Justin

- Justin... filho... acorde.

Olhei para o lado. Minha mãe me sacudia sem parar. Revirei os olhos.

- Mais cinco minutos – Implorei.

- Não – Ela respondeu serena – Temos que ir para New York. Esqueceu?

- E... – Cocei meus olhos – Onde estamos?

- Em Boston, Justin – Minha mãe olhou para cima – São nove e quarenta e cinco. Demora duas horas para chegar a New York. Sua namorada vai estar lá, lembra?

Lembro. Claro que lembro! Á tanto tempo não via Selena. Sentia uma extrema falta dela.

Joguei a minha coberta marrom para o outro lado da cama, e me levantei. Caminhei até a minha mala que estava em cima de uma mesa e tirei minha calça preta e minha blusa branca de dentro dela. Me vesti rapidamente.

- Te espero no ônibus. Vamos tomar café lá mesmo – Minha mãe falou.

- Ok – Respondi – Vou terminar de arrumar minhas coisas, e depois vou para lá.

Observei minha mãe sair do quarto, e quando ela fechou a porta, eu voltei a deitar na cama. Ia para New York, e fazer alguns shows lá. E logo depois ver minha namorada. Mas eu estava esquecendo alguma coisa.

Ouvi o som do meu iphone. Caminhei de novo para a minha mala. Lá estava meu celular tocando. Era uma mensagem.

‘Preciso falar com você. Muito sério. [mensagem quebrada] Ellie’

ELISE! Claro, Elise! Me lembro dela. Meio difícil de esquecer claro, mas... agora que eu e Selena começamos nossa vida sexual, eu meio que me esqueci que alguns detalhes. Elise estava certa. Eu ia me esquecer dela aos poucos. Mas ela precisava falar comigo? Que estranho. Será que ela estava com algum problema? Maldita mensagem quebrada! Odeio quando meu celular faz isso.

- Ei, Justin – Ouvi a voz de Kenny.

Me virei. Ele estava parado na porta. Scotter estava logo atrás dele falando no telefone. Parecia um pouco irritado os dois.

- Está fabricando suas malas e roupas Justin? – Scotter gritou comigo sem tirar o celular da orelha – Anda, anda!

- Ok, já estou indo! – Falei.

‘Oi El. Estou indo agora para New York. Não sei se vai dar para nós dois nos encontrarmos, estou cheio de coisas para fazer. Te mando uma mensagem qualquer coisa’

Digitei rápido e mandei de volta para ela. Só pelo estresse de Scotter, ele deve ter marcado quatrocentas mil entrevistas e noites de autógrafos. Enfiei tudo rapidamente dentro da minha mala, e dei para Kenny carregar carrega-la, enquanto eu carregava a outra de sapatos. Fui descalço mesmo, até o ônibus.

Mas agora isso ficou na cabeça. O que será que Elise queria comigo? Elas mesmo disse que era para dar um basta na nossa ‘relação’. Realmente, foi uma coisa passageira que eu senti por Elise. Eu amo mesmo é Selena. Ok, eu tenho que admitir uma coisa: o sexo com Elise foi bem melhor do que com Selena. Também, convenhamos, Elise é uma prostituta e teve muito tempo para praticar. Bem, vamos ver depois o que isso dá.

Entrei no ônibus apressado, e logo depois de mim, entrou Kenny e Scotter. Algumas pessoas entraram também, mas eu corri para o meu ‘quarto’. Cai na cama, morrendo de sono.

                                               ****

Elise

- Ele respondeu El? – Mark me perguntou, se inclinando do sofá para minha direção.

- Respondeu – Franzi o cenho – Acho que ele não percebeu que a situação é realmente séria.

- Ele é um babaca – Completou Mark – Aposto que é.

- Não Mark, não é isso. Ele é um menino de 17 anos que não sabe que vai ser pai. E detalhe: tem namorada.

- Ok, então ele ainda não sabe que é um babaca – Riu.

Pensei. Estava tudo complicando a minha situação! Corri até o celular de Mark, e disquei o numero da minha casa em New York o mais rápido o possível. O telefone tocava, tocava, e ninguém atendia. Até que ouvi a voz de Chelsea mal humorada como sempre:

- Oi, porra.

- Chels? – Falei quase chorando. Á tanto tempo não ouvia a voz dela!

- El? – Ela parecia feliz e surpresa ao mesmo tempo – Como está? E meu irmão?

- Amiga, eu falo tudo depois. Preciso de uma ajuda sua – Falei.

- Ah, sempre precisando de ajudas – Ela parecia irritada agora – Mas fale, o que houve?

- Arrume o meu quarto aí em New York. Estou indo para aí agora.

Mark levantou as sobrancelhas em reprova. Bem na hora, Dorothy saiu do banheiro do quarto de Mark, e se juntou á ele para assistir o filme que passava.

- Jura mesmo? – Chelsea falou feliz – Ok ok, pode vir! Mas não quer me contar o que está acontecendo antes?

- Você tecnicamente já sabe – Respondi meio baixo – Eu te conto tudo quando chegar.

- Amiga, são quatro horas de trem ou de ônibus para cá! – Chelsea reprovou – E você não tem dinheiro para pagar uma passagem de avião.

- Qual é o mais barato? – Perguntei.

- ELA ESTÁ QUERENDO IR PARA NEW YORK? – Dorothy berrou no fundo, logo depois de ter raciocinado – ELISE, VOCÊ ESTÁ CURSANDO HARVARD, HARVARD – Ela repetiu bem devagar – JÁ PENSOU NO TANTO DE CONTEUDO QUE VOCÊ VAI PERDER SE FALTAR UM DIA?

- EU PREFIRO PERDER CONTEUDO A PERDER O PAI DO MEU FILHO DOROTHY – Respondi no mesmo tom de voz do que ela.

Chelsea aparentava estar calada no fundo do telefone. Mas percebi que logo depois ela estava cochichando com alguém.

- Quem está aí? – Perguntei.

- Grace – Ela falou – E o cliente dela. Sabe aquele cara que conhece Scotter?

- ‘Gerard’ – Ouvi Grace falando para ela no fundo do telefone.

- Gerard – Chelsea falou em tom de nojo – Então, você vem, ou vai se influenciar por opiniões alheias?

- Eu vou – Falei sem mais demandas – Daqui á pouco estou aí.

Desliguei o telefone. Mark e Dorothy pareciam sem reação. Depois de dez segundos, Dorothy levantou bruscamente.

- Eu arrumo alguém para pegar a matéria para você. AGORA VÁ LOGO ARRUMAR SUAS MALAS, JUSTIN JÁ ESTÁ INDO PARA NEW YORK!

Ela gritou. Logo depois, eu sorri. Corri para o meu dormitório que era do outro lado do campus. Passei mal quando abri a porta do meu quarto. Fui para o banheiro e pus tudo que tinha comido no café para fora. Merda.

Peguei minha escova de dente, e botei um pouco de pasta de eucalipto. Escovava meus dentes enquanto ia socando tudo dentro de uma bolsa grande minha. Roupas, minha carteira, celular, tudo socado no mesmo lugar.

Mark e Dorothy entraram no quarto de repente. Mark falava no telefone, e Dorothy sorriu para mim.

- Já arrumou tudo? – Ela riu.

- Entre aspas não é – Sorri.

- Ok – Mark falava no telefone – Ok, ponha tudo na minha conta do cartão. Isso mesmo, duas passagens para New York ás 11 da manhã. Chegamos lá quantas horas mais ou menos? Ah... umas quatro, cinco horas? Ah sim. Obrigada – Ele desligou.

- Duas? – Estranhei.

- Acha que vou te deixar ir sozinha, grávida, para New York? Alguém precisa dar uns socos no Justin não é?

Corri para abraçá-lo. Ele era um ótimo amigo.

- De ônibus? – Dorothy fez um bico.

- Era o mais barato – Mark falou – Vamos, vamos! Ainda temos que arrumar as minhas coisas, e já são dez horas!

                                                     ****

Justin

- Justin, me passe a batata frita, por favor – Chaz pediu.

- E o big Mac também – Ryan pediu logo em seguida.

- E o refrigerante – Os Caitlin e Chris falaram na mesma hora.

- Calma, sou só um! – Ri – Vou pegar.

Fui até o outro lado do ônibus para buscar os lanches dos meninos que eu tinha deixado na cozinha. Ainda estávamos dentro do ônibus, mas já tínhamos chegado em New York. O ônibus que era só preto e as janelas também eram pretas, deixava o ônibus despercebido pela cidade. Tínhamos parado na frente do Mc Donald’s e Kenny estava dormindo no mini sofá que tinha na sala. Ryan, Chaz, e os irmãos Beadles tinham vindo me visitar aqui em New York. Estava frio, e quase anoitecendo.

- Olha! – Ryan apontou para fora do ônibus – Gatas!

Eu e os meninos olhamos para onde Ryan apontava. Tinham três meninas e um homem passando pela calçada do lado do Mc Donald’s. Os quatro riam sem parar. Uma das meninas tinha cabelos pretos gigantescos, a outra era loira, e a ultima carregava uma espécie de mala e tinha cabelos marrons escuros até metade das costas. O menino ajudava a morena a carregar a mala. Observei melhor. Eu a conhecia de algum lugar.

E então, ela olhou para o ônibus. Deixou seu rosto muito claro. Elise!

Arregalei meus olhos e cai no chão surpreso na mesma hora.

- Justin! – Chaz veio na minha direção – O que houve?

- Ele se assustou com a beleza das meninas – Ryan soltou uma risada cômica.

- Eu conheço... uma das meninas! – Me levantei em um pulo.

Corri para o final do ônibus, e sai de dentro dele. Os quatro estavam entrando em um prédio exatamente do lado do Mc Donald’s! Voltei a correr atrás deles, mas bem na hora, a porta do prédio fechou. E era totalmente preto, que nem as janelas do meu ônibus. Eles estavam se divertindo tanto, jamais iam olhar para trás para me ver.

Dei um passo para trás. Pisei numa folha branca, parecia um documento. Estranhei e agachei para pega-lo. Era realmente um documento.

‘Clinica de aborto New York’

E logo depois tinha o nome de Elise. Estava na hora de acertar as contas agora.