The Sound Of 2 Hearts escrita por Mariia_T


Capítulo 21
21.


Notas iniciais do capítulo

ÊÊ, enfim um capítulo digno para vocês :D /meu pc tá doidão, gente. Que medinho disso aqui .-. Enfim, espero mesmo que compense a falta terrível que eu estava com vocês. Boa leitura, amores...



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- Miranda

     Esperei Chaz e Lizzie irem embora e comecei a andar.

     - Ei, aonde você vai? – Justin perguntou.

     - Para casa.

     - Andando?!

     - Problema?

     - Garanti a Lizzie que te levaria para casa.

     - Desde quando você liga para Lizzie?

     - Bom, ela é a namorada do meu melhor amigo.

     Fazia sentido. Droga. Dei meia volta e entrei no Range Rover preto reluzente estacionado ali. Ele ligou a rádio e, aparentemente como sempre, estava passando uma música dele. Desliguei o som. Ele ligou. Desliguei de novo e ele religou.

     - Chega! Presta atenção na estrada. – Falei, irritada.

     “Never say never...”. Aquilo ia ficar na minha cabeça, eu sabia. Fitei minha calça suja e molhada. Comecei a cutucar a mancha distraidamente.

     - Tudo bem com você? – Justin perguntou, como se eu fosse uma doida.

     - Não. – Respondi, sem desviar os olhos da calça.

     - Aconteceu algo? – Ele perguntou. Não, imagine Justin. Não aconteceu nada.

     - Não!

     - Tudo bem, não faço mais perguntas então.

     - Então não faça, Justin!

     - Por que está tão nervosa?

     - Não sei! Só sei que estou!

     - Dá para parar de gritar?

     - Não estou gritando!

     - Não está?

     Sim, eu estava. Recompus-me rapidamente e virei o rosto para a janela. Droga! Por que eu estava agindo feito uma louca? Ele devia estar me achando uma chata. Mas por que eu estava sendo chata? Deixei um suspiro frustrado escapar.

     Antes que Justin pudesse falar qualquer coisa, aumentei o som do carro e tombei a cabeça no encosto do banco. Fechei os olhos.

     Por um segundo, tive a sensação de estar sendo tocada no braço. Abri os olhos e vi que era só o meu casaco e suas mãos continuavam firmes no volante.

     O carro parou na frente da minha casa. Minha intenção era sair dramaticamente do carro, mas me atrapalhei com a fivela cinto. Justin riu. Droga! Ele estava rindo? De mim? Eu ia enfiar aquela fivela na goela dele; caso eu consiga tirá-la.

     - Deixe que eu te ajude. – Ele ofereceu.

     - Não. Toque. Em. Mim. – Falei.

     Que droga! A fivela não abria. Incrível quando você mais precisa, a vida não colabora.

     - Ah! Desisto! A fivela do seu carro é uma droga, Justin. – Reclamei.

     Ele riu mais ainda.

     - Espera. – Falou ele.

     Deixei-o mexer na fivela. Logo eu estava livre.

     - Obrigada. – Disse, relutante.

     - De nada.

     Abri a porta e saí.

     Aposto que minha cara estava queimando.

     Meu coração batia muito rápido.

     Droga de almoço, droga de fivela do cinto, droga de ex-namorado.

     “Certo, respira...” falei para mim mesma assim que cruzei a porta e a bati atrás de mim. Olhei em volta. Todo mundo já havia ido embora. A casa era uma imensa solidão novamente.

     - Sam? – Chamei, mas não tive resposta. – Ótimo, estou sozinha de novo. – Falei sozinha.

     Ela devia ter ido fazer as compras. Lembrei que ontem eu estive reclamando  da minha última caixa de cereal predileta. “Ótima pessoa você, hein Miranda?”.

     Subi para meu quarto e substituí a calça molhada por uma seca. Olhei minha imensa coleção de shorts. Era inverno em Atlanta e eu não poderia nem sonhar em usar um short tão cedo, somente aqueles de uma malha especial para o frio... Enfim.

     Deitei atravessada em minha cama. Amanhã Victoria chegaria. Ela chegaria e ele estava mais que feliz com isso. Soltei um suspiro pesado.

     Alguém bateu na porta.

     - Entra. – Falei, me sentando.

     - Oi, Rands. – Era o Scooter. Por que todo mundo insistia em me dar apelidos? Simplesmente não rola apelidos com meu nome. Não dá. Desistam!

     - Oi, Scoot.

     - Só vim ver se o Justin não deixou nada aqui. Viu algo?

     Neguei com a cabeça. Ele adentrou meu quarto, à procura de qualquer coisa que indicasse “Bieber esteve aqui”.

     - Percebeu que Justin anda distante ultimamente?

     - Hm? Ah, não, não reparei. – Não mesmo.

     - Aconteceu algo?

     - Não... Sei.

     Ele arqueou uma sobrancelha. Abri um sorriso forçado.

     - Ah! Viu? Sabia que ele havia esquecido algo! – Ele levantou o boné roxo.

     - Ah, esse boné. Eu tinha que ter devolvido para ele e...

     - Ah, bom. Devolva você então. Aposto que ele vai gostar mais se for você. – Ele piscou para mim e me deu o boné.

     - Mas...

     - Tchau, gatinha. Até mais um dia. Pede pro JB te levar lá na gravadora qualquer dia desses... – Ele deu um beijo no alto da minha cabeça.

     - Tchau, Scoot.

     Ele saiu. Olhei o boné em minhas mãos. Sim. Claro. Claro que eu iria atrás do Justin só para devolver o boné dele. Aham. Joguei o boné de lado.

     Meu celular vibrou. Era uma mensagem de Norah.

     “Novidades. Liga mais tarde. Saudades e beijos, Norah.”.

     Olhei o dia acinzentado lá fora. Deitei de novo na cama e dormi.

~x~

     - Miranda? Filha?

     - Hm?

     - O que você acha de... – Minha mãe falou algo, mas eu nem dei atenção.

     - Claro, está ótimo. – Murmurei e me virei para o outro lado, abraçando ainda mais o travesseiro.

     - Levanta. Os seus tios prepararam uma festa para o seu pai, pelos 20 anos da empresa. Levante, vamos, vamos, vamos!

     Ela saiu do quarto. Demorei um pouco para levantar e ainda me arrumei bem lentamente. Acabei com um vestido, um suéter, uma sapatilha e parte do cabelo preso com uma presilha. Eu era a versão morena da Quinn de Glee. Olhei o comprimento do vestido, que não era muito acima do joelho. Provavelmente a festa seria na casa de algum parente, então eu não precisava me preocupar com o frio.

     - Podemos ir? – Meu pai entrou no quarto.

     - Claro.

     Descemos e fomos para a festa.

     Eu estava errada sobre uma coisa: a festa não era na casa de ninguém. A festa foi feita em uma enorme tenda montada no campo de um clube. E ventava, não muito, mas frio, muito frio.

     A nossa mesa ficava bem no centro da tenda que fora armada para a festa. O caminho até lá fora longo e cheio de abraços e “olás” de gente que eu nunca nem vi na vida.

     - Oi! Muito obrigada pelo convite! Eu estava vendo os títulos lá na mesa perto das flores... Enfim, parabéns! – Ela abraçou meus pais e depois se virou para mim. – Miranda!

     - Pattie! Não sabia que estaria aqui! – Falei, retribuindo seu abraço. Olhei em volta rapidamente, me assegurando de ele não estava ali. Não estava. – Vou pegar algo para beber. – Avisei.

     Quando virei, esbarrei nele. Pelo menos para mim, aqueles óculos escuros e o cachecol não serviam em nada para disfarçar ele.

     - Ah, me desculpe... Miranda. Você está me seguindo?

     - Você está numa festa dedicada ao meu pai. Acho que não sou eu quem está seguindo alguém aqui, gênio. – Falei.

     Ele revirou os olhos e saiu da minha frente. Continuei andando até a mesa das bebidas. Suco, refrigerante e ponche. Eu odeio ponche. Quem gosta de suco de tomate com tomate boiando nele? Argh, nojento! Peguei um refrigerante mesmo.

     - Vamos fingir que ainda estamos juntos? – De repente Justin cochichou em meu ouvido. Sua respiração próxima à minha nuca me provocou um arrepio e me fez quase soltar o copo de minhas mãos, mas disfarcei.

     - Que susto, idiota. Por que fingiríamos que... – Parei, encarando-o. – Não contou a ninguém? Nem à sua mãe?

     - Não me olhe assim. Você também não contou aos seus pais. A reação deles foi igual à da minha mãe.

     Desviei o olhar.

     - E então? – Ele quis saber.

     - Por que não contou?

     - Não quero responder ao questionário que minha mãe vai fazer. E você?

     - Não sei o porquê. – Admiti. O pior é que era verdade.

     - Tudo bem, então. Que tal nos tratarmos apenas como amigos? Só hoje. – Ele propôs.

     Pensei por um segundo.

     - Certo, pode ser.

     Justin saiu dali e eu fiquei.

     Olhei as pessoas em volta e, sem querer, encontrei Tyler num canto, falando com uns primos mais velhos. Ele era bonito, não pude deixar de notar. Era alto, tinha aquele tom de cabelo castanho e mel que tanto me diferenciava daquela família – o meu é mais escuro -, tinha olhos castanhos e tinha uma covinha no canto direito de seu sorriso. Ele parecia bem. Ouvi meu pai uma vez comentando que Tyler estava começando a ter problemas com bebidas alcoólicas e os pais dele já investiram em tratamentos. Ele me percebeu ali, olhando para ele e levantou o ponche em saudação, com um sorriso sem jeito nos lábios. Sorri de volta e desviei o olhar.

     A festa estava legal, mas eu não estava em clima de festa. Saí dos domínios da tenda e me sentei num dos pufes rodeados por velas que estavam perto daquilo que mais parecia uma lagoazinha. Estava ventando e as velas só não se apagavam porque havia uma proteção de vidro em volta delas.

     O vento se suavizou. Fechei os olhos, sentindo a brisa bater em meu rosto.

 - Justin

     Sentei-me à mesa no centro com minha mãe e os Stephen. Notei um potinho um tanto grande cheio de M&M. Peguei alguns enquanto olhava a família ali reunida.

     Eles eram tão diferentes de Miranda.

     O cabelo deles é a primeira coisa que você nota. O cabelo da família segue um padrão de cabelo liso, castanho e mel, já o cabelo da Miranda era mais escuro, e meio ondulado nas pontas. Depois você inevitavelmente compara a garota adotada com as primas. Compara mesmo o corpo delas. Ok, eu sou muito suspeito para falar qualquer coisa...

     - Jus?

     - Sim?

     - A Miranda está ali sozinha. Vai lá ficar com ela. – Minha mãe falou, apontando.

     Olhei a única pessoa sentada perto da lagoazinha.

     - Ah, claro. Vou lá. – Levantei, peguei meu copo de refrigerante e o potinho de M&M.

     Caminhei meio sem jeito até ela e sentei ao seu lado no pufe, fazendo-a levar um susto.

     - Por que gosta de se isolar do mundo? – Perguntei, enquanto tirava algumas velas da mesinha e colocava o copo e o potinho no lugar delas.

     - Não é que eu goste de me isolar. Às vezes só quero ficar sozinha. – Falou ela, com um meio sorriso.

     - Ou você só quer ficar longe de mim. – Falei e seu sorriso desapareceu e foi seguido de uma dramática revirada de olhos.

     Ela suspirou e olhou a água.

     - Festa de quê? – Perguntei, apontando com o polegar para a festa atrás de nós.

     - 20 anos da empresa do meu pai e coisas do gênero...

     - E por que você não está lá?

     - Porque às vezes eu sinto como se eu não fizesse parte disso. Como se fosse um sonho e eu fosse acordar de repente e rever meus pais biológicos...

     - Mas você ama seus pais não é? Quero dizer, está feliz do jeito que está vivendo hoje, não está?

     - Claro, mas... É complicado. Eu vejo meus pais a cada passo que eu dou, a cada decisão que eu tomo. É estranho. Porque eu não sou de remoer o passado. E então de repente ele está na minha frente de novo.

     - Não entendo. – Admiti.

     - Esse é o problema! Você não entende, nem eu entendo! Às vezes só tenho vontade de chorar...

     Aquilo era estranho. Mas com a gente parecia ser assim. Mesmo estando brigado e nos tratando mal do jeito que estávamos, ela ainda se abria comigo, ainda falava comigo. E é bom, já que a última coisa que eu quero é que ela se afaste de mim...

     Peguei um M&M e me deitei.

     - Isso é M&M? Eu quero! – Ela falou. Apoiou-se num braço e se debruçou sobre mim para pegar o potinho na mesa. Por impulso, estendi o braço e apertei suavemente sua cintura, sentindo-a novamente tão perto.

     - Não faz isso! – Ela riu, perdeu o equilíbrio e caiu em cima de mim.

     - Fez cócegas? – Perguntei, encarando as estrelas com um sorrisinho no rosto. Ela assentiu. – Desculpe.

     Ela riu de novo. Senti sua respiração quente contra o meu pescoço. O cheiro de seu cabelo era agradável, o cheiro de baunilha já estava quase sumindo. Minha mão ainda apertava sua cintura. Isso tudo se passou em um segundo e logo ela se levantou, com o potinho de M&M na mão.

     - Eu amo isso! – Ela colocou alguns na boca.

     Peguei um e joguei para o alto, pegando com a boca.

     - Exibido. – Ela falou, sorrindo. Pegou um e tentou me imitar. – Ah, droga!

     Tentou mais algumas vezes e apenas na última tentativa conseguiu.

     - Consegui! Ahã, eu sou demais! Ahã! – Cantarolou, fazendo um biquinho presunçoso.

     - É conseguiu, mas olha o desperdício. – Falei, olhando os pontos coloridos no chão.

     - As formigas agradecem! – Ela rebateu com tanta convicção que me fez rir. – Quando eu fui para NY pela primeira vez, voltei com um saco cheinho disso. Só Deus sabe como não sou diabética. – Falou ela, sorrindo.

     Fitei seu sorriso por alguns instantes.

     - Tenta acertar. – Falei, abrindo a boca.

     - Eu sou péssima nisso. – Ela fez uma careta.

     - Vai logo! – Falei e ela jogou. – Ai! Meu olho!

     - Nem vou me desculpar, eu avisei.

     - Tá, tá, que seja, tenta de novo! – Apressei-a. Ela acertou dessa vez.

     Levantei a mão e ela bateu nela. Ríamos como duas crianças.

     - Viu? Agora você está rindo. Não quer chorar. – Observei.

     - É verdade... Como agradeço?

     Olhei em seus olhos e lentamente me aproximei dela. Miranda se aproximou também, mas logo recuou, retirando um M&M da gola da minha blusa.

     - Certo. – Murmurei baixinho.

     Um vento frio soprou forte e ela abraçou os cotovelos, com frio. Ia abraça-la quando alguém a chamou.

     - Miranda? – Era um garoto, da nossa idade. Nós dois nos viramos para ver quem era.

     - Eu. – Ela respondeu, levantando-se prontamente.

     - Ah, que bom que te achei... Sou o Steve. Ainda não fomos apresentados...

     - É, acho que não. Você é algum parente meu?

     - Não, sou filho do sócio do seu pai.

     - Ah, meu pai tem um sócio?

     Parei de ouvir mais ou menos aí. Baixei a cabeça, meio perdido em pensamentos. Foi quase... Fitei a terra encoberta pela grama verde e bem cuidada.

     - Ahn, Justin? – Ela me chamou e eu levantei a cabeça, fitando seu rosto que parecia meio confuso. – Posso ir lá...?

     - Claro, vai lá. – Sorri fraco. Por que ela estava pedindo para ir lá com o cara?

     Encarei a água e depois minhas mãos entrelaçadas uma na outra e os braços apoiados nas pernas. Quase...


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Notas finais do capítulo

AÊ, consegui postar, minha gente! Do jeito que isso aqui tava, achei que não ia dar, mas deu! Sei que não mereço seus lindos reviews, mas que tal pelo menos unzinho dizendo que me perdoou? /me faça feliz HUASHA q. Xoxo'