Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 114
I'm back.


Notas iniciais do capítulo

Olááá suas lindas, agradeço aos Reviews que recebiii, ADOOOOOOROO, estamos arrazando, cats. Hoje fiz um post bem fodelastico, inspiração na minha vida total HSHASHU então mera semelhancia NÃO É APENAS COINCIDENCIA SHUAHSUHUSH. BEM, vou ver se dá tempo de escrever mais um post fodão... e ver se boto barraco aqui hj HUSAHSHAHSHAHS.
Beijos suas lindas, e Erica Alves, eu adoro suas mensagens particulares HSUHAHSUHAHHSA rio muito e fico feliz. E também mando salve para a nova leitora, que me enviou recadinho feliz no msg privadas tmb HSAHSHASAHUS.
E VAMO QUE VAMO, CAMBADA.



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"Perceba o que sente e deixe de perder tempo, a vida não para. E, em um piscar de olhos, tudo pode acabar. Aproveite."

Reli essa frase da escritora Érica Alves inúmeras vezes. Mel, ao meu lado no ônibus, conversava com Syn pelo celular. Sabe, aqueles assuntos melosos e engraçados que só os dois tinham.

Fiquei refletindo sobre o livro que estava lendo... e pensei seriamente no que estava fazendo. Bem... Não perco o tempo, aproveito cada minuto. A vida, felizmente, não para, imagina a chatisse que seria? E, realmente... tudo pode acabar...

Mas, a questão de perceber o que sentimos, é meio complicado. O coração quer, mas a cabeça não deixa! Não é justo carregar dois inimigos assim, todos os dias. A guerrinha particular deles FODEM nossa vida. Principalmente a minha, enfim.

Chegamos a Barra Bonita no outro dia de manhã, às 10 horas. Engraçado como tudo continuava da mesma forma bucólica de sempre: a rodoviária, motivo de brigas políticas no passado, ainda era o principal point dos mendigos cachaceiros e drogados noias. Bem que a prefeitura tentou... mas nunca conseguiu “abater” tais criaturas. Na verdade, a prefeitura não conseguia abater nada, nem os “ratos”.

Já as pessoas, com aqueles “R” puxados, fofocando sobre a vida das pessoas, também estavam lá. E ouvi, no meio delas, alguém gritar: “Olhem, a filha caçula do velho Genoom”.

Bem, pra ser sincera, me chateava um pouco esses comentários, em relação ao meu retorno. Enquanto que no mundo, eu era a escritora Heagle, aquela que inovou a Literatura Fantástica criando um mundo que refletia críticas da sociedade humana... em Barra Bonita, simplesmente Heagle era Marietta Genoom, a filha do melhor torneiro da cidade. A filha que saiu de casa e foi tentar a vida em Londres. A filha que muitos devem ter dito horrores a respeito... por voltar tatuada, rica, divorciada e melhor amiga de uma banda de rock. E pior: residia na Inglaterra com três homens. TRÊS.

- Da mesma forma que a deixei. – ri baixinho, perto de Melissa, tentando pegar minhas malas dentro do ônibus.

- Gosto daqui, sinto-me em casa. Deve ser porque... antes de partimos pra Europa, eu vivia mais aqui que em Bauru. – respondeu Mel, olhando feio para uma senhora que roubara sua a frente na fila. – HEY MEU BEM! EU ESTAVA AQUI!

- Por mais que tudo seja familiar, é estranho voltar. As pessoas não me conhecem pelo que sou, e sim pelo meu pai. – acabei confessando, sem poder aguentar aquele sentimento dentro de mim. Mel me entenderia melhor... se não iniciasse uma briga com a tal velhinha.

- Eu estou com um puta calor, velha lazarenta, então sai da minha frente... ér... Marie, disse algo? – gritou, iniciando uma luta corporal rumo ao bagageiro.

- Disse, filha da puta. – resmunguei, agarrando minhas malas com força. Desde pequena, sentia um pouco de pânico quando ficava no meio de muita gente, ainda mais quando tinha aquele tromba-tromba. Acabei me esquivando, com agilidade, tentando respirar.

A sensação da muvuca me atormentava.

- Hey, senhorita Genoom, esqueceu que tem família? – gritaram próximo de mim. A voz era reconhecível... e vi, de imediato, as faces douradas de minha irmã mais velha, quem eu carinhosamente chamava de Tata.

Estava acompanhada de meu irmão, que também chamava de Tato, e meus sobrinhos, Izabelle e Fernando.

- Não, eu não esqueci. – sorri, acenando, tentando chegar até eles. Mel, pelo visto, também tentava, mas as malas enormes que carregava não permitiam.

- Dá pra ir logo com isso, pirralha, vou pro serviço às duas. – resmungou meu irmão, com os braços cruzados, e aquele mal humor cômico de sempre. Ele era um CU supremo. Um CU que eu sentia muita falta de brigar.

- Ai... cu. – continuei rindo, passando as mãos pelo rosto suado. – E a mãe e o pai, onde estão? – perguntei, notando a ausência deles.

- Eles não gostam de você, biscatinha. – brincou meu irmão, enfim, indo para me abraçar. Digamos que meu relacionamento com ele sempre foi assim: ofensas (no lugar de elogios) denotavam nosso carinho de irmão. Não tentem entender.

Já a Tata, um pouco mais sensível, abraçou-me também, só de uma forma mais terna. Meus sobrinhos, antes agarrados a perna da mãe, correram para minha bolsa, aos pulos:

- TIA TROUXE PRESENTE, TIA TROUXE PRESENTE.

- Coisa feia, meninos. A tia Marie não trouxe presentes para ninguém, além da irmã gostosa e sexy. No caso: EU!

- Vejo que a humildade ainda é uma forte virtude dos Genoom. – brincou Mel, conseguindo se aproximar depois de tanta luta. – Ufa, tinha me esquecido como brasileiro esquece rápido da noção de UMA VEZ DE CADA!

- Bem vinda ao nosso Brasil. – sorriu Tata, agarrando meu braço com força. – Tata, você não tem ideia do que soube, enquanto estava vindo pra cá.

- Quem morreu? Aquela velha lazarenta? – a tal velha lazarenta era uma professora filha da puta que eu tinha, beijos.

- Não. Ninguém morreu. – continuou, agitando as mãos. - Lembra do meu ex marido, né?

- Aham, aquele filho da puta que te traiu.

- Gay. – concluiu, batendo palmas.

Juro que não fiquei tão surpresa na hora, já havíamos cogitado aquela hipótese, mas o baque da notícia foi notável.

- GAY?

- SUPER GAY.

- A fofoca tá boa, eu sei que está, mas vamos pra casa? – resmungou Tato, pegando minhas malas. – Tô com fome.

- Novidade, Tato com fome. – retorquiu, revirando os olhos. – Pois bem, vamos todos. Mãe tá fazendo almoço pra gente, ae!

- Não vejo a hora de chegar, minha barriga implora por comida. – murmurou Mel, aparentemente cansada. – Tá, sou uma parasita, mas foda-se.

- Mãe vai endoidecer quando ver essa sua tatuagem, Marie. Você sabe, vai ficar falando o que as irmãs dela dirão quando souberem disso. – disse Tato e Tatá, quase que em um coro. Dei um meio sorriso, arqueando as sobrancelhas:

- Eu sei. É bom voltar pra casa. É bom estar aqui.

***

Reconheci de longe minha casa no Recanto. Era uma azul, com muros idem (só que em tons diferentes). Não tinha andar, nem telhado branco, tão pouco piscina. Era a maior da rua, mas não luxuosa. Fruto de 30 anos (pra mais) de trabalho do meu pai, que construiu aquilo praticamente sozinho, só com o apoio de minha mãe.

Foi a primeira casa do quarteirão... logo do lado da Oficina do seu Lucci. No começo, não tinha nem energia elétrica, nem água canalizada.

Fiz uma viagem à minha infância, quando ia ao mercadinho ali perto comprar coisas para minha mãe. E sempre que pedia para comprar refrigerante ou alguma mistura, fazia questão de voltar munida de guloseimas. E as desculpas eram sempre as mesmas:

- Oras mamãe, é meu pagamento.

Em seguida, segui para minha adolescência. Nunca sai de casa como minhas amigas. Meus pais não deixavam muito... então, as únicas horas que me via em liberdade, era as de trabalhar, em uma loja ali perto. Seguia o mesmo caminho todo dia, ouvindo Carnival Of Rust. Ficava incrivelmente aliviada quando via minha velha casa, ali na esquina. O stress do serviço estava acabando comigo... mas a sensação de estar em casa era um alívio.

Agora eu tinha 24 anos, e estava voltando às minhas origens, que estavam bem longe de serem Londrinas. Eram de classe baixa (mas confortável), caipiras e simples.

Talvez, naquele momento, eu não me importasse mais em ser conhecida como filha dos meus pais. Para Barra Bonita, eu SEMPRE seria isso. Afinal... nasci ali, foi a forma que me conheceram.

E para o mundo, o mundo cujo qual pertenço... sempre serei Heagle, a escritora que vale alguns milhões de Euros.

E qual dessas duas faces é a minha?

Exatamente as duas. Faz parte da minha vida. Descreve o que realmente sou.

A caipira de 24 anos que enriqueceu fazendo o que mais amava fazer: escrever. E hoje... nada disso mudou. E espero que nunca mude.


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