Fruto do Nosso Amor escrita por Jajabarnes


Capítulo 58
Supliquem Por Piedade.


Notas iniciais do capítulo

Supliquem por piedade mwhahahahahahahahaha
Divirtam-se!



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POV. Edmundo.

Já é tarde.

Reconheci a voz, mas precisei olhar na direção dela para ter certeza. Era a Perua de Verde. Levantei-me o mais rápido que pude, sacando a espada. Jay pegou a sua no chão e ergueu-se também. Ambos encaramos a figura que entrava no quarto pela varanda, altiva, imponente, encarando-nos com escárnio. Olhei de esguelha para Jay e notei que havia machucado o braço ao cair, mas ainda assim pôs-se de pé num átimo.

–Enfim nos reencontramos, Edmundo. Não sabe o prazer imenso que sinto ao revê-lo, ainda mais em uma situação tão desvantajosa para você. - disse ela.

–É você quem está numa missão suicida. Somos dois, e você está só. - resmunguei.

–Sua ignorância a meu respeito é desanimadora. - ela sorriu de lado e, num movimento rápido de mãos, jogou Jay contra a parede ao seu lado, oposta a cama. Antes que eu pudesse compreender o que estava acontecendo, o soar distante, porém forte, de uma trompa cortou meu raciocínio. Susana estava em perigo.

–Ah! - Jay gemeu ao impacto, junto com o chamado de minha irmã. Avancei um passo, mas logo me detive, agora apreensivo. A feiticeira manteve Jay suspensa contra a parede apenas com a mão espalmada em direção a ela.

–Solte sua espada e renda-se, Edmundo. - ordenou.

–Edmundo, não - começou Jay, com o rosto parcialmente escondido pelos cabelos bagunçados. A feiticeira fechou a própria mão e Jay gritou de dor.

–Liberte-a agora!

–Só depois que você se render. - assegurou, abrindo a mão. Jay parou de gritar. Não me movi. - Se você o fizer, prometo dar-lhe uma morte rápida. Ora, vamos, seus soldados se prepararam para um ataque surpresa, mas de que adiantou? Já estamos atacando e seus soldados nem perceberam. Vocês perderam. Jadis não será tão piedosa com os outros, então raciocine, estou oferecendo-lhe a melhor proposta: uma morte rápida e sem dor... Não muita... - sorriu numa piada interna.

Lancei um rápido olhar para Jay, com a respiração irregular, minimamente negou com a cabeça. Continuei como estava.

–Bem – ela deu de ombros. - Enquanto você pensa, será divertido ver como sua esposa vai reagir sentindo meu poder percorrendo seu corpo. - fechou a mão e no mesmo instante Jay voltou a gritar.

Seus olhos fechados com força, a dor repentina a fez soltar a espada que despencou. Aflito, percebi como seu corpo retesava a medida que a magia da feiticeira o percorria. Eu tentava o máximo para não ceder à chantagem, suportando resignadamente ver Jay ser torturada. Tentava encontrar uma saída, um jeito de conseguir fugir dali ou uma brecha para atacar a feiticeira. Esta, subitamente abriu a mão, estranhamente com uma expressão de completo deleite no rosto perverso, como se tivesse feito uma grande descoberta.

–Vejo que você não me deixa outra opção, Edmundo. - disse ela. - Lhe ofereci o meio bom, mas você me obrigou a optar pelo mau. - ela baixou a mão e Jay despencou ao chão, sem forças para se levantar.

Foi tudo muito rápido, vislumbrei que a imagem da feiticeira estava mudando, ficando transparente. Num impulso avancei contra a Dama, mas antes que eu a alcançasse, sumiu, e o golpe de minha espada cortou o ar. Praguejei para em seguida encontrá-la ajoelhada ao lado de uma quase inconsciente Jay.

–Afaste-se dela! - ordenei dando passadas largas em direção a elas, mas a feiticeira pôs a mão sobre a cabeça de Jay o que automaticamente me fez parar.

–Não chegue mais perto. - sorriu torto.

–Jay – chamei. Ela não respondeu. Aflito, dirigi-me à feiticeira. - O que está fazendo?!

–Observe.

–Se machucá-la, lhe farei em pedaços! - avancei, mas a feiticeira sumiu novamente.

Atônito, girei olhando pelo quarto para encontrá-la, mas não havia mais nenhum sinal dela. Corri até Jay, ajoelhando-me ao seu lado, largando a espada no chão. Toquei o rosto dela, mas Jay continuou desacordada, como se dormisse. Balancei-a pelo ombro, mas ela não respondeu. Com o coração saindo pela boca aguardei quase em pânico.

–Jay, acorde! - supliquei. Ela abriu os olhos de súbito, fixando-os no teto. Para meu completo desespero. Seus olhos estavam verdes e em seu rosto se formou o mesmo sorriso torto presente no rosto da feiticeira. Afastei-me dela pegando a espada por reflexo. - O que...

Não consegui completar a frase, recuando ao passo que a via se pôr de pé. Os olhos verdes me encararam deliciados acima do sorriso arrogante. Paralisado, a vi dar um passo para o lado e apanhar sua espada no chão. Encarou-me.

–Venha me fazer em pedaços, Edmundo. - desafiou, logo gritando ao avançar contra mim.

Defendi-me de seus golpes sem coragem de atacar. Os olhos verdes deixavam claramente que não era Jay ali, mas ainda era o corpo dela e com certeza ela ainda estava em algum lugar ali dentro.

–Vamos, Edmundo! - bradou a feiticeira, golpeando-me. - Ataque-me! Não era isso que você iria fazer se eu a machucasse? - ela prendeu-me contra a parede, a lâmina da espada contra meu pescoço. - Pois eu lhe garanto que ela está sofrendo muito aqui dentro!

–Jay! - chamei. - Eu sei que está aí! Domine!

–É inútil! - a feiticeira riu. - Ela é mais fraca agora, sua amada não lhe contou? Aslam a permitiu voltar, mas a avisou que estaria mais vulnerável aqui. E mesmo assim ela quis vir, por você. Que lindo. - lançou-me para longe, caí sobre a mesa, derrubando-a junto com tudo que estava sobre ela.

–Deixe-a. - ordenei quando me levantava.

–Não. - sorriu lançando-me para o outro lado do quarto com um simples gesto de mão.

–Vocês vão perder... - ofeguei. - E sabe disso. - pus-me de pé com uma dor imensa nas costas que a adrenalina não me permitiu sentir completamente.

–Não vejo ninguém lutando ao seu lado. - debochou. - E eu tenho Jay sob meu comando. Como me faria libertá-la se não consegue sequer se aproximar de nós?

–Ela pode lutar aí de dentro. - apostei, limpando o sangue que escorria do canto de minha boca.

–Talvez. Com sorte. - deu de ombros antes de avançar contra mim com a espada.

Começamos a lutar outra vez e voltei a adotar a estratégia de defensa.

–Jay! - chamava. - Jay, reaja! Você tem que lutar comigo, não quero machucá-la, por favor!

Quanto mais eu chamava, mais a feiticeira lutava. Certo momento, quando bloqueei um de seus golpes empurrei sua espada de volta, aproveitei a brecha e acertei o rosto de Jay com força. Ela cambaleou para trás cobrindo o rosto com a mão. Logo a feiticeira ergueu a face para mim, sorrindo com a boca suja de sangue.

–Oh – disse ela. - Se eu fosse você não machucaria sua preciosa Jay. Isso pode fazer mal a ela, além disso...

–O que?! - interrompi firme. Os olhos verdes brilharam.

–Parece que tem um pequeno Edmundo crescendo aqui... - pôs a mão sobre o ventre de Jay com um tom divertido de voz. Vacilei, sentindo como um soco no estômago. - Você não vai querer que nada aconteça a eles, não é?

Ofeguei sentindo os joelhos tremerem e os olhos arderem.

–Você está blefando... - arfei. - Ela teria me dito.

–Ela não sabia...! - ergueu as sobrancelhas e deu de ombros. - Bem, não até agora. - de repente ela começou a rir fechando os olhos e levando as mãos às têmporas, parecendo falar sozinha, tendo leves espasmos. - Isso! Isso, Jay! Implore, suplique por piedade!

No segundo seguinte, ela ergueu os olhos outra vez, olhos castanhos e banhados em lágrimas.

–Ed! - chamou. Minha primeira reação foi achar que era blefe da feiticeira, mas quase ao mesmo tempo reconheci que realmente não era ela.

–Jay! - a segurei, abraçando-a contra mim, ela parecia estar desfalecendo. - Jay, estou aqui! Fique firme, você pode vencê-la!

–Não posso... - confessou, a voz embargada. - Ela é mais forte, não vai sair por livre vontade... Ela está nos matando! - ela engoliu, a voz fraca quase sumindo. - Ed... Ela não pode continuar viva, você...

Neguei com a cabeça sentindo os olhos arderem e um angústia profunda.

–Você precisa... - ela foi interrompida por seu próprio grito de dor não se aguentando em pé, sustentei-a até o chão, deitando-a, mas mantendo-a em meus braços. Ainda ofegante pela dor, prosseguiu, olhando em meus olhos. - Ed, salve-nos dela... - e contorceu-se de dor outra vez.

POV. Pedro.

Cada vez mais desesperado, Caspian chocava-se contra as portar tentando abri-la a qualquer custo. Nós o ajudávamos o quanto podíamos, mas ainda era inútil.

–É inútil! – Tirian concordou com meus pensamentos, ambos ofegantes pelo esforço. - Estamos presos!

–Não! - insistiu Caspian. - Eu preciso sair daqui!

–Caspian, Caspian! - chamei quando tentava controlar a mim mesmo também. - Os outros também ouviram, devem ter ido em socorro!

–Vamos ser realistas, Pedro. - Tirian balançou a cabeça. - Eles a socorreriam caso não estivessem sendo atacados também. Eles estão separados e sozinhos, são um alvo muito fácil.

Rany e meus irmãos apareceram em minha mente e beirei o pânico. Caspian arfou, passou as mãos no rosto e empalideceu ainda mais ao ter seus piores medos jogados à sua cara. Quando ele deu o primeiro passo resignado de volta a saída, pronto para fazê-las abrir de qualquer jeito, foi impedido.

–Majestades! - ouvimos uma voz do lado de fora. - Majestades, estão aí?!

–Trumpkin! - Caspian gritou de volta.

–Aqui, nesta porta! - avisou Rilian apontado para onde vinha o som, corremos para a outra porta.

–Estamos aqui! - gritei. - Tirem-nos daqui, depressa!

–Afastem-se da porta! - ordenou o anão. Obedecemos e depois de uma breve movimentação do lado de lá ouvimos fortíssimas pancadas nas portas, o gelo que a vedava começou a trincar e então espatifou-se quando as portas foram abertas pelos coices de Huin, Bri e Morango. Saímos imediatamente. - Ouvimos o soar da trompa!

Caspian saiu em disparada rumo ao seu quarto, sacando a espada.

–Achamos que os outros podem estar sendo atacados também. -Bri, Huin – ordenei rapidamente. - Vão até Cor, Corin e Aravis. Morango, Franco e Helena devem precisar de ajuda. Rip, vá ver Lorde Digory. Tirian, procure por Jay e certifique-se que os soldados estão a postos. Rilian, proteja Lúcia até eu chegar. - mal acabava de falar e já corriam para seus destinos.

–Majestade. - um soldadose aproximou de mim quando os outros partiram, num susto o reconheci como um dos guardas de Rany. - Senhora Ranyelle...

Não o deixei terminar e disparei para os aposentos de Rany desesperado, só percebi que o soldado me seguia quando atravessei a porta aberta do quarto dela. Rany estava sentada sobre as próprias pernas no chão ao lado da cama, o rosto banhado em lágrimas, liberando baixos gemidos de dor, sangue tinha escorrido do seu nariz, o lábio inferior estava cortado e havia uma macha arroxeada na testa. Ajoelhei-me ao seu lado.

–Rany, o que houve?!

–Foi Aller... - ela soluçou, falando baixo.

–Um de vocês, chame por Lilliandil ou Coriakin! - ordenei e logo um dos soldados obedeceu.

–Eu estava dormindo, não o ouvi chegar... Ele tentou me sufocar, mas eu acordei e... - gemeu, pressionando a barriga com uma das mãos e não conseguiu conter o choro ou os gemidos cada vez mais altos.

–Venha, Rany, deixe-me levá-la para a cama. - ergui-a. Logo Lilliandil chegou e não escondeu o susto, assim como eu, ao ver a mancha de sangue na camisola de Rany.

POV. Rilian.

Parti em direção ao quarto de Lúcia, mas a tempo de notar Pedro reconhecer um dos guardas de Rany no meio dos que nos salvaram e correr como um raio.

Corri com todo o fôlego rumo ao quarto dela, sacando a espada. Quando cheguei ao corredor avistei os guardas mortos na frente do quarto dela, sentados no chão, um de cada lado da porta. Senti um frio na barriga e quando alcançava a porta, essa mesma se abriu bruscamente com o impacto do corpo de Lúcia contra ela. Lúcia rolou até o outro lado do corredor. Estava ferida, haviam furos em seus braços e um segundo mais tarde dei-me conta de que eram mordidas. Corri mais ajoelhando-me à sua frente.

–Lúcia! - chamei, ignorando completamente o que quer que estivesse dentro do quarto. Só então pude ver a comprida marca de garras que ela tinha no rosto. As três listras vermelhas começavam na lateral da testa e seguia até a bochecha, por sorte não a cegara.

–Cuidado! - ela gritou.

Virei-me no mesmo segundo, a tempo de ver o lobo avançar contra mim. Num átimo cravei seu pescoço com minha espada quando ele caiu sobre mim. Empurrei-o para o lado e puxei a espada. Lúcia e eu nos pusemos de pé e seguramos nossas armas firmemente, encaramos o interior do quarto onde quase tudo estava destruído. Lobos mortos sangravam sobre móveis virados, garras deixaram com sangue sua passagem por ali. Mais lobos se aproximavam da porta, prontos para nos atacar.


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Notas finais do capítulo

Pois é, o ataque está apenas começando. Preparem-se Narnianos, o fim está próximo!
Reviews!
Beijokas!!

Contagem regressiva: faltam 8 capítulos.