Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 57
Conhecendo M. Shadows


Notas iniciais do capítulo

Oownt, esse capitulo ficou fofinho. *-* Ouçam a musica que eu recomendei... na cena, ficou foda. Tentei mostrar um lado diferente do nosso malvadão. Ele tem coraçãão, oooooownt (l)E rolou ou não rolou um climinha suspeito? Ou só foi amizade mesmo?



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(Dica: Ouçam Tears of the Dragon – Bruce Dickson, para dar um clima).

Falamos sobre exatamente tudo. TUDO! Mel contou de seu pavor de ar condicionado, Syn de abelhas, Zacky um pouco sobre a Baju, sua ex-namorada, e Matthew... sobre casos de sua época de comprometido. Um deles, era que Valary (adolescente) havia roubado dos pais para fazer propaganda da banda, no início. Mesmo que eles estivessem, agora, separados... Matt carregava por ela uma enorme gratidão. E isso me incomodava.

Por termos dormido tarde e acordado cedo, não era de se estranhar que, umas três horas depois, todos estavam roncando, no banco de trás. Eu conseguia vencer o sono, escrevendo em meu bloco de anotações. E Matt continuava a dirigir, até que começou um diálogo comigo:

- Já foi em Manchester alguma vez? – perguntou.

- Não... mas sempre tive vontade. – sorri, rascunhando um trecho para “Os Murphy 4”.

- Hum... e o que escreve?

- Estou fazendo um rascunho. Mesmo que eu já tenha boa parte dos livros feitos... gosto de imaginar novas cenas. Essa é a que Sophia encontra Jonathan... no alto do prédio. 

- Eles se gostam? – voltou a perguntar, olhando-me. É... todos os fãs perguntavam a mesma coisa. E eu nunca sabia a resposta.

- Não sei... meus personagens são estranhos. – confessei, exibindo um sorriso leve.

- Você não conhece seu próprio personagem. Porra, ein Marie?

- Argh... gosto de torná-los imprevisíveis. Mas... Jonathan deixa tudo mais difícil. O humor, o temperamento, o passado... o impossibilita de ter algo a mais com Sophia. Por que vocês homens são tão complicados?

- Eu me pareço muito com o Jonathan... quando me apaixono, faço de tudo para ver a pessoa que amo feliz. Mesmo que a felicidade dela esteja bem longe de mim.

- Efeito Borboleta? – sugeri, lembrando daquele filme em que aquele gatão do Ashton era o protagonista. Eu chorava com o final... ou melhor, ainda choro, anyway.

- É. Se eu voltar a amar uma mulher... ou melhor, se eu me apaixonar de verdade, a ponto de querer dar a vida por ela... e não for correspondido... farei de tudo para vê-la feliz, mesmo que seja nos braços de outro homem. Mesmo que seja no braço de meu melhor amigo.

- Sou meio egoísta para isso.

- Egoísta? – questionou, tirando os óculos. Seus olhos brilhavam... e estavam ainda mais verdes.

- Corro atrás do que quero sem olhar para os lados. E acabo não percebendo que toda luta é vã.

- Que pessimismo, Marie. Você é nova ainda, 23 anos. Estou beirando os trinta... e ainda não achei ninguém com quem eu queira passar a vida toda. A única que passou boa parte dela comigo... se tornou minha melhor amiga. 

- Ao menos vocês entraram no consenso, de serem amigos. E eu e Hugo? 

- Você ama realmente esse cara? Será que você não se acostumou a ficar com ele?

- Eu... não sei. – confessei, parando para pensar. Já tinha me questionado sobre Hugo e o nosso relacionamento. Talvez... Matthew tivesse razão. – Eu... não sei mesmo. É que eu ainda sou apaixonada pelo Hugo que conheci.

- Mas o Hugo cresceu.

- É... ah, sinceramente... não vou dizer que vivo um amor desenfreado por Hugo, que eu daria minha vida por ele. Não. Olha, pra ser verdade... não sei exatamente o que é isso.

- Ahá, então somos dois. Entre para o clube dos “Não sei o que é amar”. Sério, não sei... pelo o que a turma fala... não senti nenhum daqueles sintomas.

- Sintomas? – ri, largando meu bloco. Amor dava sintomas?

- Perna bamba, frio na barriga, emoção...

- Aff, isso não é amor. Senti tudo isso quando te conheci.

Bola fora, parte um. Matt deu um sorrisinho maroto, olhando para mim. Logo que percebi o que havia dito, acrescentei:

- Digo... todos vocês. Emoção de fã... entende?

- Eu entendi, boba. Mas sabe Marietta... eu teria idade para ser seu irmão mais velho. E se você quisesse um conselho meu... de um cara que já fez tanta merda na vida, diria que você tinha que fazer exatamente isso.

- Como assim?

- Pelo que Mel já disse... e o que já percebi, nesse tempo que te conheço, é que você é certinha demais. Não faz coisa errada, é estudiosa, tem suas opiniões e é batalhadora... mas um pouco tradicional com certos assuntos. Não gosta de falar sobre sexo. Não transaria sem amor. Saca, isso é foda... nunca conheci meninas assim como você.

- Você acha errado isso?

- Lógico que não. Ao contrário... gostaria de conhecer mais mocinhas direitas como você. As outras... perderam a graça. Digamos que você é moça pra casar.

- É, já me disseram isso. – ri. A minha vida toda carreguei aquele fardo de ser santinha e pura. – Mas não sou exatamente assim. Tenho meu lado descabeçada também.

- Eu sei disso Marie, só que você não permite fazer cagada. Sair com a pessoa errada, fazer burrada, se embebedar e aprender com a ressaca... saca?

- É... talvez você esteja certo nesse ponto.

- Não quero que você mude. Você é perfeita do jeito que é, quem quer que seja seu novo namorado (ou marido, sei lá). Só quero que você se permita mais. Seja mais feliz. Entendeu?

- Entendi... – murmurei, olhando para a janela do carro.

Matthew conhecia minha personalidade melhor do que eu imaginava. Era observador. E, de fato, era verdade tudo que dissera. Mesmo sendo a moderna da minha família, eu era totalmente careta. Gostava de coisas de velho, não usava muita gíria, não pertencia à juventude. Às vezes já tive vontade de me embebedar, mas não fiz isso. Já tive vontade de agarrar o Syn... e fazer loucuras com ele na cama, mas nunca tive coragem. Já pensei em dar um belo par de chifres em Hugo... mas nunca tive coragem (e nunca terei, porque eu posso ser louca, mas não biscate). Já tive vontade de muita coisa... e só agora  estava conseguindo fazer (algumas coisas, pelo menos). Como, por exemplo, Natal entre amigos.

- Matthew... você não sente falta de ter alguém... te esperando em casa... quando você chega cansado dos shows? Ou para te escutar... quando você precisa gritar, xingar, desabafar? – perguntei, voltando a olhá-lo. Ele sorriu novamente, só que de outro jeito.

- Pra isso tenho meus amigos. Syn, Zacky, agora a Mel e você. Não preciso de mais nada.

Agora eu tinha certeza que... Matthew Sanders era como os outros rapazes. Tinha fraquezas, amores, desânimos, tristezas. E, o que é mais surpreendente: era romântico,  “la mode grosseirão”, mas era. O melhor: tinha um coração batendo.

Cada vez o entendia mais, e me tornava sua fã. Não só como cantor, e sim como pessoa. Talvez aquele Ogro Tatuado... tivesse muito mais do que músculos e beleza para oferecer.

Disso eu tinha certeza.


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