Capitulo 18 – Laurent

Edward e eu corremos de volta a casa dos Denali e toda a minha concentração foi voltada ao verme que se espalhara pelo grande sofá, como se fosse o dono da casa.

Bem, ele eventualmente mora ali, certo?

De qualquer forma, eu estava tão focada em minha ira, que quase não reparei que faltavam duas pessoas ali. Mas resolvi deixar isso para lá, com Alice e Jasper eu me entenderia depois.

— Então é verdade o que os bons ventos me disseram. A pequena Bella está viva, afinal. – O vampiro de olhos vermelhos exclamou, sorrindo.

O único naquela sala que o fazia, a propósito. Irina se postara atrás do sofá, perto de sua cabeça, como uma guardiã, enquanto Tanya se movera automaticamente para o lado de Edward, que estava um passo atrás de mim, quase no meio da sala. Carlisle e Esme estavam de pé em frente à lareira. Kate, Carmen e Eleazar se postaram em frente á varanda, e fechando o quase circulo estavam Rose e Emmett, bloqueando a porta.

Todos tinham as expressões sérias, sabiam o que possivelmente aconteceria ali. Provavelmente, era por isso que Irina estava tão nervosa...

— Isso já não é mais uma novidade, Laurent. Não á quase cem anos. Já não sou nenhuma jovenzinha.

Ele espelhou o sorriso cínico que eu o lançara, ainda relaxado como se não estivesse em perigo de morte. Pobre e doce criança iludida.

— Comparada aos outros nessa sala, incluindo a mim mesmo, é claro, você é apenas um bebê, minha jovem.

— A minha experiência nessa existência não é realmente a pauta que eu gostaria de discutir. – cruzei os braços em frente ao peito.

Laurent se levantou do sofá e parou a alguns passos de mim. Irina era como sua sombra.

— E o que estaria em pauta, então?

Nos encaramos por alguns minutos. Ele sabia exatamente o que eu queria, mas estava jogando. Infelizmente pra ele, eu era muito competitiva. Eu nunca perdia.

— Nos deixem sozinhos. – pedi, sem desviar meus olhos dos dele, apesar de ser mais um comando. Todos começaram a se mover, exceto Irina. Movi meus olhos para ela. – Eu disse nos deixem sozinhos. Entendeu ou quer que eu desenhe, loira dois?

— Não fale assim com ela. – Tanya se voltou para mim. Eu apertei os lábios em uma linha fina, girando meu corpo para ela por alguns segundos. Minha paciência com a cosplay da Paris Hilton indo para o espaço.

— Edward, controle suas loirinhas. – Eu a ignorei, me virando novamente para Laurent. Tanya rosnou e avançou para mim, mas antes que ela pudesse fazer qualquer movimento contra mim, eu me virei de frente para ela novamente e a encarei seriamente, enquanto tomava o controle de seus movimentos, assim como os de Irina.

—Entendam garotas, eu não peço, eu mando. Sou realmente uma pessoa muito boa e gentil, até alguém me irritar. E se há uma coisa que me irrita, é ter de mandar duas vezes. – minha voz era baixa e rouca, venenosa e mordaz. Irina engoliu em seco. – Agora, vão! – soprei, e contra a vontade delas, suas pernas começaram a se mexer e a levá-las para o lado de fora. Ambas me olharam em pânico, mas logo eu já não as via mais. Meus olhos passaram por Rosalie, que sorriu e piscou pra mim. Eu só rolei meus olhos, segurando um sorriso.

A mão de Carlisle pousou suavemente em meu ombro.

— Não precisava fazer isso. – ele disse, sua voz baixa e calma, com o intuito de me acalmar.

— Eu não gosto de me repetir, Carlisle. – respondi. Ele assentiu e saiu, acompanhado pelos outros de perto. Só eu e Laurent ficamos na sala.

Eu finalmente voltei meus olhos para ele, que me estudava com seus olhos milenares.

— Acho que você entendeu o recado, certo?

— Ainda não sei o que quer de mim. – disse, dessa vez sem o sorriso, mas seus olhos ainda me desafiavam. Sem tirar meus olhos dos seus, sorri e movi uma das cadeiras da sala de jantar para a sala. Laurent engoliu em seco.

— Você sabe o que eu quero, Laurent. Chega de joguinhos. Somos ambos adultos, vampiros e vacinados. Não há porque esconder nada. – eu disse, andando em circulo em volta dele. Laurent umedeceu os lábios, negando calmante.

— Eu não sei do que você está falando.

Sorri cinicamente e me postei atrás dele, sussurrando em seu ouvido.

— Oh, sabe sim. Sua amiguinha, Victória. Eu soube que ela tem me procurado... E que você tem se encontrado com ela.

— Não vejo Victória há quase cem anos.

Eu estalei a língua três vezes, me afastando dele e o rondando novamente.

— Eu odeio mentiras, Laurent. E posso sentir o cheiro delas á quilômetros. – o encarei, olhando fundo em seus olhos. Ele me mediu de cima a baixo. – Sente ai. – comandei, e involuntariamente seu corpo foi jogado na cadeira.

Agora ele estava assustado.

— Quer retirar o que disse? – perguntei, me inclinando até mais perto dele. Ele olhou para os lados, hesitando.

— Olha, eu não sei de nada, ta legal? Não estou mentindo, não vejo Victória há anos.

Tombei minha cabeça de lado um pouco, mas logo voltei ao normal e neguei.

— Que coisa feia. Eu não estou mais pedindo Laurent, cante passarinho. Ou verá do que sou capaz.

— Escut-

Dor.

Ele gritou. Alto, muito alto. Eu ouvi Irina se agitar do lado de fora, querendo entrar. Criei uma barreira na porta para isso, e quando viu que não adiantava tentar passar, Tanya tentou acalmá-la com a ajuda de Kate.

Eu deixei Laurent relaxar, e ele parou de gritar, respirando ofegante e me encarou com os olhos arregalados.

— Como-

— Agora vê o que eu quis dizer, huh? – sorri. – Então vamos rouxinol, cante.

Ele engoliu em seco novamente e me olhou, deliberando. Arqueei uma sobrancelha.

— Foi Victória quem me contou que você estava viva. Disse que você a estava caçando á algum tempo e que ela soube que você e seu novo parceiro haviam voltado para os Cullen. Resolveu unir o útil ao agradável acabando com você e se vingando dos Cullen ao mesmo tempo. Ela só me perguntou o que eu sabia deles, só isso. Não sei de mais nada.

Eu semicerrei meus olhos.

— Mentira. – decretei. Dor.

Laurent se contorceu na cadeira e gritou novamente. Eu parei.

— Sua sádica! – ele gritou.

— Não, não. Não ofenda quem está com a faca na sua garganta, Velhaco. Primeira regra de sobrevivência.

Laurent me olhou com raiva. Eu o ignorei.

— Agora me diga o que Victória sabe, exatamente. E o que ela está planejando.

Ele me encarou por alguns segundos, hesitando. Eu tombei a cabeça para a esquerda, os olhos semicerrados.

— Talvez você precise de um pequeno incentivo... – soprei, estendendo meus dedos até tocá-lo na bochecha. Dei-lhe um choque e ele gritou novamente. – Sente-se bem para cooperar agora, ou é preciso mais?

— Eu contei a ela sobre os Cullen, não sabia sobre você. Eu lhe disse sobre a garota vidente e o leitor de mentes, disse como funcionava e o que ela tinha de fazer para não ser pega. Disse que o que controla emoções havia ido embora. Ela disse que ele era seu novo parceiro. Eu contei sobre a dieta e que isso os deixa mais fracos do que os vampiros normais, contei que não matam sem necessidade e que odeiam violência. Disse que eles nunca esperam ataques.

— Muito bom, pequena cigarra. Agora me conte, quais são os planos da nossa amiguinha ruiva? – eu sorri satisfeita, cruzando os braços em frente ao peito. Laurent olhou em volta novamente, umedecendo os lábios. Bufei impaciente e descruzei os braços, esticando a mão novamente. Não foi preciso tocá-lo, Laurent abriu a boca sem pestanejar dessa vez.

― Ela está formando um exército, um exército de recém-criados. Ela pretende atacar quando vocês menos esperarem. Há outra pessoa tomando as decisões por ela, Riley, Riley Biers. Ela sabe que estão observando as decisões dela e está se escondendo atrás dele. É um local que ela transformou a cerca de um ano, conhece Forks muito bem. É ele que está tentando controlar os recém-criados, mas não está os treinando. É tudo que eu sei.

Eu assenti, então respirei fundo, entrando na cabeça de Laurent.

Eu poderia ter feito isso desde o inicio, mas entrar na cabeça dos outros dessa forma me deixava desprotegida e exausta mentalmente. Laurent gritou quando sentiu minha invasão, mas logo parou, ficando estático e olhando para o nada com olhos parados. Era a forma dos vampiros de desmaiar.

Uma explosão de cores aconteceu em minha cabeça, e doeu, não vou mentir, mas logo todas as suas memórias estavam ali, em minha cabeça.

Eu vi Victória, e ela dizendo a Laurent para confiar em Riley. Eu vi Laurent conversando com o garoto e lhe contando tudo. Vi tudo.

Sabendo dos detalhes, sai de dentro da casa, deixando Laurent ainda vegetando. A primeira pessoa que vi foi Edward, que me olhava preocupado. Eu respirei fundo, fechando os olhos por um segundo e chamando Jasper de onde quer que ele estivesse.

Todos os Cullen estavam me olhando com olhos curiosos, assim como os Denali. Menos Irina, é claro, que me olhava com raiva.

— Me deixe entrar, Laurent está mal... – ela rosnou.

— Com Laurent eu lido depois. Fica na sua, por favor, eu tenho muita coisa pra fazer e pensar.

Irina iria responder, mas Tanya, para a minha surpresa, a controlou.

Respirei fundo novamente, pensando comigo mesma e ignorando os olhares em cima de mim. Quando Jasper chegou, seguido de perto por Alice, eu soube que tinha muito com o que me preocupar, mais do que eu desejaria.

E de repente, minha cabeça estava estourando e eu sentia como se pudesse dormir por um século. Tudo psicológico,é claro, mas não doía menos por isso.

— Eu quero ir pra casa. – resmunguei pra ele.

— Você não quer me explicar o que aconteceu?

— Victória sabe sobre os Cullen. Está montando um exército. Quer me matar. Agora por favor, eu te dou os detalhes em casa, só se livre de Laurent e vamos.

— Me livrar de Laurent?

— Você não pode! Ele ajudou você, ele lhe contou... – Irina começou. Eu me virei para ela, quase espumando de raiva.

— E você acha que se eu o deixar viver ele não vai correr até Victória e lhe contar tudo? Dizer que eu sei sobre ela e contar sobre meus dons? Por favor, Irina, não seja tão ingênua.

Ela começou a chorar a seco, se agarrando a Tanya que me encarava gravemente. Eu fechei meus olhos com força, cansada.

— Eu só quero ir pra casa logo, eu me sinto como se tivesse sido desmembrada e então montada de novo e então desmembrada de novo. – quase chorei para Jasper. Ele me olhou.

— Você fez de novo? – ele me censurou. Eu bufei.

— Eu não tive escolha...

— Você sabe que fica dessa maneira sempre que entra nas memórias das pessoas...

— Morda minha bunda, Jasper. – xinguei, me virando de costas pra ele.

— Eu posso cuidar de Laurent para você. – Edward se ofereceu. Eu assenti.

— Só faça logo. Quero o ver queimando para ir embora em paz.

Jasper ainda me olhava feio quando Edward saiu da casa com as partes de Laurent nos braços. Emmett o ajudou a fazer uma fogueira, o que não era fácil no Alasca, e a fumaça roxa subiu aos céus. Um peso saiu de mim, e eu podia finalmente voltar pra casa.

Agora, eu tinha de acabar com Victória, resolver a situação de Jasper e Alice, a minha situação com Edward e ainda encontrar outro lugar pra morar.

Nada pioraria minha existência agora.