Eu não podia acreditar no que meus olhos viam. Aquilo simplesmente não era possível. E ainda assim estava ali.

-Quem é você? – perguntou um Damon incrédulo.

-Como assim “quem sou eu”? Já se esqueceu de mim, Damon?

E então, três coisas aconteceram ao mesmo tempo. Damon empurrou Caroline e eu para trás de Stefan, para que ele nos protegesse. Depois, Damon avançou com uma velocidade anormal prendendo a menina na parede, com um braço em sua garganta. E Stefan deu um passo a frente.

-Katherine? – Ele sussurrou.

-Oi, Stefan. – O sorriso dela, parecido de mais com o meu (eu me recusava a aceitar que era igual ao meu), apareceu em seus lábios, enquanto ela facilmente empurrava Damon para longe. – Esperava ser mais bem recebida por você, Damon. – Ela disse com desgosto.

-Eu não dou boas vindas para pessoas que morrem queimadas. O que aconteceu naquela igreja, Katherine? O que você está fazendo aqui, além de me irritar?

Eu tentava entender aquilo. Apesar de saber quem era Katherine, eu estava tão confusa quanto Caroline que não sabia nada dessa parte da história. Eu mal tinha consciência do que se tratava tudo aquilo.

Mas, ainda assim, pude perceber quando Stefan deu mais um passo em direção a ela.

-Katherine – ele disse – é você mesma?

Ela caminhava em sua direção agora.

-É claro que sou eu, Stef. Quem mais?

-Mas você, você... – ele não pode terminar a frase.

-Eu nada, Stefan. Eu tive a chance de fugir e foi o que eu fiz, mas não podia mais voltar para você, era perigoso de mais.

Eles estavam frente a frente. Damon se postara perto de mim e de Caroline, numa posição defensiva.

-Vadia. – Damon disse isso tão baixo que quase eu, que estava do seu lado, podia ouvi-lo.

-Eu ouvi isso, Damon. E não vou me ofender.

-Não deveria mesmo. O que faz parte da nossa personalidade não deve nos ofender.

Ela caminhou até ele e ficou na ponta dos pés, quase o beijava. Stefan, sempre tão controlado com suas emoções, mostrava-se claramente desesperado, agoniado. Eu queria correr para seu lado, dizer-lhe que tudo ficaria bem, mas sabia que não podia fazer isso. Não era o que ele quereria.

Katherine se aproximou mais da boca de Damon enquanto dizia.

-Bom, pelo que eu me lembro, você gostava muito da vadia aqui. Gostava tanto que dormia comigo todos os dias, ou melhor, não dormia...

-Todos nós já fizemos coisas das quais não nos orgulhamos. No entanto, você foi embora e eu fui muito feliz com isso. E mais feliz ainda agora porque vou ter a chance de levar minha amiga para casa e saber que ela está segura, e levar a minha namorada para minha cama e fazer algo na qual você sempre deixou a desejar.

Katherine ficou vermelha, mas Damon continuou.

-Mas, principalmente, vou ser muito, mas muito feliz mesmo por fazer o que vou fazer agora.

Então Damon deu um tapa no rosto dela que a fez bater na parede. Ele foi até ela e disse.

-Morra, sua vagabunda de quinta categoria, mas dessa vez faça direito, pois não quero vê-la retornando novamente das cinzas daqui a 145 anos.

Damon saiu de perto de Katherine obviamente aborrecido. Passou perto de Stefan dizendo algo que eu não pude compreender completamente, mas foi parecido com um “se você magoá-la... espero que não seja... ou você vai se ver comigo”. Ver um Damon sempre brincalhão, sarcástico e sorridente com um rosto tão feroz me fez ter medo dele.

-Caroline, Elena. Vamos embora. O Stefan vai ficar pra levar a vaca pra comer capim...

Eu não arredei o pé, por mais que Damon me puxasse.

-Stefan... – eu falava muito baixo, como se as palavras não quisessem sair. – Stefan, você não vem? Você vai ficar?

Ele não disse nada. Só abaixou a cabeça, obviamente muito confuso.

-Stefan, por que você nunca me disse? Ela é... ela é... nós somos idênticas. Como isso é possível? – Minha voz sumiu de vez.

Eu vi Katherine sorrir com diversão enquanto caminhava em direção a Stefan, ele se virou para ela, ao mesmo tempo em que ela segurava as mãos dele, entrelaçando os dedos.

Stefan se virou para mim, como quem acabara de ser torturado.

Uma lágrima desceu pelo meu rosto, Caroline encarava Stefan furiosamente e colocara seus braços sobre meu ombro.

Vi Katherine abrir um sorriso de vitória.

-Agora já chega. Vamos embora, Elena. – Damon disse.

Caroline foi me arrastando em direção ao estacionamento e eu não olhei para trás para ver o que Stefan faria.