Capítulo 005:Lark em perigo!

       Krink, Juhs, Amn e Luyul, acompanhado de seu filho Diell e de sua esposa Marrncifer, permanecem em silêncio, olhando uns para os outros, ainda com os olhos levemente marejados de lágrimas.

            Luyul: Krink... é muito bom, muito bom mesmo que você esteja bem! Você estava numa situação bastante ruim, pensei que você pudesse...

            Krink: Sim, Luyul! Eu também pensava o mesmo que você... eu estava quase certo de que não conseguiria sobreviver...

            Juhs se aproxima mais dos dois.

            Juhs: Sim, a recuperação do Krink foi fabulosa!

            Krink: Mas eu preciso agradecer a vocês, eu nunca teria me recuperado rápido assim se vocês não tivessem se esforçado para cuidarem de mim.

            Luyul: Todos vocês vieram direto para cá quando nos separamos?

            Amn: Sim, viemos, sim. Com exceção de você e do Lark que foram procurar as suas famílias... viemos carregando o Krink e, quando chegamos aqui, começamos a tratar de todos os machucados dele e o deixamos adormecido por alguns minutos.

            Juhs: Pois é. A sorte é que nós tínhamos levado ervas medicinais para a missão, elas ajudaram bastante no tratamento dele.

            Luyul: Entendo... e falando no Lark, ele não chegou ainda, não é?

            Krink: Não, infelizmente não.

            Luyul se vira para o caminho da ponte, observando-o franzindo os olhos, à espera de ver alguém se aproximando, mas não viu absolutamente ninguém, apenas sentiu uma leve brisa batendo em seu rosto. Ele então se volta novamente para os seus amigos e, logo em seguida, dá uma olhada no cenário ao redor, observando que apenas eles estavam ali, mais ninguém. Dirige seu olhar para frente e vê um barco relativamente grande boiando sobre a água logo à frente do local retangular em que estavam. Este barco, por sua vez, parecia ser construído a base de um material bastante semelhante à madeira, porém com uma coloração mais escurecida.

            Luyul: Juhs, Amn! Vocês já conseguiram montar o barco, perfeito!

            Os outros três Bours se viram para ver o barco por um breve instante e no momento seguinte já voltam a se dirigir a Luyul.

            Juhs: Ah, sim! Os pescadores daqui não quiseram ceder seus barcos, mas, pelo menos, eles nos autorizaram a usar alguns materiais que eles tinham por aqui...

            Luyul: Ah é, e quanto aos pescadores, onde é que eles estão? Não deviam estar por aqui também, afinal, este é o porto deles...

            Amn: Logo que chegamos aqui, eles ficaram bem assustados, mas explicamos rapidamente a situação para eles. Bom, então, com medo de que fossem atacados pelos Logrus e também receosos de não nos oferecerem ajuda, eles decidiram ir embora daqui com seus barcos, mas deixaram alguns materiais para que pudéssemos fabricar o nosso próprio... e foi o que nós fizemos.

            Luyul: Maravilha! Para construir um barco desses... vocês foram bem habilidosos. Mas os pescadores partiram... eles foram para onde?

            Amn: Isso eu já não sei, só saíram dizendo que não queriam se meter numa linha de fogo caso houvesse uma batalha entre nós e os Logrus. Talvez eles até tenham partido para a cidade de Roul, para a qual nós vamos também.

            Luyul: É... bem, vamos assim que o Lark chegar, não é? Puxa, ele está demorando, estou com medo de que os Logrus possam nos alcançar aqui.

            Juhs: Não se preocupem, ele é forte e cuidadoso, tenho certeza de que não será capturado pelos Logrus até chegar aqui, certamente ele já deve estar perto.

            Luyul: Eu espero que sim.

            Enquanto isso, o grande grupo de membros da raça Logrus continua parado diante da moradia de Diell e de seus pais, que, agora, está numa situação horrível, completamente depredada. Aquele que parece ser o líder do grupo (o mesmo que comandou a invasão da casa de Diell) fecha lentamente os seus olhos. Alguns dos Logrus fazem uma expressão de estranhamento.

            Um dos Logrus: O que é que ele está fazendo?

            O líder permanece com os olhos fechados, numa expressão bem séria em seu rosto, como se estivesse se concentrando fortemente para fazer alguma coisa. Um outro Logru se adianta um pouco para responder à pergunta de seu companheiro em uma voz bem baixa.

            Outro Logru: Ele está usando telepatia.

            Um dos Logrus: Telepatia? Como assim, o que você quer dizer?

            Outro Logru (mantendo o seu baixo tom de voz para não quebrar a concentração do líder): Ele deve estar tentando se comunicar mentalmente com outra unidade de busca. Fique calado, para que a mensagem seja passada eficientemente, ele precisa estar com a mente concentrada, qualquer barulho vindo de fora afeta a telepatia.

            Um dos Logrus: Certo, certo, entendi.

            O líder permanece com seus olhos fechados até que, em um momento, ele os meche, quase que imperceptivelmente.

            Líder do grupo (pensando): Parece que eu consegui captar a presença dele. Ryumann... Ryumann... você está me ouvindo Se estiver me ouvindo, responda imediatamente.

            Alguns segundos se passam e o líder não obtém resposta.

            Líder do grupo (pensando): Droga... Ryumann, responda logo!

            Desta vez, ele ouve uma voz ecoando no interior de sua cabeça, uma voz relativamente grossa.

            Ryumann (por telepatia): Sim, sou eu, Herrz... eu estou te ouvindo... o seu grupo conseguiu encontrar alguma coisa?

            Herrz (pensando): Nada! Encontramos apenas uma moradia deles, porém, não havia ninguém lá. De qualquer maneira, depredamos a moradia, eles não poderão mais voltar para cá. E quanto a vocês, tiveram algum resultado?

            Ryumann (pensando): Por enquanto nada! Mas nós ainda não acabamos de vasculhar a nossa área, falta pouco! Se não encontrarmos nada, teremos que confiar tudo aos dois outros grupos que estão vasculhando as outras áreas ao redor do Centro. Mas eu estou esperançoso, estou torcendo para encontrar um deles pelo menos!

            Herrz (pensando): Entendo... você disse que falta pouco, para onde está indo agora?

            Ryumann (pensando): O meu grupo já investigou duas fronteiras aqui perto, mas nenhum de nós encontrou nada suspeito! Só há mais uma fronteira para investigarmos e aí fechamos a nossa área.

            Herrz (pensando): Qual é a fronteira?

            Ryumann (pensando): A dos pescadores! Estamos indo para lá agora mesmo!

            Herrz (pensando): Certo... eu e meu grupo iremos retornar para a nossa morada e aguardaremos novas ordens! Desejo-lhe sorte, meu amigo!

            Ryumann (pensando): Certo, muito obrigado e boa sorte pra vocês também!

            Herrz então abre os olhos e se volta para os seus companheiros.

            Herrz: Como viram... não encontramos nada! O grupo de Ryumann também está tendo dificuldades, esses ratos Bours... definitivamente sabem se camuflar muito bem!

            Um dos Logrus: E o que faremos agora?

            Herrz: Vamos voltar para a morada. Não podemos fazer nada agora, apenas esperar por novas ordens! Vamos indo!

            Todos os membros do grupo concordam com um ruído bastante semelhante a um grito de guerra e, logo em seguida, todos eles começam a se distanciar em grande velocidade da casa de Diell.

            Um outro grande grupo de Logrus está em uma região bastante cercada de árvores, e, neste grupo, um Logru se destaca: sua pele é muito avermelhada, mais do que as dos outros, com vários olhos pelo corpo e estacas muito maiores fincadas em seus cotovelos, além disso, seu corpo é bem mais alto e mais musculoso também. Um dos membros do grupo se aproxima deste Logru, lhe fazendo uma pergunta.

            Um dos Logrus: Ryumann... como está indo a equipe de busca do Herrz?

            Ryumann (com uma voz bem grossa e parecendo bastante irritado): Péssimo! Assim como nós, eles também não conseguiram encontrar nada! Não acredito que cinco Bours... cinco Bours... estão dando tanto trabalho para os Logrus! Inferno!!!

            Todos os outros Logrus ficam com expressões apreensivas, nitidamente amedrontados pelas palavras de Ryumann.

            Ryumann (mantendo o seu tom de voz bastante alto: Mas ainda assim, nós não terminamos de vasculhar a área designada a nós! Ainda falta...

            Neste momento, todos eles escutam um forte farfalhar de folhas que veio de uma das árvores próximas, farfalhar este que claramente não foi provocado pelas leves brisas que chegavam àquele lugar. Todos os Logrus ali começam a se virar para todos os lados.

            Ryumann (agora murmurando): Shh... Todos vocês... silêncio... há alguém por aqui...

            Eles começam a olhar para as copas das árvores, a busca de alguém.

            Entre as densas folhas e galhos de uma árvore a quase dez metros atrás do grupo de Logrus, está um ser, também de pele esverdeada e com chifres pretos na cabeça. Ele está agachado sobre um galho bem grosso e vai colocando seu rosto bem lentamente para froa das folhas, quando vê a grande quantidade de seres vermelhos lá no chão. No momento seguinte, como se tivesse tomado um susto, ele se recolhe novamente entre as folhas. Este ser era um Bour.

            Bour (pensando): Eu estava avançando muito rápido, se não tivesse percebido a presença de seres por aqui a tempo... eu estaria frito!

            O grupo de Logrus continua atento, olhando ao redor, mas não vêem nada.

            Ryumann (já elevando um pouco a voz): Vamos dar só mais uma breve vasculhada por aqui! Talvez não seja nada... então, depois seguiremos direto para o Porto dos Pesacdores, é a única fronteira que falta para o nosso grupo!

            O Bour ouve isso e arregala os olhos, sentindo uma forte palpitada dentro de seu peito.

            Bour (pensando): Eles estão indo... para o Porto dos Pescadores! É onde o Juhs, Amn e o Krink está preparando o barco para escaparmos... droga!! Eles devem estar me esperando para irem embora... precisamos ir antes que este grupo de Logrus chegue lá, mas... agora que eles estão tão perto de mim, como é que eu vou chegar lá antes deles?! Droga! Se eles chegarem antes de mim, conseguirão pegar os meus amigos! Eu não posso deixar que algo assim aconteça, senão nunca vou me perdoar!