-Jenna, a Elena está em casa?

-Está no quarto dela.

-Você se incomoda se eu for vê-la?

-Me incomodo só se você deixá-la magoada novamente.

Eu ouvia Jenna e Stefan conversando no andar de baixo e rezava para que Jenna não o deixasse subir para falar comigo. Mas então ouvi passos na escada.

Ai meu Deus, ai meu Deus! Vou fingir que estou dormindo, pensei. Nem percebi que já eram três horas da tarde e que essa desculpa provavelmente não o convenceria.

Escutei alguém batendo na porta. Já me preparava para fingir um ronco na tentativa de parecer mais convincente, quando disseram do outro lado da minha porta:

-Elena? Sou eu, Damon. Posso entrar?

Damon?

-Claro, Damon, entre. – O que Damon fazia ali? Jurava ter ouvido somente a voz de Stefan.

Damon abriu a porta e entrou. Olhou para mim e disse no mesmo tom brincalhão de sempre:

-Elena, você geralmente é uma das mulheres mais lindas que eu conheço. Mas devo confessar que esse seu cabelo de vassoura e essa calça de moletom rasgada no joelho te deixam parecendo um espantalho.

-Muito engraçado, Damon. – Meu humor andava um lixo desde o dia em que fomos nós quatro ao Mystic Grill, eu sabia disso. Sorte minha que o Damon tinha uma paciência de santo comigo. – O que foi dessa vez?

-Também estava com saudades de você amiguinha, obrigada pela recepção calorosa! – Ele deu uma de suas risadas que me acalmavam, eu até conseguir abrir um quase-sorriso. – Elena, já faz uma semana, eu sei que você só sai da cama para ir para a escola porque é obrigada e quando eu morrer serei redimido de todos os meus pecados e terei uma cadeira dourada que voa e faz massagem guardada bem ao lado de São Pedro lá no céu de tanto que eu ouvi o Stefan se lamuriando pelos cantos durante todo esse tempo. Dia e noite. O desgraçado não dorme e não me deixa dormir! Então, peço encarecidamente: tenha pena de mim! Eu sei que meu irmão merece morrer por tantas burrices que ele faz, mas não agüento mais ele reclamando por querer falar com você.

-Damon...

-Por favor, Elena, por favor! Porfavorporfavorporfavor...

-Está bem, está bem. Mas só se eu puder mandá-lo para bem longe em menos de 10 segundos de conversa.

-Obrigado, Elena! Você pode mandá-lo para onde quiser com menos de 5 segundos, só fale com ele para ele parar de me atormentar!

-Tudo bem...

Enquanto Damon descia as escadas, troquei minhas roupas de ficar em casa por um jeans e um casaco, e prendi o cabelo. Não estava exatamente arrumada, mas pelo menos Damon não poderia mais me comparar a um espantalho.

Eu saí de casa e Stefan me esperava no banco da varanda. Seus ombros estavam caídos, seus olhos estavam inchados e vermelhos, com enormes olheiras roxas e estava pálido. Sua aparência era quase tão ruim quanto a minha. Damon já havia ido embora, para nos dar um pouco de privacidade. Sentei do seu lado, mas não disse nada. Só esperei.

Ele virou a cabeça lentamente em minha direção, mas tudo o que pode dizer foi meu nome. E então ele começou a chorar.

Aquela cena me amoleceu. Era insuportável ver Stefan daquele jeito. Aquilo me fez esquecer tudo o que aconteceu. Eu encostei minha cabeça em seu ombro e o abracei. Ele colocou um braço em minha volta e assim ficamos por um longo tempo.

Tínhamos feito as pazes.