POV Emma

Segundo dia de viagem e nós já estávamos com as bundas quadradas de passar tanto tempo dentro da van sentados, eu estava dirigindo e percebi o quanto todo mundo estava entediado e decidi parar em algum lugar para todos sairmos um pouco do veículo, já era quase dez da noite e eu não estava a fim de passar mais uma noite dentro daquele carro, minhas costas não iriam agüentar, acho que as costas de ninguém.

Parei de súbito à frente de um hotel, não era um cinco estrelas, mas iria servir para que nós descansássemos e amanhã poderíamos voltar à estrada.

- O que foi Emma? – Meg perguntou e os outros acordaram.

- Não vamos dormir no carro de novo gente, vamos ficar nesse hotel e saímos amanhã bem cedo. – Eu disse, Meg não gostou muito que eu tenha tomado essa decisao sozinha, mas ela reconheceu que iria ser melhor se déssemos uma parada para descansar.

- Emma. – Meg me puxou pelo braço e nós ficamos para trás. – Não tome mais decisões sem me consultar. – Ela disse dura, eu confesso que fiquei um pouco com medo.

- Meg me desculpe. – Eu disse de cabeça baixa.

- Emma, eu não quero parecer chata, mas eu sou a líder do grupo, precisamos nos comunicar, tudo bem que você tem razão sobre o local, mas não faça mais isso sem me consultar.

- Ok Meg. – Eu disse, ela assentiu e foi entrando no hotel, Jake, que estava na entrada, veio ao meu encontro.

- O que ela queria com você? – Ele perguntou meio irritado.

- Nada Jake, como o pessoal se dividiu? – Eu perguntei tentando desviar o assunto, nós caminhamos juntos enquanto ele me explicava a divisão.

- Nick e Joe vão ficar com um quarto, Naty e Ash com outro, eu peguei um para nós e Joe pediu um para Megan. – Ele disse e eu assenti, subimos para o quarto e eu entrei exausta, joguei minha bolsa na cama, peguei uma muda de roupa limpa e fui tomar um banho. Depois qu eu terminei, Jake entrou no banheiro para tomar o banho dele, ele saiu apenas com uma calça de moletom e enxugando o cabelo com uma toalha, eu estava secando meus cabelos e quase fiquei sem ar com essa visão. Terminei de secar os cabelos e fiz uma trança para facilitar para amanhã cedo.

- Jake, vem secar seu cabelo também, não quero você gripado na missão. – Eu disse estendendo o secador para ele, Jake fez uma careta e eu sequei rapidamente o cabelo dele.

- Feliz agora mamãe? – Ele perguntou fazendo piada e eu dei um tapa na cabeça dele. – Desculpa Emma.

- Eu preciso urgentemente dormir Jake. Boa noite. – Eu disse dando um selinho nele, Jake se deitou ao meu lado e me envolveu com seus braços, adormeci rapidamente, sem nem perceber.

Acordei no outro dia com o barulho do despertador, o tempo estava mais bonito hoje, seria uma viajem melhor, eu acreditava. Acordei Jacob carinhosamente e fui tomar um banho, quando saí do banheiro, ele ainda estava dormindo, tirei as cobertas e pulei em cima dele.

- JACOB DI ÂNGELO ACORDE AGORA! – Eu gritei e ele acordou assustado.

- O que aconteceu? – Ele perguntou.

- Você precisa acordar querido ou vamos nos atrasar. – Eu disse e ele assentiu, e sinceramente, eu não quero problemas com a Megan, eu sabia que ela estava sofrendo pressão, afinal, os pais dela também foram grandes heróis no acampamento, às vezes me pergunto por que a Sam colocou a Meg no comando ao invés do Jake, ele é neto dos três grandes e também é irmão da melhor amiga dela e é bem poderoso, mas também percebo que Sam confia plenamente em Megan, acho que ela sabe que Meg sempre irá tomar boas decisões e eu concordo com ela.

Jake saiu do banho já com sua roupa e nós descemos para o restaurante, Joe e Nick já haviam acordado e nós iniciamos uma animada conversa até que as meninas chegassem, todo mundo parecia muito melhor depois de uma noite de sono decente.

- Pessoal, segundo os meus cálculos, se dirigirmos o dia inteiro estaremos próximos da fronteira com Vermont ao final da tarde, podemos ficar em um hotel barato que encontrarmos lá ou seguir a viagem dirigindo, o que vocês preferem? – Megan perguntou.

- Se nós seguirmos a viajem dirigindo ganhamos bastante terreno. – Joe disse e nós assentimos.

- O que acham de seguirmos a viagem dirigindo e no outro dia pararmos em um hotel? Assim economizamos tempo e dinheiro e Vermont não é um estado grande, deve ser bem rápida a ida até New Hampshire e depois chegamos em Maine. – Ashley disse e nós concordamos.

- Ok então, será como Ashley disse. – Megan disse e depois fez um esquema com a divisão do pessoal e seus horários, assim nós saberíamos quem iria dirigir e quando. Tomamos o café da manhã e encerramos a nossa estadia no hotel, pagamos por tudo e voltamos para o carro com nossas mochilas, colocamos tudo no porta malas e entramos, Ashley iria dirigir hoje e Natalie estava no banco da frente ao seu lado, as duas co nversavam animadamente sobre a vocalista do Paramore e sobre as músicas da banda.

Depois de uma longa manhã, paramos para almoçar e seguimos viajem, quem estava dirigindo agora era Nick e Joe o acompanhava no banco da frente, eu peguei um livro em minha mochila sobre mitologia grega, Micke havia me emprestado e eu ainda não terminei de ler, achei muito interessante, ele me disse que esse livro havia sido escrito pelos campistas após a grande guerra, era uma espécie de guia para semideuses. Um dos brilhantes trabalhos de Annabeth, ela fez vários exemplares e os distribuiu pelos chalés e guardou um para ela. Este que ela guardou foi dado de presente para Micke e ele me emprestou, eu prometi cuidar do livro com minha vida.

Falava sobre os reinos, o Submundo, o Olimpo. Toda a arquitetura, sobre os grandes heróis, incluindo os pais de Sam e os outros heróis do Olimpo, tudo sobre a guerra do Empire State, dicas para lutar contra monstros, poderes especiais que alguns semideuses podem ter e muitas outras coisas.

Annabeth era uma ótima observadora e conseguia escrever muito bem, podia ser um assunto um pouco chato, mas o jeito como Annabeth fazia suas observações e como ela descrevia as coisas era fascinante, não era à toa que ela era uma pessoa brilhante.

POV Olívia

Nossa! Por Zeus! Aquele vôo estava me matando, você não faz idéia de como é difícil para um semideus ficar parado por horas. POR HORAS! Como é chato ficar sentada naquela poltrona sem fazer nada, eu ficava zanzando de um lado para o outro, lia algumas revistas e ouvia um pouco de música, mas nada me ajudava a relaxar.

Comecei a ficar preocupada com isso, poderia ser meus instintos me avisando alguma coisa? Eu comecei a prestar a atenção nas coisas ao meu redor e comecei a sentir que alguém nos observava, logo fiquei rígida sem saber o que fazer. Olhei para os lados enquanto fingia que ia ao banheiro e não notei nada de diferente, mesmo assim aquela sensação de que algo vai acontecer a qualquer minuto não me deixava, eu já estava agoniada com isso.

Fiquei tensa pelo resto do vôo todinho, não conseguia pensar em outra coisa, enquanto o avião pousava, Micke, que finalmente acordou, percebeu o meu estado e perguntou.

- O que foi Liv? – Ele perguntou, eu olhei para os lados novamente e o beijei para fazer um disfarce.

- Nada meu amor. – Eu disse piscando para que só o Micke percebesse.

- Ok querida. Coloque o cinto que vamos pousar daqui a pouco. – Micke disse entrando no disfarce, quando ninguém nos observava eu cheguei em seu ouvido fingindo estar fazendo um carinho e disse.

- Estou com uma sensação estranha, como se estivéssemos sendo vigiados ou algo pior. – Eu disse sentindo os mesmo calafrios de antes.

- Não se preocupe, mas temos que falar com os outros. – Eu assenti.

- Vamos fazer isso quando descermos do avião. – Eu sugeri e ele assentiu concordando.

Esperamos por toda aquela chatisse e frescura para o avião pousar e desembarcamos com nossas mochilas, eu reuni o pessoal e eles me olharam preocupados, a sensação aumentara agora que eu desci daquele avião.

- Pessoal, estou com uma sensação estranha, fiquem alertas. – Eu disse discretamente e eles assentiram.

- Percebi alguma coisa estranha no avião também, mas o que você acha que é Liv? – Ally perguntou.

- Eu não faço idéia Ally, mas é melhor estarmos preparados. – Eu disse, afinal, não estávamos mais no acampamento, os perigos aqui são reais e eu não podia deixar nada acontecer com ninguém.

- Ok gente, ajam naturalmente. – Sam disse e nós assentimos indo para a saída mais próxima e conversando sobre se pegaríamos um táxi ou iríamos de ônibus daqui pra frente.

- Esperem um pouco queridos. – Uma velhinha disse na porta da frente. – Vocês estão com pressa queridos? – Ela tinha um sorriso do mal e um cachorrinho raivoso no seu colo. – Calma filhinho, você está com fome? O que acha de comer uns semideuses gostosos? – E então a doida da velhinha largou o cachorro no chão e ele começou a crescer até virar uma quimera, pronto! A velha doida era Equidna, como eu não percebi antes?

- Equidna! – Micke gritou o óbvio, ele era meio lentinho para um neto de Atena.

- Se eu fosse você não me preocuparia com ela. – Will disse apontando para a Quimera que antes era um chiuaua pequenina, a Quimera era enorme e tinha labaredas saindo de sua boca. Ela tinha uma cabeça de leão, corpo de de cabra e calda de serpente, mas mesmo assim era um bicho enorme. Equidna também não estava despreparada, ela tinha consigo uma lança com um líquido verde viscoso escorrendo.

- Aquilo é veneno, não chegue perto. – Ally avisou e nós assentimos.

- Pode ir se divertir filhinho. – Equidna disse e a Quimera avançou em nossa direção, os humanos começaram a correr de um lado para o outro desesperados, eu não fazia idéia do que eles viam, mas isso não iria ajudar.

- Leon e Ally, evacuem o local! – Samantha gritou. – Matt e Will vão ajudá-los. – Todos assentiram. – Nós distraímos a Quimera. – Ela disse se referindo a mim, Micke e ela mesma.

- Ok. – Eu disse e troquei um olhar significante com Micke, ele entendeu completamente, eu corri o mais rápido que pude e me escondi, Sammy não entendeu, mas foi atacar a Quimera junto com Micke, esperei a hora certa para aparecer novamente, quando a Quimera achasse que estava vencendo, ela empurrou Samantha que bateu com a cabeça na parede e desmaiou, Will foi ajudá-la enquanto os outros continuavam evacuando o local, a Quimera continuou atacando meu namorado enquanto ele se desviava facilmente dela, eu fiz toda a volta pela animal e a ataquei por trás com minha espada acertando o seu dorso.

A Quimera soltou um grito estridente e explodiu em pó dourado, eu e Micke fomos atirados em diferentes direções, Equidna enloqueceu com isso e gritou alto. Eu tentei me levantar com dificuldade para ir ao encontro dos meus amigos, mas vi Micke arregalar os olhos e gritar:

- LIV DESVIA AGORA! – Eu não queria saber o que era, apenas fiz o que ele disse e rolei para o lado, Equidna me atacava com toda a velocidade, ela era bem ágil e eu não conseguiria agüentar por muito tempo.

- Isso é por você matar o meu filhinho! – Ela disse vindo com toda a força me atacar, fiquei esperando pelo meu fim, abri os olhos e vi que ela não estava mais lá, em seu lugar estava uma das flechas de Matt.

- E isso é por você ameaçar a minha amiga. – Ele completou guardando o seu arco dourado de volta na mochila. – Desculpem o atraso.

- Sem problemas Matt, chegou na hora certa. – Sam disse e eu assenti, me levantei, mas logo senti uma náusea horrível e caí de novo, olhei para o meu braço, ele sangrava e borbulhava, Equidna deve ter me cortado quando eu estava de costas para ela. Sem perceber, uma dor enorme me acometeu e eu comecei a gritar e a tremer no chão do aeroporto.

POV Samantha

Olívia esperneava e gritava no chão do aeroporto, o corte só continuava a borbulhar e nós ficávamos cada vez mais desesperados.

- MATT! – Foi a única coisa que eu consegui gritar, ele entendeu e correu com uma garrafa de néctar para Olívia. Começou a fazer encantamentos para cicatrizar o machucado enquanto eu dava um cubinho de ambrósia para ela que engoliu com dificuldade, Liv parou se gritar mas ainda tinha espasmos causados pelo veneno, sua pele ardia em chamas, era arriscado demais usar mais comida celestial para curá-la.

- O que vamos fazer? Ela já está ardendo em febre. – Eu disse desesperada, Micke estava pior que todo mundo, podia ver o desespero estampado em sua face, ele começou a andar de um lado para o outro pensando no que fazer até que olhou para um lugar e saiu correndo na direção, era um bar no restaurante, ele procurou a melhor garrafa de vinho e foi ao encontro de Liv, depois eu fui entender o que ele queria.

Olívia é filha de Dionísio, assim como a água me fortalece, o vinho pode ajudá-la, lembro que ela mencionou algo do tipo pra mim uma vez, o rosto de Liv voltou a ganhar cor e os espasmos acabaram, porém, ela ainda estava fria e não respirava direito, no meio da confusão, muitas pessoas correram, pegamos um táxi vazio e dirigimos até o primeiro hotel que vimos, pegamos quartos e acomodamos Olivia em um deles, Micke correu para o banheiro e preparou uma banheira com água quente, o bastante para ajudá-la, ele pediu mais vinho para o quarto e algumas uvas e morangos. Nós voltamos para os nossos quartos para nos trocar, depois que tinha tomado um bom banho e me trocado, eu voltei a bater à porta do quarto de Micke.

- Como ela está? – Eu perguntei.

- Ela voltou à temperatura normal, mas ainda não acordou. Fica balbuciando algumas coisas, a temperatura dela está mudando rapidamente, já dei três garrafas de vinho para ela, não sei mais o que fazer. – Ele disse.

Entrei no quarto e vi Olívia deitada na cama com um pijama e com as cobertas sobre seus joelhos, coloquei a minha mão em sua testa, ela estava normal, peguei um cubo de ambrósia na mochila e a fiz comer, sua temperatura aumentou um pouco e Micke logo pegou um pano com água morna e molhou sua testa.

- Eu vou chamar o Matt. – Eu disse e ele assentiu, tadinho do Matt, tinha passado mal depois de curar a Liv, ele usou muito poder, espero que ela tenha se recuperado, precisamos da ajuda dele de novo. Fui até o quarto onde estavam Leon, Matthew e Allyson. Bati na porta e minha melhor amiga atendeu.

- Como ela está? – Ela perguntou preocupada, ambas estávamos abaladas pelo o que aconteceu com a Liv, mas sabíamos que tínhamos que nos manter fortes pelos outros.

- Na mesma, posso falar com o Matt? – Eu perguntei e ela assentiu, Matt apareceu na porta enquanto minha amiga se sentava na cama e arrumava a mochila.

- Como você se sente Matt? – Eu perguntei, mais por educação.

- Estou bem Samantha. – Ele respondeu.

- Você pode dar uma olhada na Liv, por favor? – Eu perguntei.

- Achei que você nunca iria perguntar. – Ele disse esboçando um sorriso, mas a situação não nos permitia isso, caminhamos rapidamente e sem fazer barulho pelo corredor e abrimos a porta do quarto de Micke e Liv, ele agora a cobria com os cobertores, ela estava trêmula e eu sentia seu corpo ficar gelado de novo.

Matt se aproximou dela e sentiu sua temperatura com as mãos, depois começou a murmurar alguns encantamentos que eu nunca nem ouvi na minha vida, depois ele voltou a examiná-la e se levantou.

- Então? – Micke perguntou.

- Continue o que você está fazendo, eu preciso de algumas informações. – Matt disse, eu entendia, nada sabíamos sobre aquele veneno e como combatê-lo, deixei Matt sair do quarto e comecei a ajudar meu irmão.

- Vá tomar um banho. – Eu disse e ele assentiu, Micke não havia nem trocado de roupa desde que chegamos no hotel, o estado dele era deplorável, sua expressão era ainda pior, fiquei monitorando a temperatura de Liv que oscilava entre quente e fria fazendo de tudo para estabilizá-la. Micke saiu do banheiro com uma calça de moletom e uma camisa qualquer, ele começou a cuidar da Liv calado, ela balbuciava sem sentido de vez em quando, mas não acordava. Depois de uma meia hora cuidando dela, Micke jogou o pano para o lado com força e socou a parede, sabia que finalmente tinha caído a ficha para ele.

- Sam, eu não posso perdê-la, eu não posso. – Ele disse, Micke começou a chorar, eu nunca vi meu irmão chorar durante toda a minha vida, e agora lá estava ele, uma pessoa frágil que me abraçava e chorava pela pessoa que amava.

- Acalme-se Micke, estamos cuidando dela, nós não vamos perdê-la. – Eu disse o mais confiante possível, mas sabia que não era isso que eu realmente sentia. Na verdade, queria jogar tudo na parede, socar alguma coisa, matar um monstro, fazer qualquer coisa, vingar minha amiga, não podia apenas vê-la morrendo e não poder fazer nada, aquilo era muito agonizante para mim e para todos também.

Após um longo tempo conversando com Micke e o acalmando, ele me mandou dormir prometendo que iria me chamar caso precisasse de algo, eu voltei para o meu quarto e me deitei na cama ao lado que Will, logo senti as lágrimas tomando conta da minha visão e senti os braços de Will em volta de mim, eu chorei como nunca naquela noite.