Acordei e percebi que ainda estava no hospital, ou melhor, ainda estava nos braços do Léo, este me abraçava forte enquanto dormia. Tentei me soltar com cuidado para não acordá-lo, quando consegui me levantei daquele banco duro e sai caminhando.

Eu não tinha rumo e nem precisava de um, queria apenas me afastar, o hospital estava vazio e silencioso, certamente já era tarde da noite, a maioria das luzes estavam apagadas, pensei que se isso fosse um filme de terror, eu poderia sair gritando e correndo agora. Foi um pensamento bizarro, mas verdadeiro, fui para o banheiro feminino, lá, abri uma das torneiras e enchi minhas mãos com água para depois jogá-la em meu rosto.

Quando olhei para o espelho me assustei, o espelho estava se tornando negro, meu reflexo havia sumido, havia apenas escuridão, logo depois a escuridão do espelho foi se desfazendo, nele agora eu via Érica de mãos dadas com Aidan, ambos sorriam. Estavam num parque, ao fundo havia um homem de capuz negro, ele se aproximou como quem não quer nada e num movimento rápido mostrou uma arma e em questão de segundos disparou em Aidan.

Eu abafei meu grito de horror, Érica se desesperou, o homem tirou o capuz e revelou ser Allen, no rosto havia um sorriso de satisfação ao ver Aidan caído sangrando e Érica apavorada tentando em vão estacar o sangue.

O espelho tornou-se negro novamente e quando clareou eu pude ver Daniela, ela estava voltando para casa com uma sacola de compras na mão, ouvindo musica, um homem a abordou com uma faca, Daniela tirou do bolso um pequeno punhal, como sempre, precavida. Vi Daniela cortar o homem e em seguida correr, mas, algo a fez cair, o homem a alcançou, o braço sangrava devido ao corte, o punhal que Daniela segurava havia desaparecido, o homem desferiu golpes no rosto de Daniela, em seguida, pegou a faca que tinha e cortou a língua dela, ela contorcia-se, da boca jorrava sangue, eu via a dor, a agonia, as lagrimas dela e sentia como se fosse a mim, eu chorava e segurava o grito. Meus amigos estavam sendo machucados e eu não podia fazer nada alem de ver.

_Apreciando o show? _Ouvi a voz de Léo atrás de mim.

_Léo... Precisamos ajudar eles... Por favor... _Eu falava em meio a soluços e lagrimas

_Não acha que já é o suficiente? _Ele falou me encarando sério.

_O que?

_Não acha que já causou sofrimento demais? Por que não desiste de uma vez?

Eu fiquei surpresa ao ver Léo falando aquilo, fiquei parada olhando atentamente para ele, procurei algo de diferente, mas não encontrei.

_Você se considera amiga deles? Se você fosse mesmo amiga deles, se entregaria!

_Léo... Por favor, não fale isso... _Eu implorava ainda chorando, sabia que era verdade o que ele dizia.

_Não ligue para ele Kate! _Ouvi uma voz fraca.

_Me ouça com atenção! Você é o pior ser humano do mundo, prefere viver e deixar que seus amigos sofram. _Léo continuava a falar.

_Ele não é o Léo! _A voz dizia na minha cabeça, eu a reconheci... Era o Cristhian!

_Cadê o Léo? _Perguntei.

Ele me encarou como se eu fosse louca, logo depois soltou uma risada.

_Estou aqui! _Falou.

_Você não é o Léo! _Falei irritada.

_Como pode ter certeza?

_LÉO ONDE VOCÊ ESTA? _Gritei.

_Aqui! _Eu ouvi e em seguida vi uma fumaça branca sair do corpo do falso Léo, este mesmo se desfez em fogo e sumiu.

Na porta estava o verdadeiro Léo, com uma garrafa de água na mão, estava com uma mão no pescoço, respirava pesadamente.

_Aquele maldito tentou me estrangular, acabei desmaiando, por sorte, água benta sempre funciona para repeli-los.

Ele falou e logo depois caiu de joelhos no chão. Corri em sua direção e o abracei com força, em seus braços me senti segura e comecei a chorar.

Chorava de dor, desespero e culpa, meus amigos estavam sendo feridos e eu não fazia nada, isso estava me matando. Eu não sabia o que fazer, mas sabia que podia confiar em Léo, embora houvesse muita coisa sobre ele que eu devia saber.

Eu estava começando a desistir, ate quando eu ia suportar?

***My~Darkness***