Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 59
Você Está Bem?


Notas iniciais do capítulo

Você está bem?
Divirta-se!



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POV. Caspian.

Sentia o desespero e o medo crescendo dentro de mim a cada passo, servindo de combustível. Já estava chegando ao meu quarto, mas quando fiz a curva do corredor, deparei-me com uma detestável figura impedindo minha passagem.

–É desnecessário ter pressa – disse Miraz, debochando, brincando com a espada em mãos.

Resisti a vontade de parar e matá-lo de uma vez por todas, mas Susana precisava de ajuda e isso sem dúvida era mais importante do que a existência de Miraz.

–Não tenho tempo para matar saudades, tio. - resmunguei seguindo em frente.

–Fique despreocupado, Caspian. Rabadash está cuidando muito bem dela, já é tarde para salvá-la. Ou melhor: salvá-los.

Bastou alguns passos para ele me atacar. Em golpes rápidos e certeiros o derrubei machucado, seguindo com minha corrida. Entrei no quarto em rompante com a espada ainda em punho, ao mesmo tempo que Susana, que tinha apenas o arco em mãos, caiu sobre a cama devido o forte tapa que Rabadash lhe acertara. Senti meu sangue ferver de fúria.

–Deixe-a em paz! - bradei, do fundo da garganta, quase cuspindo fogo.

–Caspian, não!

Rabadash encarou-me, seu rosto tinha marca de unhas e o lábio cortado. Sacou a espada.

–Eu sabia que ele vinha, não lhe disse? - falou a Susana que, ainda sobre a cama, lançou-me um olhar aflito. Com uma marca vermelha na face, ela negou minimamente com a cabeça. Na mesma hora compreendi não ter sido ela a soprar a trompa, senti uma lâmina fria pousar em minha nuca, ouvindo logo o riso grotesco de Miraz. - Bem vindo à nossa armadilha.

POV. Pedro.

Quando Lilliandil chegou enfrentei minha vontade e deixei Rany a seus cuidados, protegida por soldados. Parti para ver os outros indo primeiro ao quarto de Lúcia. Corri de espada em punho e encontrei as portas de seu quarto abertas, os guardas mortos e os corpos de lobos nos corredores. Ao atravessar a porta do quarto destruído e repleto de lobos mortos, vi Rilian puxar a espada do peito de um deles.

–Lúcia, Rilian – chamei. - Estão muitos feridos?

Rilian apresentava alguns arranhões na testa e uma mordida no braço. Lúcia estava mais machucada. Seus braços tinham várias mordidas e em seu rosto havia marca de garras, não profunda, mas comprida.

–Vamos sobreviver. - respondeu ela, ofegante.

–Tome o elixir. - ordenei.

–Não precisa. - insistiu. - São apenas alguns arranhões.

–Venham, temos que encontrar os outros. - falei, já me retirando e sendo seguido por eles.

–E Susana e Edmundo? - perguntou Lúcia.

–Vamos ver Susana, Caspian pode estar precisando de ajuda. Jay e Tirian deve estar com Edmundo. Rápido!

POV. Caspian.

–Parece que você realmente precisará ter tempo para nós. - disse Miraz.

–Solte sua espada. - ordenou Rabadash. Lancei um breve olhar para Susana e não me movi. Rabadash, nada feliz em ser contrariado, puxou Susana pelo braço violentamente e a manteve com as costas contra sua armadura, ainda sentada na cama. Passou um dos braços pelos ombros dela e levou a lâmina a seu pescoço. Susana permaneceu imóvel, os olhos marejados, os lábios franzidos e a respiração irregular, o queixo levemente erguido. Rabadash falou mais autoritário: - Solte sua espada.

Olhei para Susana outra vez, um sinal que ela compreendeu muito bem. Encarando Rabadash, pousei a espada lentamente no chão.

–Não faça nada a ela. - falei com um joelho flexionado e o outro no chão, pousando a espada bem ao lado de meu pé.

–Não farei a ela. - disse. - Susana só está aqui para servir de incentivo. Eu não poderia levá-la antes de eliminar você.

Olhei para Susana mais uma vez enquanto ele falava e assenti minimamente. Num átimo, puxei o punhal escondido na bota e o cravei na coxa de Miraz, fazendo-o cair. Ao mesmo tempo, Susana acertou uma cotovelada na virilha de Rabadash fazendo-o curvar-se de dor, ela então girou e num golpe certeiro acertou-o no rosto com o arco, afastando-o de si. Enquanto isso, peguei minha espada outra vez e antes que Miraz pudesse levantar-se, acertei-o com o punho da espada e com o punhal perfurei seu braço, em seguida espetando-o no chão. Miraz urrou de dor e permaneceu ao chão sem poder se levantar ou livrar o braço.

A essa altura, Susana me alcançou. Mantive-a longe de Miraz e atrás de mim. Rabadash ergueu-se irado e avançou contra mim. Fui ao seu encontro e começamos a duelar ferozmente. De relance pude ver Susana buscando suas flechas, usando algumas para manter Miraz preso ao chão e mirando uma delas em Rabadash, aguardando o momento certo de atirar.

Deixei toda a fúria que sentia contra ele me mover naquela luta. Acertei-lhe com o punho da espada várias vezes não descontando chutes e cotoveladas sempre que tinha a chance. Atingiu-me no rosto com um soco usando a deixa para deferir um golpe certeiro, mas rapidamente bloqueei sua espada e forcei-a para o lado aproveitando a guarda baixa de Rabadash para atacar. Golpeava-o com força e rapidez, acertando-o várias vezes seguidas usufruindo da velocidade e da vantagem para não lhe dar tempo de reagir. Impulsionado com cada vez mais fúria, quando consegui lançar sua espada para longe, chutei-o no joelho, no sentido contrário à articulação causando um estalo alto. Rabadash urrou de dor. Com hematomas e cortes no rosto ele caiu, apoiando-se com as mãos no chão. Chutei-lhe nas costelas fazendo-o despencar sobre o tapete, cuspindo sangue. Rabadash gemeu, mas isso não me impediu a mantê-lo no chão com mais alguns chutes. Ofegante, usando a ponta da bota, empurrei seu ombro fazendo-o rolar, ficando com o rosto para cima. Ele olhava-me com o orgulho humilhantemente ferido, com puro ódio que o corpo fraco não o permitia exprimir, negando-se a ceder à derrota literalmente estampada em sua cara. Pisei com um pé em seu peito, encarando-o de cima.

–Eu disse para deixá-la em paz.

Com o queixo trincado, atravessei-lhe o peito com minha espada. Ele expirou com um gemido abafado. Puxei a lâmina de volta e tornei-me para Miraz que olhava-me assombrado. Dei um passo em sua direção quando as chamas da lareira e velas apagaram para novamente acenderem. Miraz e Rabadash não estavam mais ali. Limpei minha espada e embainhei-a indo em direção a Susana e abraçando-lhe fortemente. Ela afundou o rosto em meu peito e eu mergulhei os dedos em seus cabelos.

–Você está bem? - perguntei, afastando-a um pouco, segurando seu rosto entre minhas mãos. - Ele machucou muito você?

–Estou bem, Caspian, estou bem. - assentiu rapidamente com a voz trêmula, mas eu vi a dúvida em seus olhos marejados. Abracei-a contra mim outra vez.

–Vamos encontrar os outros, Lilliandil ou Coriakin podem examinar você e...

–Caspian! - ouvimos a voz de Pedro.

–Estamos aqui! - avisei, logo ele, Lúcia e Rilian entram no quarto. -Vocês estão bem?

–Lúcia! - espantou-se Susana ao mesmo tempo que eu. - Por Aslam, o que houve?! - Susana soltou-me e foi até a irmã assustada pela roupa suja de sangue e pelo ferimento no rosto.

–Maugrim. - Lúcia deu de ombros. - Estou bem, Su, não se preocupe. Rilian chegou na hora certa. - olhou para o rapaz mais atrás.

–Obrigada. - Susana falou a ele, sincera. Ele apenas fez uma suave e curta reverência.

–O que houve por aqui? - perguntou Pedro quando cheguei até eles e nos encaminhamos para fora.

–Rabadash e Miraz. - resumi. - Miraz conseguiu fugir, mas Rabadash está morto. - Pedro assentiu uma vez, já andávamos. - Preciso levar Susana até Lilliandil, quero ter certeza que está tudo bem.

–Lilliandil está com Rany, Aller tentou matá-la. Também fugiu. Temos que ir até os outros, ainda não tive notícias de Edmundo. - disse Pedro.

–Pedro! - Tirian nos alcançou correndo. Paramos a poucos metros do quarto de Edmundo. -Estive com Dave, Jay já tinha o encontrado e ele e Vincent alertaram os soldados, estão preparando as tropas. Não encontrei Jay. - despejou de uma vez.

–Vam... - Pedro começou a falar, mas foi interrompido por um som alto, um urro que parecia ser da mais agonizante dor.

–É Edmundo! - gritou Lúcia, já correndo, sendo seguida por Rilian.

–Tirian, vá até os outros e avise para se reunirem no pátio! - ordenou Pedro, correndo também. Tirian correu na direção contrária e Susana insistiu em nos acompanhar apesar dos meus protestos para que não corresse.

Quando alcançamos os outros Pedro e Rilian acabavam de arrombar a porta do quarto de Edmundo. Entramos, ficando estáticos com a cena que encontramos.

Edmundo estava ajoelhado com Jay, abraçando-a fortemente contra si. Rompendo do peito, vindo do fundo da alma, veio mais um urro quando ele puxou a espada, retirando a lâmina do corpo da esposa que permanecia desanimada em seus braços. Lúcia cobriu a boca com a mão e recuou um passo. Susana apertou minha mão fortemente e Pedro e eu permanecemos imóveis.

Largando a espada suja no chão, Edmundo abraçou Jay contra si com força extrema, a mesma com a qual chorava amargamente permitindo que urros de dor lhe escapassem até que lhe faltasse o fôlego. Com os olhos fechados, com a cabeça pendida para trás, os cabelos roçando o chão e com os membros completamente irreativos, Jay estava sem vida em seus braços.


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Notas finais do capítulo

Tava ansiosa pra postar esse capítulo pra vocês ^^

E agora, você está bem?

Reviews! :*

Contagem regressiva: faltam 7 capítulos.