- Justin

     É incrível como você passa a encontrar gente indesejada mais vezes quando você realmente não quer ver essa pessoa.

     Minha mãe chama isso de “Oportunidades de Reconciliação”. Scooter chama de Lei de Murphy. Eu chamo de “A vida está de palhaçada com a minha cara”. É um nome meio grandinho, mas é isso o que eu penso sempre que situações como essas acontecem.

     Depois que nós terminamos, devo ter visto, esbarrado e encontrado Miranda umas cem vezes ao dia – e hoje é quinta, a briga rolou na terça.  E nossas trocas de olhares, devo registrar, não foram as mais amistosas.

     Sinceramente eu não havia ainda entendido o que houve. Por que diabos ela ficou com raiva de mim e da Victoria? Por acaso eu falei com todas as letras que preferia Victoria a ela? Não!

     Nesse meio tempo eu havia pensado muito no que ela havia dito – aquilo realmente mexeu comigo – eu gostava da Victoria, mas era apenas como amigo. Com Miranda era diferente. Com ela, eu não sabia explicar o que eu sentia. Nunca sabia.

     - Jus? Você não vai descer? – Minha mãe me chamou, do outro lado da porta.

     - Depois, mãe.

     - Filho, você não saiu desse quarto desde que voltou da casa do Usher ontem à noite. – Argumentou ela.

     Suspirei. Aquilo era outra coisa estranha. Ficar no meu quarto de repente parece uma ótima ideia. De repente, ficar parado e quieto é bom, e isso é algo estranho vindo de mim. E então lá estou eu, trancado no quarto no tempo livre. Levantei da cama e vesti uma blusa. Abri a porta com um sorriso forçado, mas não esperava sinceramente que ela acreditasse.

     - O que aconteceu, meu amor? Por que está assim? – Perguntou ela, medindo minha temperatura com as mãos.

     Passei um braço pelo ombro dela e, com toda a verdade que aquilo podia ter, falei:

     - Não aconteceu nada, mãe. Estou bem. – Garanti.

     Ela pareceu se convencer. Descemos as escadas e nos sentamos à mesa junto com o vovô Bruce e a vovó Dianne. Eles iam passar o fim de semana com a gente.

     É claro que eu não prestei atenção em nada da animada conversa que eles tinham. É claro que pareceu uma eternidade até o Kenny chegar para me levar à casa dos Stephen. É claro que eu agradeci a Deus internamente por faltar só mais aquele dia para finalizarmos as gravações.

     Kenny estava lembrando os melhores momentos na casa, como ele sempre fazia quando acabávamos uma gravação ou coisas do tipo, quando ele começou a falar de Miranda. Ele a adorava.

     - Percebeu como ela anda distante nesses dias? – Perguntou ele.

     - Não, eu não percebi. – Falei rapidamente, na esperança de ele mudar de assunto.

     - Aconteceu algo?

     - Eu não sei.

     - Ela não...

     - Kenny, eu não sei de nada. – Falei. Ele me olhou pelo canto do olho, provavelmente se perguntando por que eu estava tão nervoso.

      Quando ele estacionou o carro na frente da grande mansão, deixei escapar um suspiro pesado. Contei até dez e saí do carro.