Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 119
O Reencontro 2


Notas iniciais do capítulo

HUSAHUSHUS esclarecendo duvidas... realmente, alguns capitulos sumiram ¬¬ minha fic passou por uma leve rastreada pelos chefes do site HSHUAHSHASAHS e tinha coisa ilegal, (se sentindo a mafiosa, o que me lembra o outro livro que escrevo, NNNN) E o conteudo foi apagado. Mas sussa, nada de grave, a fic tá aqui ainda HUSHUAUHSHUASHUASHAHUSSUHASHASA ENFIM... A BOOOOOOOOOOOOMBAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA. HAHAHA, eu tenho certeza que as mais sanguinarias vão amar o que vai acontecer. E as mais humanas... dirão um "QUE DÓ, POXA". Foda-se, sou a sanguinaria e quero que ele se foda, hahaha n



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Na verdade, não vou perder tempo em descrever meu convívio familiar. Vocês já devem ter notado que fazemos parte de uma família que fala muito alto, lota o prato de comida, xinga e joga Uno depois do almoço. E eu, mesmo com 24, ainda era a caçulinha da mãe. E, quando achei que já tinha me livrado dos sermões, eis que ela me surge com um:

- MARIETTA, COLOCA O CHINELO, NÃO PODE FICAR COM O PÉ NO CHÃO!

Minha mãe SEMPRE berrou isso, e eu SEMPRE ignorei. Ciclo vicioso, beijos.

Enfim, deixando de putaria, porque não estou porra nenhuma inspirada pra escrever de amor porque estou emputecida, anyway... falemos sobre outra parte da minha família, que talvez até hoje eu nunca tenha citado.

Dois quarteirões abaixo da minha casa, morava uma senhora. Não muito velha, mas já com seus 60 anos (na verdade, nunca soube ao certo).

Minha mãe teve uma doença grave na gravidez. Precisava ficar de cama... e imagina o quanto isso era difícil, sabendo que tinha mais dois filhos para cuidar? Vivia indo pro hospital para os exames periódicos... até que um dia conheceu a médica Carmen.

A princípio, minha mãe não gostou dela. Era séria, um pouco seca e fria. Mas, com o tempo, e algumas horas de convivência... passaram a conversar. E a conversar. E a conversar muito mesmo.

Ajudou em tudo que pode. Não tinha segundas intenções, e nunca quis nada em troca. Sempre ganhou bem e tinha uma vida estabilizada, já que vivia sozinha, sem marido e filhos. Passou a considerar minha mãe como uma filha... e a mim, como sua afilhada.

Lógico... Carmen era minha madrinha. Uma coisa muito óbvia. E, mesmo não tendo o mesmo sangue, era como se fosse minha tia... ou minha vó. E foi na casa dela, logo que descansei um pouco, que fui me enfiar.

Passei tantos dias (da minha infância) correndo por aquela sala enorme, pulando nos sofás novos que comprava, e estragando a louça importada que ganhara de um namorado alemão. Já dei tanto prejuízo a ela que, se eu fosse realmente somar e pagar tudo que quebrei... nem o arrecadado da série todinha de Os Murphy pagaria. E tá, eu sou exagerada mesmo, é só pra vocês terem uma noção como eu sempre fui estrambelhada e infernal (risos infinitos).

- Alguém em casa... ou vou ter que quebrar o portão... de novo? – gritei, batendo (de propósito) no portão. Carmen, pelo fone, respondeu:

- Não, chega, outra vez não. – riu, permitindo que eu entrasse. E, logo na escada principal, encontrei-a, com aquela bengalinha de mão. Pobre Carmen... um tombo a fizera manca, logo na fase final da carreira. Agora, aposentada, ficava em casa... ou viajava, só pra matar o tempo e torrar o dinheiro.

- Quantas saudades senti de você, Madrinha. – murmurei, abraçando-a.

- Mentira... você foi embora, nem ao menos telefonou ou mandou um email. – resmungou, retribuindo o abraço.

Avá... tentava dar uma de ranheta, mas na verdade... ela me amava.

- Carmen, minha vida está uma loucura, você já deve estar sabendo das coisas que... ocorreram, né? – disse pausadamente, com a cautela de não falar nada a mais do que devia. As surpresas poderiam afetar seu coração fraco. E as notícias bombásticas também.

Mas ela, nem tchum para mim. Sorriu, um tanto quanto esnobe, abanando a mão:

- Eu já soube de tudo, minha jovem. Você está rica, poderosa, fazendo o que sempre quis. E se divorciou de meu Hugo, porque, certamente, teve motivos.

- Nem me fale de Hugo. – suspirei, dando um tapa na cabeça. – Meu atraso de vida. Como eu pude ser tão tonta e tão... tão... tão...

- Marietta? – gritaram pela porta da sala, num tom que remetia surpresa e felicidade. Estranhei, inicialmente, afinal... Carmen vivia sozinha, e não tinha nenhum parente homem que não fosse...

Ai não. NÃO. N-Ã-O. ESQUECI DE CONTAR ESSE PEQUENO DETALHE!

Como minha vida parece uma história criada por um filho da puta que adora me fuder... Carmen, ironicamente, era tia de Hugo. Uma tia muito próxima. E, pra ajudar... Hugo pensou em estar próximo dela naquela hora. JUSTO-NAQUELA-HORA. QUE-CA-RA-LHO!

OU seja... foi ele quem gritou dentro da casa. Foi ele que surgiu de bermuda e chinelo na escada, um tanto quanto pálido, com aquela cara de pamonha.

E o que era mais estranho? A ironia da porra do destino... ou o fato dele estar de chinelo e bermuda, sem aqueles típicos ternos e pa pa pa pa?

Ah, foda-se, na hora não pensei muito nisso. Corei na hora, sentindo meu rosto, orelha e mãos queimarem. Tive ímpetos de avançar naquele filho da puta e tacar na cara dele tudo o que tinha acontecido.

Se eu estava tão fodida no momento, era por culpa dele. Culpa dele porque me largou, me desencantei e me apaixonei por outro, que me fodia MUITO mais. Eu sei, tá confuso, mas vocês entenderam tudo. Isso, a fodição da minha vida. E já não falo mais nada com nada, que bosta.

- Hugo? – questionei, dando um passo para trás. – Que porra faz aqui?

- Vim visitar minha tia. – sorriu, com um jeito acanhado. Tá, eu tenho que falar isso: Hugo estava diferente. Como cheguei nessa conclusão em menos de dois segundos? Simples: ele estava sorrindo. E não era aquele sorrisinho normal de ironia que costumava dar. Era um sorriso infantil... diferente... típico do Hugo de 18 anos, que possuía altos sonhos para o futuro.

Não, algo estava errado. Meu faro jornalístico NÃO FALHA.

- Veio visitar sua tia? – repeti, incrédula.

- Sim, mas se soubesse que você estava aqui, teria evitado esse reencontro.

- Pois bem, se minha presença é tão funesta para vossa majestade, to vazando. – ironizei, dando as costas para os dois.

Ouvi Carmen repreendê-lo em um cochicho. Talvez eu não tenha entendido muito bem o que estava acontecendo.

- Hum, ér, Marietta, espere. – pediu Hugo, descendo as escadas correndo. – Ér... não foi isso que quis dizer.

- Aham, eu sei. – retruquei, voltando a andar. – Carmen, volto outra hora.

Hugo não se deu por vencido. Grudou meu braço no dele, andando na mesma velocidade, acenando com a mão livre para a tia:

- Já voltamos.

- Hugo, o que você acha que está fazendo?

- A gente precisa conversar. Eu não vou... – Hugo se interrompeu, olhando para os lados. Talvez fosse dizer algo que julgava inconveniente para o momento. Decidiu mudar o assunto. – Hum... precisamos conversar, é isso.

- Tudo bem, criatura. Quer conversar? Vamos conversar. Tivemos longos anos para isso, e nunca fizemos. Mas okay, vamos conversar. – gritei, sentando na sarjeta, encostando o punho fechado no queixo. – Pronto, “meu bebê”, sobre o que quer discutir dessa vez?

- Você está bem? Parece tão pálida. – murmurou, sentando-se ao meu lado, numa calma que me irritava. Acho que... estava fingindo. É... Hugo sempre foi enérgico... agitado, e, de uma hora para outra... falava e agia como se fosse seguidor nato do Budismo. Ou de Bob Marley. Será que ele estava fumando maconha?

- Você está fumando maconha?

Maldita boca que não consigo calar.

- Não... não, lógico que não. – sorriu, passando as mãos pelo cabelo. – Eu... só queria saber como você estava.

- Se é isso que quer saber, estou bem. – respondi, ainda um pouco desconfiada. – E... você?

- Bem, ultimamente me sinto bem. Sabe, Marietta... muita coisa mudou desde que nos separamos. Desde aquele acontecimento fatídico em Londres e... desde minha tolice de... agir como um idiota. Realmente entendo, agora, o que você vivia dizendo.

- Eu dizia tantas coisas, Hugo. – é, realmente, eu dizia MUITAS coisas.

- “Viva o dia... ou morra lamentando o tempo perdido”. Tenho pouco tempo pra “viver o dia”, e não deixar que o passado me atormente mais do que está.

- O que... você está... dizendo? – gaguejei, percebendo no olhar de meu ex-marido que alguma coisa estava errada. Foi difícil nossa convivência, mas não foi de inteira ruim. Querendo ou não, eu conhecia Hugo, e sabia que... aquele não era seu normal. Alguma coisa estava mudando a forma burocrática que pensava. Alguma coisa grave... – Hugo, você está bem?

- Eu precisava que você me perguntasse isso. – suspirou, exibindo outro sorriso, só que maior que os anteriores. – Estou fazendo minha vida valer a pena, agora. Fazia muito tempo que não entendia o quão confortável é andar de Hawaianas pela casa. Ou de comer com a mão e... ter bigode de leite batido com Nesquik. Porque, Marietta... eu vou morrer.


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