Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 8
8 - deslizes, regras e safadezas


Notas iniciais do capítulo

Tomara que algumas noites em claro tenha valido a pena.



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Ela abriu os olhos lentamente. É incrível como as pessoas acordam com mais sono do que quando foram dormir.

Ela encarou o que tinha a sua frente: Uma praia. Mesmo. Porque ela estava olhando areia atrás de areia. Era estranho como ela não estava no nível do chão.

Até que o chão se mexeu, e ela percebeu que não era o chão. Ela não tinha a ideia de como, mas ela tinha ido parar em cima de Poseidon. Estava realmente sobre ele, deitada em seu peitoral nu.

Dali, com a vista um pouco embaçada e os pensamentos confusos, ela podia ouvir as batidas ritmadas do coração dele, e sua respiração serena e despreocupada, assim como as pequenas ondas que quebravam atrás de si.

Sua mão direita estava apoiada no abdomen dele e a outra, envolvida por seus dedos ásperos. Com um pouco de dificuldade, ela tentou se mover, mas o braço dele instintivamente enlaçou sua cintura.

- Onde a senhorita pensa que vai? – ela ouviu sua voz rouca. Sexy.

Ele abriu os olhos e a fitou, sorrindo assim que avistou sua expressão confusa.

- Me solta – ela disse, tentando sair do aperto.

- Na na ni na não, por que você tem que acabar com a graça sempre? – ele disse, fechando os olhos novamente, como se aquilo tudo fosse completamente normal.

- Você por acaso sabe que horas são?

- Er... Não.

- Nem eu, mas nós precisamos ir. E eu vou com ou sem você.

Num momento de fraqueza dele, ela se soltou e catou suas roupas, correndo para a casa. Ela se virou, pronta pra brigar com ele, mas acabou se deparando com duas orbes verdes-mar bem perto. Perto demais.

- Desse jeito vou começar a achar que está ansiosa pelo nosso banho puro e inocente – ele disse, olhando-a nos olhos, aproximando seu rosto do dela, enquanto apertava seu quadril com as duas mãos.

A aspereza dele em contato com a pele sensível dela a fazia estremecer, e ele via isso.

- Está com frio, Athena? – ele perguntou, sorrindo, apertando-a mais forte.

- S-sim – ela respondeu num fio de voz, não conseguindo desviar o olhar enquanto ele subia e descia as mãos por suas costas, chegando até o fecho do sutiã e voltando.

Ele chegou mais perto, ela sabia o que iria acontecer, e não tinha como lutar contra isso, era mais forte que ela. Mas ela não estava pronta. Não ainda.

Ele a puxou pela cintura, colando seu corpo ao dela. Faltavam poucos milímetros para aquilo. Ela podia sentir o hálito dele entrando em sua boca.

E quando tinha certeza de que ela não iria fugir, ele sussurrou:

- Vou chegar primeiro – e com isso, ele saiu correndo pra dentro, atravessando os cômodos e subindo as escadas, deixando-a pasma.

Digamos que não era bem isso que ela queria esperava.

Como ela pôde realmente acreditar que aquilo aconteceria? Agora ela estava corada e confusa. Corada porque não sabia o que iria fazer nem dizer. Confusa porque não sabia o motivo do susto (leia-se decepção).

Depois de se recompor e se culpar pela vigésima vez no dia, ela começou a subir as escadas, um pouco abalada.

Ele estava de costas, na sacada, como sempre olhando o horizonte, o mar, a água.

Nem é egocêntrico.

Ela tentou entrar sem ser notada, mas por alguma ironia do santo destino, as portas bateram quase que fortemente. Ele não se virou, não parecia ter se incomodado.

- Como vamos fazer isso? – ela perguntou, impassível, se virando de costas também, indo para o closet, como se nada tivesse acontecido, voltando a ser aquela sabe-tudo/irritante/chata/mandona.

- Ela deixou bem claro o que temos que fazer: Dar banho um no outro. E pra fazer isso não é preciso um manual. Pelo menos, não para as pessoas normais. Já pra você...

- O que quer dizer com isso? – ela perguntou, enquanto voltava. Tinha colocado o biquíni por cima da lingerie que estava tirando cuidadosamente.

- Que pra você parece que tudo tem que ter regras a serem seguidas e ser tudo certinho e-

- Se não tivesse ordem, o caos reinaria. Não dá pra se viver e conviver sem regras. É impossível.

- Eu não tenho regras e olhe só, estou aqui – ele falou irônico, ao mesmo tempo sério, abrindo os braços.

- Você não ouviu o que eu disse? É impossível. Alguma regra você tem que ter.

- Como lavar minhas cuecas diariamente?

- Não tinha algo melhor pra comparar?

- Não. Foi a primeira coisa que me veio à cabeça.

Ela suspirou.

- Bem, é por aí mesmo.

Ele deu de ombros, indo para o banheiro. Estava tudo escuro; eles não conseguiram acender as lâmpadas e as velas tinham desaparecido.

- É uma pegadinha?

- Depende em que sentido você for analisar a questão.

- Eu já te chamei de tarado hoje?

- Eu não sei nem se ‘hoje’ ainda é ‘hoje’. Mas quem se importa?

Ela revirou os olhos.

- Vamos ter que fazer isso no escuro? – ela perguntou.

- É o jeito – ele disse, colocando a mão na água da banheira; estava morna – Sabia que quando deixamos de lado um de nossos sentidos, nesse caso a visão, os outros ficam mais aguçados?

- É claro que eu sabia.

- Talvez seja essa a intenção dela.

- Não podemos fazer isso no chuveiro? É mais fácil, mais rápido e mais prático.

- Se você conseguir fazer ele funcionar...

- Argh, tá. Entendi – ela falou, revoltada.

Ela ouviu um barulho de água, provavelmente ele entrando na banheira.

- Você não vem? – ele perguntou. E ela podia imaginar a testa dele se franzindo levemente, como acontecia quando ele estava com alguma dúvida.

E desde quando eu presto atenção nisso?

Tateando, ela colocou as pernas dentro da banheira, tomando cuidado para não encostar nele.

- Não, não – ele disse, quando percebeu que ela ia se sentar – De costas.

- Cuma?

- De. Costas. – ele repetiu lentamente, e ela percebeu um meio sorriso em sua voz (às vezes eu fico surpresa com a minha capacidade de achar que outras coisas além dos lábios sorriem, que coisa né?).

 - Mas por que raios você quer que eu fique de costas? – perguntou ela, se fazendo de ignorante – Vai fazer diferença?

- Você nem sabe o quanto... – ele deixou escapar, presumiu ela, mas se tratando de Poseidon, um livro aberto, talvez não seja tão sem querer assim que esse comentário tivesse saído. Era bem a cara dele, afinal.

- O que você quer com isso? – ela disse, tirando uma perna já imersa na água da banheira.

- Nada, Athena – disse ele – Sério, relaxa.

- De uma coisa eu sei: Seus comentários nunca são só um ‘nada’, Poseidon, acredite – disse ela, mas se sentou de costas para ele.

- E você acha que eu não sei? – ele sussurrou em seu ouvido, enquanto colocava ela entre suas pernas.

- O q-q-que você tá fazendo? – ela perguntou baixinho, paralisando.

- Eu já te disse pra relaxar. Deuses, Athena. Confie em mim, poxa.

- Não me peça o impossível, Poseidon. Sério.

Dessa vez, ele revirou os olhos.

- Eu vou ter que te embriagar? – perguntou ele, sério.

- Ahn – ela repensou, tendo plena consciência de que ele poderia sim estar falando sério – Não, não vai ser preciso.

- Ah bom, assim acabamos com isso logo. Não que eu não esteja curioso pra saber como vai ser ter essas suas delicadas mãozinhas em meu lindo corpo. Eu sei que você está quase se matando de ansiedade, querida – disse ele, querendo irritá-la. Mas chamá-la de ‘querida’, mesmo que com ironia, não lhe pareceu tão estranho assim.

- Sua capacidade de fantasiar sobre coisas impossíveis me impressiona profundamente – ela disse, prendendo o cabelo.

- Por que está prendendo? – perguntou ele, confuso.

- Porque no meu cabelo você não bota a mão. Eu vou lavá-lo depois.

- Ah – murmurou ele, visivelmente desanimado – Eu jurava que era porque você não queria ficar longe do cheiro do mar tão cedo.

- Poseidon, eu vou ter que dormir com você.

- Já estou me animando.

- Besta. Não foi nesse sentido – ela disse, revirando os olhos.

Ele deu de ombros, passando a mão ensaboada nas costas dela. Era lisa. E macia.

Por um impulso que ela só foi perceber mais tarde, Athena fechou os olhos, sentindo-o massagear seus ombros com as mãos grandes e ásperas. Não deveria ser tão bom.

Ele estava entretido demais para perceber, admirado com a silhueta que sua sobrinha tinha; começou com toques leves e suaves, temendo a reação dela. Mas quando a viu finalmente relaxada como ele pedira, ‘pegou-a’ com mais liberdade.

Seus polegares faziam desenhos na pele morna dela, quase que sem querer. Suas mãos desceram, massageando a cintura...

- Poseidon.

- Não me culpe.

...e o quadril...

- Pare de se aproveitar.

- Reclame com Afrodite.

...as coxas.

- Pare com isso agora.

- São as regras Athena, nós assinamos um contrato, lembra-se?

- Argh, eu te odeio – disse ela, cerrando os dentes.

- Eu sei. Também te odeio – ele sussurrou, ao mesmo tempo em que apertava a parte interna de suas coxas, encostando um pouco na parte de baixo do biquíni dela. E por mais que Athena quisesse (ou não), ela não poderia reclamar.

- Ei! – gritou ela, alterada, quando ele apertou seus seios – Isso não vale. Você é um-

- Tarado, sujo, safado, aproveitador, sim, eu sei disso tudo também, não precisa repetir. Mas não se incomode, pode abusar de mim também.

Ele não entendia porque estava sussurrando (mas é muito ignorante mesmo).

- Então você assume que está abusando de mim, é isso?

- De certo modo... Estou, sim – ele sorriu.

- Tosco.

- Está perdendo o jeito, Athena. Você já teve xingamentos melhores – ele continuou sussurrando, deixando-a cada vez mais alterada, mas tirou a mão de seus seios, antes que algo pior acontecesse – Sua vez.

Ela virou lenta e temerosamente, engolindo em seco. Nunca tivera nenhum contato direto com homens, devido a seu juramento, e o jeito de Poseidon, sacana e insensível, a feria de tal jeito que chegava ao inimaginável.

Athena não era nenhuma ignorante, tanto que era a deusa da sabedoria, mas não nesse sentido. Ela também era uma mulher. Uma mulher com sentimentos. E não uma dama de ferro oca, feita só com uma armadura impenetrável. Ela até podia se mostrar assim na frente dos outros, mas... Ela também sentia.

Ela já imaginara sim, uma vez ou outra, como seria seu primeiro contato com o sexo oposto, e não chegava nem perto disso, porque como qualquer outra mulher que nunca se aproximou de homens naquele sentido, ela pensava em algo um pouquinho mais... Romântico, digamos assim.

E no fim, trancam-na numa casa justo com quem? Claro que com o deus insensível, pegador e galinha do Olimpo. Tinha que ser.

Ele viu que ela não estava bem. E sabia porque. Ainda mais vendo a força com que ela mordia os lábios, e não era de prazer. Não que ele se importasse com ela (claro que não), mas assim o negócio ficava tenso. Muito tenso.

- Não precisa disso tudo, Athena. É só uma coisinha de nada, só pra Afrodite não surtar falando que não cumprimos o que ela mandou – ele revirou os olhos.

Mas para ela, não era apenas uma coisinha de nada. Era muito, muito mais.

Ele pegou a mão dela, que também estava cheia de sabão, e colocou-a em seu ombro. Aos poucos, foi conduzindo-a, até ver que ela estava à vontade novamente.

Ela passava a mão por seu corpo suavemente, não querendo encostar muito. Com a ponta dos dedos, ele percorreu seu vale entre os seios, roçando neles levemente por uma ou duas vezes, desceu por sua barriga, encontrando o piercing no umbigo que ela ainda tinha e sorrindo. Suas mãos passaram com ousadia pelas pernas, colocando-as ao redor do próprio corpo.

E ela estava hipnotizada demais pra protestar. Hipnotizada demais.

Usando sua força (mas sem machucá-la hein), que era consideravelmente maior que a dela, ele a trouxe para o colo. E suas mãos pararam exatamente aonde começava o tecido da parte de cima do biquíni. Ela não ligou, provavelmente nem percebeu, assustada com a quantidade de músculos que descobrira que tinha sob a palma das mãos.

A cada centímetro quadrado de músculos bem definidos que ela encontrava, seu espanto aumentava. E por mais que quisesse se matar por admitir, ela não queria parar. E sabia disso apesar de não estar prestando muita atenção no que fazia.

Sua mão delicada desceu para o abdomen durinho do deus sacana e insensível à sua frente. Santo Poseidon.

E os dedos ágeis dele trabalhavam em desfazer os nós que seguravam a parte de cima do biquíni, mas quando finalmente para alegria dele o tecido caiu, ela despertou do transe fula da vida (e, bem, você já deve imaginar o que aconteceu).

- Poseidon, seu-

- Tarado, sujo, aproveitador, safado, algo a acrescentar? – ele peguntou, com um sorriso torto. E graças aos deuses (especialmente Afrodite) estava tudo escuro, porque Athena estava rosada, vermelha, escarlate...

- Argh – ela resmungou, enquanto colocava seu biquíni de volta, mesmo que um pouco desajeitado.

- Por que tão cedo? Estávamos nos dando tão bem... – ele disse, quando ela saiu da banheira, e milagrosamente as luzes fracas e amareladas se acenderam, revelando-a embaixo do chuveiro, tomando um banho decente-anti-Poseidon.

- Traduzindo: Você estava se dando bem, se aproveitando de mim.

- Você não parecia muito incomodada com isso – disse ele, após se acomodar melhor para observá-la, ainda dentro da banheira, e para um segundo surto de alegria dele, o box era transparente. O biquíni preto justo realçava bem o corpo dela (tá, admito, também tenho tara pelo preto, principalmente em lingeries e biquínis).

Ali era diferente da praia, sob a luz enfraquecida, as gotas de água que escorriam pelo corpo dela pareciam convidá-lo. E ele invejava essas gotas, que podiam percorrê-la sem restrições.

- Você não deveria ter feito isso – ela disse, saindo, enrolada numa toalha que em nada adiantava.

- Por que não? Vai me dizer que não gostou? – ele sorriu torto, enquanto passava por ela, encaminhando-se para o chuveiro.

- Não, eu o-di-ei! – ela gritou, enquanto batia a porta que separava o banheiro do quarto.

Ele sorriu. Poseidon 01 vs 00 Athena.

Abriu o chuveiro e sorriu mais ainda. A água estava gelada. E isso significa que ela tinha precisado daquilo pra pôr a cabeça no lugar; o que quer dizer que ele realmente a abalara, e isso já era mais que o suficiente. Por ora.

.

.

.

- Você não deveria ter feito isso – ela disse, assim que ele entrou no quarto, só com uma boxer branca.

- Vai repetir isso mais quantas vezes mesmo? – ele perguntou, se ajoelhando no colchão.

Ela abriu os olhos, pronta pra briga, mas quase teve um ataque de nervos ao vê-lo.

- Você não vai dormir com isso na minha cama.

- Essa cama é nossa.

- Não foi você mesmo que disse que nada aqui é nosso?

- Está contrariando a si própria, Athena? – ele sorriu, deitando de lado, apoiando o cotovelo no colchão – E isso foi antes de eu já estar me sentindo em casa.

Ela suspirou, revirando os olhos.

- Fique longe de mim.

- Claro, mas vamos ver amanhã quem vai acordar abraçado ao outro.

- Você é impossível.

- Você também – ele disse, entrando debaixo das cobertas, afinal, os dois tinham tomado banhos quentes e gelados, e a mudança súbita de temperatura somada com o leve frio da madrugada renderia em narizes vermelhos e entupidos (prestar atenção nas aulas de Ciências da terceira série serviu finalmente para algo) – E sabe que nós nunca vamos conseguir parar com essa discussão.

- Sim, eu sei – ela apagou seu abajour, voltou-se pra ele e sorriu – Tenha uma péssima noite.

- Se eu tiver uma noite ruim, eu vou te agarrar pra me distrair e isso transformaria minha noite de horrível para maravilhosa.

Querendo silêncio, ela se debruçou por cima dele, apagando o outro abajour. Mas automaticamente ele prendeu com as mãos fortes e rápidas seu quadril, impedindo-a de qualquer movimento.

- Você vai pagar por isso.

- Você fica melhor calada.


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Notas finais do capítulo

E continua no próximo capítulo.