Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 10
A resposta e o acidente.


Notas iniciais do capítulo

Fãs do Johnny, por favor, não me odeiem.



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Matt olhou para mim, enrugando a testa. Parecia não ter entendido muito bem o que eu havia proposto.

- Como assim?

- Lembra que nos meus livros, eu sempre comparei a aparência de Jonathan Harrington com a sua? O jeito de agir, a forma de ser, a voz, o fato de cantar...

- Você está sugerindo que eu seja o Jonathan?

- ISSO! – gritei, batendo palmas.

- Mas eu sou cantor, porra. Como vou ser um ator, assim, de uma hora pra outra?

- Simples: se você faz clipe, você faz filme. – não, Marietta, não é tão simples assim, idiota.

- Só que no clipe, eu sou eu.

- Não sempre... em BEAST AND THE HARLOT, definitivamente não era você. E... e... Nightmare, também... mesmo tendo um bang emocional nele... eu...

- Francamente, estou surpreso, por essa eu não esperava. E... decorar aqueles textos enormes? Caso eu aceitasse, como eu faria? Teste?

- Oras, eu treinaria com você.

- Pro teste?

- É. Pode ser que haja um M. Shadows Jonathan Harrington dentro de você e você não sabe. E diversos atores são cantores... tipo Johnny Depp e Jared Leto.

- Não sei o que dizer...

- Um “sim” seria muito bom.

- Tem o Avenged também...

- Você mesmo disse, no aeroporto, que vocês teriam férias! Nem que nos matemos dia e noite... aposto que não vai prejudicar.

- Isso é tentador... mas... seu livro é complicado, cara... duvido que dure menos de um ano.

- Eu sinceramente não sei quanto tempo vai durar, lembro-me que Harry Potter foram 8 meses... mas se trabalharmos dia e noite, como dois condenados ao exílio em Azkaban... talvez dê certo.

Percebi que Matthews se sentiu atentado em dizer um “SIM”, já que aquela experiência seria bem “diferente”, além, claro, de lucrativa (já pararam pra imaginar quanto ele receberia pra ser o meu Jonathan?).

Ele olhou para os lados, passou a mão pela barba e olhou-me seriamente, seguro da resposta que iria dar:

- Não posso aceitar.

Tudo bem, tudo bem... eu sabia que era um risco a correr. Tá, meus sonhos de adolescente iam ser jogados no fundo do poço com a Samara... mas a gente supera, não é?

- Hum...

- Eu realmente gostaria... só que o Avenged ocupa maior parte da minha vida. Prometi ao Jimmy que... seguiria sem ele. Não sei como conseguimos lançar “Nightmare”... mas sei que não posso parar agora, deixar todos sozinhos, porque eu tive uma chance de seguir outra carreira. Eu... me desculpo, não vai dar mesmo.

- Eu entendo. – lamentei, sem poder disfarçar a minha decepção. – Caso mude de ideia... saiba que estarei por aqui... por muito tempo.

Matthews voltou a rir, deixando a seriedade de lado. Talvez estivéssemos ficando mais amigos, quem sabe.

- Só sei que seria foda. Acredito que encontrará alguém que se encaixe com o Jow... ele realmente é o cara. E... você vai fazer a Sophia?

Por essa eu não esperava. Ri, ri com gosto, como se Matthews tivesse contado uma deliciosa piada.

- Obviamente não... embora ela seja inspirada em mim... duvido que meus produtores seriam loucos de apostar em uma atriz-escritora.

- Vai saber.

Eis que aquele silêncio, que eu tanto temia, surgiu. Ficamos nos olhando por algum tempo, sem dizer nada. Olhei para o sofá, o teto, o chão, os lados, sem mesmo estar prestando atenção em absolutamente nada. Até hoje não me lembro da cor do sofá, anyway...

- Heagle... é estranho eu te chamar assim. Posso te chamar de Marietta?

- Pode, claro. – respondi, um pouco sem jeito.

- E... pode me chamar de Matthews mesmo. Ou Matt, como preferir. Preciso deixar o M. Shadows para os palcos, apenas.

Rimos, mas não durou muito tempo. Voltou aquele silêncio de antes, ainda mais tenso. Olhei para meu telefone, e olhei para o da sala. Seria como nos filmes, se aquele aparelho começasse tocar...

- PIRILILIM! (que barulhinho tenso).

- Marietta... poderia atender para mim? Se for uma tal de Sabrina, diz que você... é... minha... mãe.v – pediu Matt, dando um meio sorriso.

- MÃE?Valeu por insinuar que eu poderia...

- Tá, apelei. Minha irmã... fala que é minha irmã e estou no banho.

Obrigada, Matthews, eu ficarei imensamente feliz de mentir para qualquer Sabrina que te ligue. Não preciso de esforço algum para querer que ela esteja BEEEM longe do seu caminho.

- “My God”. – murmurei, curvando-me no sofá para pegar o telefone. Atendi, modificando um pouco minha voz. – Alô?

- CARA, QUEM TÁ FALANDO? – gritaram do outro lado. Reconheci imediatamente que era o Syn.

- Syn, sou eu, a Marietta.

- PORRA, CHAMA O MATT, POR FAVOR.

Alguma coisa estava estranha. A voz de Syn parecia embargada... um pouco confusa, devia estar bêbado ou drogado. Sei lá, a princípio, achei que ele ia começar chorar, lamentar da vida de casado, gritar aos quatro ventos que ainda amava a ex, como quase todos os bêbados fazem. Entreguei o telefone a Matthews, dando um sorriso:

- É Syn... deve ter bebido e quer abrir a alma com alguém.

- Bem típico desse corno manso. – brincou Matt, ajeitando o telefone no ouvido. – E aí Syn, que cagada você fez dessa vez? Vai falar que soube que teve um filho... e que ele é uma Drag?

Depois disso, Matt não voltou a falar. O sorriso de seus lábios morrera, e depois de alguns minutos de conversa, seu rosto estava totalmente pálido, e seus olhos, fixos em algum lugar que eu não pude identificar. Parecia em estado de choque.

Largou o telefone sobre o sofá, sem ao menos se preocupar se havia me acertado ou não. Correu para o quarto, e em quatro minutos (ou menos), voltou vestido e com um chaveiro em mãos. Seus olhos pareciam inchados.

- Matthew, o que houve? - perguntei, percebendo que Syn não havia ligado para “lamentar” a vida, e sim para dar alguma noticia ruim. Será que... ele estava machucado?

- Vem comigo. – pediu, agarrando a minha mão. Não deu tempo de negar ou qualquer coisa do tipo. E também, eu não o faria, afinal... se eu e Matt estávamos nos tornando amigos... eu deveria apoiá-lo, em qualquer que fosse o momento.

Só no carro, a quase 100 km por hora, que Matt começou a falar, como se não tivesse controle algum:

- Johnny foi atropelado. Aquele idiota... eu já falei mil vezes para Syn ficar de olho nele. Ingere bebidas e mistura com drogas... e fica doidão... e não sabe o que faz. Da outra vez, foi quando traiu a ex-noiva com uma mulher lá na boate... que suspeito seriamente de ser um homem. Depois, bateu o carro e por pouco não foi preso. Agora isso! Eu vou socar aquele idiota

Eu nunca fui boa em palavras de conforto, ainda mais em um momento daqueles. Percebi que as mãos de Matt tremiam sobre o volante, e senti um “pouco” de medo pela manobras arriscadas que fazia com o carro. Ele, o carro, como toda a situação estava fora de controle. Não tive escolha a não ser aquietar, olhar pela janela, e rezar que nada acontecesse... com Johnny, com Matthews e comigo. Principalmente comigo.


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