Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 152
O retorno


Notas iniciais do capítulo

Oiiii detestáááveis, para variar, minha vida social tá anulada com provas, seminários, jornal,etc, então não me xinguem. Mais um capi linds que definiu muiiiiita coisa. Espero que gostEM, TENTEI articular os tempos de internação entre Matt e Marie, o lado de cada um *-* E COMENTEM EIN ¬¬



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Marietta

E eu parti, deixando minha melhor parte para trás. Estava encerrada minha vida em Londres, agora era hora de me concentrar na Alemanha, meu mais novo lar.

Sem poder ainda me mover, como se eu fosse ficar naquela situação por tempo indeterminado, não tive muitas escolhas, como já puderam ver. Meus clames para continuar ao lado de meus amigos londrinos e dos loucos dos avengers não eram levados em conta. Eu tive que partir para melhorar... embora já não tivesse tanta certeza que isso iria acontecer.

O pessimismo tomou conta de mim logo que entrei em meu singelo quarto na clínica de reabilitação. Confortável, mas não da forma que era meu apartamento ou o Nosso Lar. Era estranho, frio, sem aqueles berros e palavrões. Era um lugar de gente doente e eu não estava doente. Eu estava fudida pra caralho.

- Gostou, Marie? – Mel teve a ousadia de me perguntar aquilo. Ah, puta que pariu, ela realmente achava que eu diria um “sim, adoreeei minha nova condição de paraplégica em um quarto linds alemão”. Não, eu não diria isso, porque eu estava puta de raiva. Só naquele momento que toda minha passividade estava indo embora, sendo substituída por uma raiva imensa. De Matthew, de mim, até de Deus. Por que eu merecia um castigo daqueles?

- NÃO! – gritei, mesmo sabendo que não devia ter feito isso. Comecei tossir sem parar, tanto que uma das enfermeiras precisou me medicar. Acabei dormindo, porque eu acho que aquele xarope ruim do caralho NÃO era um xarope e sim um sedativo.

Sou vingativa, guardo nomes, e o daquela mulher era Sophia. SOPHIADAPUTA!

Matthew

“Achei que depois que Marietta acordasse, eu pararia de escrever. Sei lá, é legal... de certa forma me alivia. Bem... ela partiu faz uma semana, e estamos proibidos de manter contato com ela.

Uma putice essa porra de isolação social e emocional... mas eu entendo o que a Vanessa quer fazer. Ela quer afastar Marie de mim, seu maior mal. Não a culpo, de boa... se não fosse ela, seria eu.

Bem, não sei se te interessa, caro papel amassado, mas estou nos Estados Unidos agora. Não só eu como todos os Avengers, incluindo o Arin Ilejay. Nós...”

- Matthew, qual é o projeto, cara? – perguntou o empresário, interrompendo completamente a linha de raciocínio de Matt. Ele piscou por algumas vezes para sair de seu mundinho participar, mas não demorou muito. Ele sorriu e largou a caneta sobre o papel, juntando as duas mãos em seguida:

- Nós vamos voltar.

Marietta

- POOORRA! – berrei irritada, caindo no chão pela décima vez (sem hipérbole). Melissa e a fisioterapeuta, Bárbara, tentaram me levantar, o que me irritou ainda mais. – ME SOLTEM, NÃO QUERO AJUDA!

- Bela forma de aproveitar a volta da sua voz. – resmungou Mel, revirando os olhos. Ela fez referência ao dom que, depois de um mês (ou mais, não lembro), consegui obter novamente. Não perfeitamente, mas já dava para soltar uns gritos sinistros e histéricos (o que se tornou constante).

- EU JÁ DISSE PARA ME LARGAR! – insisti.

- Você está impossível, Marie! Quer ficar aleijada para vida toda? – acabou soltando, tapando a boca logo em seguida ao perceber que havia dito besteira. Vanessa, que acompanhava a sessão, olhou-a de forma repreensiva. Pelo visto, aquilo não era benéfico para minha melhora. Não mesmo.

Mas não fiquei quieta não. Sem poder controlar completamente meu braço, empurrei com o ombro Bárbara e berrei, para que toda sala ouvisse:

- EU VOU FICAR PARA SEMPRE ALEIJADA, SÓ VOCÊS NÃO ACEITAM ISSO!

Como veem, eu tive uma longa jornada pela frente. E depois desse episódio, tranquei-me no quarto e me isolei. Por quatro dias.

Matthew

M. Shadows sentiu um prazer quase que indescritível quando pôs novamente os fones e ouviu o demo de seu mais novo single, Carry On. Gargalhou imensamente e bebeu vários drinks com os amigos, até ficar bêbado. Syn teve que leva-lo para casa: ele estava começando a delirar.

Pela primeira vez em sua vida... Marietta não fazia parte de seus devaneios. Ela sequer viera em sua mente naquele mês, devido a correria do novo CD da banda. Como se fossem máquinas prontas para o uso, produziram dia e noite, até que em tempo recorde, tudo estivesse pronto. Um CD, que com os níveis mínimos leva um ano para ser lançado... seria em apenas três meses. Um apelo desesperado para esquecer daquela pirralhinha chata que conhecera no aeroporto de Londres.

Internamente, temia que esse “esquecimento” durasse para sempre. Não queria esse destino para quem mudou completamente sua vida, mas com a correria, era quase que impossível.

Dói dizer isso mas... em questão de tempo... Marietta não passará de uma vaga lembrança na mente conturbada de M. Shadows.

Marietta

Não conseguia parar de pensar no que Matthews e todos meus amigos deviam estar fazendo. Será que eles estariam atualizando sites para saber as notas que meus médicos divulgavam à imprensa? Ou simplesmente estavam bebendo, ignorando completamente a existência de uma criatura vários quilos mais magra, que fora embora para um longo tratamento.

Já havia se passado três meses e eu sentia sinais claros de uma depressão se aproximando. Não, justo eu! Não, não podia me entregar, precisava lutar fortemente para que...

- Você quer ou não reencontrar Matthew Sanders? Você quer ou não correr para abraça-lo? Você quer ou não voltar a ter sua vida? Pois bem Marietta, coloco aqui nosso veredicto: você pode se render, ficar dessa forma. Voltamos amanhã para casa. Ou você fica, se esforça e sairá por aquela porta andando, no máximo mancando, pronta para reencontrar seu mundo. – intimou Vanessa, percebendo que meu desânimo envolvia aquele morfético tatuado. Odeio psicólogos, eles leem mentes e ao menos são magos.

Meu silêncio soou como um “tenho escolha?”. No fim de tudo, acabei ficando. E mais um mês se passou... e eu escrevi. À caneta.

Matthew

M. Shadows sentiu, pela primeira vez em algumas décadas, suas pernas tremerem. Não era possível estar tão nervoso assim por causa de um show. Mas não era qualquer um, e sim o primeiro desde a morte de Johnny e com o novo baixista, Eddy.

Era estranho aquele misto de sentimento. Sentia tesão por verem aquelas fãs semi-nuas sentadas no sofá do camarim, doidas por uma noite quente com o ídolo. Sentia emoção por ver a casa lotada, mesmo depois do hiato forçado que precisaram entrar. Sentia ódio por não ter pensado, por mais um mês, na coitadinha que estava internada na Alemanha. Mas o pior de tudo, era que simplesmente sentia falta dela, mas se esquecera de suas faces.

Seis meses passaram muito rápido, e por sua própria segurança, não levou aos Estados Unidos nenhuma foto de sua jovenzinha. Evitava entrar na internet justamente para não vê-la. Não gostava de conversar sobre livros porque o assunto sempre remontava em Marietta. Ele estava empenhado em apagar de si o que o feria tanto.

- NIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIGHTMAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARE! – berrou, subindo em um pulo no palco. Era hora de... voltar.

Marietta

Era tão bom ter os movimentos da mão, juro que não deve ter algo melhor do que fazer algo que há meses você não fazia: escrever. Mas sério, depois que a fisioterapeuta disse que meus membros superiores estavam bons e que não havia restado qualquer sequela, escrevi horrores, de varar a madrugada em um novo projeto.

E sabem como se chamava esse tal “novo projeto”? Palavras. Palavras de Heagle.

Matthew

Matthew não quis lembrar... mas lembrou. Dia 30 de agosto... um ano que...

- Hoje dedicaremos uma música a nossa amiguinha Marietta Genoom, que há quase dez meses está em uma clínica de reabilitação. Marie... onde quer que você esteja cara, pode botar fé que o mundo inteiro está torcendo pelo seu retorno. Você faz falta. WAAAAAAAAAAAAAAARMNESS ON THE SOOOOOOOOOUL! – berrou Synyster Gates, tomando a palavra de Matthew, que nervoso e irritado, saiu do palco minutos antes da apresentação.

Um redemoinho de lembranças invadiram sua mente, de uma forma que o transtornava completamente. Correu para o camarim, para mais uma bebida. Viu a TV ligada e olhou para ela. Reconheceu prontamente a imagem de sua linda menina, sendo clamada e homenageada por milhares de fãs ao redor do mundo.

Ele até que achou graça dos rituais que todos eles faziam, que iam de cultuar fotos até a raspar a cabeça. Extremistas ou não, tinham algo em comum: amavam a Heagle. Diferente dele, que amava Marietta.

- Eu não podia ter feito isso. – resmungou, lembrando o motivo pelo qual a escritora vivenciara todo o inferno. Era culpa dele. Só dele.

Marietta

- Está na hora de você matar a saudade das pessoas que te amam, não acha? – sugeriu Vanessa, apresentando para mim um notebook ligado. – Um ano é muito tempo, minha querida. Grave um vídeo, jogue em seu facebook... e diga a eles o quanto você está melhorando. O quando venceu todos seus traumas e está...

- Mas Vanessa, eu não superei. – confessei, afastando o aparelho com as mãos. – Entrei em depressão e ainda por cima de desisti de vários tratamentos. Não sei como...

- Você escreveu um caderno inteiro de rascunho sozinha. Seus braços estavam paralisados. O que me diz? Se isso não for força de vontade, não sei o que...

- Passou um ano e ninguém ainda sabe dizer se minha paralisia decorreu ao tiro, fratura ou trauma psicológico. – retruquei, ainda evitando o computador. Mas Vanessa não se deu por vencida. Insistiu, até que eu cedi.

- Não importa os motivos que te levaram a uma cama. Importa que você vai voltar. Vai melhorar.

Eu não tinha tanta fé nisso, mas resolvi tentar. Trêmula, com auxilio de Mel, postei um vídeo na minha página. Depois de um ano, Heagle falou publicamente sobre seus problemas. Eu não me lembro ao certo, mas eu tive mais de não sei quantos milhões de atualizações, compartilhamentos e curtidas. Comentários, nem o próprio site conseguiu contar.

Circulou por muitos lugares, eu sei. E eu dizia, para todos meus fãs, praticamente chorando as pitangas: “Eu sinto saudades de vocês, desse calor gostoso, mas... eu preciso continuar isolada. Meu caso é sério...”. Na parte dos amigos, gaguejei e agradeci. Especifiquei alguns nomes, mas na parte dos Avengers... meu Deus, não sei o que aconteceu. Eu desabei.

Syn... Zacky, façam a mesa para mim. Eu quero comer os nachos sabor vômito novamente. Não importa nada disso, eu só queria... estar ai... agora...”.

E para finalizar, depois de me despedir da minha família, fechei os olhos e sorri, murmurando: “Ogro engibizado... eles não tiraram minha pulseira. Eles não te tiraram de mim”.

Matthew

O vídeo postado por Marietta em seu facebook deu o que falar. Fãs histéricas choravam ao ver sua amada escritora tão abatida e diferente. Os pais, praguejaram porque foram um dos últimos a serem citados, mas sem esconder a emoção de serem lembrados. Os amigos ficaram imensamente felizes, só que o que chamou mais a atenção foram as últimas palavras proferidas pela menina.

- “Ogro engibizado... eles não tiraram minha pulseira. Eles não te tiraram de mim”. Será que a escritora Heagle, ex-esposa do empresário Hugo, está tendo um relacionamento com o vocalista do Avenged Sevenfold? – sugeriu um programa matinal de fofocas. Outro, deu destaque a frase e citou também a dedicatória realizada à Marietta em um dos shows, com a ausência de Shadows. Outro foi mais longe ainda: tudo isso não passava de um golpe publicitário para a banda que vinha de um hiato e da escritora que, em meses, voltaria.

- EU VOU CORTAR A CABEÇA DESSES FILHOS DA PUTA! – praguejou certo dia, tacando o controle remoto na TV. – FICAM USANDO O NOME DA MARIE PARA NOTICIA IDIOTA DE GENTE FOFOQUEIRA.

- É, meu irmão, eles estão percebendo. – riu Syn, que parou imediatamente depois de levar um banho de conhaque. – PORRA MEW, DESPERDIÇA NÃO!

Marietta

Um ano e meio. Um ano e meio sem amigos, vida, literatura e Shadows. Na absoluta certeza, ele não se lembraria dela. Não passava de uma vaga lembrança.

Matthew

“Um ano e meio... e ela vai voltar. Eu queria que ela fosse apenas uma vaga lembrança, eu bem que tentei mas não foi. Ela sempre se fez presente para mim. Nunca deixei de amar Marietta”.

- Não sei como, mas vai... – avisou Syn, desligando o celular. – Mel não quis contar detalhes, mas disse que foi bem complicado esse processo, que os médicos não tinham mais que fazer para melhorar. Não sei Shads, mas se prepara... acho que Marie volta paraplégica.

Matthew deixou o copo cair no chão, depois de sentir seu rosto queimar. Engoliu a seco o vinho que deixara na boca e murmurou, trêmulo:

- Não vou me preparar... porque eu não irei vê-la. Nunca mais. 


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