O Rei das Trevas escrita por Cdz 10


Capítulo 42
Capítulo 042: Todos os Logrus estão a postos...




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Capítulo 042: Todos os Logrus estão a postos...

 Ryumann permanece sentado no pé dos poucos degraus de entrada do Castelo dos Logrus, a sua cabeça agora está um pouco abaixada, encarando o chão revestido de flores muito bem cuidadas um pouco à frente. Como de costume, a sua expressão facial ilustra uma clara impaciência.

Ryumann (pensando): Merda! Por quanto tempo mais eu terei que ficar aqui sem fazer nada?! Será que o senhor Ternetts ainda vai demorar muito?!

Como se fosse uma resposta para esta pergunta mental de Ryumann, os dois guardas trajando prateadas armaduras defronte ao portão de entrada da Morada dos Logrus assumem uma postura bastante ereta e, no segundo seguinte, fazem uma reverência, um tanto profunda, curvando-se bastante. A movimentação chama a atenção de Ryumann, que ergue a cabeça quase que instantaneamente. Ao fazer isto, ele consegue ver dois Logrus se aproximando do portão de entrada, já há poucos metros. Ele arregala os olhos numa expressão um tanto esperançosa.

Ryumann (pensando): Ainda bem! Maravilha!

Diante do portão da morada, o líder Ternetts e o comandante Shinn param de andar, ao mesmo tempo em que os guardas se colocam um pouco para os lados e fazem uma leve movimentação com os seus braços a fim de que o portão se abra, algo que, por sua vez, acontece provocando um ranger mais ou menos fraco no solo. Ao perceber a presença dos dois, Ryumann se põe imediatamente de pé, como se fosse um soldado.

Ternetts e Shinn entram e os guardas fecham o portão novamente, fazendo mais uma reverência quando os dois Logrus passam por eles.

Ryumann: Senhor Ternetts... Gostaria de lhe informar que já estou com os membros de minha equipe aqui comigo, eu e Kiu já fizemos a divisão e a equipe dele já partiu para a região central da nossa cidade.

Ternetts apenas balança a sua cabeça em sentido positivo com uma expressão relativamente severa em seu rosto, algo que não se diferencia muito da expressão encontrada na face de Shinn.

Ternetts: Certo... Felizmente não precisamos recrutar muitos Logrus desconhecidos... os familiares de Shinn poderão fazer parte da equipe de busca dele e quanto aos demais membros, a grande maioria é composta de conhecidos, não só de Shinn, mas dos demais comandantes também. Há poucos desconhecidos, creio que isto será bem melhor para o nosso trabalho.

Ryumann: Com exceção da equipe de Herrz e da de Rattara, os times restantes todos terão nove membros, certo?

Ternetts: Exatamente. É o que eu falei antes, todos os oito times deverão ter o mesmo número de integrantes.

Ryumann: Entendo. Os demais já foram para as suas respectivas regiões de busca?

Ternetts: Já. Ghoor e Jok já foram para a região leste, Lenyh e Krak estão mais próximos de nós, aqui mesmo na região norte enquanto que Huytwik já foi ao sul e creio eu que Kiu já deva ter chegado à região central. Rattara já deve estar indo a Roul, enquanto Herrz provavelmente está no Porto Turístico. Só estão faltando vocês dois mesmo, Ryumann e Shinn. Agora que os membros de suas equipes já estão definidos, ambos devem partir o mais rápido possível para a região oeste de Lunn.

Shinn balança a cabeça positivamente na mesma hora.

Shinn: Sim, senhor, Ternetts.

Ryumann: Naturalmente, senhor. Eu irei buscar os meus subordinados agora mesmo. Com a sua licença.

Fazendo uma reverência bem menos profunda do que a que foi feita pelos guardas de entrada da Morada, Ryumann se vira de costas e entra no castelo. Logo após, Ternetts olha para o céu, a sua expressão é de nervosismo e um tanto de preocupação. Shinn fica observando-o por alguns poucos segundos até que começa a falar.

Shinn: Eu nunca imaginei que nós, Logrus, poderíamos um dia ter tanto trabalho por causa de um ser da raça Bour! Estamos mobilizando uma grande quantidade de membros da nossa morada para caçá-lo, duas equipes de trinta, mais oito de nove, sem contar com os comandantes... são cento e trinta e dois subordinados, mais dez comandantes, o que totaliza cento e quarenta e dois Logrus caçando um único Bour. Mas que coisa...

Ternetts agora abaixa um pouco a sua cabeça, mas não encara Shinn.

Ternetts: Naturalmente que eu estou um pouco preocupado com este Bour, bem como com as ações desta organização criminosa chamada CIV... mas, mesmo assim, não é isso o que me preocupa de fato neste momento.

Realmente. A mente de Ternetts ainda está focada naquele ser que denunciara a invasão da CIV à morada, não só pelo fato de este ser misterioso já saber de tudo o que iria acontecer, mas também pelo grande poder que ele possuía.

Ao ouvir as palavras do líder dos Logrus, Shinn faz uma expressão de estranhamento quase que no mesmo momento.

Shinn: O que o senhor quer dizer com isto, senhor Ternetts? O que está realmente preocupando o senhor, senão este Bour?!

Agora Ternetts se vira um pouco para Shinn e o encara nos olhos por praticamente um segundo, mas logo depois desvia o seu rosto na direção à porta de entrada do Castelo dos Logrus.

Ternetts: Não é nada... Esqueça.

Shinn: Certo...

Os dois ficam então esperando pelo regresso de Ryumann com a sua equipe de busca.

Ternetts (pensando): Que coisa! Eu quero muito acabar de vez com a vida deste Bour, e já estou considerando isto quase como certo, afinal, é como o Shinn mesmo disse, estamos mobilizando muitos Logrus para caçá-lo, mais cedo ou mais tarde conseguiremos capturá-lo... então, eu deveria estar tranqüilo, mas por que é que eu tenho a impressão de que isso tudo não se resume apenas a este Bour ou apenas à CIV?! Deve ser aquele ser maldito que está me causando este mau pressentimento...

Neste momento então, a porta de entrada do Castelo se abre. Os pensamentos de Ternetts são praticamente quebrados e sua atenção é despertada pelo ser que começa a vir lentamente em sua direção. Ryumann sai do castelo, sendo seguido pelos seus nove subordinados. Todos ficam muito amontoados ali naquele pequeno local.

Ryumann: Aqui está a minha equipe, senhor Ternetts.

Ternetts: Sim, estou vendo. Acompanhem-me, todos vocês.

O líder dos Logrus se vira e vai andando lentamente até o portão de entrada da Morada, o qual é aberto rapidamente pelos guardas de armaduras prateadas, que, mais uma vez, fazem uma profunda reverência quando Ternetts, Shinn, Ryumann e os subordinados passam por eles. Logo em seguida, voltam a fechar o portão. Os Logrus vão andando pelo caminho esbranquiçado por quase vinte metros, até que Ternetts pára e então se vira para todos os outros, que, ao perceberem que o líder havia parado, repetem este mesmo movimento.

Ternetts: Muito bem. Vocês dois, Ryumann e Shinn, já estão prontos para partirem em direção à região oeste de Lunn. Assim como as recomendações que foram dadas aos demais comandantes, eu digo a vocês o seguinte... Sejam impiedosos em suas investigações, se for preciso, usem violência e técnicas de tortura, não tenham nenhum tipo de misericórdia, entenderam bem?

Todos os Logrus acenam positivamente com a cabeça, mas apenas os comandantes Ryumann e Shinn respondem com a boca.

Ryumann e Shinn: Sim, senhor!

Ternetts: Eu não sei ao certo qual são os planos desse Bour e nem ao menos os da CIV, mas se eles tentaram invadir a nossa Morada em busca da pedra, não é impossível que tentem alguma coisa de novo, ainda que eu ache isso um tanto improvável, mas, mesmo assim, é melhor prevenir... portanto, eu cuidarei de organizar a segurança de nossa Morada, mobilizando a maior parte dos Logrus restantes que possuem alguma habilidade de combate. E se vocês acharem o Bour, têm a minha autorização para liquidá-lo de uma vez, entenderam?

Ryumann e Shinn: Sim, senhor!

Ternetts: Certo! Os subordinados da equipe de Shinn estão esperando mais à frente, encontrem-se com eles e partam. Vão!

Os Logrus balançam a cabeça e começam então a avançar rapidamente pelo caminho esbranquiçado cercado de flores pelos lados, na direção oposta à da Morada dos Logrus, enquanto que Ternetts continua virado na mesma posição, olhando então o castelo.

Ternetts (pensando): Essa pedra... será ela o único motivo de tudo isso que está acontecendo conosco?!

Uma vez mais aquele ser misterioso invade a cabeça do líder dos Logrus.

Enquanto isso, no interior de um aposento relativamente largo, mas não tão comprido, com um chão de material um tanto pedregoso, de cor preta e branca que se alternam entre si em formato quadriculado, com uma pequena escadaria ao canto direito mais ao fundo e algumas portas de coloração bem preta nas paredes, estão dois seres caídos sobre o chão, ambos sangrando um pouco, sobretudo na boca. Um deles possui longos cabelos dourados e três pequenos pontos vermelhos na testa, seus olhos muito azuis e brilhantes, visivelmente um ser feminino, sua pele extremamente clara, quase da cor branca, trajando longas vestes de mesma coloração, uma aparência bastante bonita. Ao seu lado, um ser menor, de curtos cabelos dourados, olhos esverdeados, só que com orelhas muito mais pontudas e duas longas antenas que saem da testa e dos ombros, além de estacas amareladas que se projetam dos joelhos.

Ambos os seres estão com expressões de dor e medo em suas faces, caídos ao chão, mas não deitados e sim quase que sentados, arrastando-se para trás lentamente, deslizando pelo solo, seus olhos erguidos olhando para seres avermelhados e recobertos de olhos que se estendem à sua frente. O comandante Herrz está acompanhado de cinco dos seus subordinados, todos com expressões de intensa seriedade em suas faces.

Herrz: Sua imbecil maldita! Não vai nos dizer mesmo onde está esse Bour?!

Incontrolavelmente, algumas lágrimas começam a escorrer dos olhos do ser feminino, e isso é observado pelo ser menor, que olha rapidamente de lado para ela.

Ser menor: Ma... Mamãe... não fique assim, por favor, eu não vou deixar que eles a matem... eu vou protegê-la de qualquer maneira...

Apesar destas falas, o ser de cabelos dourados curtos também está se sentindo ligeiramente nervoso, com algumas gotas de suor escorrendo pelo seu corpo devido ao medo que sente. A sua mãe o repreende quase que na mesma hora.

Mãe: Seu idiota, pare de falar besteiras! Você não pode enfrentar seres como os Logrus, deixe de dizer asneiras, filho, por favor, não piore as coisas!

A bela mãe volta a olhar para Herrz e os outros. A sua voz sai com extrema dificuldade, misturada com gagueira e também com os soluços de choro e desespero que sente neste momento.

Mãe: Se... Senhor... Eu juro... juro que não vimos nenhum Bour por aqui, não adianta continuar perguntando para nós...

Herrz faz uma expressão de raiva.

Herrz: Putz, que merda! Eu só estou achando gente inútil, que não nos ajuda em coisa alguma! Eu já estou ficando realmente puto! De qualquer maneira...

O comandante se vira um pouco de lado para os seus subordinados. Que se encontram um pouco atrás.

Herrz: Vocês! Comecem a revistar toda a moradia e tentem encontrar qualquer pista, a mínima que seja! Vão logo!

Os cinco subordinados respondem quase como se fossem em coro.

Subordinados: Sim, senhor!

Imediatamente, dois deles vão na direção de uma das portas escurecidas das paredes enquanto que os outros três avançam, passando pelos dois seres feridos e começam a subir a escadaria. Ao ver estes três subindo, acompanhando-os com a cabeça, a mãe do ser menor entra em desespero e solta um alto grito.

Mãe: NÃO! POR FAVOR, NÃO!!!

Os três Logrus naturalmente a ignoram completamente e continuam a subir no mesmo momento em que os outros dois já destruíam violentamente uma das portas daquele andar de baixo. Herrz sorri maliciosamente.

Herrz: “Por favor, não”, você diz, é? Por que será, hein?

O seu sorriso continua, enquanto que a mãe fica desviando o olhar da escadaria para Herrz e vice-versa, enquanto que o seu filho está virado um pouco de lado na direção da escadaria.

Herrz (em tom de deboche): Vamos lá, vamos lá, responda! Por que todo este desespero?! Está escondendo alguma coisa lá em cima, certo?!

O ser feminino não responde nada, apenas para de ficar mexendo a sua cabeça, desviando o seu olhar de um lado para o outro e então abaixa o rosto, colocando as suas mãos contra ele e começando a chorar muito mais intensamente, as lágrimas escorrendo em abundância por entre os seus dedos. O seu filho se vira para ela no mesmo instante, enquanto Herrz sorri ainda mais.

Herrz: Hahaha! Ora, ora... não é que você está realmente escondendo alguma coisa lá em cima? Mas se você não quer dizer, pouco me importa, seja lá o que for, não vai escapar das nossas mãos!

Ela continua chorando intensamente, enquanto o seu filho fica encarando-a e depois, olhando para Herrz. Os três subordinados continuam subindo a escadaria até que chegam ao início do corredor de cima e, neste instante, o ser feminino se levanta, vira-se e começa a correr incontrolavelmente, indo na direção da escada também. O seu filho solta um alto grito.

Ser menor: MÃE, NÃO!!!

Ela o ignora totalmente e permanece avançando, mas não chega nem mesmo a dar mais três passos quando Herrz se movimenta em uma grande velocidade, passando pelo ser menor como se fosse um rápido feixe de luz, e a segura por trás, apertando fortemente o seu braço direito contra o pescoço dela, o que a faz abrir a boca para puxar ar no mesmo segundo.

Herrz: Sua idiota! Não ajuda e ainda atrapalha, fique quieta, merda!!

Ela permanece sendo sufocada, enquanto seu filho, há quase três metros atrás, se levanta de um salto, com uma intensa expressão de fúria em seu rosto, agora algumas lágrimas também saem de seus olhos.

Ser menor: Miserável!! Solte a minha mãe agora, maldito!!!

Sem demora, o pequeno avança correndo indo em direção de Herrz e então o atinge com um soco no meio de suas costas, mas este não sente absolutamente nenhuma dor.

Herrz (sorrindo ironicamente): Seu pirralho... Antes você disse que iria proteger a sua mãe de qualquer maneira... é com isso que pretende protegê-la, seu moleque de merda?!

O pequeno retira rapidamente o seu punho das costas de Herrz e recua lentamente alguns passos enquanto o comandante vai se virando em sua direção. Um segundo depois, o ser menor agora vê a sua mãe diante de si, com os olhos esbugalhados e a boca escancarada, puxando ar, o seu pescoço envolvido por um braço musculoso e vermelho que a aperta fortemente, as lágrimas ainda caem. Ela ainda mexe os olhos, está viva, mas, se continuar assim, não por muito tempo. Ao lado do rosto da mãe, o de Herrz se mostra, sorrindo maliciosamente.

Herrz: Venha, venha, garoto. Você não vai defender a sua mãe?! Haha...

O ser menor fica com uma expressão de desespero em seu rosto, agora chorando bastante vendo a sua mãe sendo enforcada. A esta altura, os dois subordinados que se mantém no andar de baixo estão adentrando outra porta, algo que desperta momentaneamente a atenção de Herrz e do pequeno, que olham na direção deles por um segundo, mas, logo em seguida, voltam a se encarar.

Herrz: Entende agora que é inútil resistir, certo, garoto idiota? Não se preocupe, pelo menos por agora, eu não pretendo tirar a vida de sua mãe, só quero ter certeza de que não estão escondendo nada por aqui e isto deve ser confirmado por nós mesmos! Mas, se vocês dois me estressarem muito, eu certamente perderei a paciência e então os matarei sem nenhuma piedade, será que deu para você entender?

A mãe abre ainda mais a boca, buscando por mais ar e o seu filho fecha os olhos na mesma hora, desviando o rosto um pouco para o lado, suas lágrimas agora saem mais rapidamente e em maior quantidade também.

Herrz: Isso, isso... parece que finalmente entendeu, não é mesmo?

O ser menor então se ajoelha quase que involuntariamente e abaixa a sua cabeça, chorando bastante, as lágrimas pingando ao chão, no mesmo instante em que os três subordinados que haviam subido a escadaria anteriormente regressam ao topo dela, no início do corredor, com o Logru do meio carregando algum tipo de embrulho branco nos braços.

Logru: Senhor Herrz... encontramos uma coisa aqui...

Herrz desvia o seu olhar um pouco para o lado para encarar a escadaria e, no segundo seguinte, solta o ser feminino e lhe desfere uma forte joelhada nas costas, o que a faz cuspir um pouco de sangue e ser impulsionada alguns passos para frente até cair fortemente de frente ao chão, bem ao lado de seu filho que, por sua vez, levanta rapidamente a sua cabeça e se vira para a sua mãe, colocando as suas mãos sobre as suas costas e a sacudindo fortemente.

Ser menor: Mamãe, mamãe!! Como é que a senhora está?! Por favor, me responda, mamãe!

Herrz se vira na direção da escadaria, olhando os seus subordinados.

Herrz: Tragam aqui de uma vez!

Os três Logrus descem rapidamente a escada e param diante do comandante, enquanto que a mãe vai se mexendo um pouco no chão e então se vira, ficando agora com as costas encostadas no piso pedregoso. Uma fina linha de sangue escorre pelo lado direito de sua boca enquanto que o seu filho abre um sorriso vacilante.

Ser menor: Ainda bem que você está viva, mamãe...

Ela não olha para o filho ao seu lado, mas apenas para os Logrus à sua frente, erguendo um pouco o seu pescoço para poder observá-los melhor.

Mãe: She... Shelk...

O ser menor rapidamente se vira para os Logrus. O do meio agora está desembrulhando o tal objeto esbranquiçado e em poucos segundos, lança o pano branco para longe e segura o que estava dentro dele até então com os seus dois braços. Herrz estica levemente a sua cabeça para ver e, depois de quase uns dois segundos, abre um grande sorriso em sua boca.

Herrz: Ora, era só isso... um bebê, quem diria...?

Uma pequena criaturinha, com as bochechas bem rechonchudas, a pele tão clara como a da mãe, e orelhas apenas um pouco pontudas, bem menores do que as do irmão, e, até aquele momento de sua vida, não havia despertado antenas e nem estacas através de seu corpo. O minúsculo ser é realmente muito bonito.

Mãe: Não... por favor... não façam nada ao Shelk...

Herrz retira a sua cabeça de cima do bebê e vira-se para o ser feminino e o seu filho mais velho, ficando de costas para os seus subordinados.

Herrz: Putz, fala sério! E eu achando que poderia ser alguma coisa útil para nós!

Neste instante, os outros dois subordinados acabam de sair do último aposento daquele andar que, agora, tem todas as suas portas destruídas. Eles se reúnem aos demais e um deles fala.

Logru: Não há nenhuma pista do Bour, senhor Herrz.

O comandante dirige os seus olhos de lado para os subordinados que estão às suas costas, e logo depois, volta a encarar os dois seres à sua frente.

Herrz: Merda... Realmente imprestáveis...

O ser feminino permanece olhando para os Logrus, em especial àquele que segura o seu bebê, ainda com os seus olhos um tanto molhados de lágrimas, ao mesmo tempo em que Herrz se aproxima alguns passos dos dois seres, ficando bem na frente deles, encarando-os com uma expressão de seriedade.

Herrz: Malditos, cretinos! Só perdemos tempo com vocês dois, desgraçados! Mas, pelo menos, até que vocês se comportaram razoavelmente, com exceção dos seus chiliques, sua idiota e das suas atitudes insensatas, seu pirralho, mas, mesmo assim... não irei matar vocês dois e nem ao menos aquele bebê... creio que já perdemos tempo demais aqui para não acharmos nada que nos ajude a encontrar aquele maldito Bour...

O comandante se vira rapidamente aos seus cinco subordinados.

Herrz: Vamos embora daqui de uma vez, não há nada útil! E deixem esta droga de bebê aí mesmo!

O Logru que segura a pequena criaturinha apenas concorda com um rápido sacolejar de sua cabeça e, no segundo seguinte, lança o minúsculo ser com uma certa violência na direção da mãe, que, por sua vez, ao ver isso, solta um alto grito e de súbito se ergue, sentando-se no chão pedregoso no mesmo instante em que o bebê cai sobre as suas mãos. Incontrolavelmente ela o abraça com bastante força, agora chorando bastante. O filho mais velho se aproxima um pouco mais deles dois. Herrz oberva esta cena por quase um segundo e faz uma expressão que mistura sentimentos de desprezo em nojo em sua face.

Herrz: Certo, venham!

Herrz passa pelos dois seres e o bebê andando rapidamente e sendo seguido às suas costas pelos seus cinco subordinados e então, em questão de poucos segundos, deixam aquela moradia, fechando violentamente a porta escurecida ao sair. O filho mais velho fica observando-os sair com os seus olhos ligeiramente virados de lado e, quando eles não estão mais ali, ele volta a se virar para a sua mãe que permanece agarrada fortemente com o seu bebê.

Filho mais velho: Hum! Espere só o papai saber do que aconteceu aqui hoje, tenho certeza de que esses Logrus vão se arrepender!

Como se acordasse de algum tipo de sonho, a mãe arregala os olhos por um momento e então desvia a sua atenção para o seu filho mais velho, mas ainda assim continua fortemente agarrada à sua pequena criaturinha.

Mãe: Escute aqui, Holky, eu acho melhor nós não contarmos nada disso para o seu pai, entendeu?

Holky: Como?! Mas por que não?!

Mãe: Você sabe como ele é! Se ficar sabendo, tenho certeza de que ele vai querer acertar as contas com os Logrus... mas você mesmo viu como eles são fortes e cruéis, Holky! O seu pai não poderia fazer nada a eles, mas até que ele entenda isso...

Holky ouve tudo aquilo, mas, ao término da fala de sua mãe, ele faz uma cara de nojo, olhando ligeiramente para a porta de entrada de sua moradia.

Do lado de fora, Herrz fica no centro dos outros cinco Logrus e, momentaneamente observa os cadáveres dos turistas e dos guardas que matara, bem à frente, defronte à construção do Porto Turístico. Logo em seguida, observa as moradias ao redor: muitas delas já estão destruídas, algumas totalmente e outras apenas em algumas partes e na frente da maioria estão Logrus de sua equipe se movimentando freneticamente, eles indo de uma ponta para outra em grande velocidade a fim de conseguirem alguma pista que pudesse levá-los mais perto do Bour Krink.

Herrz (pensando): Merda... Parece que eles ainda não conseguiram encontrar nada útil também... Tsc, mas que droga, estou sentindo que o Bour não passou pelo Porto Turístico... Mas de qualquer maneira, não podemos fazer nada além de continuarmos procurando, seguindo as ordens do senhor Ternetts.

Enquanto isso, em uma região cercada de árvores (assim como quase todas as áreas da cidade de Lunn), dos mais variados tamanhos, grandes, médias e pequenas, algumas tão pequenas que se assemelham muito mais a arbustos do que a árvores, estão localizadas algumas moradias também, algumas parecidas com ocas e outras com mini-castelos, havendo até mesmo a presença de torres. Defronte há praticamente cinqüenta metros de uma delas, uma moradia de quase dez metros de altura, com duas torres aos lados e um grande portão negro de entrada, estão diversos Logrus atrás de dois dos comandantes: Ghoor e Jok.

Ghoor: E então...? Invadiremos esta aqui agora?

Jok fica observando a grande moradia durante alguns segundos com uma expressão de pensamento e dúvida em seu rosto.

Jok: Eu acho que não é necessário nós dois invadirmos uma mesma moradia, seria uma imprudência fazer isso uma vez que acabaremos perdendo tempo, duvido muito que haja alguém forte aí que nos dê tanto trabalho.

Ghoor: Entendo... uma divisão é o que você sugere então, certo?

Jok concorda com um rápido movimento de sua cabeça.

Jok: Sim... Creio que você, Ghoor, poderá invadi-la levando cerca de oito membros consigo, restando então dez Logrus sobre o meu poder para que possamos invadir outras moradias.

Ghoor: Certo, certo...

Jok: Ainda que eu ache que oito seja demais, mas mesmo assim, só para prevenir mesmo...

Ghoor: Sim, eu entendo. Essa moradia, se eu não me engano... Este formato... é da Jinhy-Ka, certo?

Jok: Sim... É fato que os seus guardas são mais fracos do que os Logrus, disto eu tenho absoluta certeza, mas mesmo assim, as armas e armaduras deles não são de se jogar fora, devem ter alguma técnicas de combate razoavelmente boas... Por isso, se o Bour decidiu refugiar-se na região leste de Lunn, é provável que ele tenha se escondido com a família Jihny-Ka, tenho certeza de que eles dariam proteção a ele e de bom grado... leve oito com você mesmo, acho que é um bom número.

Ghoor: Sim... pegarei oito do meu próprio time de busca, sobrando um para se unir ao seu. Escolha qual o que você quer.

Jok acena positivamente e então começa a olhar cuidadosamente, um a um para os Logrus pertencentes à equipe de busca do comandante Ghoor, até que aponta o seu dedo indicador na direção de um que traja roupas relativamente coloridas e compridas.

Jok: Você! Venha comigo...

O Logru apenas concorda e vai para perto de Jok, ficando mais próximo dos demais de seus subordinados.

Jok: Bem, conto com você, Ghoor. Creio que não se faz necessária a elaboração de algum tipo de estratégia para invadir a propriedade de Jihny-Ka, é como eu disse antes, eles são bons, mas com certeza não se comparam com as habilidades e força dos Logrus.

Ghoor: É, eu sei, estou ciente disso, Jok. Não se preocupe, eu irei investigá-los com eficiência.

Jok: Certo!

O comandante se vira rapidamente para os seus dez subordinados e então ergue a sua mão direita de maneira ereta.

Jok: Vamos lá!

Os Logrus respondem em alto e bom som.

Logrus: Sim, senhor!

Então, em um rápido movimento, Jok e seus dez subordinados saltam para os galhos das árvores ao redor e começam a avançar para a diagonal, e, depois de quase uns dez segundos, passam direto pela moradia dos Jihny-Ka, até que Ghoor os perde totalmente de vista.

O comandante, logo depois de deixar de observar o seu companheiro se distanciando, dirige o seu olhar para a grande moradia da família Jihny-Ka à frente.

Ghoor: Bem... Jihny-Ka... vai ser divertido invadi-los...

Neste momento, um dos seus Logrus subordinados pertencentes à sua equipe de busca se aproxima mais de Ghoor, tocando levemente o seu ombro direito, o que desperta a atenção do comandante quase que instantaneamente, fazendo-o se virar para encará-lo.

Ghoor: O que você quer?

Logru: Nada em especial, senhor, é só que... bem, o senhor Jok disse que não é necessário fazermos estratégias para invadirmos a moradia deles porque, segundo ele, os membros da família Jihny-Ka são bastante inferiores aos Logrus, e, disso eu não duvido, mas mesmo assim...

Um outro Logru subordinado, alguns poucos centímetros mais alto, também se aproxima do comandante e começa a falar.

Logru mais alto: Isso mesmo, senhor Ghoor. Apesar de eles serem bem mais fracos, essa família Jihny-Ka... não é a mesma daquela tal lenda do Império de Kehn?

Ghoor: Sim, sim, é a mesma. Mas é o que você mesmo disse, aquilo tudo não passa de uma lenda... e, ainda assim, mesmo que a lenda seja uma verdade, isso não significa que a família Jihny-Ka seja perigosa, ainda mais para nós! De qualquer maneira, invadiremos com cuidado, mas sem descuidarmos da violência e brutalidade! Entenderam?

Os subordinados respondem em sincronia.

Logrus: Sim, senhor!

Em uma região cercada de florestas bem altas e mato relativamente alto, há apenas cerca de um quilômetro da Morada dos Logrus, mais uma grande quantidade destes seres avermelhados se movimentam por entre os grossos galhos, ao todo, vinte Logrus, sendo dezoito deles comandados pelos dois comandantes responsáveis pelo patrulhamento da região norte da cidade de Lunn, Lenyh e Krak. Eles avançam por mais alguns segundos até que os dois param diante dos demais, fazendo-os parar também.

Lenyh: E então, Krak, eu acho melhor nos dividirmos a partir de agora.

Krak acena positivamente.

Krak: Sim. A nossa tarefa aqui vai se limitar a simples vigia e patrulhamento da região já que não há moradias, então é pouco provável que precisamos invadir alguma coisa ou de nos depararmos com algum tipo de inimigo forte, portanto creio que não seja necessário ficarmos juntos.

Lenyh: Sim, eu sei. Eu posso ficar com a parte leste da região norte e você com a oeste, e ainda desprenderei alguns Logrus meus para ficarem observando algumas áreas próximas à entrada da nossa Morada.

Krak: Sim, faça isso mesmo. Eu irei deixar alguns dos meus na parte do meio da região também, precisamos dividir bem os nossos membros para que não deixemos nenhuma área sem observação.

Lenyh: Certo, vamos indo então!

Krak: Sim!

Krak se vira rapidamente para os seus membros e ergue a sua mão.

Krak: Venham comigo!

Ele começa a ir rapidamente por entre os galhos para a esquerda, sendo seguido pelos seus subordinados, até que desaparecem de vista, quando Lenyh se vira para os membros da sua equipe.

Lenyh: Ouçam bem, vocês entenderam o que devemos fazer, certo? Partiremos para a parte leste da região norte e de lá eu enviarei quatro membros para vigiarem as partes mais próximas da entrada de nossa Morada, dois ficando mais próximos e os outros dois mais à frente um pouco... quando eu escolher os quatro eu dou recomendações mais claras. Estamos entendidos?

Logrus: Sim, senhor!

Lenyh: A parte central, como ouviram, ficará a encargo da equipe de Krak então não precisaremos nos preocupar muito. Agora, venham!

Lenyh começa a avançar pela direita, também sendo seguido pelos seus nove Logrus.

Em uma área onde existem diversas árvores, porém mais dispersas do que as da região norte, com mato relativamente raso e diversas rochas por muitos lados, o comandante Huytwik está à frente dos seus nove membros, olhando cuidadosamente ao redor, não havendo nenhum sinal de vida de qualquer ser vivo. Após alguns segundos, ele se vira para os de sua equipe.

Huytwik: Muito bem, pessoal, muito bem... já estamos no sul de Lunn! Agora, precisamos definir as áreas que cada um irá patrulhar... vejamos... todos aqui sabem que a região sul possui um considerável número de grutas e cavernas, certo? Devemos investigá-las a fundo, e isso deverá acontecer bem rápido, já que a essa região aqui é relativamente pequena e, até por causa disso, acho que o Bour não deve ter se escondido por aqui, sendo uma área que não é grande, seria relativamente fácil de encontrá-lo, mas, de qualquer maneira, deveremos investigar... nós iremos nos dividir em duplas e cada uma investiga um determinado grupo de rochedos. Nos encontraremos aqui neste mesmo ponto, certo?

Logrus: Sim, senhor!

Enquanto isso, uma grande quantidade de comerciantes e seres consumidores da zona central da cidade de Lunn está correndo e, alguns outros tentam proteger ao máximo as suas mercadorias das ferozes ações de cinco Logrus que atacam violentamente as diversas tendas e lojas instaladas por ali. Um cenário de total confusão e rebuliço, com bastante gritaria e correria para todos os lados.

Comerciante: LOGRUS! LOGRUS! CORRAM, RÁPIDO!!!

Diversas compras dos comerciantes são jogadas ao solo, espatifando-se, enquanto eles fogem ligeiramente, ao mesmo tempo em que lojas e tendas vão sendo destruídas por fortes golpes dos cinco Logrus. Um deles, relativamente alto e musculoso, se aproxima de uma alta e larga tenda recoberta de lona branca, atrás da qual estão três seres coloridos, nitidamente da mesma raça.

Logru: Ei, respondam de uma vez! Viram algum Bour passar por aqui?!

Os seres não estão em condições de responder, várias gotas de suor escorrem de seu rosto indo através do pescoço, sem contar que estão tremendo demais, inclusive a boca, os redondos dentes batendo uns nos outros ligeiramente. O Logru faz uma expressão facial que indica fúria.

Logru: Respondam, seus putos!!

Um deles se aproxima um pouco do Logru, mas ainda se mantém atrás da tenda.

Ser colorido: Nós... Nós... não fazemos idéia, não... Não vimos nada!

Logru: Tsc... Seus lixos!!

O Logru ergue as suas duas mãos para acima da cabeça e, logo no segundo seguinte, as desce em grande velocidade, desferindo um poderoso golpe que atinge a tenda em um grande estrondo, desmontando-a violentamente por cima dos três seres comerciantes que, assim como tantos outros na região central, soltam altos gritos ao sentirem os estilhaços atingindo-os. Sem dizer nem fazer mais nada, o Logru avança rapidamente rumando para uma pequena loja feita de material que mais parece pedra escurecida incrustada de dourado. Cenas como esta vão se repetindo a cada segundo que se passa, não só em relação aos comerciantes mas aos consumidores também: a algazarra toma conta daquele local.

Enquanto isso acontece, o comandante Kiu está ao lado de dois Logrus sobre o local retangular que marca o final da longa ponte do Porto dos Pescadores, enquanto que, há alguns metros atrás do início da ponte, estão dois Logrus sobre grossos galhos de árvore, como estivessem esperando pela chegada de alguém.

Kiu: Bem, nós já vasculhamos essa região aqui próxima ao Porto dos Pescadores, mas não encontramos nada, definitivamente o Bour não se encontra aqui...

Um dos Logrus localizados ao seu lado começa a falar então.

Logru: O que significa que, a partir de agora, só devemos observar bem esta região aqui e ver se o Bour volta, certo?

Kiu balança a cabeça em sentido positivo.

Kiu: É isso aí, mas fiquem sempre bem atentos, entenderam? Os dois que estão lá atrás não ficarão parados, eles irão fazer rondas entre curtos intervalos de tempo e nós três não vamos fazer diferente. Iremos observar bem todo o caminho da ponte, o início e o final dela, entenderam? Não sabemos o que é que aquele maldito Bour pode tramar.

Os dois Logrus concordam com a cabeça rapidamente.

Kiu: Quanto à região do comércio não precisamos nos preocupar... só espero que aqueles cinco façam uma boa investigação.

Então, o comandante anda um pouco mais para frente, ficando na extremidade do local retangular que dá para as águas e fica olhando para o horizonte durante alguns poucos momentos.

Kiu: Hum! Ao que tudo indica, Rattara já partiu há algum tempo em direção à cidade de Roul... aquele maldito Bour que o aguarde, caso ele esteja em Roul... Rattara definitivamente irá assassiná-lo sem nenhuma piedade!  

Neste instante, há vários e vários metros à frente, sobre as águas situadas entre a cidade de Lunn e a de Roul, o barco guiado por Rattara segue sacolejando, avançando. Ele permanece na extremidade da frente do barco, bem próximo ao volante, enquanto que os seus trinta subordinados permanecem espalhados pelo restante do veículo, alguns com expressões de sono, outros com tédio. Então, os olhos de Rattara são invadidos por uma imagem ao longe, o que o faz arregalar os olhos no mesmo instante.

Rattara (em uma voz um tanto alta): Isso!

Alguns membros de seu time de busca percebem a manifestação do comandante e se aproximam dele.

Logru: O que foi, senhor Rattara?! Alguma coisa aconteceu?!

Rattara aponta com o seu dedo para frente e os Logrus olham para lá. Uma grande extensão de terra se estende no horizonte, assim como algumas construções mais ou menos altas daquela distância.

Logru (já sorrindo um pouco): Aquilo... Aquilo é...

Rattara: Sim! É Roul! Já estamos bem próximos! Heh! Maravilha! Tomara que este Bour esteja aí... será um prazer arrancar a cabeça desse bastardo maldito!!!

O comandante rapidamente adquire um sorriso malicioso em sua face.


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