas cidades litorâneas do Brasil, que chovia, mas era abafado por causa do calor; em Atlanta fazia frio e chovia ao mesmo tempo.

     Vesti um legging, uma blusa de manga, um cardigã e botas. Desci e percebi que ou não teria gravações hoje ou eu havia acordado mais cedo até que a mulherzinha chata que me expulsava do meu quarto antes do Justin chegar.

     Eram nove horas da manhã. Ninguém havia acordado ainda. O que achei muito estranho. Meus pais eram conhecidos por acordarem com as galinhas. Tomei um café solitário – o que não foi nada legal. Eu estava com uma vontade enorme de comer doce, por isso fiz brigadeiro. Já estava pronto, morno e eu já estava na terceira colher quando alguém entrou em casa.

     - Oi? – Chamei, da cozinha mesmo.

     Sem resposta. Ouvi alguém vindo para a cozinha. Era só o Justin. Literalmente, sem aquela comitiva toda atrás dele.

     - Bom dia. – Ele falou com um sorriso lindo no rosto.

     - Bom dia. – Tentei dar um sorriso tão lindo quanto o dele. Acho que não consegui, ele só ficou me olhando. – Onde estão os outros?

     - Ah, a festa de ontem deixou todo mundo cansado. Scooter marcou as gravações para depois do almoço.

     - E o que você está fazendo aqui antes do almoço? – Perguntei.

     Ele pigarreou.

     - Vim ver como você está e gostaria de saber se você almoçava comigo.

     - Por que o convite?

     - Ah... Fazer refeições solitárias é ruim.

     - O que aconteceu com seus amigos?

     - Eles não são chatos que nem você! – Ele falou. Dei língua para ele, que riu. – Sim ou não?

     - Sim.

     - Foi difícil aceitar? – Ele ironizou.

     - Na verdade, minha língua está doendo.

     Ele revirou os olhos.

     - O que você está comendo? Isso é brigadeiro? Eu quero! – Ele avançou.

     - Não! – Abracei a panela (ela estava morna, ok?)

     - Por favor, só um pouquinho!

     Olhei para a cara de pidão dele.

     - Tudo bem. Só um pouquinho. E nada de comentários sem graça!

     - Foi você que fez? Acho melhor nem chegar perto, isso aí pode pular e sair andando.

     - Tudo bem.

     - Não, não, não! Eu quero.

     Peguei um pouco do brigadeiro e coloquei a colher na boca dele. Ele saboreou.

     - Nossa! Muito bom! É diferente... Quem te ensinou?

     - Aprendi no Brasil.

     - Já foi lá? – Ele arqueou as sobrancelhas.

     - Pode parecer masoquista, mas já. Passei seis meses lá.

     - De onde você é?

     - Nasci em São Paulo.

     - Que legal. Sempre tive vontade de conhecer o Brasil. – Ele comentou.

     - Suas fãs brasileiras ia adorar isso de você. – Falei.

     - Se um dia eu for lá, elas vão ser as primeiras a ficar sabendo. – Ele garantiu, levantando o celular.

     Não entendi.

     - Vai ligar para algum fã clube de lá? – Perguntei, sem entender nada.

     Ele bufou.

     - Tweets!

     - Ah, entendi. – Sorri, sem graça. Burra eu!

     - Falando nisso, qual seu twitter? – Ele perguntou, ligando o celular.

     - Ahn... Eu não tenho um. – Falei.

     Ele fez uma cara de horror.

     - Tá me zoando, né?

     - Não.

     - Em que mundo você vive?

     - No mundo real, só um pouquinho diferente do mundo virtual. – Rebati impaciente. Lizzie e eu já “discutimos” essa questão muitas vezes.

     - Você não tem nada? Facebook, MySpace, Formspring? – Ele perguntou, horrorizado.

     - Não. Além do mais para que serve o Formspring afinal? Qual a graça de ficar fazendo perguntas?

     - Também não sei! Hm... Msn! Todo mundo tem um msn, não é possível que você não tenha um!

     - Tenho, mas não devo entrar a um milênio.

     - Certo. Tem e-mail, né?

     - Tenho claro!

     Ele suspirou, aliviado.

     - Quanto tempo nós perdemos nessa discussão tosca? – Perguntei.

     - Uns cinco minutos.

     Dei de ombros e continuei comendo meu brigadeiro. Mas um par de mãos furtivas o furtou de mim.

     - Não! Justin! – Saí correndo atrás dele pela casa. Ele parou de repente. Quase bati nele.

     - Pede! – Falou ele, num tom debochado.

     - Claro, fica aí esperando.

     Ele levantou um dedo, tirou um pouco e levou à boca, depois ameaçou voltar o dedo para a panela.

     - Não! Tudo bem, eu peço! – Pigarreei. – Vai, por favor, Jus, devolve a panela. – Fiz uma vozinha de criança pidona.

     - Agora sim. – Ele ia me passando a panela, mas rapidamente passou o dedo no brigadeiro, jogou a panela para mim e saiu correndo, com o dedo na boca, Joguei a panela numa poltrona de me joguei em cima dele. Caímos deitados no sofá.

     - Tudo bem! Eu me rendo!

     - Pede! – Falei usando o mesmo tom debochado que ele.

     - Sai de cima de mim, por favor?

     - Não é isso.

     Ele olhou em meus olhos, me preparei para o pedido de desculpas mais fofo que ia ouvir em toda a minha vida.

     - Miranda, você me desculpa? Juro que eu nunca mais vou fazer isso. Você promete que não vai ficar brava comigo? – Ele falou numa voz derretida.

     O que derreteu foi meu coração. Saí de cima dele. Peguei meu brigadeiro e fui para a cozinha.

     - Você é forte. – Justin falou, fazendo seu hair flip.  Foi a primeira vez que vi ele fazendo aquilo ao vivo e em cores.  Ele era tão maravilhosamente fofo, lindo, divertido... Victoria tinha sorte, apesar de não merecê-la.

     - Isso te coloca na categoria “Fraco”?

     - Não. Caso não se lembre, ontem eu carreguei você até a escada.

     - Ah, é. Ainda não te agradeci por isso. Obrigada.

     - Por nada. Aliás, você tem pernas macias. – Ele falou.

     Joguei um pano de prato nele.

      - Se aquela faca ali estivesse no lugar do pano, você a teria jogado? – Ele quis saber.

      - Não sei. Vamos ver? – Brinquei.

      - Bom dia Mirandinha! – Norah falou, entrando na cozinha. Viu minha visita. – E... Bom dia... Justin Bieber.

     - Só Justin. Bom dia. – Ele falou, meio sem jeito.

     - Então, como foi a festa ontem? Conheceu alguém? – Ela me perguntou.

     - Se conheci! Justin me apresentou Katy Perry! – Falei, meio exaltada.

     - Legal, mas quero saber se você conheceu algum cara. Quer dizer, você não ficou com ele a noite toda, ficou? – Ela perguntou. Droga, por que ela estava fazendo aquilo?

     - Não. Não fiquei.

     - E então? Conheceu?

     - Eu... Eu... Não... – Gaguejei.

     Ela riu.

     - Você é má, Norah. – Falei.

     - Amo você também. Estou brincando. Sei que você só tem olhos para um cara. Mas ele, coitado, nem percebe. – Ela falou. Tenho certeza de que corei. Justin parecia não entender nada.

     - Querem que eu deixe vocês a sós? – Perguntou ele, inocentemente.

     Norah fechou a geladeira com uma maçã na mão. Encarou Justin.

     - Não! Talvez você possa ajudar ela: o que fazer quando o cara que você gosta nem se dá conta? – Ela perguntou a ele.

     - Depende. Quem é o lerdo? – Ele me perguntou. Tinha algo de diferente na voz dele ou era impressão minha? Parecia que ele estava tentando se controlar ou algo assim.

     - Acho que você conhece. – Norah falou.

     - Chaz? – Justin perguntou.

     - Não! – Apressei-me em dizer. – Norah já chega!

     - Não, agora estou interessado em saber. – Justin me contrariou. Olhei para o copo que estava em cima da pia, reprimindo a vontade de jogá-lo na cabeça da minha querida irmãzinha. Não seria elegante da minha parte, mas eu ficaria satisfeita.

     Norah riu.

     - Se você soubesse, não ia acreditar. – Ela disse.

     - Deixe-me ver...

     Tive que reprimir uma risada, era a sexta indireta que Norah dava, ele nem havia se tocado. Talvez porque não estivesse mesmo interessado em mim, concluí, com um suspiro.

     - É, talvez você não possa nos ajudar. Obrigada JB. – Ela saiu da cozinha.

     Justin parecia absorto em pensamentos. Ele olhou para mim.

     - Você está vermelha. Está parecendo um pimentão. – Ele comentou.

     - Vamos fazer aquele teste da faca agora? – Ameacei.

     Ele riu.

     - Mas, então, quem é o lerdo? – Ele repetiu a pergunta.

     - Ninguém, JB. – Enfatizei o JB. – Ainda temos um almoço, vou me trocar. – Falei, mudando de assunto.

     Fui para o meu quarto e ele me seguiu. Peguei uma blusa qualquer no armário, um casaco e...

     - Não acho que você precise se trocar. Está bonita assim. – Ele falou, se espreguiçando em minha cama. A própria imagem do termo folgado.

     - Você acha? Ah obrigada. Detesto me trocar no banheiro. – Falei, sentando na poltrona.

     - Por que você ia se trocar no banheiro? – Ele deu um sorrisinho.

     Olhei para ele. Atiradinho demais pro meu gosto.

     - Tchau, Justin. – Falei.

     - Hã?

     - Vaza do meu quarto. Agora! Só volta aqui na hora de entrar no carro. – Falei.

     Ele começou a se levantar. Abri a porta para ele, que por sua vez saiu e me encarou.

     - E o que eu vou ficar fazendo? – Ele perguntou.

     - Não sei. Inventa. Vai compor uma música, explode seu carro... Se vira! – Falei, fechando a porta.

     - Ah, vai Miranda. – Ele falou, entrando no quarto. – Tá, olha, vou sentar aqui e você nem vai me perceber, certo? – Justin se sentou na cadeira da mesa do computador.

     Suspirei. Deitei – me joguei – em minha cama. Fechei os olhos por um segundo e de repente Justin gritou e pulou em cima de mim.

     - Justin! O que você está fazendo? Meu Deus, você é doido! – Falei enquanto ele segurava meus pulsos. – Ah, você é mais pesado do que aparenta ser. – Reclamei.

     - Muito obrigado. – Ele falou.

     - Certo. Qual é o propósito disso?

     - Não sei. O que acha que estou fazendo?

     - Surtando? Delirando?

     - Hm... Pode ser. Já sei... Hora da verdade. – Ele sorriu um sorriso maligno, tive medo do que ele iria perguntar. – Conheceu algum cara na festa ontem?

     Certo, essa pergunta eu já previra.

     - Conheci. Mas ele era idiota e estava meio bêbado.

     - Quem era ele?

     - Mitchel Musso, aquele menino da Hannah Montana.

     - O que ele queria?

     - Só disse que eu estava muito bonita e me deu o telefone dele ou do empresário dele, não sei e nem vou descobrir. – Garanti.

     - Não está escondendo nenhum fato? – Ele perguntou. Ele parecia um daqueles detetives que viravam a luminária na cara do coitado, numa sala bem escura.

     - Por que te interessa tanto? – O coloquei contra a parede. Na teoria, claro.

     - Ah... – Ele pigarreou. – Sou seu amigo, me preocupo com você.

     - Agora somos amigos? Quem declarou isso?

     - Ninguém declara, acontece.

     Sorri. Aquilo foi bonito.

     - Certo, amiguinho, eu não estou escondendo nenhum fato. – Falei.

     - Obrigado. Certo...

     Ele parou de falar quando eu consegui girar e ficar em cima dele.

     - Certo. Minha vez. – Abri um sorriso que me fez lembrar aquele gato rosa do Alice no País das Maravilhas.

     - Pergunte. Não tenho nada a esconder. – Ele falou, confiante.

     - O beijo da Victoria foi bom? – Perguntei. Eu sabia que uma das possíveis respostas poderia me magoar, mas eu não resisti.

     - Hm... Foi bom sim. Ela grudou seu corpo no meu e...

     - Ok, ok, ok! Já entendi. Você é meio safadinho. – Falei.

     - Eu sou um adolescente de 16 anos, o que você esperava?

     - Então você admite! Você faz isso porque é garoto, não porque tem 16 anos. – Eu disse.

     - Ei! E por que você se interessa tanto?

     - Sou sua amiga, me preocupo com você. – Falei, sorrindo.

     - Não, você faz isso porque me ama. – Falou ele, presunçoso.

     - Você é muito convencido! Como pode? – Perguntei, exasperada.

     - Tem uma garota em cima de mim, pela segunda vez na manhã. Você quer que eu não me ache um pouco?

     Revirei os olhos e comecei a me levantar, mas ele me puxou. Deitei a cabeça em seu peito. Dei um sorrisinho ao reparar que tínhamos uma amizade bem colorida. Ficamos daquele jeito até chegar uma hora conveniente para ir ao restaurante.

     - Aonde vamos? – Perguntei enquanto ele dirigia para o centro da cidade.

     - É um restaurante que eu gosto muito. Ele é italiano. Acho que você vai gostar.

      O lugar era muito charmoso, tinha a decoração de um típico restaurante italiano. Acho que a ideia do decorador era fazer a gente se sentir em Veneza.

      - Primeiro as damas. – Ele falou, abrindo a porta.

      - Muito obrigada.

      Ao entrar, vi Mitchel numa mesa no canto. Ele estava com a Miley e a Emily, como se eles fossem melhores amigos dentro e fora do set. Tentei não fazer contato visual.

     - O que ele está fazendo aqui? – Perguntei, virando o rosto.

     - Quem? Ah. Sei lá. Vamos sentar longe. – Justin falou.

     - Bom dia, Sr. Bieber. – Falou o gerente, numa daquelas bancadas de restaurante fino. Devo confessar que nunca fui muito de ficar comendo em restaurantes finos, eu só ia a um quando meus pais me obrigavam. – Mesa para dois?

     - Sim e longe daquela mesa ali. – Justin apontou sutilmente.

     - Ah, claro. Por aqui.

     O senhor nos guiou até uma mesa um pouco perto da janela. Rezei internamente para que nenhum paparazzo resolvesse dar uma passadinha naquele restaurante. Mas tinha muita gente famosa ali. Eu me sentiria melhor se houvesse um muro enorme bloqueando a visão. Sim, eu estava preocupadíssima em causar problemas para o Justin. Mas ele não parecia estar se importando.

     - O que vão querer? – Perguntou um garçom.

     - Eu vou querer espaguete com almôndegas. – Justin pediu.

     - E você? – O garçom se dirigiu a mim.

     - Ahn... Vou querer esse canelone à bolonhesa, parece bom.

     - E a bebida? Dois refrigerantes. Imagino.

     Justin assentiu e o garçom se afastou.

     - Não se importa de não estarmos sendo discretos? – Falei, apontando para a janela.

     - Por que está preocupada? Somos apenas amigos, deixe que eles pensem o que quiserem. – Sua voz distorceu a palavra “apenas”.

     Concordei. O garçom voltou com nossos pratos. Justin logo começou a comer.

     - É, você gosta mesmo de espaguete. – Falei.

     - Na verdade é meu prato favorito.

     - Bom saber. – Falei e comecei a comer meu canelone. Estava divino. – Sempre que vejo espaguete com almôndegas, eu me lembro do filme A Dama e o Vagabundo. – Comentei.

     - Sério? Eu só lembro de que adoro espaguete com almondegas. – Ele falou. Eu ri. Ele me olhou por um segundo. – Adoro o som da sua risada. – Justin falou de repente.

     Eu corei.

     - Obrigada. – Sorri.

     Assim que o garçom saiu com nossos pratos, o celular de Justin tocou.

     - Já volto. – Falou ele, se levantando.

     Ele saiu, mas eu não fiquei sozinha por muito tempo.

     - Oi gatinha. – Mitchel sentou na cadeira de Justin. – Está mais vestida hoje.

     - Você se lembra de mim? Não estava bêbado o suficiente para não se lembrar? – Perguntei.

     - Impossível esquecer você, amor.

     Revirei os olhos.

     - Acho que a Miley e a Emily estão sentindo sua falta. – Falei.

     - Acho que não estão.

     - O que você quer?

     - Você não me ligou.

     - Não prometi que ligaria.

     - Problemas? – Justin falou, chegando à mesa.

     - Já entendi. Mas, olhe, está perdendo a chance de ficar com o maravilhoso Mitchel. – Falou Mitchel, meio afetado.

     - Desculpa, mas vou mesmo deixar essa passar. – Falei sem emoção nenhuma na voz.

    Ele fechou a cara e saiu da mesa. Justin apenas riu da situação, o que eu agradeci muito.

     - Vamos? – Ele me chamou.

     - Claro.

     Saímos do restaurante e entramos no carro. Liguei o som em uma estação de rádio. Estava passando One Time. Eu ri. Justin começou a cantar com ele mesmo. Voltamos para minha casa cantando toda e qualquer música que tocasse.

     - Gosta de dançar? – Ele me perguntou de repente.

     - Ahn... Gosto, mas não danço na frente de ninguém. Timidez...

     - Esteja pronta amanhã às nove da manhã. Vou ensaiar a coreografia de um show e você vai comigo.

     - Justin...

     - Por favor.

     - Certo. Odeio quando você fala assim, eu não resisto. – Deixei escapar.

     Ele sorriu.

     - Bom saber. – Ele deu um sorrisinho malicioso.

     Chegamos à minha casa.

     - Te vejo mais tarde.

     - Não vai ficar?

     - Vou buscar o Scooter. Ele está de ressaca.

     - Ok. Até mais tarde então.

     Ele piscou para mim e sorriu. Tive que me lembrar de respirar. Saí do carro e entrei em casa. As pessoas da produção já haviam chegado e corriam de um lado a outro. Subi para meu quarto.

     As roupas de Justin já estavam no meu quarto. Resolvi que não tinha nada de bom para fazer em meu quarto, então ia ver se Norah ainda estava em casa. Abri a porta e quase bati de cara com Usher.

     - Desculpa. O Justin está aí?

     - Não. Foi buscar o Scooter.

     - Ah... Miranda, posso falar um instante com você?

     - Claro. Entra. – Convidei ele, que entrou e eu fechei a porta.

     - Miranda. Não sei o que sabe de Justin, mas ele não era assim. Uma hora ele está feliz, concentrado e animado e noutra ele está completamente abatido, triste e distraído. Justin nunca fora assim. Ele sempre teve uma presença de espírito incrível, sempre foi o mais animado... Enfim, acho que isso tem a ver com você. – Falou ele.

     - Comigo?

     - Sim. Vocês brigam... Ou o quê?

     - Não nós não brigamos. Desculpe Usher, mas não sei como isso pode ter algo a ver comigo. Quer dizer... Eu e Justin nem somos tão próximos assim...

     - Ele não está afim de nenhuma garota?

     - Acho que de Victoria.

     - Não. Acho que não.

     - Então não sei.

     - De qualquer forma, Miranda, gostaria que você falasse com ele. Parece que você é muito importante para ele. – Falou Usher.

     - Claro que falo com ele, mas... Ele disse isso?

     - Não, mas... Dá para perceber.

     - Ah.

     Ele abriu um sorriso enorme.

     - Bem, agora que sei que vai falar com ele, fico muito mais aliviado.  Obrigado pela conversa. – Ele levantou e foi para a porta. – Ah, Miranda, você canta muito bem, tem talento.

     - Obrigada. – Tenho certeza de que corei. Uma coisa era ouvir isso de algum amigo e outra coisa era ouvir isso de Usher.

     Ele saiu do quarto. Fiquei pensando no que ele disse... Eu era importante para Justin. Fui para o quarto de Norah. Ela estava se arrumando para ir trabalhar.

     - O que aconteceu com o papai e com a mamãe? Eles ainda não acordaram...

     - Saíram cedo. Foram se encontrar com o advogado da mamãe e com o advogado da empresa do papai. – Ela falou.

     - Ah... Norah... – Fui interrompida por lágrimas idiotas.

     - Não fica assim. – Falou ela, me abraçando. – Vamos resolver isso.

     - Eu tenho medo... Vocês são tudo o que tenho.

     - Eu sei. Eu sei. Mas vai dar tudo certo. Se você tiver que ir para o Brasil, você aguenta dois anos lá e depois que for maior de idade, volta para cá. – Ela tentou me reconfortar, eu acho.

     Eu ri.

     - É esse o plano? – Perguntei.

     - Foi o melhor que consegui pensar.

     - Estou impressionada.

     Ela riu e voltou a abotoar a camisa.

     - Já vou, amor. Comporte-se, viu?

     - Sempre me comporto. – Rebati.

     Ela se foi rindo. Olhei a foto que estava no criado mudo dela. Nós duas abraçadas quando crianças. Eu me lembrava daquela foto, fora tirada uma semana após minha chegada a casa, há dez anos atrás. Norah tinha dez anos e nós sempre nos demos bem. Eu tinha que admitir e agradecer: mesmo com a morte dos meus pais, sempre fui abençoada com o do bom e do melhor em minha vida. Alguém lá em cima cuidava muito bem de mim, e eu sempre gostei de pensar que eram meus pais.

     Deitei atravessada na cama de Norah. Fechei os olhos e a primeira coisa que vi foi o rosto de Justin. Tive que rir de mim mesma. Aquilo era tão ridículo... Fechar os olhos e vê-lo... Pronto, a droga estava feita: agora eu também só pensava nele. Alguém bateu na porta.

     - Miranda? – Era a Sam. – Você tem visita. E ela é bem esquisitinha, já vou avisando. – Ela falou.

     Desci rindo dela. Mas imediatamente parei ao ver a figura magra e sua covinha, sorrindo para mim.

     - Posso ajudar? Está perdida? – Perguntei, de má vontade.

     - Ah, que é isso Mih. – Ela falou. Que droga de apelido era “Mih”? – Eu vim aqui. Começamos mal, que tal recomeçarmos?

     - Certo. Oi eu sou a Miranda. O que você quer?

     - Assim não, bobinha. – Ela sorriu. – Vamos passar um dia só das garotas!

     - Como é? – Engasguei com minha própria saliva.

     - Pensei que... Já que agora eu sou a namorada do Biebinho, podemos ser amigas. Já que você é amiga dele, eu posso ser também. – Ela quase gritou a última palavra.

     - Biebinho?

     - É... O Justin.

     - Ah. – O que eu na verdade queria dizer era: De onde você tira tanto apelido ridículo?

     - Então... Vamos?

     - Aonde vamos exatamente?

     - Ao shopping, bobinha! – Se ela me chamasse de bobinha mais uma vez... – Dia das garotas! Você pode chamar sua amiga também... A... A...  

      - Lizzie.

      - Isso!

     - Certo. Vou ver se ela está disponível. – Voltei para meu quarto. Eu não iria de modo algum. Não iria MESMO. Peguei o celular e liguei para Lizzie. Ela atendeu no segundo toque. – Oi Lizzie. A Victoria está aqui, na minha casa, me convidando para um Dia das Garotas! – Imitei a voz animada de Victoria.

     - Guria doida. – Ela falou. – Você vai?

     Bufei e contei para ela a “desculpa” que Victoria achou para me torturar nessa droga de Dia das Garotas.

     - Você tem que ir! – Ela falou. – Miranda, desculpa nunca ter comentado com você antes, mas está mais que na cara que você gosta dele. Então, acho que, para ficar bem com o Justin, você poderia ser legal com ela... Pelo menos de vez em quando.

     Suspirei. Mais uma vez meu coraçãozinho já reduzido foi dilacerado e pisoteado. Agora Justin estava namorando ela. Perfeito, pensei.

     - Você vem comigo? – Perguntei, quase supliquei.

     - Eu...

     - Ótimo. Vou pedir para a... Victoria passar aí e te pegar.

     - Ah... Miranda, o que eu não faço por você?

     - Quase nada. – Falei.

     Ela riu e desligou.

     Alguém bateu na porta e entrou sem esperar resposta.

     - E então, ela vai poder ir? – Victoria entrou, olhando em volta.

     - Vai. Você vai passar na casa dela e depois nós vamos. – Abri um sorriso entusiasmado forçado.

     - Ok. Mas, eu não estou de carro. Ahn... Eu não costumo dirigir.

     Olhei para ela. Aquilo era tão insuportável! O que ela queria afinal? Me enlouquecer?

    - Certo. Então acho que podemos ir. – Falei, levantando da cama.

    - Seu quarto é muito bonito. – Disse ela, sorrindo. Mas seu sorriso sumiu quando viu as roupas do seu querido Biebinho em cima da minha cama. – Ah... Seu quarto é o camarim dele?

     - Aham.

     - Bom... Vamos logo né? – Dessa vez ela pareceu mesmo forçada.

     Saímos do quarto e fomos para o meu carro.

     - Seu carro é igual ao carro da prima do Justin. – Ela observou.

     - Existe muito Honda City no mundo. – Falei, rindo.

     Ela concordou. Liguei o carro e dirigi até a casa de Lizzie. Quando ela entrou, seu olhar era de escárnio. Tive vontade de dar um tapa nela.

     - Então... Lizzie. Como você vai? – Victoria perguntou.

     Lizzie a encarou por um segundo. Entendi o porquê: como alguém podia ser tão falso.

     - Estou bem, obrigada. – Ela tentou ser educada.

     - Que bom. Não queremos que ninguém fique mal hoje, não é? Seria péssimo. – Victoria falou com um tom sugestivo. Fiquei com um leve medo dela. Leve como um elefante.

     - Seria sim. – Concordei, tentando parecer natural.

     Chegamos ao shopping. Coincidentemente havia paparazzi na entrada do shopping. Victoria sorria.

     - Ah, paparazzi. Adoro. – Ela falou.

     Estacionei meio longe da entrada. Suspirei e saí do carro.

     Os fotógrafos começaram a gritar ao verem Victoria se aproximando. Deixamos que ela entrasse primeiro. Depois que eles se acalmaram, nós entramos. Graças a Deus ninguém nos reconheceu.

      - Estou com medo do que ela vai fazer. – Lizzie cochichou para mim.

     - Relaxe. Provavelmente o motivo de ela estar sendo legal seja o mesmo que o meu. Pelo menos a intenção é recíproca. – Cochichei de volta.

     Ela riu. Victoria nos esperava na porta da primeira loja de roupas do shopping.

     - O que vamos fazer? – Perguntei.

     - Vamos às compras! – Ela gritou.

     Xinguei internamente. Lizzie pareceu se animar um pouco.

     - Vamos. – Elas me puxaram.

     Na primeira loja, eu até estava animada. Mas na décima primeira eu já estava mofando. Victoria parecia nem se importar em quanto estava gastando, ela só escolhia, provava, gostava e passava o cartão. Era automático. Ela esqueceu o cartão nas lojas três vezes.

     Três fãs do Justin nos pararam, quer dizer, pararam a Victoria.

     - Você beijou o Justin! – A morena mais baixa falou.

     - Como foi? – A outra ruiva falou.

     - E você estava do lado dele! – A morena mais baixa falou de novo, dessa vez para mim.  – Você saiu nas fotos! Eu amei seu vestido!

     - Mas, foi ótimo. – Victoria voltou a atenção para ela. – O Justin beija tão bem! Ele me segurou por uns dois minutos. Aqueles lábios são sim o que aparentam ser. Maravilhosos. – Ela falava e ria ao mesmo tempo.

     - Posso bater nela agora? – Cochichei para Lizzie. As meninas riam tão alto que não me preocupei com a possibilidade da Victoria ouvir.

     - Miranda, se controla, por favor. – Lizzie me advertiu.

     - Vocês estão namorando? – A loura que ainda não havia se pronunciado perguntou.

     Victoria ia respondendo, mas eu chamei a atenção dela.

     - Não acha que é perigoso dar uma informação tão confidencial? – Perguntei, baixinho.

     - Justin não se importa.

     - Sim, Victoria, mas ele pode ter outros planos para isso. Tipo não contar agora. – Protestei.

     - Eu já disse. Ele não se importa.

     - Victoria, isso é arriscado. Pode comprometer a carreira dele. Se ele ainda não falou nada, deve ter algum bom motivo.

     - Miranda. Nós somos o casal. Você não faz parte disso. Sei que quer ficar perto do Justin, mas esse é o nosso mundo agora. Você não faz parte dele. Não faz e nunca vai fazer. Eu sou parte do casal, acho que tenho tanto direito de me pronunciar sobre isso quanto ele. – Ela respondeu com uma expressão de triunfo no rosto. Depois se virou para as meninas. – Sim, estamos namorando. Bom, isso ainda não foi parar na imprensa. Portanto, podem espalhar. Tira uma foto minha como prova.

     As meninas quase surtaram. Tiraram fotos até cansarem de Victoria. Afastei-me do grupo. Lizzie veio falar comigo.

     - Não é perigoso falar isso? – Ela me perguntou.

     Eu não queria falar. Se falasse, ia chorar. Respirei fundo e controlei a voz.

     - Sim, é. Mas ela não se importa. Ela e Justin agora são um mundo do qual eu não faço parte. – Suspirei.

     - Ah, Miranda. Sinto muito.

     - Não sinta. “Eu e Justin” é algo que nunca viria a ser real. É ridículo amar alguém que já é amado por bilhões de outras meninas. – Falei, tentando não chorar. – Bom, eu vou voltar para casa. Você vem?

     - Não pode ir! Vai dar a ela a vitória!

     - Não quero competir. Dói demais.

     - O-oh. Você está apaixonada por Justin. – Ela falou.

     - Ótimo. Maravilhoso. – Falei. – Vou embora mesmo. A Senhora Somos Um Casal pode pegar um táxi.

     Peguei minhas poucas sacolas e me dirigi à saída do shopping. Lizzie me seguiu. Saí quase chorando, mas me contive. Ia chorar em casa. No quarto de Norah, já que o meu estava sendo utilizado como camarim de um astro teen do pop, por quem eu havia me apaixonado e entrado em um sonho impossível.

     - Me deixa em casa? Vou sair com Chaz...

     - Ah, é. – Me senti a pior amiga do mundo. Eu nem havia comentado o sumiço dela ontem na festa. – Como vocês estão?

     - Estamos apenas nos conhecendo. Estamos... Ficando.

     - Certo. Eu te deixo em casa. – Falei, rindo da cara de boba dela.

~x~

     A música era audível do estacionamento. Suspirei e saí do carro.

     - Oi Miranda. – Kenny me cumprimentou ao me ver entrando em casa.

     - Oi Kenny.

     - Justin está na sala, se quiser falar com ele...

     - Ah... Não vou... Atrapalhar.

     - Você nunca o atrapalha. Pode ter certeza disso. – Ele falou, sorrindo para mim.

     - Ah... – Por que todo mundo dizia aquilo para mim? Diziam que eu era importante, especial... Importante o escambal. Eu não era nada. Apenas a garota que chorou umas quinhentas vezes na frente dele. – Tem alguém na cozinha? – Perguntei a Kenny.

     - Não, estão todos gravando.

     - Obrigada.

     Fui para a cozinha. Queria loucamente ficar sozinha. Peguei uma tigela, meu cereal e leite. Sentei e comecei a comer. Se um dia qualquer eu puder colocar minhas lindas mãos no delicado pescoço de Victoria, ela não ia passar desse dia. Terminado meu cereal, joguei a tigela na pia e subi lentamente para o quarto de Norah. Apressei o passo ao ouvir o diretor gritando “Intervalo!”.

     Já na porta do quarto de Norah, ouvi Justin perguntar a Kenny se eu já havia chegado.

     - Já sim. Ela acabou de subir. – Ele falou. Mentalmente jurei que iria me vingar de Kenny um dia desses. Estava pensando no plano quando vi Justin já no topo da escada, vindo em minha direção.

     - Ahn... Agora não, Justin... – Falei, abrindo a porta e... Ele fez seu hair flip, olhei por um segundo, meio que paralisada. Isso foi um erro. Ele já estava bem perto quando eu me recuperei do transe.

     - Aonde você foi? – Ele me perguntou.

     - Victoria me arrastou para o shopping. – Falei rapidamente, tentando não olhar diretamente para ele.

     - Uau. E que tipo de chantagem ela fez para conseguir isso?

     - Devia olhar no Twitter. – Falei, ignorando sua pergunta. –Tenha uma boa tarde, Justin.

     - Miranda, o que aconteceu? Parece que vai chorar. – Ele falou.

     Sim Justin, eu pretendo chorar, se você não se importar, pode ir embora agora?

     - Justin... Agora não...

     - O que aconteceu? – Ele repetiu a pergunta.

     Uma lágrima desceu e rolou por meu rosto. “Droga! Agora Justin não me deixa mesmo!”, pensei. Antes que eu pudesse limpá-la ou fazer qualquer outra coisa ele me abraçou. Eu devia ter me afastado, mas eu deixei aquele momento se prolongar. As lágrimas desciam por meu rosto aos montes. Mal sabia ele que ele era o motivo. Aspirei suavemente o perfume de Justin, eu ia me repreender depois. Aquilo só ia cravar mais uma estaca em meu coração.

     Suspirei e me afastei dele. Ele me olhava profundamente. Aquilo era tão difícil. Justin me entendia tão bem, ele me lia e entendia tudo.

     - Problemas? – Ele perguntou.

     - Alguns... Mas...

     - Quer ficar... Sozinha? – Ele perguntou, aparentemente relutante.

     - Ahn... Quero. – Falei.

     - Certo... Mas não se esqueça do que combinamos; amanhã às nove, esteja pronta. – Ele falou.

     - É... Claro. Não me esqueci.

     Ele abriu um sorriso. Olhei para ele, mas depois desviei o olhar. Entrei no quarto de Norah. Num momento meio clichê, deslizei até o chão, ainda encostada na porta. Enfiei o rosto nas mãos.

     “Estava tudo perfeito! Até Que esse Justin Bieber chegou e acabou com minha vida!”, pensei. Eu queria, mas não conseguia odiar Justin.

     Levantei e deitei na cama de Norah. Logo adormeci. E, pelo menos dessa vez, não sonhei com a morte de meus pais.

     Acordei com alguém me cutucando. Com certeza era Norah.

     - O que você quer Norah? – Perguntei encarando ela.

     - Minha cama?

     - Ah, desculpe. – Comecei a me levantar.

     - Miranda. O que houve? Você andou chorando?

     - Sim. – Falei num tom categórico que até eu me impressionei.

     - Justin e sua namorada. Acertei? – Ela perguntou.

     - Você tem um Twitter? – Perguntei, meio surpresa.

     - Não. Mas está em todos os canais de fofoca. E você não perguntou a ele se era verdade, acertei de novo?

     - É você acertou.

     - Hm... Curioso. Você gosta mesmo dele, não é?

     - Sim.

     - Vai ficar tudo bem, você vai ver. Estou sentindo isso. Logo tudo vai ficar bem. – Ela falou.

     - Que assim seja.

     - Agora, vá para o seu quarto. É meia noite e eu quero minha cama de volta.

     Ela me expulsou do quarto. Caminhei vagarosamente até meu quarto. Olhei a para a porta do quarto dos meus pais. Queria falar com eles, perguntar como estava o processo... Mas eu sabia que eles não iam falar nada então desisti e fui mesmo para meu quarto.

     Deitei em minha cama e dormi automaticamente.


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Notas finais do capítulo

Então, eu havia dito que ia sempre postar uma parte de cada um por vez, mas pode acontecer de eu cortar algum capítulo ou coisas do tipo. Estou só avisando :Despero que tenham gostadoxoxo'