Acordei num quarto diferente, mas o reconheci, era o quarto do Léo, o quarto dos meus sonhos. Levantei-me e fui ate a escrivaninha, havia vários porta-retratos, Léo estava em todos eles, com o irmão mais novo. Ouvi uma leve batida na porta, era Léo, mandei que entrasse.

_Esta melhor? _Ele perguntou.

_Sim, obrigada. _Falei quase sussurrando.

_Na cadeira tem umas roupas velhas minhas, não cabem mais, você pode usá-las, no banheiro tem uma escova-de-dentes, comprei ela ontem, ainda esta na caixinha, pode usar.

_Muito obrigada mesmo. _Falei sem jeito.

_Eu liguei para Érica e Daniela... _Ele ficou sério.

_E ai? _Perguntei apreensiva.

_Érica me disse que Aidan foi baleado, esta na UTI em estado grave, e os pais da Daniela disseram que ela foi atacada, cortaram a língua dela além de espancar-la, ela também esta em estado grave. _Ele falou triste.

_Não pode ser... Era verdade!_Falei desabando.

Lágrimas se formaram em meus olhos já inchados de tanto chorar, eu não conseguia fazer mais nada alem de chorar, isso não podia acontecer, não podia.

Senti Léo me abraçar novamente, eu queria apenas me encolher e chorar. Mas eu sabia que não podia continuar apenas chorando, eu tinha que fazer algo, eu devia fazer algo, mas o que?

 Lembrei-me do que Léo fez, ele sabia muita coisa a respeito dos demônios, ele talvez poderia me ajudar.

_Léo, como você soube repelir o demônio do hospital? _Perguntei me afastando de seu corpo, fitando-o nos olhos.

_Meu avô caçava essas coisas, ele me ensinou tudo o que sei por isso eles me perseguem, quer dizer, os fantasmas me perseguem, ainda não cheguei ao ponto dos demônios me quererem. _Ele falou tentando arrancar um sorriso meu, uma tentativa falha.

_Como se mata um demônio? _Perguntei, ele me encarou por um tempo.

_Kate... É impossível matar essas coisas, somente alguém muito habilidoso e poderoso que tenha uma grande fé em Deus, que pode matar, matar não, devolve-lo ao inferno.

 Minhas esperanças se foram.

_Mesmo assim, é muito difícil, as pessoas não são totalmente devotas a Deus, e para matar mesmo um demônio, apenas uma energia de igual valor.

_Como assim? _Perguntei confusa.

_Algo ou alguém com igual poder ao do demônio. _Ele falou após um suspiro.

_Temos que encontrar alguém assim, como é uma pessoa assim? _Perguntei eufórica.

_Kate... Uma pessoa assim não existe, nunca vi ninguém assim. _Ele falou tirando as migalhas de esperança que eu ainda tinha.

Fiquei em silencio olhando para o vazio, não queria olhar para ele, eu acabaria chorando novamente, não queria parecer uma garota fraca que só sabe chorar.

_Sinto muito Kate, mas eu juro, vou encontrar um jeito de te proteger, preciso apenas descobrir como posso escondê-la, afastar eles de você. _Ele tentava não se atrapalhar nas palavras, parecia desesperado.

Kate? Kate?

 Ouvi uma voz em minha cabeça, foi como se a voz do Léo estivesse ficando mais baixa.

Sou eu, o Cristhian. Dê um jeito de sair daí, venha para casa, eu sei como destruir esse demônio.  

Me alegrei. Passei a tarde na casa do Léo, os pais dele estavam de viagem na Espanha, o irmão estava na casa de um amigo, já era tarde quando eu falei que ia para casa, ele não quis deixar, mas eu insisti dizendo que minha tia ligava toda noite.

 Quando cheguei em casa, não ascendi a luz, apenas esperei na porta da cozinha.

_Kate... Você irá me matar! _Cristhian falou aparecendo em minha frente.

Fiquei em choque ao ouvir o que ele falou, não, eu não poderia perde-lo também.

***My~Darkness***