The Sound Of 2 Hearts escrita por Mariia_T


Capítulo 10
1O.


Notas iniciais do capítulo

aiai, hoje não tem aula, dá para postar com mais tranquilidade :D



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- Justin

     E então ela colou seus lábios nos meus e, suavemente, deitou em cima de mim...

     - Justin! Justin! Acorda! – Minha mãe me chamava.

     Tentei ignorar e não interromper o sonho na melhor parte, mas ela abriu as cortinas.

     - Ah, mãe! – Reclamei.

     - Vamos, Jus. Já são onze horas da manhã. Scooter ligou e disse que as gravações foram adiadas para amanhã, já que você resolveu não aparecer hoje.

     - Ah, droga! Esqueci que hoje tinha gravação!

     - Victoria ligou também. Ela quer muito falar com você. Ela vai viajar hoje, mas disse que na sexta que vem que é quando ela vai voltar, faz questão de conversar com você.

     - Dane-se Victoria. – Falei, cobrindo o rosto com o cobertor.

     - E eu falei que você ia. – Completou ela, como se eu não tivesse dito nada.

     - Como é? Mãe, não pode compromissos para mim!

     - Sou sua mãe, posso sim! Agora, Justin, levante e vem almoçar! E não me enrole! – Falou ela, saindo do quarto.

     Contra minha vontade levantei e vesti uma blusa, ficando com a calça que eu dormi, fiquei descalço mesmo; estava em casa, em um quase dia de folga e estava com sono. Desci e desejei não tê-lo feito.

     Miranda estava sentada à mesa, do lado de minha mãe, que ria enquanto Miranda contava um caso. Pensei em sair de fininho, antes que ela me percebesse e me visse naquele estado, mas...

     - Justin! – Falou ela, se levantando e vindo em minha direção, com um sorriso lindo nos lábios.

     - O que faz aqui?

     - Sua mãe me convidou para almoçar. Aliás, só eu não, meus pais também. Daqui a pouco eles estão chegando. – Falou ela, ainda sorrindo.

     - Bom. Você me pegou desprevenido. Vou trocar de roupa. – Falei, puxando ela para meu quarto junto comigo.

     Deixei-a no quarto e fui para o closet. Peguei um jeans, uma blusa que tinha algo escrito e coloquei um tênis branco. Voltei. Ela me olhou de cima a baixo e suspirou.

     - Você é...

     - Eu sou... ?

     - Perfeito. – Falou ela.

     Sentei-me ao seu lado na cama. Antes que eu pudesse responder ao elogio, Miranda me deu um beijo intenso. Quando ela se afastou, protestei, queria mais. Ela riu baixinho.

     - Você me faz tão bem... Faz tudo parecer tão fácil... – Falou ela, com um ar cansado.

     - Você é quem me faz bem. Sabe, quando você sorri, sou o cara mais sortudo do mundo, por contemplar o mais belo dos sorrisos. Quando você ri, não há som mais doce e agradável. Quando você me abraça, o tempo para e nós ficamos desse jeito para sempre. Quando você me beija, eu tenho a certeza de que tenho a garota mais preciosa de todo o mundo. Quando...

     Ela me interrompeu com um beijo suave.

     - Promete que nunca vai me abandonar? – Perguntou ela, delicadamente. Nossas testas estavam grudadas.

     - Prometo. E você promete?

     - Prometo.

     Selamos nossas juras com um beijo suave. Agora eu tinha certeza. Miranda seria minha para sempre.

     Descemos de mãos dadas. Os pais dela já haviam chegado.

     - Bom dia, senhor e senhora Stephen.  – Falei, interrompendo a conversa animada deles com minha mãe.

     - Bom dia Justin! – A mãe dela falou.

     - Justin. – O pai dela falou, olhando para nossas mãos. Pela primeira vez na vida fiquei nervoso de verdade ao “conhecer” o pai de uma namorada.

     - Bem, vamos comer então? – Minha mãe perguntou.

     Todos se dirigiram até a sala de jantar.

     - Diminua o passo, Bieber. – Falou o pai dela. Soltei a mão de Miranda e diminuí o passo, como ele havia pedido.

     - Senhor?

     - Pode me chamar de Anderson. – Corrigiu ele. – Bieber, gostaria que soubesse que o que eu te disse naquele dia ainda está valendo. Vocês estão... Como é que vocês chamam hoje em dia? Ah, vocês estão ficando? – Perguntou ele.

     - Sim... Quer dizer, não. – Me atrapalhei. – Estamos namorando. Pretendia declarar isso hoje, no almoço.

     - Certo claro. Mas, escute: amo muito minhas filhas. Magoe Miranda e vamos ter sérios problemas. Fui claro?

     Engoli em seco. Havia acabado de receber uma ameaça do pai da minha namorada, o que mais eu podia fazer?

     - Sim, foi. Prometo que não vou magoá-la. – Falei.

     Ele sorriu e se sentou ao lado de sua esposa, Charlote. Sentei-me ao lado de Miranda. O sorriso dela diminuiu um pouco quando olhou o pai dela, que me encarava.

     Minha mãe começou a fazer perguntas sobre a editora de Anderson e fazendo seus comentários engraçados. Todos riam demais. Principalmente Miranda. Ela ficava ainda mais linda quando ria. Quando conseguiu recuperar o fôlego, deitou a cabeça em meu ombro, cansada de tanto rir. Todos olharam para nós dois. Respirei fundo e falei.

     - Temos algo para contar. – Falei e Miranda levantou a cabeça, me fitando. – Estamos namorando. – Ela sorriu ao ouvir isso. Fiquei orgulhoso de mim mesmo.

     Olhei em volta, para os adultos na mesa. Charlote e minha mãe pareciam não caber em si mesmas de tanta alegria, e Anderson apenas olhava, com um sorrisinho no canto da boca. Fiquei aliviado.

~x~

     - O que meu pai falou a você, na hora do almoço? – Perguntou Miranda, quando o programa da MTV deu um intervalo.

     - Tenho certeza de que ele não incluiu isso aqui na lista de coisas que eu posso fazer. – Falei, apertando mais meu braço em volta dela. Estávamos deitados em minha cama, abraçados, e vendo clipes na MTV. Miranda colocara uma perna por cima da minha e estava deitada em meu peito. – Seu pai só está sendo pai.

     - Ah... Ele fez uma lista do que podia ou não fazer? – Perguntou ela.

     - Não explicitamente. Mas acho que ele quer que eu... Te respeite. Acho que esse é o termo. Bom, minha mãe o usou comigo. – Falei.

     Ela olhou para mim.

     - Gosto desse termo. Mas com algumas exceções, claro. – Ela me deu um beijo rápido, mas provocante, logo em seguida subiu minha mão para cima de novo, porque sem querer minha mão desceu um pouco mais do que o limite de sua cintura. Ela me desaprovou, com os olhos.

     O programa começou. O clipe era de “U Smile”. Acabada a música, Miranda não mexeu um músculo. Supus que ela estivesse dormindo, por isso a puxei para meu lado, de modo que ela deitasse a cabeça no outro travesseiro. Mas ela estava acordada e levou um susto.

     - Ah, desculpa. Achei que estivesse dormindo. Você estava tão quieta.

     - Estava só pensando...

     - Em quê? – Perguntei, olhando em seu rosto, que estava de frente para o meu.

     - O conceito de amor em algumas de suas músicas é meio... Primitivo.

     - Como assim?

     - Parece que você se baseia em coisas matérias para ter a tal garota. Sempre em suas músicas românticas é mencionada alguma coisa relacionada a “ter”.

     Eu apenas sorri. Gostava disso em Miranda, ela sempre reparava nessas coisas.

     - Coisas materiais são legais. – Rebati.

     - Se você dá mais importância a elas do que ao resto...

     - E se eu dedicasse a música a você? – Tentei persuadi-la.

     - Não dá para fazer isso. Ela foi escrita e lançada muito antes de você me conhecer. – Falou ela, revirando os olhos.

     - O que é uma pena. Porque eu teria dedicado ela à você.

     - Não teria não, Justin, você...

     - A música é minha, eu sou o cantor! Eu poderia fazer com ela o que eu bem quisesse.

     Ela ficou calada. Algo a incomodava.

     - O que foi? – Perguntei, tirando uma mecha de cabelo de seu olho.

     - Nada... É só que... Jus, você não acha que eu só estou com você pela fama, ou você acha? – Perguntou ela, os olhos fixos nos meus.

     Aquela pergunta me pegou de surpresa. Nunca havia pensado naquilo. A verdade era que o modo como eu me sentia quando estava com ela e como ela parecia ser sincera comigo nunca deixara espaço para suposições cruéis como essas.

     - Não, eu não acho que você esteja comigo por causa da fama. – Falei delicadamente.

     Ela abriu um sorriso radiante. Fiquei olhando aquele rosto angelical. Miranda era linda. Os olhos dela eram de um castanho incrível – parecia que você estava olhando para um vidro naturalmente marrom –, o sorriso dela era perfeito, as bochechas levemente ruborizadas, os lábios carnudos...

     - O que foi? – Perguntou ela, me chamando a atenção.

     - Nem acredito que você é minha. – Falei.

     Ela revirou os olhos.

     - Você é incrível, Miranda! – Tentei convencê-la.

     Ela abriu um sorriso.

     - Certo eu sou incrível. E você, o que é?

     - Eu sou o cara sortudo. – Falei sorrindo.

     Ela corou. Aquilo era... Fofo. Quando ela corava parecia uma criancinha sem graça. Puxei-a mais para perto, ia lhe dar um beijo, mas alguém interrompeu, batendo na porta. Miranda se sentou.

     - Jus? – Era minha mãe.

     - Sim, mãe.

     - Scooter ligou. A coletiva de imprensa está pronta e você já tem que ir. – Falou ela, sem abrir a porta.

     - Certo, já vou descer. – Falei, encarando o teto.

     - Coletiva de imprensa para o quê? – Perguntou Miranda, de repente.

     - Para desmentir o assunto “Victoria e Justin”.  – Falei, suspirando e levantando da cama.

     - Ah. – Notei um certo desânimo em sua voz.

     - O que foi?

     - Eu... Justin, eu só tenho a impressão de que Victoria vai estar sempre tentando nos afastar...

     - Ei, Victoria não vai fazer nada. – Assegurei. – Nós estamos juntos agora, o que mais importa?

     Segurei seu rosto entre as mãos. A ideia de fazer Miranda sofrer por algo relacionado a mim era repulsivo. Ela sorriu para mim, fiquei mais satisfeito.

     - Vem comigo? – Pedi.

     - Claro. Quero estar lá na hora em que você falar “Eu e Victoria não somos nada. E eu já estou namorando.” – Ela tentou imitar min há voz. Eu ri.

     - Quer que eu diga isso? Que estamos namorando?

     - Eu... – Ela hesitou e olhou em meus olhos. – Só se você quiser, Jus.

     Fitei-a por um segundo, tentando achar alguma indireta em seu rosto, mas não achei nada. Levantei e fui me trocar. Estar na frente das câmeras exigia total perfeição. Vesti algo que a meu ver estava bom. Qualquer coisa Ryan Good gritaria comigo e me mandaria vestir outra coisa.

~x~

     O saguão do hotel em que seria realizada a coletiva estava lotado. Eu tive que ser escoltado até a sala da coletiva, enquanto Miranda e Scooter apenas costuraram entre os jornalistas e fãs que ali estavam. As meninas gritavam meu nome enquanto eu passava, quando não estava, gritando eu te amo. Colocaram um telão que mostrava a bancada em que eu me sentaria lá dentro, para que quem estava no saguão pudesse ver o que se passava lá dentro. O que nesse caso, fazia as fãs mais felizes. Tenho certeza disso.

     A gente se encontrou atrás do palco montado.

     - Sem besteiras, Justin. – Scooter me alertou, com aquele olhar psicopata dele. – Miranda, pedi para reservarem um lugar para você, nos fundos. – Ele apontou. Eu olhei com cara feia para ele. “Nos fundos?”, perguntei-me, indignado. – Pode ir, porque nós já vamos começar.

     - Certo. Boa sorte, Jus. – Ela me deu um selinho demorado e saiu. Scooter ficou me olhando, surpreso.

     - Vocês estão namorando?

     - Sim! – Falei, meio bobo, ainda tentando lembrar meu nome. “Como é possível existir uma garota capaz de te fazer esquecer seu próprio nome?”, perguntei-me.

     - Já pode entrar, Justin. – Falou Scooter, me arrancando de meus devaneios.

     Subi no palco e quase fui cegado por milhões de fleches.

     - Boa tarde. – Falei, sendo educado.

     Todos me responderam de volta.

     - Bem, convoquei essa coletiva para resolver o assunto que tomou conta do Twitter, dos sites de fofocas, dos programas e etc. Enfim, vou ser curto e direto: Eu e Victoria não estamos namorando. Essa é a verdade. Ela se equivocou ao dizer que estávamos namorando. – Falei.

     - Isso quer dizer que você está solteiro, Justin? – Perguntou uma jornalista da ABC.

     Sorri para ela, que corou ao notar que sorria para ela.

     - Não. – Falei.

     O silêncio reinou. Encontrei o olhar de Miranda. Ela mordia o lábio inferior, mas estava sorrindo.

     - Então está namorando... Quem? – Perguntou a moça de novo.

     Scooter chamou minha atenção, balançando a cabeça negativamente. Hesitei.

     - Pede um intervalo! – Scooter cochichou para mim.

     Eu não podia pedir um intervalo, a coletiva mal havia começado! Olhei para a jornalista, que esperava uma resposta. Pude ouvir algumas garotas gritando no saguão: “Por que ele não responde logo?” e coisas do tipo. Meu celular vibrou. Era uma mensagem de Miranda.

     “Não precisa falar. Inventa qualquer coisa! O que estiver bom para você estará bom para mim. Xoxo”. Sorri para o celular.

     - E então, Justin? – A moça me apressou.

     - Desculpe. Eu quis dizer: Sim, isso quer dizer que estou solteiro. – Falei, dando o melhor sorriso falso que pude. Ouvi diversos gritinhos animados vindos do saguão.

     - Se o que vocês não estão namorando, o que explica o beijo protagonizado por vocês dois na festa que o cantor de R&B Usher deu? – Perguntou outro jornalista.

     Olhei para Miranda, que mexia freneticamente em seu cabelo, parecia incomodada.

     - Ah... A gente... Achou que se gostava, mas agora vejo que não somos a pessoa certa um pro outro. – Falei.

     - E por que ela não está aqui para desmentir a história com você? – Uma moça da TMZ perguntou.

     - Ela está viajando. – Respondi.

     - E essa confusão vai afetar o show que pretende fazer daqui a dois meses? – Ela perguntou.

     - Não. De forma alguma.

     O toque de um celular chamou a atenção de todos, já que a sala estava em silêncio. Como eu já estava olhando para ela, vi Miranda retirar o celular do bolso. Ela atendeu e se levantou, saindo apressada com uma expressão preocupada no rosto, sem parecer notar que todos a olhavam.

     - Não é a garota da festa do Usher? – Ouvi um jornalista perguntar para a moça da TMZ.

     - Intervalo. – Falei.

     Automaticamente todos se voltaram para seus notebooks, gravadores, celulares, folhas... E eu fui atrás de Miranda, pelos fundos, claro. Mas Kenny não me deixou ir. Liguei para ela.

     - Alo?

     - Miranda! O que houve?

     - Eu não sei, mas recebi uma ligação do hospital. Lizzie está internada.

     - Você quer meu carro? – Ofereci.

     - Não, obrigada. Posso pegar um táxi. Desculpa Jus. – A voz dela estava falhando.

     - Miranda. Você está se desculpando pelo o que? Vai para o hospital e depois eu vou para lá, ok?

     - Certo. Vou desligar. Tchau.

     - Tchau.

     Encarei o celular. Chaz também devia estar arrasado. Eles estavam namorando. E ele estava tão feliz com ela. O intervalo acabou e, relutante, subi no palco.

     Não prestei muita atenção nas perguntas. Algumas eu até respondia com clareza, mas algumas outras quem respondeu foi Scooter. Tentei não deixar transparecer meu alívio quando a coletiva acabou.

     - Scoot, estou indo para o hospital...

     - Aconteceu algo? – Perguntou ele, se levantando num pulo e colocando a mão na minha testa.

     - Estou bem.  Lizzie está internada. Miranda e Chaz estão lá, e eu preciso ir ver como eles estão. – Falei, me esquivando de sua mão.

~x~

     Quando eu entrei no hospital, não havia fotógrafo algum. Dez minutos depois, os fleches começaram a surgir.

     - Podemos ir para algum lugar mais reservado? – Perguntei à recepcionista, que olhava os seguranças do hospital que tentavam manter a imprensa fora.

     - Ah, claro. Por aqui.

     Chaz, Miranda e eu a seguimos. Apesar da sala ter uma parede de vidro e ainda ficarmos expostos, o barulho daquele amontoado de gente diminuía lá dentro, o que, de certa forma, compensava um pouco.

     - Já temos notícias? – Perguntei a qualquer um dos dois.

     - Não, ainda não temos nada... Chaz me explica de novo o que aconteceu? – Ela pediu a ele, que até aquele momento não havia dito nada.

     - Nós estávamos na piscina lá de casa. Ela escorregou e bateu a cabeça. Foi tudo tão rápido... Eu não soube reagir... – Ele começou a chorar. Miranda se sentou ao seu lado, abraçando-o.

     - Não foi sua culpa. – Ela falou.

     Sentei do outro lado de Chaz. Olhei Miranda. Ela parecia se segurar para não chorar com ele. Uma médica entrou na sala.

     - E então? – Perguntou Chaz, se levantando num pulo.

     - A situação dela ainda é difícil. Ela ainda está respirando por meio de aparelhos e estamos aguardando a radiografia para ver se não houve traumas. – A médica falou, pesarosa.

     Miranda enfiou o rosto nas mãos. Chaz saiu da sala assim que a médica saiu. Puxei Miranda mais para perto, abraçando-a. Ela soluçava enquanto suas lágrimas molhavam minha blusa. Senti um nó na garganta se formar; odiava ver Miranda chorar.

     Vi os fotógrafos se espremerem uns contra os outros para tirarem uma foto do Justin Bieber abraçando uma garota desconhecida até então. Tentei cobrir seu rosto, para não expor Miranda. Ela percebeu isso.

     - Ah, desculpa. – Falou ela, se levantando e enxugando as lágrimas. – Acho que não é o momento para isso. Tenho que me controlar... – Ela respirou fundo.

     Ficamos em silêncio por alguns segundos.

     - Demos um prato cheio para as revistas de fofoca agora. – Falou ela, num tom animado.

     - É. Vem cá. – Abri os braços e ela se aninhou por entre eles.

     - Não há problema ficarmos assim? – Ela perguntou.

     - Eu não sei, mas não me importo.

     - Quando vai dizer que estamos namorando?

     - Por mim eu diria agora. Mas parece que Scooter não acha que é uma boa ideia.

     - Não quero que se sinta forçado a fazer isso. Eu não me importo, mesmo.

     - Mas eu não acho justo não dizer ao mundo que estou com a melhor garota do mundo.

     Ela riu, sem graça. Ficamos em silêncio por alguns minutos e então notei que ela estava chorando em silêncio. Apertei mais o abraço.

     - Calma, vai ficar tudo bem. – Tentei consolá-la.

     - Eu só... Não sei se aguento passar por isso de novo... – Ela se interrompeu.

     - Miranda, relaxa. Lizzie vai ficar bem, você vai ver.

     - Como pode ter certeza? – Perguntou ela, parecendo uma criancinha incrédula.

     - Não posso. – Falei.

     Chaz entrou na sala. Parecia melhor, havia um sorriso no canto da boca.

     - Está melhor? – Perguntou Miranda.

     - Acho que sim.

     Ficamos em silêncio por um tempo. Tempo demais até a médica entrar na sala de novo.

     - Boas notícias. – Ela falou com um sorriso no rosto. – Houve uma pequena melhora. Os aparelhos já não são mais necessários, porém ela ainda está desacordada. A situação ainda é delicada, mas as radiografias não indicaram qualquer tipo de dano que vá deixar sequelas. Por enquanto é isso. – Falou ela. Olhei o crachá dela; Michele.

     - Obrigada. – Falou Miranda e Michele deu um sorriso esperançoso e saiu.

     - Já é alguma coisa, não é? – Falei, tentando animá-los.

     Chaz murmurou alguma coisa e Miranda sorriu.

     Ficamos lá por uma ou duas horas. Miranda havia se recostado em mim e dormiu. Acordou quando seus pais chegaram ao hospital.

     - Filha, eu sinto tanto! – Falou Charlote, abraçando-a.

     - Eu sei, mãe. – Falou ela. Anderson deu um beijo em sua testa e a abraçou.

     - Os pais dela já ligaram ou algo assim? – Charlote perguntou.

     - Não. Eles estão na Alemanha, mãe. Acho que vai demorar um pouco para eles saberem o que aconteceu.

     - Vai ligar para eles então?

     Miranda não respondeu. Nesse momento outra pessoa entrou na sala. Parecia terrivelmente abalada.

     - Como ela está? Meu Deus, onde ela está? – A mulher quase chorava.

     - Calma. Lizzie está melhor. Você é a tia dela, não é? – Miranda perguntou, segurando os ombros da mulher.

     - Sim, eu sou a Abigail.

     - Certo, vamos nos sentar e ficar calmos, ok? Assim que houver outra melhora, a médica virá aqui e nos dirá. Não adianta ficarmos apreensivos, adianta? – Miranda tentou acalmá-la.

     De repente a sala ficou cheia. Todos estavam sentados, olhando o nada. Alguns às vezes indignados com os repórteres fora do hospital, que já haviam se acalmado, mas ainda faziam barulho. Miranda estava abraçada ao pai dela, ao lado de sua mãe, que murmurava algo para ela. Eu estava sentado com Chaz. Não fazia ideia do que dizer para ajudar. Quase suspirei de alívio quando Michele entrou de novo na sala.

     - Ela acordou. Vai ficar em observação pelo resto do dia, mas já está bem melhor. Quem vai ser o primeiro a visitar a paciente?

     Abigail foi a primeira. Depois Chaz, que voltou visivelmente mais aliviado.

     - Vai quere vê-la? – Charlote perguntou a Miranda.

     - Eu... Vou só ver ela, falar um oi. Ainda não estou preparada...

    Ela levantou e saiu apressada. Voltou em menos de quatro minutos, e não parecia nada bem. Meu celular tocou e todos me olharam com reprovação, menos, é claro, Miranda. Saí da sala.

     - Alô?

     - Justin! Como estão as coisas aí? – Era Scooter.

     - Estão... Tensas. Ninguém está bem.

     - Bom, estou aqui na casa do Usher, temos que conversar, Justin.

     - Mas... Certo. Já estou saindo daqui.

     Ele desligou. Suspirei e voltei para a sala. Ajoelhei na frente de Miranda.

     - Eu vou na casa do Usher, quer vir comigo? – Perguntei delicadamente.

     - Eu não posso sair...

     - Vai, filha. Vai fazer bem a você sair daqui. Obrigada por convidar, Justin. – Charlote falou. Olhei para Anderson, que sorria em apoio à esposa.

     Miranda suspirou e se levantou. Saímos da sala e ela entrou no primeiro banheiro que viu.

     - Há uma saída pelos fundos? – Perguntei a uma enfermeira que estava passando pelo corredor.

     - Claro. Siga as escadas de incêndio. – Falou ela e depois seguiu apressada pelo corredor.

     Miranda saiu e eu a puxei para dentro da porta vermelha no fim do corredor. Descemos alguns lances de escada até vermos a placa em verde que indicava a saída.

     Contornamos o hospital e fomos com muito cuidado até meu carro. Quando estávamos seguros dentro dele, Miranda riu.

     - Meu Deus, parece que somos uma espécie de fugitivos do governo. – Ela comentou.

     - Então vamos fugir do país e então vai ser só eu e você. – Falei, acompanhando a brincadeira.

     Dirigi até a casa do Usher: a cobertura mais cara de Atlanta.

     - Demorou a chegar, Bieber. – Falou Scooter ao abrir a porta. – Oi Miranda, como você está se sentindo?

     - Estou... Bem. – Ela falou.

     Miranda sentou-se no sofá enquanto Scooter me puxava para o escritório do Usher. Não queria deixar ela sozinha, mas tenho certeza de que Scooter não iria deixar Miranda ouvir nossa conversa.

     - Ei, Jus. – Falou Usher, levantando os olhos de seu iPad. – Já olhou os sites de fofocas, o Twitter, os programas de TV, ou qualquer outra coisa?

     - Não, ainda não tive essa oportunidade. – Falei.

     Ele me entregou o iPad e eu li o que antes ele estava lendo. Zilhões de fotos minhas com Miranda na sala de espera do hospital. As manchetes eram especulativas. Várias páginas do Twitter e de sites de fofocas estavam abertas. Todas tinham pelo menos uma foto nossa. Algumas traziam fotos de Victoria ao lado, como uma comparação. Olhei para os dois adultos que me fitavam.

     - Que confusão, hein, Justin? – Scooter falou.

     - Ainda não achei uma solução. A publicidade é boa, mas não poderemos omitir a verdade para sempre. – Falou Usher, pensativo.

     - Não é melhor dizermos logo tudo de uma vez só? – Sugeri, mas fui ignorado pelos dois.

     - Talvez possamos deixar tudo no mistério até o show. – Scooter falou.

     - Não. É tempo demais para enrolar a imprensa. Os paparazzi iriam descobrir antes do show, pode ter certeza disso.

     Suspirei. Aquilo era tão complicado...

     - Vamos esperar mais um tempo. Seja cuidadoso ao máximo, Justin. Talvez quando chegar a hora certa, iremos saber. – Usher falou.

     Olhei para os dois. Por que eles me obrigaram a dirigir até aqui afinal? Para não resolver nada?

     - Então é isso. Vamos ficar aqui e analisar as opções. E você vai para casa e não vai esquecer que amanhã tem gravação. – Scooter disse.

      Suspirei e saí da sala. Miranda mexia em seu celular.

     - Vamos? O que está fazendo? – Perguntei.

     - Somos um casal famoso, Jus. – Falou ela, virando o visor do celular para mim. Apenas sorri. – E por que eu sou “A garota da festa do Usher”?

     - Vamos embora, garota da festa do Usher.

     Ela riu fraco e se levantou. Dirigi até minha casa.

     - O que vamos fazer aqui? O que eu vou fazer aqui? – Ela perguntou.

     - Aqui você vai ficar bem longe daquele hospital. – Falei.

     Abri a porta para ela. Deixei as chaves e o celular na mesa de centro da sala.

     - Mãe? – Chamei, subindo as escadas.

     - Jus, tem um recado aqui para você. – Miranda falou da sala.

     Desci e peguei o papel da sua mão. Era da minha mãe. Ela havia saído para um jantar.

     - Bom, parece que estamos sozinhos. Vai ser pizza ou comida chinesa? – Sugeri.

     - Como é?

     - Você precisa comer alguma coisa. Vamos pedir pizza.

     Peguei o telefone e disquei o número da pizzaria que sempre pedíamos pizza. Miranda sentou no sofá e reclamou baixinho do frio. Liguei a lareira da sala.

     - Que legal! Você tem um controle universal! – Miranda falou.

     Dei de ombros.

     - Um presente ou luxo do Usher.

     Ela pegou o controle da minha mão.

     - Qual é o botão da luz? – Ela perguntou.

     Mostrei e ela mexeu até achar a luminosidade que queria. A sala era quase iluminada só pela lareira. Sentei no sofá e ela deitou a cabeça em meu colo.

     - Usher falou que em breve poderemos contar ao mundo que Justin Bieber tem uma namorada. – Falei.

     - Acredite se quiser, mas é legal ser só a garota da festa do Usher. – Ela falou.

     - Você é a minha garota.

     Ela sorriu e olhou o fogo, ainda com o sorriso bobo no rosto. Acariciei seu rosto macio e quando dei por mim, estava acompanhando a cicatriz dela com a ponta do dedo indicador. Ela estremeceu.

     - Ah, desculpa. – Falei, sem graça.

     - Tudo bem. – Falou ela, sorrindo.

     A pizza havia chegado.

     - Você pode ir lá pegar? – Pedi para Miranda.

     - Sei não, hein? Namorar você requer muita boa vontade. – Ela falou enquanto ia para a porta. Eu ri.

     Ela voltou com a caixa da pizza.

     - Vamos ver do que você gosta. – Falou ela, tirando a tampa da caixa. – Mozarela e bacon. Como conserva esse corpo, Jus?

     Eu ri alto. Ela pegou um pedaço da pizza.

     - Hm, quer dizer então que meu corpo é... – Falei sugestivamente.

     Ela corou.

     - Você é besta, Justin Bieber.

     - E você fica me secando. – Rebati. Ela jogou uma almofada em mim.

     - Não tanto quanto você me seca!

     - Admito e não tenho vergonha: você é linda, Miranda.

     Ela corou mais ainda.

     Depois de comermos, fomos para o meu quarto. Íamos jogar videogame, eu havia dito que ia ensiná-la como jogar.

     - Ah! Desisto! – Miranda gritou depois da minha sexta vitória. Eu ri da reação dela. – Você tinha que aliviar para mim.

     - Ah, eu tinha? Não senhora! Vocês, mulheres, queimaram sutiãs para terem os mesmos direitos que os homens, agora você quer cavalheirismo? – Falei.

     - Não quero cavalheirismo porque sou mulher, quero porque sou sua namorada. – Ela falou. – E porque seu eu ficar chateada com você, pode esquecer beijo, abraço... – Ela completou, brincando.

     - Ah, não, sem beijo não! – Entrei na brincadeira.

     Ela riu e me deu um selinho, depois deitou na minha cama. E eu fiquei sentado no chão, encostada na cama. Recomecei outro jogo e ganhei a partida.

     - Viu como seu namorado é demais? – Falei virando para ela, mas ela estava dormindo. Olhei o relógio digital em cima do criado mudo. Era quase meia noite.

     Desliguei a TV e deitei ao seu lado. Adormeci olhando seu rosto sereno.

~x~

     - Justin, vem tomar café. – Minha mãe me chamou baixinho.

     Acordei de súbito. Miranda ainda dormia. Levantei da cama com todo o cuidado para não acordá-la. Minha mãe soltou uma risadinha.

     Descemos em silêncio. E eu estava me preparando para alguma conversa sobre aquilo.

     - Como foi a noite? – Ela perguntou assim que eu sentei na cadeira da mesa.

     - Nós comemos pizza, jogamos videogame e depois ela dormiu. Aproveitei e fui dormir também. – Falei a mais pura verdade.

     - E eu deveria acreditar nisso por que... ?

     - Porque eu estou falando a verdade.

     - Certo. Justin, eu quero...

     - Respeito! Eu sei disso, mãe.

     - Sabe, Jus, eu sei que nessa idade as coisas ficam um pouco estranhas, vocês garotos passam a sentir algo diferente com relação às garotas. Isso é perfeitamente normal. Mas...

     - Mãe! Por favor, não vamos ter essa conversa de novo. – Falei, colocando o rosto entre as mãos. Logo em seguida me certifiquei de que não havia ninguém escutando.

     - Mas, não deve apressar as coisas. – Ela continuou falando como se eu não tivesse dito nada. – Portanto...

     Recusei a mim mesmo de ouvir o discurso. Fiquei no modo automático e engoli meu café da manhã. Dei um beijo na bochecha da mulher que ainda falava e subi de volta para meu quarto.

     Escovei os dentes, tomei um banho e vesti algo para ir fazer as gravações. Quando voltei para o quarto, Miranda estava acordando.

     - Bom dia! – Falei, me ajoelhando ao seu lado.

     - Bom dia. – Ela sorriu. – Eu dormi aqui? Ai, meu Deus! Meus pais vão me matar! Que horas são? – Miranda falou tudo de uma vez, sentando-se na cama.

     - Ei, relaxa.

     - Relaxar? Meu pai vai te matar, Justin! – Ela quase gritou. – Não, ele vai me matar e depois vai matar você, é isso o que ele vai fazer.

     Eu só consegui rir.

     - Para de rir. – Ela falou.

     - Desculpa. Vamos logo então. – Falei, puxando-a.

     Ela calçou o tênis dela e me seguiu.

     Quando estacionei o carro na frente da casa dela, Miranda saltou do carro e entrou correndo em casa. Fui logo atrás dela.

     - Sam, Sam! Meus pais já acordaram? – Ela perguntou à moça, que limpava a mesa de centro da sala.

     - Seus pais não dormiram em casa, meu amor. O que, aliás, você também fez. Onde estava? – Sam perguntou.

     - Eu... Dormi na casa da mãe do Justin. – Falou Miranda. – Meus pais ainda estão no hospital?

     - Estão. Deixaram uns cinco recados para você. Anotei e coloquei tudo lá no seu quarto.

     Miranda disparou escada acima. Sorri para a moça que me olhava. Subi as escadas com menos velocidade que Miranda, ainda sorrindo, sem graça.

     - O que foi? – Perguntei assim que fechei a porta do quarto dela.

     - Lizzie...

     - Ah... Miranda... Eu... – Tentei falar, mas nada me parecia reconfortante o suficiente.

     De repente Miranda me abraçou.

     - Ela está melhor! Vai receber alta hoje! – Falou ela.

     Eu sorri. Era impossível não sorrir quando Miranda estava tão feliz.

     - Vamos comemorar! – Sugeri.

     - Como?

     - Não sei... Eu fico satisfeito com um beijo. Não posso começar meu dia sem um...

     Ela colou nossos lábios automaticamente. Às vezes ela sorria e eu sorria também. A alegria dela era contagiante, literalmente. Quando nos separamos, ambos estávamos ofegantes. Ela ainda sorria.

     - Menina, que alegria. – Falei.

     - Prefere que eu chore?

     - Não! Claro que não.

     Ela riu e me deu um selinho. Alguém bateu na porta.

     - Sim? – Miranda perguntou, se afastando e sentando na cadeira da escrivaninha.

     - Vim deixar a roupa do Justin... Ah, oi Justin. – Kate entrou no quarto. – Ela está te incomodando?

     Miranda fez cara feia para ela. Reprimi a vontade de rir.

     - Ah, não. Se ela me incomodar pode deixar que eu mesmo aviso Kenny para tirá-la daqui. Não se preocupe. – Garanti.

     - Certo. Aqui está sua roupa. Estaremos te esperando lá embaixo. – Ela avisou e saiu do quarto.

     - Vai me expulsar do meu próprio quarto? Achei que essa era a tarefa dela. – Miranda falou.

     - É claro que não. Você jamais me incomodaria.

     - Sei. Vá se trocar. Eles estão te esperando. – Ela falou e saiu do quarto.


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Notas finais do capítulo

HAHA, esse capítulo no Word tem 19 páginas .-.eu achei que, por esse número, poderia ser o suficiente talvez eu poste mais alguma coisa ainda hoje :Dbeijos :*