Férias Frustradas escrita por Nunah


Capítulo 7
7 - resistência e provocações




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Era um prédio imponente e grandioso para um restaurante. Não tinha nome, pelo menos, não que eles tivessem visto. A fachada era apenas uma marquise cor de creme, decorada com arabescos dourados. Enormes portas estavam abertas dos quatro lados; havia várias janelas também, era romântico.

Demais.  

O piso era todo de um azulejo branco límpido, em alguns lugares estavam incrustadas rosáceas feitas de minúsculas pedrinhas brancas e pretas. O teto era sustentado por colunas de base redonda e bem alto, tinha mosaicos redondos de vidros coloridos, o que deixava o piso refletindo luz como um arco-íris quando o sol batia e penetrava no lugar.

Espalhadas estavam as mesas redondas, circundadas por duas ou três cadeiras, com leves toalhas brancas e em cima de cada uma tinha um vaso fino de vidro, com uma única rosa, que variava na cor, podendo ser branca, rosa (uma rosa rosa, isso é estranho, quanta criatividade) ou vermelha.

Lá dentro, assim como na parte de fora, era tudo decorado em creme e dourado.

- Deuses, o que Afrodite espera? Que eu ajoelhe e te peça em casamento? – Poseidon perguntou, indignado.

- Isso é ridículo. Não somos um casal.

- Longe disso.

- Er... Eu já volto – ela disse, como se tivesse acabado de se lembrar de algo, se afastando antes que ele pudesse protestar.

Athena saiu andando rapidamente, seus passos ecoando enquanto o salto dos sapatos batia fortemente no chão. Ela entrou no toilet e se dirigiu para um dos vários espelhos.

Afrodite tem tara por espelhos.

- Argh  – ela reclamou, enquanto via uma mancha vermelha arroxeada em seu pescoço. Maldito.

.

.

.

- Nós precisamos nos sentar juntos?

Poseidon se virou. Athena tinha soltado os cabelos que agora começavam a enrolar novamente. Ela estava olhando as mesas ao redor, distraída, enquanto virava o centro das atenções masculinas.

- O que quer dizer com isso? Somos um lindo casal feliz – ele disse, pegando sua mão e levando-a para longe.

- Isso é ridículo – ela repetiu, sentando a contragosto.

- Já disse isso. Você tem uma tendência a repetir as coisas não é? – ela revirou os olhos, assentindo um pouco – Isso se aplica ao que aconteceu no cinema?

- E você não sabe parar de falar besteira.

- Isso não é besteira.

- Não, imagine. Eu nunca, nunca mais vou me deixar levar por você, ouviu? – ela balançou a cabeça – Isso não vai mais se repetir.

- Claro que não. Nosso banho vai ser puro e inocente.

- Pare de brincar com isso. Você e Afrodite são uns... Sujos – ela disse, ele apenas sorriu torto.

Poseidon fez os pedidos. Athena ficou observando-o. Isso não vai mais se repetir, ela repetia para si, querendo se convencer. Mas no fundo, a verdade era que ela estava com medo de gostar do que pudesse acontecer.

De novo.

Ela não poderia se dar ao luxo.

- Por que ela está fazendo isso? Ela deveria saber que não daria certo – Athena falou, suspirando.

- Não daria?

- Bom, não. Temos muitas diferenças.

- Mas também temos semelhanças – ele falou distraidamente, olhando para fora da janela, como se nem soubesse o que estava dizendo – Ambos somos orgulhosos, egocêntricos, gostamos de infernizar a vida dos outros...

- Já passei dessa fase. Ao contrário de você, que continua uma criança.

- Todos temos uma criança dentro de nós, é fato. E essa é mais uma de nossas semelhanças. Nós odiamos as loucuras de Afrodite e ambos achamos que isso não vai nos levar a lugar algum.

- Nisso eu tenho que concordar.

- Acha que vamos ficar aqui por quanto tempo?

- Se ficarmos por muito tempo, vamos enlouquecer.

- Você vai resistir? – ele perguntou, sorrindo.

- Ao quê, exatamente?

- À vontade de deixar as coisas acontecerem.

Athena fraziu os lábios, pensando na resposta. Ainda era muito cedo para decidir qualquer coisa. Muito cedo.

- É... Acho que vou, sim.

- Então um brinde. À sua resistência. Uma resistência que eu vou quebrar facilmente – ele levantou a taça de vinho tinto.

- Como pode ter certeza?

- Você quer apostar? – ele perguntou, com um sorriso maroto. Ela apenas semicerrou os olhos, encostando levemente sua taça na dele, e depois levando-a aos lábios.

Poseidon a analisou por cima do vidro fino, sua expressão estava serena, mas seus músculos estavam tensos e seus olhos, continham o medo do desconhecido.

.

.

.

O silêncio no carro foi tenso, como sempre.

- O que se tem pra fazer aqui? – Athena perguntou, enquanto se sentava no sofá, tirando os sapatos. Poseidon estava apoiado no parapeito da janela.

- Hm, quer ir à praia? – ele perguntou inocentemente, se virando. Ela o olhou entediada – O quê? É legal.

- Ha-ha, super – ela disse, irônica.

- Estou falando sério. Você vai fazer o quê? Dormir? Ler? Pelos deuses, Athena, isso é pra ser divertido!

- Ler é divertido.

- Não, não é. Você vai pra praia comigo.

- Quem disse?

- Eu.

- E desde quando você manda em mim? – ela perguntou, se levantando e indo pra escada.

Ele a levantou, colocando-a no ombro, de ponta-cabeça.

- Ei!

- Se você não vai por bem, vai por mal – ele deu um tapa na bunda dela – Pense pelo lado bom, eu não vou te forçar a colocar um daqueles biquínis excitantemente sexys.

- Você é um safado.

- Já discutimos isso. Então, está confortável? – ele perguntou, saindo da casa e tirando os tênis, ainda com ela sobre seu ombro.

- Maravilhosamente confortável – ela murmurou, gemendo em protesto, enquanto ele se encaminhava para o mar.

- Para de ser chata, é só água – falando isso, ele a jogou mais pro fundo, ela gritou e afundou. Alguns segundos depois, ela voltou à superfície, tossindo e com dificuldade pra boiar – O que houve?

- N-nada, é só que-

Ela tossiu de novo, sem parar. Poseidon a pegou e deitou seu corpo na areia.

- Roupas. Elas ficam pesadas na água – ele resmungou, enquanto tirava a própria camisa.

Poseidon arrebentou os botões da blusa dela e abriu sua jeans, revelando sua lingerie que ele tanto queria rasgar.

Ela respirou fundo e sorriu fracamente.

- Você é um tarado.

- Cuma? – ele piscou várias vezes até ter certeza do que tinha ouvido – Está brincando? Eu salv-

- Estou.

Ele a olhou sarcástico e ela riu, sentando-se.

- Obrigada.

- Já é a segunda vez que diz isso pra mim desde que chegamos, devo desconfiar?

Ela revirou os olhos e tirou a camisa, fazendo-o engolir em seco enquanto via gotas de água salgada deslizando para dentro do seu sutiã.

- Pare de olhar – ela disse, levantando-se.

- Não consigo.

- Então feche os olhos – agora ela abaixava a jeans, deixando-o maluco.

- Por que está fazendo isso? – ele sussurrou, tentando se controlar. Pela 8237482ª vez.

Ela pareceu não ouvir, e foi lentamente até o mar. A brisa afastava alguns fios de cabelo do seu rosto.

Assim que seu pé entrou em contato com a água, um filete subiu por sua perna e ela virou o rosto. Poseidon estava deitado de costas, apoiado nos cotovelos, atento a cada mínimo movimento de seu corpo.

Ele sorriu.

Ela continuou o que estava fazendo e mergulhou.

Quando Athena retornou, ele ainda estava deitado, mas com um braço servindo de apoio para a cabeça e o outro lhe cobrindo os olhos, mas ele ainda sorria, imerso em pensamentos.

Depois de muito pensar sobre o que fazer, ela deitou ao seu lado, pensando que ele não faria nada.

- É bom, não é?

- Relaxante – ela disse, fechando os olhos. É, é muito bom.

- Se eu dormir, eu não vou acordar com um vestido e maquiagem não é? – ele perguntou, lembrando-se do que Ártemis fez com Apolo, mas ele estava realmente quase pegando no sono.

- Eu estava pensando em te trancar pra fora, mas sua ideia é melhor.

- Muito engraçado – ele falou, esticando o braço – Estou morrendo de medo.

- Deveria – ela disse, ainda de olhos fechados.

- Você também vai dormir – Poseidon sussurrou.

- Não vou, não.

- Você quer apostar?

- Já é a segunda vez que me pergunta isso hoje, devo desconfiar?

- Não vale, eu disse isso – ele falou, olhando-a. Ela sorriu. Instintivamente, ele percorreu sua bochecha com os dedos, fazendo-a soltar um suspiro, pra depois se culpar. Ele riu baixinho, antes de sussurrar novamente: - Você vai dormir.

- É, eu vou dormir – ela disse, acomodando-se mais na areia fofinha.

Ele não sabia bem o que fazer, justo ele, que não pensa antes de fazer as coisas. Refletindo internamente que estava quebrando suas próprias regras, ele se voltou novamente para o céu, pensando no Olimpo.

Quase que sem querer, ele fez a coisa mais irracional do mundo: Entrelaçou seus dedos com os dela. Mas... Ele já estava praticamente dormindo. Não tinha consciência de suas ações.

A única coisa de que se lembra, é que o sol já estava mais para o oeste. Quase desaparecendo. O tempo passa num piscar de olhos. Literalmente.


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Notas finais do capítulo

Sem graça, eu sei.