Eu estava apenas ciente de que Damon e Caroline conversavam no banco da frente. Mas não sabia dizer sobre o que falavam. Conhecer Katherine, perceber que ela é idêntica a mim e ver a reação de Stefan me deixaram mais do que abalada. Eu estava catatônica.

-Elena? – A voz de Damon era cautelosa. – Elena, chegamos. Estamos na sua casa.

Eu saí do meu transe, olhando para os dois.

-Estamos... o quê? Desculpem, estou meio avoada...

-Elena, eu posso passar a noite com você, te fazer companhia. Para mim não é problema e tenho certeza que Damon não vai se incomodar. – Disse uma Caroline muito preocupada.

-Não me importo mesmo. Caroline, você deve mesmo ficar, ela vai precisar de companhia.

Eu não tinha muita consciência do que eu dizia, meus pensamentos eram mais lentos do que minhas palavras. Me peguei perguntando se Damon também não poderia passar a noite ali.

-Damon, você pode ficar também? Eu preciso fazer algumas perguntas, e estou certa de que Caroline vai ser uma excelente companhia, mas ela não saberá responder nada...

-Fico, sem problemas.

Fui cambaleando até meu quarto, com Damon e Caroline me sustentando. Eu estava entorpecida com toda aquela história. Tomei um banho quente esperando que o vapor fizesse meus neurônios voltarem ao normal.

Quando terminei, voltei para o quarto e sentei na cama. Damon estava encostado no batente da porta e Caroline ajoelhada no chão, aos meus pés.

-Por quê? – Foi tudo o que eu consegui perguntar.

Damon começou:

-Ela é bem parecida com você, não é meu bem?

-Ela não é parecida, Damon, elas são idênticas! Até eu fiquei confusa. – Caroline estava ainda mais agitada que de costume.

-Bom, a história é longa, mas lembro de ter ouvido a monstrinha me contando sobre isso uma vez, quando eu ainda era humano... Elena, você está cansada. Eu posso contar a história outro momento. Eu posso primeiro obrigar a vagabunda a me contar a história direito, assim eu não te falo nenhuma besteira hoje...

-Me conte agora, Damon, por favor. Eu preciso saber.

Caroline sentou do meu lado na cama e me abraçou. Damon se sentou no chão, na nossa frente e começou:

-Lembro de um dia Katherine ter dito algo sobre doppelgangers. Esse era o motivo dela ser vampira. Ao que parece, alguma ancestral dela havia conhecido um bruxo muito poderoso que queria algo que ela possuía, mas ela não queria entregar-lhe o que quer que fosse. Esse bruxo amaldiçoou a família dela, criando as doppelgangers: a cada 500 anos, nasceria uma e todas estariam destinadas a protegerem esse tal artefato. Katherine é uma dessas doppelgangers e você é a outra, Elena. Eu não sei exatamente quando isso começou, nem que objeto é esse e nem porque esse bruxo precisa disso. E muito menos porque a vadia está de volta.

-Me deixa ver se eu entendi uma coisa, - Caroline começou – a Elena é parente da Katherine? Como isso é possível? Eu pensei que vampiros não pudessem ter filhos.

-Essa é a Katherine, sendo vadia desde 1500, tendo filhos fora do casamento...

-Damon... e você acha que ela veio aqui para me entregar isso? Por que do jeito que ela olhava para ele – eu não podia dizer o nome dele naquele momento – parece que ela veio só recuperar o namorado...

-Eu não sei, Elena, eu não sei... Mas prometo tentar descobrir tudo. E prometo contar tudo assim que eu souber.

Concordei com a cabeça.

-E agora você precisa descansar. Caroline passará a noite aqui enquanto eu vou para a casa arrumar briga com a vadia e o estúpido do seu namorado.

Me encolhi. Lembrar da reação do Stefan na frente de Katherine machucava.

-Boa noite, meninas.

Minha cabeça rodava tanto com tudo o que havia acontecido aquele dia, com tudo o que eu havia descoberto, que peguei no sono antes mesmo de ouvir o som do carro de Damon deixando a rua.