Férias Frustradas escrita por Nunah
Era um prédio imponente e grandioso para um restaurante. Não tinha nome, pelo menos, não que eles tivessem visto. A fachada era apenas uma marquise cor de creme, decorada com arabescos dourados. Enormes portas estavam abertas dos quatro lados; havia várias janelas também, era romântico.
Demais.
O piso era todo de um azulejo branco límpido, em alguns lugares estavam incrustadas rosáceas feitas de minúsculas pedrinhas brancas e pretas. O teto era sustentado por colunas de base redonda e bem alto, tinha mosaicos redondos de vidros coloridos, o que deixava o piso refletindo luz como um arco-íris quando o sol batia e penetrava no lugar.
Espalhadas estavam as mesas redondas, circundadas por duas ou três cadeiras, com leves toalhas brancas e em cima de cada uma tinha um vaso fino de vidro, com uma única rosa, que variava na cor, podendo ser branca, rosa (uma rosa rosa, isso é estranho, quanta criatividade) ou vermelha.
Lá dentro, assim como na parte de fora, era tudo decorado em creme e dourado.
- Deuses, o que Afrodite espera? Que eu ajoelhe e te peça em casamento? – Poseidon perguntou, indignado.
- Isso é ridículo. Não somos um casal.
- Longe disso.
- Er... Eu já volto – ela disse, como se tivesse acabado de se lembrar de algo, se afastando antes que ele pudesse protestar.
Athena saiu andando rapidamente, seus passos ecoando enquanto o salto dos sapatos batia fortemente no chão. Ela entrou no toilet e se dirigiu para um dos vários espelhos.
Afrodite tem tara por espelhos.
- Argh – ela reclamou, enquanto via uma mancha vermelha arroxeada em seu pescoço. Maldito.
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- Nós precisamos nos sentar juntos?
Poseidon se virou. Athena tinha soltado os cabelos que agora começavam a enrolar novamente. Ela estava olhando as mesas ao redor, distraída, enquanto virava o centro das atenções masculinas.
- O que quer dizer com isso? Somos um lindo casal feliz – ele disse, pegando sua mão e levando-a para longe.
- Isso é ridículo – ela repetiu, sentando a contragosto.
- Já disse isso. Você tem uma tendência a repetir as coisas não é? – ela revirou os olhos, assentindo um pouco – Isso se aplica ao que aconteceu no cinema?
- E você não sabe parar de falar besteira.
- Isso não é besteira.
- Não, imagine. Eu nunca, nunca mais vou me deixar levar por você, ouviu? – ela balançou a cabeça – Isso não vai mais se repetir.
- Claro que não. Nosso banho vai ser puro e inocente.
- Pare de brincar com isso. Você e Afrodite são uns... Sujos – ela disse, ele apenas sorriu torto.
Poseidon fez os pedidos. Athena ficou observando-o. Isso não vai mais se repetir, ela repetia para si, querendo se convencer. Mas no fundo, a verdade era que ela estava com medo de gostar do que pudesse acontecer.
De novo.
Ela não poderia se dar ao luxo.
- Por que ela está fazendo isso? Ela deveria saber que não daria certo – Athena falou, suspirando.
- Não daria?
- Bom, não. Temos muitas diferenças.
- Mas também temos semelhanças – ele falou distraidamente, olhando para fora da janela, como se nem soubesse o que estava dizendo – Ambos somos orgulhosos, egocêntricos, gostamos de infernizar a vida dos outros...
- Já passei dessa fase. Ao contrário de você, que continua uma criança.
- Todos temos uma criança dentro de nós, é fato. E essa é mais uma de nossas semelhanças. Nós odiamos as loucuras de Afrodite e ambos achamos que isso não vai nos levar a lugar algum.
- Nisso eu tenho que concordar.
- Acha que vamos ficar aqui por quanto tempo?
- Se ficarmos por muito tempo, vamos enlouquecer.
- Você vai resistir? – ele perguntou, sorrindo.
- Ao quê, exatamente?
- À vontade de deixar as coisas acontecerem.
Athena fraziu os lábios, pensando na resposta. Ainda era muito cedo para decidir qualquer coisa. Muito cedo.
- É... Acho que vou, sim.
- Então um brinde. À sua resistência. Uma resistência que eu vou quebrar facilmente – ele levantou a taça de vinho tinto.
- Como pode ter certeza?
- Você quer apostar? – ele perguntou, com um sorriso maroto. Ela apenas semicerrou os olhos, encostando levemente sua taça na dele, e depois levando-a aos lábios.
Poseidon a analisou por cima do vidro fino, sua expressão estava serena, mas seus músculos estavam tensos e seus olhos, continham o medo do desconhecido.
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O silêncio no carro foi tenso, como sempre.
- O que se tem pra fazer aqui? – Athena perguntou, enquanto se sentava no sofá, tirando os sapatos. Poseidon estava apoiado no parapeito da janela.
- Hm, quer ir à praia? – ele perguntou inocentemente, se virando. Ela o olhou entediada – O quê? É legal.
- Ha-ha, super – ela disse, irônica.
- Estou falando sério. Você vai fazer o quê? Dormir? Ler? Pelos deuses, Athena, isso é pra ser divertido!
- Ler é divertido.
- Não, não é. Você vai pra praia comigo.
- Quem disse?
- Eu.
- E desde quando você manda em mim? – ela perguntou, se levantando e indo pra escada.
Ele a levantou, colocando-a no ombro, de ponta-cabeça.
- Ei!
- Se você não vai por bem, vai por mal – ele deu um tapa na bunda dela – Pense pelo lado bom, eu não vou te forçar a colocar um daqueles biquínis excitantemente sexys.
- Você é um safado.
- Já discutimos isso. Então, está confortável? – ele perguntou, saindo da casa e tirando os tênis, ainda com ela sobre seu ombro.
- Maravilhosamente confortável – ela murmurou, gemendo em protesto, enquanto ele se encaminhava para o mar.
- Para de ser chata, é só água – falando isso, ele a jogou mais pro fundo, ela gritou e afundou. Alguns segundos depois, ela voltou à superfície, tossindo e com dificuldade pra boiar – O que houve?
- N-nada, é só que-
Ela tossiu de novo, sem parar. Poseidon a pegou e deitou seu corpo na areia.
- Roupas. Elas ficam pesadas na água – ele resmungou, enquanto tirava a própria camisa.
Poseidon arrebentou os botões da blusa dela e abriu sua jeans, revelando sua lingerie que ele tanto queria rasgar.
Ela respirou fundo e sorriu fracamente.
- Você é um tarado.
- Cuma? – ele piscou várias vezes até ter certeza do que tinha ouvido – Está brincando? Eu salv-
- Estou.
Ele a olhou sarcástico e ela riu, sentando-se.
- Obrigada.
- Já é a segunda vez que diz isso pra mim desde que chegamos, devo desconfiar?
Ela revirou os olhos e tirou a camisa, fazendo-o engolir em seco enquanto via gotas de água salgada deslizando para dentro do seu sutiã.
- Pare de olhar – ela disse, levantando-se.
- Não consigo.
- Então feche os olhos – agora ela abaixava a jeans, deixando-o maluco.
- Por que está fazendo isso? – ele sussurrou, tentando se controlar. Pela 8237482ª vez.
Ela pareceu não ouvir, e foi lentamente até o mar. A brisa afastava alguns fios de cabelo do seu rosto.
Assim que seu pé entrou em contato com a água, um filete subiu por sua perna e ela virou o rosto. Poseidon estava deitado de costas, apoiado nos cotovelos, atento a cada mínimo movimento de seu corpo.
Ele sorriu.
Ela continuou o que estava fazendo e mergulhou.
Quando Athena retornou, ele ainda estava deitado, mas com um braço servindo de apoio para a cabeça e o outro lhe cobrindo os olhos, mas ele ainda sorria, imerso em pensamentos.
Depois de muito pensar sobre o que fazer, ela deitou ao seu lado, pensando que ele não faria nada.
- É bom, não é?
- Relaxante – ela disse, fechando os olhos. É, é muito bom.
- Se eu dormir, eu não vou acordar com um vestido e maquiagem não é? – ele perguntou, lembrando-se do que Ártemis fez com Apolo, mas ele estava realmente quase pegando no sono.
- Eu estava pensando em te trancar pra fora, mas sua ideia é melhor.
- Muito engraçado – ele falou, esticando o braço – Estou morrendo de medo.
- Deveria – ela disse, ainda de olhos fechados.
- Você também vai dormir – Poseidon sussurrou.
- Não vou, não.
- Você quer apostar?
- Já é a segunda vez que me pergunta isso hoje, devo desconfiar?
- Não vale, eu disse isso – ele falou, olhando-a. Ela sorriu. Instintivamente, ele percorreu sua bochecha com os dedos, fazendo-a soltar um suspiro, pra depois se culpar. Ele riu baixinho, antes de sussurrar novamente: - Você vai dormir.
- É, eu vou dormir – ela disse, acomodando-se mais na areia fofinha.
Ele não sabia bem o que fazer, justo ele, que não pensa antes de fazer as coisas. Refletindo internamente que estava quebrando suas próprias regras, ele se voltou novamente para o céu, pensando no Olimpo.
Quase que sem querer, ele fez a coisa mais irracional do mundo: Entrelaçou seus dedos com os dela. Mas... Ele já estava praticamente dormindo. Não tinha consciência de suas ações.
A única coisa de que se lembra, é que o sol já estava mais para o oeste. Quase desaparecendo. O tempo passa num piscar de olhos. Literalmente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Sem graça, eu sei.