Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 60
A Última Batalha.


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao capítulo 60. Peguem suas armas, narnianos. A batalha vai começar.



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Tirian fora rápido em avisar a todos. Não ousamos interromper Edmundo. Aguardamos por um tempo infinito até que ele, já sem forças para continuar lamentando, com um cuidado tocável, carregou Jay nos braços até deitá-la devagar sobre sua cama. Tirou-lhe os cabelos bagunçados do rosto e secou suas próprias lágrimas com as manga de sua camisa. Encarou sua espada enquanto dava passos até ela, hesitou, cerrando os punhos, mas por fim apanhou-a, limpou o sangue em sua própria camisa e embainhou-a. Ao finalmente virar-se para nós, seu rosto mais pálido do que o normal estava sério, indecifrável. Ele não disse uma palavra sequer. Passou por nós e sumiu dentro do castelo.

Pedro, em breves palavras, falou para que fôssemos para o pátio ao encontro dos outros, disse que logo nos encontraria lá. Seguimos em silêncio até lá, Susana e eu ficamos mais atrás, andando devagar, de braços dados.

POV. Pedro.

Eles seguiram para o pátio e eu fui até o quarto de Rany saber como ela estava. Os guardas estavam outra vez do lado de fora e fizeram reverências, dando-me passagem. Bati na porta duas vezes antes de entrar. Rany trocara de roupa, vestia calça e camisa, mas estava descalça, deitada à cama, encolhida, abraçada a si mesma. Parecia cochilar. Lilliandil deixava uma xícara vazia sobre a mesa quando entrei.

–Majestade. - fez uma reverência.

–Ela está dormindo? - perguntei baixo.

–Sim, está.

–Você a examinou? Houve algo muito sério? Alguma fratura? - perguntei baixo, aproximando-me, mas Lilliandil veio até mim e levou-me até o outro lado do quarto.

–Nenhuma fratura, senhor. - lançou um rápido olhar para Rany, parecia hesitar.

–Lillian? - chamei. Ela olhou-me mordendo o lábio. Perguntei-lhe pausadamente, olhando-a nos olhos - O que houve?

–Bem... - olhou Rany mais uma vez, continuando. - Ela foi agredida fortemente – falou paciente. - Teve um sangramento e... Bem, eu não sei ao certo, mas... - parou.

–Lilliandil, diga. - supliquei.

–Como eu ia dizendo, não sei ao certo, Majestade, mas tudo indica que a senhorita Rany sofreu um aborto.

POV. Caspian.

Susana continuou insistindo que não sentia nada diferente, mas não cogitei a ideia de não consultar Coriakin. Descemos a escadaria que dava ao pátio coberto por uma fina camada de neve onde já estavam os outros e a primeira coisa que fiz foi chamá-lo. Afastamo-nos dos outros um pouco e contei a ele todo o ocorrido. Susana contou-lhe também o que sentia.

–Tem certeza que não sente mais nada, Majestade? - insistiu ele.

–Não – confirmou Susana outra vez. - Não sinto nada, nenhuma dor além de onde está machucado.

Coriakin assentiu por alguns segundos. Aconselhou que ela repousasse, era impressionante que depois de ter sido agredida por Rabadash ela não sentisse nada, por isso devia ficar em observação e repouso. Agradeci e voltamos para junto dos outros.

Tirian tinha ido informá-los.

–Perdemos Aravis e Helena. - dizia, em tom de lamento. - Os outros estão bem, um pouco feridos, mas nada sério.

–Perdemos Jay também. - disse Lúcia. Tirian prendeu a respiração brevemente.

–E Edmundo? - perguntou. Lúcia olhou-o por alguns segundos, hesitando. Nenhum de nós achava palavra correspondente para descrevê-lo naquele momento.

–Está vivo... - foi a resposta que ela encontrou, soltando-a com o ar. Depois, olhou-me, indicando a escada com a cabeça. - É com você.

Assenti, soltei minha mão da de Susana, respirei fundo e subi alguns degraus da escada. Na mesma hora que Dave chegou correndo e sussurrou algo a Tirian que logo saiu com ele. Percebi Edmundo descendo as escadas com a mesma expressão indecifrável.

–Narnianos. - chamei, alto, conseguindo a atenção de todos. - Hoje, mais uma vez nossos inimigos tentaram nos derrubar. Atacaram-nos pela retaguarda e infelizmente conseguiram levar mais dos nossos. Rainha Aravis, Rainha Helena e Jay... É com toda a certeza que lhes digo: estamos chegando ao fim. - engoli, olhando para todos ali. - E é com mais certeza ainda que lhes digo também: o pior erro dos inimigos de Nárnia foi terem se levantando para nos enfrentar! Muitos de nós podem estar sem esperanças por nossas perdas e por Aslam ainda não ter chegado, mas, Amigos, estejam certos que enquanto houver um de nós de pé ainda lutaremos por Nárnia! Aslam nunca nos abandonou e não vai nos abandonar agora! Tenham fé! Acreditem e lhes garanto que na hora certa veremos nossa vitória raiar no horizonte! Por agora, devemos nos preparar, é hora de vestirmos nossas armaduras e lutamos por nosso reino mais uma vez! Acreditem em Nárnia. Acreditem em Aslam. - encerrei. Ao olhá-los mais uma vez, desci um degrau quando como um rugido, a voz de todos soou contagiando a todos e fazendo os alicerces estremecerem.

–POR NÁRNIA! - gritaram os primeiros, erguendo suas armas, seguidos dos outros, eu mesmo ergui minha espada, gritando com todos numa só voz. - POR NÁRNIA!

Sentindo o peito inflando de entusiasmo, olhei para cada um deles vendo o mesmo sentimento em seus rostos. Susana dirigia-me um olhar orgulhoso enquanto os outros continuavam a entoar o grito. Ao correr os olhos pela multidão outra vez, vi ao fundo Tirian chegar correndo.

–Caspian! Caspian! - chamava ele, aproximando-se. Quando perceberam, todos foram calando-se para ouvi-lo. Desci a escada indo ao encontro dele. Susana permaneceu atrás de mim, perto do corrimão.

–O que houve? - perguntei.

–São eles! - disse ofegante. - O exército inimigo está se aproximando!

–Quanto tempo temos?! - inquiri.

–Poucos minutos. Estão quase alcançando a cidade! - disse.

–Caspian... - chamou Susana, tão baixo que julguei ter ouvido mal.

–Vamos todos! É chegada a hora, devemos nos preparar, rápido! - ordenei quando todos corriam escada acima deixando o pátio num piscar de olhos. - Tirian, soe o alarme! Convoque as tropas para batalha! - ele logo saiu.

–Caspian! - chamou Susana, com mais força, assustando-me. Tornei-me para ela.

–Su...!

Susana estava apoiada ao corrimão da escada, um pouco curvada para frente com a mão sobre a barriga como se quisesse segurá-la. Quando a olhei, ela correspondeu com uma expressão de medo e dor, afastando a mão de sobre o vestido, mostrando-me uma mancha molhada no tecido. Senti meu coração parar para logo explodir freneticamente. Seus olhos marejaram ao tempo que os sinos soaram imponentes.

–Está na hora...!

No segundo seguinte os soldados já chegavam ao pátio armados e prontos para lutar. Permaneci paralisado, num misto de ansiedade e pavor.

–Temos que tirá-la daqui! - lembrou-me Lúcia, só assim consegui tornar a mim. Em duas passadas largas cheguei até Susana, peguei-a com cuidado nos braços e corri para nosso quarto.

–Lúcia! Chame Lilliandil, Coriakin ou qualquer um que possa ajudar! - falei e ela partiu na direção contrária a minha. Edmundo seguiu Lúcia, e Rilian foi se preparar. Em meus braços, Susana gemeu de dor.

–Calma, calma, Su, estamos chegando! - supliquei.

–Certo, estou tentando não imaginar o exército inimigo invadindo o castelo enquanto estou dando a luz. - ofegou levemente, senti sua respiração contra meu pescoço.

–Por favor, não me deixe mais nervoso. - pedi. Ela assentiu. - Malditos, não acredito que vão me impedir de ver minha filha nascer! - praguejei em seguida.

–Caspian! - protestou Susana antes de gemer outra vez.

–Desculpe, desculpe! - chegamos em nosso quarto, coloquei-a de pé devagar ao lado da cama.

–Ajude. - falou ela, indicando os laços do vestido.

Atrapalhei-me ao tentar desatá-los, arrebentei alguns, mas no fim consegui. Com apenas a longa roupa debaixo, Susana sentou na cama, apoiando as costas nos travesseiros enquanto parti pelo quarto preparando-me para logo ficar a frente das tropas. Prendi os cabelos para trás, escondi uma adaga em cada bota e enfiei-me na mesma cota de malha que usara na batalha contra os telmarinos, pouco mais de um ano antes. Peguei o escudo e fui até Susana que sentia outra contração, agora mais forte do que as anteriores. Segurei-lhe a mão.

–Estou com medo, Cas – confessou. - Não está na hora de nascer, tem alguma coisa errada...! - sua voz ficou embargada, mas foi interrompida subitamente.

Susana ergueu a barra da roupa até a metade das coxas e endireitou-se, revelando uma mancha de sangue na cama, onde antes ela estava. Ela cobriu a boca com as mãos permitindo que pequenas lágrimas rolassem. Arfei. Naquele mesmo momento Lúcia entrou no quarto com Lilliandil e Rany.

–Caspian, você deve ir, Pedro e Edmundo já desceram! - disse ela. Comecei a negar com a cabeça quando ela garantiu. - Nós cuidamos dela, vá.

–Não, eu vou ficar.

–Caspian – Susana falou. - Você precisa ir. - olhei-a suplicante, mas ela prosseguiu. - Vamos ficar bem, você precisa ir.

Tentei relutar, mas sabia que ela tinha razão. Beijei-a nos lábios brevemente, prendi o escudo no braço e saí de um vez, não me dando a chance de voltar no menor desvio de pensamento. Fechei a porta ao sair, encontrando com os guardas que as duas trouxeram consigo para proteger o quarto de qualquer ameaça.

Parte das tropas posicionara-se até metade do pátio, limitando-se numa linha reta a qual Pedro, Edmundo, Rilian, Tirian, Franco e eu estávamos montados a cavalo. Os soldados ocupavam a escadaria, o subterrâneo, no caso as masmorras, como também espalhavam-se pelo térreo do castelo e os arqueiros aguardavam à espreita sobre o muro que circundava o pátio até encontrarem-se de a frente, no grande portão. O castelo tornava-se pequeno para todos eles juntos, mas sem dúvida todos juntos éramos bem menor do que o inimigo.

O silêncio que dominava era tão profundo ao ponto de, ao fundo, escutarmos o grito de Susana pouco antes de o chifre ser tocado pela sentinela, avisando a proximidade do inimigo. Vindo da cidade, escutamos o grito deles cada vez mais perto. Pedro sinalizou para os arqueiros. Os inimigos estavam bem a nossa frente, encurralados pelo portão que não demoraram a tentar arrombar, sendo logo atacados pelas flechas narnianas. O que não os parou, os mortos eram pisoteados pelos que avançavam para continuar a invadir.

Certo momento, os portões não aguentaram mais. Sobre nós, Tarva e Alambil brilhavam solitários. Os cavalos agitaram-se. Pedro sacou a Rhindon, sendo imitado pelos outros da linha de frente.

–POR NÁRNIA - Seu cavalo relinchou, apoiando-se apenas nas patas traseiras, dando tempo apenas para ouvirmos a voz de Pedro e logo em seguida os galopes e nosso grito rumo a última batalha. - E POR ASLAM!


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Notas finais do capítulo

Uma dica para os próximos capítulos sera lê-los ao som da música da batalha de Nárnia. Vocês podem encontrar no Youtube, o nome é "Battle At Aslan's How".
Não esqueça dos reviews, tenho sentido falta de muitos leitores!
Beijokas!!

Contagem regressiva: faltam 6 capítulos.