Não podia me esquecer: quarto 76, cobertura, Matthew Sanders.

Pensam que foi fácil conseguir o número do quarto? Nunca! A recepcionista não queria dar! Tive que prometer um livro autografado, para que ela me contasse três coisas que eu queria saber:

1 – O número do quarto, lógico.

2 – O horário que ele se encontrava no hotel.

3 – Se ele estava lá, naquela hora.

Acho que eu estava tendo um infarto. Meu coração estava disparado, mas disparado mesmo. Corri para meu quarto, vesti a minha melhor roupa (bem... no caso, melhor roupa para usar em um frio dos infernos, que no caso era um jeans, uma jaqueta, bota e sobretudo), ajeitei meu rosto e tentei me controlar, murmurando para o espelho como eu iria convidá-lo:

- É aí... tipo... cara... “PARABÉNS, VOCÊ VAI SER MEU JONATHAN!” Não... muito informal. “Vossa excelência me dá a honra de ser meu personagem?”, AH NÃO HEAGLE, está muito almofadinha. Vamos ver... “Cara, sabe um clipe musical? Você vai fazer um filme, quase a mesma coisa!” Ah, Marietta, para de ser idiota, cara, você não pode falar com M. Shadows DESSA FORMA, INUTILIDADE!

Estava ficando louca. Comecei berrar com meu reflexo no espelho, apontando e justificando o fato de estar agindo como uma idiota!

- Ah, Deus, ajuda! Marietta, quieta, M. Shadows é seu fã, mas isso não significa que você pode chegar lá agindo como uma louca varrida à procura dele. Você é Heagle, pow! BOTE SUA MORAL! Você é uma fodona, e quer um fodão no seu filme. Simples assim, okay? VÁ, vá, faça jus aos seus 4 anos de Jornalismo na UNESP e AJA COMO GENTE CULTA. AGORA CALA A BOCA, PARE DE FALAR COM O REFLEXO E VÁ À LUTA GAROTA!

Dei uma ajeitada no cabelo, mandei um beijo para meu reflexo e sai do banheiro. Dez segundos depois, voltei, ainda desesperada.

- MAS COMO CHEGAREI PRO CARA FALANDO QUE O QUERO? OH MY GOD, OH MY GOD, OH MY GOD. CALA A BOCA!

- OW CARALHO, DÁ PARA CALAR A BOCA? TEM GENTE QUERENDO DORMIR NESSA PORRA! – gritaram para mim, batendo na porta da sala. Caramba, nem o direito de gritar como desesperada eu tinha? Ou será que eu estava gritando tão alto que até meus vizinhos estavam ouvindo? Olha que o apartamento ao lado, mais próximo, era no andar de cima, bem em cima do meu.

Olhei para os lados, e irritada com aquele intruso que batia insistentemente na minha porta, fui até lá abri-la, querendo gritar um pouco mais:

- AH VAI SE FUDER, EU NÃO POSSO NEM GRITAR EM PAZ? FAÇA-ME O... – gritei (no caso, berrei para todo hotel ouvir), olhando para a pessoa parada lá na porta. Um cara alto, tatuado, musculoso, sem camisa e uma bermuda de pano fino. Estava descalço, descabelado e sem óculos escuros. Devia estar dormindo... e foi acordado pela minha crise de TPM sem PM.

Pedi para morrer naquele instante. Não, não... DEUS, QUANDO PEDI UMA SOLUÇÃO PARA MEU PROBLEMA, EU NÃO ESTAVA ME REFERINDO AO FATO DO M. SHADOWS PARAR NA MINHA PORTA!

Por quê? Poooor quê?