Férias Frustradas escrita por Nunah
Notas iniciais do capítulo
Eu ia fazer um bônus com os olimpianos, até cheguei a escrever, então eu surtei e apaguei tudo. Hoje de manhã eu escrevi esse capítulo curtinho.
“Você vai pagar por isso.”
“Você fica melhor calada.”
- Me larga. Agora. – ela disse séria; por trás daquelas orbes cinzas, ele podia ver a raiva contida.
Sua confusão foi automática; suas mãos fraquejaram e ela pôde sair do aperto.
- Mas...
- Sujo. – ela repetiu, fechando os olhos, tentando se acalmar, enquanto cravava as próprias unhas na mão, fechando-as.
O leve ‘tic’ da porta se fechando a sobressaltou. Ele havia ido embora, por alguns tempos ela teria sossego.
Suspirando pesadamente, ela enterrou-se mais ainda no colchão. Essa noite seus pensamentos a atormentariam.
Mas o que houve?, essa pergunta ecoava em sua mente. Ele não pode ter se ofendido. Nunca se ofende.
Ela já o chamara de coisas piores e ele nunca ligou.
Droga.
.
.
.
O que havia dado nele afinal? Ele nunca ligou para isso, não seria agora que começaria a se importar.
Mas ele estava furioso, contendo a raiva, assim como ela, e sabia disso. O que eles estavam fazendo? Aquilo não daria certo. Não podia dar certo. Não era pra dar certo.
Onde está a diversão?
Era pra ser algo divertido, não era? Algo engraçado...
E agora os dois estavam confusos. E furiosos.
O que está havendo?
Ele tinha parado no segundo andar. A porta da enorme biblioteca estava aberta e aquilo só aumentava sua raiva; sua vontade de tocar fogo em tudo, mas então ele se lembrou que era a personificação da água, dã.
Contrariado, ele entrou no banheiro e lavou o rosto com água fria.
Como ela consegue?
Ela era delicada. E inocente. E acabava com ele em poucos segundos.
Um dia Anfitrite lhe dissera uma coisa que ele não deu muita importância, mas agora começava a fazer sentido.
Nem tudo que reluz é ouro.
Era a mesma coisa que pensar: Todos imaginam que o diabo é uma coisa horrenda, mas na verdade pode ser a pessoa mais linda do mundo. Ele precisa fazer você acreditar que ele é inofensivo.
É a mesma coisa.
Ele precisava se acalmar. Já tinha aguentado coisas muito piores, não tinha?
Precisava se mostrar forte.
.
.
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Algo dentro dela se remexia.
Eu não deveria me sentir culpada.
Ela não tinha dito nada de mais.
Ou tinha?
Ela iria repetir isso até se convencer, e a situação estava crítica.
E algo dentro dela continuava incomodado.
Talvez não seja culpa.
Athena sabia, não iria conseguir dormir.
Maldito seja.
.
.
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Sujo, ela dissera. Ela o odiava.
Ele já sabia disso. Há muitos anos, aliás. Por que então era tão difícil ouvir?
Poseidon não conseguia dormir, sua mente tentava entender o que estava acontecendo.
Mas é complicado. Ela é complicada.
Estava tudo tão bom e ela puf. Surtou. Ele já deveria saber que não seria fácil.
Mas então por que aquilo se mostrava tão preocupante?
Ele não iria pedir desculpas. Nem que Cronos dance o Rebolation.
Era orgulhoso, ele sabia. Os dois eram. Orgulhosos e egocêntricos. Nunca admitiriam que algo tão ridículo estava lhes tirando o sono. Nunca.
Poseidon se levantou, agitado demais para continuar deitado naquele sofá. Os puffs que antes eram fofinhos aos olhos de Afrodite agora pareciam assombrações (não, ele não está com medo).
Mas o que fazer quando algo horrível está lhe tirando o sono?
O mar. A única coisa que lhe acalmava. A única saída.
Apesar de aquela ser uma praia particular, ele não se sentia bem saindo por aí apenas com uma cueca. Ele teria de subir.
Teve o cuidado de ser silencioso na hora de abrir a porta do quarto, mas desnecessariamente.
Ela estava acordada. E se mexeu na cama quando ele entrou, visivelmente incomodada.
Poseidon não quis começar outra ‘discussão’ (se é que aquilo poderia ser chamado de discussão... discussão silenciosa, talvez), portanto apenas colocou seu moletom azul escuro e uma blusa branca fina de algodão com mangas compridas, e se foi. Sem dizer sequer uma sílaba.
Argh. O que é isso? Voto de silêncio?
Ele atravessou diversos cômodos, contando a sala e um salão de jogos que ele mal olhou. Tudo o que importava era a porta.
.
.
.
Ela não aguentava mais. Estava quase sufocando.
Não queria passar a noite em claro, virando de um lado para o outro na cama.
Revoltada, ela se levantou da cama com um pulo, escancarando as portas de vidro que dividiam o quarto e a varanda.
Sentir a brisa gelada em seu rosto a acalmou consideravelmente, mas ela ainda estava alarmada. E continuaria assim por um bom tempo.
Ela o observava de longe, caminhando na areia molhada, onde as ondas quebravam. O mar estava surpreendentemente calmo, mas sua cor era mais escura do que ela se lembrava.
Então ela finalmente percebeu (leia-se conseguiu admitir porque era a única explicação), ele tinha mesmo se ofendido. Talvez de um modo exagerado porque era só uma mísera palavra. Mas mesmo assim.
Ele já deveria estar guardando esse rancor há milênios, e a cada briga, aquilo ficava mais difícil de controlar.
Então a bomba simplesmente explodiu.
Já não era sem tempo.
Ele se virou, olhando-a lá de baixo, e seus olhos se encontraram. Ele não sorriu. Não a xingou. Simplesmente ficou lá, encarando-a, enquanto milhares de coisas passavam por suas cabeças. Ele era um dos Três Grandes e sabia fazer aquela expressão autoritária, uma expressão que fazia todos tremerem na base. Menos ela. Mas naquela noite, os olhos de seu tio pareceram mais assustadores do que o normal. E ela teve medo.
Até que, com a mesma postura indiferente, ele voltou ao que estava fazendo. Deixando-a ainda mais confusa, e cheia de dúvidas. Uma coisa que Athena odiava era ser ignorada. Assim como ele.
“Temos muitas diferenças”, foi o que ela dissera uma vez.
“Mas também temos semelhanças”, ele respondera.
E ela não podia negar que eram ao mesmo tempo iguais e opostos. Semelhantes e diferentes. Assim como Sol e Lua, Céu e Inferno, Água e Fogo (e é claro que isso não tem nada a ver com personificações dos deuses, porque senão daria uma coisa confusa pra caramba, certo?).
Ele continuava andando pela praia, não ligando muito pro resto do mundo.
E ela continuava alternando seu olhar entre ele e o horizonte.
I’m here without you, baby
But you’re still on my lonely mind.
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Eu queria dizer obrigada pela recomendação de DiennyLerman, que eu já tinha visto, mas esqueci de agradecer.