Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 112
Novo Lar.


Notas iniciais do capítulo

Segundo capitulo postado HUSUASHHS não sei se conseguirei postar o terceiro hoje, mas farei de tudo. Beijos o



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Não sei quanto tempo passou... nem quantas paradas fizemos. Mas sei que, na rapidez de um piscar de olhos, já estava no Brasil, sentada em um dos bancos do Aeroporto de Congonhas. Do meu lado, estava Melissa, digitando alguns números no celular.

Curiosa do jeito que sempre fui, sorri, perguntando:

- Vai ligar pra quem? Syn?

- Yep. Prometi que ligaria... quando chegássemos. – respondeu, retribuindo o sorriso. Envolveu meus ombros com um de seus braços, encostando a cabeça em um deles. – Marie... só eu que estou me sentindo deslocada em meu próprio país?

- Não, não é só você. – murmurei, abaixando a cabeça. – Está tudo diferente, e tende a ficar pior quando eu voltar pra Barra, e você pra Bauru. Sente o calor insuportável que está fazendo... e antes eu gostava tanto dessa época, justamente pelo calor. E... São Paulo parece tão pequena! As pessoas, os brasileiros, tão... diferentes.

- É um choque cultural. Somos duas brasileiras, com espírito londrino. É possível isso? Não podemos negar nossa nacionalidade.

- O choque maior vai ser quando eu encontrar meus pais, meus amigos... a rua em que cresci. Gente... como o tempo pode passar tão rapidamente? E... não sei se você está percebendo, mas estamos tagarelando em inglês. – percebi, balançando a cabeça.

Era tão estranho. Sempre fui brasileira... a caipira do Interior que conseguiu vencer na vida e morar em Londres. Agora estava voltando... como se tivesse nascido em Londres.

- Cara, que tenso. – assustou Melissa, esfregando o rosto com a mão. - Agora sim, vamos honrar nossa alma que é brasileira. Lembra, a gente sempre disse que nunca abandonaria o Brasil... foi aqui que tudo começou.

- Eu sei, foi aqui que nos conhecemos.... que começamos carreira, que encontramos a editora... enfim... Brasil é nosso lar, embora não seja o único. – voltei a rir, agora falando em português, empurrando-a para longe. – Chega, vamos pegar um busão. Cansei de primeira classe de aviões.

- A gente já não ia fazer isso?

- É... verdade. Enfim... vamos pegar um busão, vamos pra Bauru... você fica por lá, e vou pra Barra, está bem?

- Não, prefiro desembarcar na Barra, e depois você me acompanha pra Bauru. Não sei se ficarei lá... então prefiro hospedagem na casa de seus pais. Sinto-me mais a vontade.

- Estamos juntas, sua doida. – disse, agarrando na mão tão fria de minha amiga. – Juntas, como irmãs. Se estou aqui, é pra te ajudar nessa sua barra. Vai dar tudo certo... e meus pais não se incomodam de colocar mais um prato no almoço do natal.

- Marie, você é a irmã que eu nunca tive! – e levantando-se, antes de se emocionar (porque ela sempre ficava encabulada com esses assuntos familiares), deu um pulinho, olhando para o celular. – Bem, ligo depois pra ele. Quero conversar com tranqüilidade, não no meio dessa muvuca.

- Que sua vontade seja feita! Hahaha.

- Hum... Marie, você não tocou no assunto, mas como sua melhor amiga, vou tocar: e o Matthew?

- Não-fala-desse-filho-da-puta-manca! – praticamente gritei, com uma súbita raiva crescendo dentro de mim. Automaticamente, senti meu rosto queimar. Devia estar corado.

- Ah cara, ele foi um filho da puta, eu sei...

- Você sabe, todos sabem. Esquece, estou cansada de idealizar um Matthew diferente do que realmente é. Matthew Sanders é M. Shadows! Não existe aquele príncipe-melhor-amigo que criei na adolescência, e deixei que influenciasse minha vida até ontem. Não, vou deixar de ser idiota, já sofri demais por causa de homem. Não preciso disso, estou bem do meu jeito. – disse com firmeza, levantando-me também.

- Mas você estava disposta a falar, não estava?

- Lógico que eu estava, mas foi bom ter dado tudo errado. Agora sei que o cara que “acho” estar gostando não existe. É um fruto da minha mente psicótica.

- Matthew que você ama existe, Marie... só que... um pouco diferente...

- Vamos parar de falar nisso, não estou no clima. – interrompi, apontando para uma lanchonete. – Que tal aproveitar esse calorzão e tomar um sorvete, com aquele saborzinho brasileiro que só aqui tem? Hum?

- É estranho demais voltar a usar shorts e regata. – riu Melissa, apontando para as pernas. – E você também.

- Temos que nos adaptar. Esse será nosso lar por um mês.

É, esse era o fato. Brasil voltaria a ser nosso lar...e eu teria que me adaptar a ideia que, nesse novo mundo, não havia espaço para Matthew.

Ou, pelo menos, eu queria que assim fosse. Era menos dolorido.


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