Segredos Reais escrita por Lena


Capítulo 31
Vinte e Quatro, parte II


Notas iniciais do capítulo

Leiam a minha nota gigantesca no final!



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Edward PDV

Não me dei ao trabalho de fechar a porta da biblioteca. Jacob parou antes do que eu, surpreso. Segui para direção onde ele olhava e me aquietei. Duas Bellas? Uma delas me encarava, confusa; a outra parecia feliz. Não havia como distingui-las. Usavam as mesmas roupas, o mesmo penteado no cabelo, tinham a mesma voz...

— Edward... – disse uma delas, estendendo os braços para mim. Entretanto, antes que essa Bella pudesse me alcançar, a outra se colocou na frente, dizendo com voz suave que a Bella que estendia os braços estava mentindo.

Suspirei.

— Pegue Edward. – disse Jacob me estendendo uma arma.

— O que achas que estás fazendo? Não vou matar nenhuma delas. Ou se esqueceste de que ali está a sua Imperatriz?

— Não me esqueci, Majestade. Mas é prudente que o senhor...

— Esqueça Jacob, tenho um jeito melhor de resolver isso. – aproximei-me das duas mulheres, estendendo os braços, como se eu dissesse que não faria nada. – Senhoras? – as duas Bellas pararam de discutir entre si, e olharam para mim. – Existe um jeito muito fácil de saber qual de vós é a minha Bella. – elas se encararam, determinadas, e esperaram que eu falasse novamente. – Certamente deves se lembrar de nossa discussão, quando saíste correndo atrás de mim, e paramos na clareira. Declamamos versos de Shakespeare e nos sentamos na grama. O que eu te disse quando fizemos amor na clareira? – sorri presunçosamente. Uma delas foi mais rápida a responder, enquanto a outra me encarava de forma confusa.

— Disseste que me amavas, é claro; que ficaria ao meu lado, que eu eras inteligente, que estavas feliz... Oh, Edward! Estou tão contente.

Eu não precisava de nenhuma confirmação, obtida pela confusão no rosto da Bella que estava do lado esquerdo.

— Mas nós não... – disse ela.

Lancei-me contra a que respondera primeiro, pensando numa prisão no alto de uma torre. Não tinha como a impostora sair, transferindo-nos para lá.

— Edward... – sorriu ela, nervosa. – O que pensas que está fazendo?

— Bem, acredito senhora, que devas me chamar de Vossa Majestade, Rei consorte da Imperatriz Isabella de Swan. – segurei fortemente no pulso da impostora, jogando-a para o lado, com raiva.

— Mas Edward...

— Não me engana tão fácil, “Deusa”. – eu dei um meio sorriso sarcástico. – Chega! Chega! Da ultima vez que tentou atacar Bella eu perdi a memória e minha esposa quase morreu por sua causa. Como tu achas que fiquei? Eu não sou idiota. Se quiseres resolver algum problema, faça-o já, comigo; mas não machuque minha esposa. – vendo que o disfarce não mais adiantava, a “mulher-luz” voltou a sua forma original, um brilho dourado no contorno do corpo meio transparente. Estendendo a mão, ela fez com que um feixe de luz me atingisse, chamuscando minha roupa, derretendo o ouro dos botões do meu uniforme militar. A “mulher-luz” sorriu, como se se divertisse com a situação, mas não deixei ela se satisfazer de modo tão fácil. Eu havia aprendido como controlar a parte da magia que me cabia muito bem, no ultimo ano com Bella.

Antes que a mulher pudesse me acertar novamente, desviei, contra atacando rapidamente. Ela parecia impressionada com a minha recém-adquirida habilidade. Então, tentou me atacar mais fortemente, e devido ao pouco espaço que tínhamos para nos movimentar, alguns feitiços ricocheteavam na parede, e atingiam o alvo por trás; o que me fez usar um escudo parcial.

Alguém que visse a briga de longe não saberia dizer quem estava ganhando, as cores dos feitiços eram indistintas, indo e voltando, cada vez com mais intensidade.

No segundo que se seguiu a sequência de ataques e defesas – tudo ficou extremamente iluminado, muito mais forte do que a luz do sol, como se tivessem colocado um espelho para que ele refletisse bem no meu rosto; no entanto, eu sabia muito bem o que estava acontecendo. As Imperatrizes estavam ali de novo, e Bella estava com elas.

Arfei, se eu tinha sumido do palácio era porque eu não queria que Bella se machucasse, e mesmo assim, ela insistia em me “perseguir”. O que significava: teimosia.

— Ora, ora. Quem resolveu aparecer. A senhorita Isabella vai nos dar a honra da sua companhia. – disse a “Deusa”, sinicamente.

Eu dei uma risada sem emoção para a “Deusa”, quase que zombando dela.

— Qual é o seu problema? Será que tu ainda não percebeste que Isabella é casada? Não consegues notar a aliança na mão esquerda dela?

— É um simples anel, Cullen. – respondeu secamente.

— Não, não é. Esse “simples” anel, moça, simboliza que o que sinto por Isabella é infinito; um circulo que não tem começo nem final, algo que chamamos de ciclo. Algo que nunca entenderias porque nunca amou alguém como amo Isabella, ou como ela me amas. Como nós amamos nosso filho.

Bella caminhou até o meu lado, e segurou a minha mão, sorri para ela, passando um dedo pela linha tênue que se formava nos seus lábios.

— Para a minha sanidade, pare com essa babaquice. Será que não perceberam que o amor não leva a nada? Olhe onde estão agora? Frente a frente comigo de novo, e vão perder, como das outras vezes.

— Nós nunca perdemos, NUNCA PERDEMOS. Pelo contrário, ficamos mais forte a cada vez que nos atacava, porque aprendíamos a criar laços cada vez mais fortes e inquebráveis. Quando estamos juntos, nada pode nos fazer cair. Quando estamos juntos, temos o amor; algo que nunca conheceu, sabe, senhorita, eu realmente tentei, fui legal contigo, desconsiderei o fato de me chamar de senhorita quando já pertenço a Edward e, portanto, sou senhora dele. E nada que fizer vai mudar isso. NADA! - Bella gritou.

A Deusa tentou nos atacar, mas Bella e eu erguemos os braços, ela o esquerdo, eu o direito, formando um escudo. Antes que pude perceber, tudo explodiu num imenso clarão.


[...]


Talvez tivessem se passado alguns segundos, ou então, horas. A única coisa da qual eu conseguia me lembrar era de ter batido a cabeça e apagado.

Levantei-me do chão, onde estivera com o rosto virado. Enxerguei Isabella a alguns metros de mim, também estendida no chão, ainda desacordada. Engatinhei até lá, incapaz de levantar-me, e peguei-a nos braços.

A primeira coisa que fiz foi verificar o pulso. Estava apenas desmaiada, pois o coração ainda batia regularmente.

— Bella, amor? Podes me ouvir? – insisti. Naquelas condições, eu sabia que sacudi-la poderia piorar as coisas, mas não tive escolha, a angustia no meu peito era maior. Por mais que eu soubesse que ela estava viva, enquanto ela não falasse comigo eu não iria me aquietar. E, embora eu tivesse tentado protegê-la, como prometi a minha sogra, quando esta ainda vivia, eu sempre falhava; talvez porque Bella era um atrativo para perigos, sobretudo, tendo no sangue um segredo vivo e sendo uma monarca do maior Império da Europa, senão do mundo todo. – Bella? – insisti desesperado. Passei a mão pelos cabelos, nervoso. Isso não podia estar acontecendo. Não podia. Chequei o pulso de novo, só para ter certeza de que na primeira vez eu havia sentido e ouvido direito. Então, resolvi implorara para a primeira pessoa que era alcançável naquele lugar, alguém a quem Bella sempre recorria. Renée. – Por favor, por favor, por favor...

Eu estou aqui, Edward. Por hora, só poderás me escutar. Isabella deve me ver para que tu também o possas fazê-lo. Apesar de meus contatos, nos últimos tempos só terem sido com Bella, quero que saibas que o aprecio muito, caso contrário não o teria deixado responsável pela proteção de minha filha.

— Me perdoe por falhar miseravelmente, novamente, senhora Swan. – eu disse, olhando para o rosto imóvel e quase sem cor de Bella, ainda segurando-a.

“ Pelo contrário, querido. A proteção que o designei para não era física, como tens pensado. A proteção que muito faltou a Isabella, na infância, foi amor. AMOR. Só isso, Edward. E o que fizeste foi muito mais do que fiz em 16 anos inteiros por Bella. O que deu a ela foi uma família, algo em que acreditar, alguém para ampará-la quando precisasse, algo que ela nunca teve antes de ti. Lamento que minha filha tenha sido criada de um modo tão ruim, militarmente, quero dizer. Por favor, a única coisa que imploro que não faças é: não coloquem meu neto, ou outros filhos que tiverem, numa academia militar. O dever de um Imperador, ou Imperatriz, é fazer com que tudo fique em mais perfeita ordem e para isso nunca foi necessário a instrução militar.”

O que devo fazer?

A única coisa que posso dizer é: faça-a acreditar que é suficientemente forte para governar uma nação. Ela provou ser uma boa monarca, ao governar esse ano, mas um verdadeiro monarca, faz seu reinado ser lembrado enquanto está em vigor e depois de sua morte. Eu não te disse que Isabella iria ultrapassar barreiras? E sabe porque ela o fez? Porque ela confiava em ti, quando consumaram o casamento; como ninguém nunca confiou em uma pessoa. Boa sorte, filho. Até logo.”

— Bella, eu sei que talvez não possas me ouvir, mas não me importo. Quero que saibas que eu deveria, mais frequentemente, dizer o quanto te amo, mas o tempo ao teu lado parece tão curto, que é um custo desperdiçar três palavras quando posso acariciar teus tão doces lábios. No começo, eu não sabia bem o que era, porque o assunto não foi muito comentado em minha casa – e talvez em muitas outras – no entanto, sempre que a via a ‘dor’ que eu sentia no meu coração me fazia sair correndo e me esconder, contentando-me a olhar-te de relance, nunca encarar-te. Então, o destino, sabendo o quanto eu ansiava por ti, juntou-nos de uma forma trágica, que odeio, na verdade. Lamento que tenhamos nos conhecidos pela morte de teus pais, mas apreciei cada momento em que a carreguei nos braços, quando desmaiou. Naquela noite, Lívia sorriu para mim e disse: “Obrigada por cuidar da minha irmã, senhor.” É claro que as palavras não foram balbuciadas com extrema clareza, para uma garotinha de dois anos e meio, mas já me fez pesar no quão importante eu poderia ser para alguém, como tu eras importante para mim. Poucas pessoas sabem, mas ao dizer “eu te amo” estamos dizendo que morreríamos pela pessoa a quem dirigimos a palavra. Por isso eu sei que és capaz. Disse-me “eu te amo” pelo menos dez vezes, e agora retribuo. Eu faria qualquer coisa para te ter ao meu lado, para ficarmos juntos do nosso filho. Além de mãe, tu és uma monarca exemplar, alguém que admiro pelos atos, pela coragem e, principalmente, pela força de vontade. Tu nunca desististe, Bella. Foste forte quando eu não fui e superou obstáculos para ficar ao meu lado... – pausei, sem saber como continuar. As palavras me faltavam.

Peguei Bella no colo, com cuidado, ajeitando as saias do vestido que me cobriram o rosto. Pensei no palácio de Chandler, na suíte em que ficaríamos e em alguns segundos, já estava lá. Caminhei até a cama de casal, afastando com a mão o tecido fino que cobria o dossel. Coloquei minha mulher gentilmente na cama e ajoelhei-me a seus pés, começando a rezar.

Tracei o sinal da cruz e iniciei com o “Credo”, seguintemente rezei um “Pai-nosso”, duas ave-marias, um Glória, outro “Pai-nosso”, o 1º mistério, 10 ave-marias, um Glória e Jaculatória, um “Pai-nosso”, o 2º mistério, 10 ave-marias, outro Glória e Jaculatória, o 3º mistério, mais 10 ave-marias, mais um Glória e Jaculatória, 4º mistério, outras 10 ave-marias, novamente um Glória e Jaculatória, o 5º mistério, outras 10 ave-marias, sequentemente um Glória e Jaculatória e finalizei com a Salve Rainha.

— Por favor, por favor, pela única vez na minha vida me que rezei um terço, que funcione. Deixe Bella junto de mim. – eu cruzei os dedos das mãos, apertando-os, como se estivesse rezando.

Passaram-se mais duas horas, nada havia acontecido. Cansado de ficar ajoelhado, levantei-me e fui a um aparador, colocado rente à parede. Havia um espelho pendurado dela, dando a impressão do quarto ser maior do que já era. Peguei a garrafa de cristal quadrada e toda laqueada, com uísque até a metade, servi uma dose num copinho, também de cristal, engolindo tudo num gole.

Servi outra dose e a engoli do mesmo jeito. Soltei o copo, frustrado comigo mesmo, por não poder fazer nada e voltei a fitar Bella, que ainda continuava inerte.

Derrotado, contornei a cama, retirando as botas de couro com os pés, deixando-as caídas em qualquer lugar. Não me dei ao trabalho de retirar a sobrecasaca que vestia, muito menos o resto de minhas roupas. Deitei-me ao lado de Bella, sentindo o álcool fazendo efeito.

Mal notei o quão cansado eu estava. Adormeci antes que pudesse contar quantos minutos haviam se passado desde que me deitara.


[...]


— Edward! – eu senti alguém afagando meus cabelos constante e insistentemente. – Edward! – riu. O riso mais perfeito do universo, que eu nunca seria capaz de esquecer, mesmo que o ouvisse a quilômetros de distância, num salão lotado de gente tagarelando. Era um sonho muito bom, eu reconheci. Talvez eu pudesse viver nele para sempre. – EDWARD! – dessa vez Bella me sacudiu com força.

— Ãh? Quê? – virei o rosto no travesseiro, despertando. Percebi, surpreso e alegre ao mesmo tempo, que não fora um sonho. Bella estava bem, sorrindo para mim, sentada de as pernas cruzadas na cama. Abracei-a, colando totalmente o corpo dela ao meu, tocando o máximo dela que conseguia. O cabelo meio solto e fora do lugar, as mãos, os ombros nus, a cintura – apesar de que eu não a consegui sentir muito, culpa do espartilho e do tecido de ótima qualidade do vestido que Bella usava. Beijei-lhe o rosto, a têmpora, os lábios, inalando o perfume de quem eu nunca me cansaria.

— O que foi Edward? – ela perguntou para mim, surpresa com tanta atenção.

— Amor, tu ficaste desacordada por mais de quatro horas. Eu fiquei louco! Não queria passar pela experiência de quase te perder de novo. Eu rezei até um terço! E olhe que eu nunca rezei. Minha mãe me arrastava para as missas, porque eu era um moleque bem sapeca. Estás machucada? Sentes dor? – perguntei-lhe, segurando suas mãos.

— Não, querido. É isso que devo contar-te. Estou perfeitamente bem. Tive um sonho estranho onde me falavas coisas tão lindas. Confesso que adorei ouvi-las. Mas, o importante é isto. – ela abriu a mão direita em cima da minha, virou a palma para cima, e dali foram flutuando pequenos arabescos em dourado. Eles tomaram o quarto facilmente. Estavam a nossa volta, como se nunca tivessem saído dali. – Estou perfeitamente bem, Edward. Ainda não encontrei uma explicação boa o suficiente, mas acredito que conseguimos derrotar, juntos, aquela louca fissurada em poder. – eu trinquei os dentes. – Acalme-se. – Bella afagou meu rosto com a mão esquerda.

— Então, - tentei pressupor – agora que derrotamo-la, o poder que era dela é teu. – Bella franziu o cenho. Ela não gostava do poder.

— Acho que sim, até que Henry tenha condições de controlá-lo. Está sendo incrível. Eu sinto tudo, Edward. Tudo. Consigo sentir cada rio do Império de Swan fluindo, como se fosse o sangue que corre em minhas veias. Consigo sentir o perfume de cada flor, como se o perfume feito com elas estivesse bem na minha frente. Sinto a maciez das folhas e pétalas como se me adornassem; como a roupa que visto. – ela me sorriu carinhosamente. – Eu nunca achei que ser diferente fosse bom, no entanto, agora percebo que não é porque sou diferente que as pessoas me olham hesitantes. É pelo que sou. Mesmo que não fosse uma Imperatriz, elas continuariam a me olhar assim porque me admiram pelo que sou. Finalmente compreendi que o que sou toma por base tudo o que fiz e aprendi. Acredites ser mãe mudou-me muito, tu deves saber. Agora não vejo mais o poder como um empecilho, desse modo ele poderá trazer muitos benefícios. Terei como ajudar meu povo de uma maneira melhor, pois saberei tudo o que estarão sentido – como se fosse uma conexão direta. Não vou precisar de secretários me informando como está a situação de tal lugar do Império, porque ele faz parte de mim, preenche cada célula do meu corpo. E, sobretudo, ser mãe transformou completamente o meu modo de olhar para as pessoas. – ela passou, olhando os arabescos dourados ao meu redor, eles se fixavam nas partes de pele expostas. – Além do mais, Edward, - ela tocou meu nariz com um dedo, apertando a área – tu sabes que eu nunca te deixaria. Nada me derruba tão facilmente. Sou bem forte. Da outra vez em que a “mulher-luz” me atacou, eu só fiquei com a roupa chamuscada.

— Aham, sei. Comporte-se, senhora. Não posso ficar sem ouvir tua voz por um curto período de tempo. Necessito-te como nunca precisei de alguém antes, deverias saber. – repreendi.

— Sim, senhor. – Bella fingiu bater continência. Eu ri, afagando-lhe o queixo.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, alguém bateu na porta.

Num salto, Bella estava de pé, com a mão direita fechada – o que fez todos os arabescos desaparecerem -, ajeitando a roupa. Levantei-me mais devagar, calçando as botas de cano longo pretas, e posicionando-me atrás de Bella, com as mãos em seus ombros.

— Entre, por favor. – ela disse com voz polida, mudando o tom que normalmente usava.

A empregada entrou e fez uma mesura. Nas mãos dela estava a roupa nova de Bella.

— Rosalie pediu para lembrar-lhes, Majestades Imperais, caso a Condessa de Helfer não o haver feito, da ópera de hoje a noite. Esme pediu para entregar-lhe este vestido, Majestade. Ela disse que é um agradecimento por tudo que tem feito pela família Cullen.

— Pode deixar em cima da cadeira. – Bella indicou uma cadeira no canto afastado. – Muito obrigada.

— Devo agradecer o presente a senhora Esme, Majestade? - a empregada perguntou enquanto deixava a roupa no canto indicado.

— Não será necessário, eu mesma o farei. Obrigada novamente.

— Só estou fazendo meu trabalho, Vossa Majestade. – a empregada fez outra mesura, distanciou-se, passando pela porta aberta e fechando-a em seguida.

— Ansioso pela opera? – perguntou Bella, erguendo os pés para me beijar.

— Na verdade, nem um pouco. – dei de ombros, ela abaixou-se, desistindo.

— Desculpe, achei que fosse gostar, se fizéssemos algo diferente em família. – passei a mão pelo seu queixo.

— Não se desculpe amor. Eu gostarei. – admiti. – Faltam exatamente, três horas para a ópera, não achas que deveria começar a se trocar? – perguntei. Porque, normalmente, eu sabia, Isabella gastava um bom tempo fazendo penteados elaborados nos cabelos.

— Oh, Edward, eu estou tão cansada. Será que minha dama de companhia faria o favor de me ajudar a retirar o vestido? E talvez, eu mal consiga retirar meu espartilho. – ela sorriu provocantemente para mim. Eu arregalei os olhos.

— Senhora! – falei exasperado – Como teu marido é minha função garantir o bem estar de minha esposa sempre que necessário. Constrangimentos devem ser evitados. – ela riu para mim. – Não me tente senhora. Sei como podes ser bem persuasiva.

Bella virou-se para mim, indicando com a cabeça para que eu desabotoasse o vestido. Eu o fiz de maneira bem lenta, enquanto ela ia tirando, um a um, os grampos que prendiam o penteado antigo. Quando terminei com o vestido, desenlacei o espartilho, tomando cuidado para que não a machucasse.

Ficando só de lingerie, Bella pegou a escova da penteadeira e começou a pentear os longos cabelos, que estavam apoiados nos ombros, desembaraçando-os.

No meio tempo em que ela se arrumava, troquei de roupa e arrumei o cabelo com uma pasta que os fixava no lugar.

A dama de companhia de Isabella, constatei quando voltei ao quarto, fazia um penteado elaborado no cabelo dela. Uma espécie de rabo, que depois de trançado era virado num coque. Terminado o penteado, Gianna ajudou Isabella com a roupa. Ela vestiu a crinoline, duas anáguas, o espartilho – novamente -, e por fim o vestido que minha mãe lhe dera.

Gianna fixou um diadema com diamantes na parte superior do penteado, fechou o colar - que acompanhava a linha da coroa – no pescoço de Bella, enquanto ela calçava as luvas. Depois disso a Condessa apressou-se em colocar uma pulseira em seu pulso esquerdo. Bella dispensou-a, com um “muito obrigada”, e assim que ela saiu, terminou de colocar os brincos e virou-se para olhar-me.

— Estás muito bonito, marido. – ela maneou a cabeça. Virou-se, numa volta rápida, enquanto eu corria os olhos por ela, fitando-a atentamente. – O que achas?

— Digo o mesmo, querida. Estás magnífica. Como sempre. – acrescentei. – O que achas de vermos como está Henry?

— Estava pensando o mesmo agora. – ela sorriu para mim, enquanto fomos andando pelo corredor até dois quartos a frente, onde estava Henry.

Encontrei minha mãe e minha irmã lá, o mimando.

— Olha lá quem chegou? – disse Alice com uma voz carinhosa como eu nunca ouvira. Henry sorriu para nós.

— Oi amor. – disse Bella, estendendo os braços para pegá-lo dos braços de Esme. Fui para o lado de Bella, passando meus braços por seus ombros, fazendo carinho em Henry. – Tudo bom com meu principezinho? – Bella olhou para a roupa com que Henry estava vestido e virou-se para olhar para Esme – vós já o vestíreis? Obrigada! – ela terminou sorrindo.

Gianna nos interrompeu dizendo que as carruagens já estavam prontas e que deveríamos partir para conseguirmos chegar ao teatro no horário de inicio da opera.


[...]


Bella PDV

A carruagem parou às oito horas em frente ao teatro. Não havia muitas pessoas ali pela frente, então conseguimos descer com muita facilidade. Peguei Henry no colo, segurando-o com muito cuidado.

Ajeitei a roupinha dele, sorrindo, enquanto ele agarrava um cristal do meu vestido bordado. Esme seguia do meu lado direito, junto com Carlisle.

— Obrigada pelo lindo vestido, Esme. Eu amei-o.

— Fico feliz que tenhas gostado querida. – ela sorriu ternamente para mim – Não fomos muito receptivos contigo. Agradecemos tudo o que vem fazendo por nós.

— Imagine Esme. Só estou retribuindo. Vocês são como pais para mim, já devem saber. – nós seguimos pelos corredores, subindo para ocupar o lugar de destaque. Sentamo-nos, Edward e eu, nas duas primeiras cadeiras, um pouco atrás de nós, sentaram-se Gianna, a direita de Edward, e o General de Exercito, a minha esquerda. Atrás deles estavam Esme e Carlisle e Jasper e Alice. Rosalie e Emmet ficaram num camarote ao lado, fazendo companhia a Jacob e sua prometida.

O resto do teatro estava completamente vazio. Nenhuma outra pessoa estava à frente, sentado nas cadeiras, com exceção de outros membros da corte Swanlence.

Olhei para o General de Exercito, pedindo uma explicação. Ele maneou a cabeça, pensou por alguns segundos, sem hesitar em me responder em seguida:

— Muito me preocupa, Majestade, que aqui em Chandler, a população não queira mostra o devido respeito.

— Desculpe, senhor. Porém, não avisamos a população que Vossa Majestade estaria no teatro. – disse Gianna, em minha defesa.

— Nesse caso, então deves ser apenas impontualidade. Os Chandleses não são pontuais, Vossa Majestade. – corrigiu-se o General.

— Certo. Esperemo-los então. – me virei para encarar Gianna. – Podes buscar um panfleto, para que eu possa ver quais serão as obras apresentadas?

— Sim, Vossa Majestade. Mas, como a senhora sabe, não posso ir desacompanhada. O protocolo não permite – Gianna deu um sorrisinho sem graça.

— Oh, certo. Esqueci-me disso. Então deixai para lá. Sogro, o senhor pode me acompanhar? – sorri para Carlisle. – ele assentiu para mim.

— Bella, posso segurar Henry? – Esme perguntou para mim, maternalmente.

— Claro, sogra. – sorri para ele, entregando meu pequeno tesouro.

Carlisle me estendeu o braço e nós fizemos todo o caminho contrário novamente, até encontrar um funcionário do teatro.

— Com licença, senhor. – eu parei o homem, fazendo uma pequena mesura. Ele retirou a espécie de chapéu que usava na cabeça, cumprimentando-me. – Eu gostaria de saber se há um panfleto com as obras que serão apresentadas.

— Sim, senhora. Caso não a incomode, posso levar para a senhora e seu marido em sua cabine. – lancei um olhar constrangido a Carlisle.

— Eu gostaria muito que o fizesse, por favor.

— Diga-me apenas em que cabine estão.

— Estamos na cabine principal, reservada para a família Imperial. – eu disse hesitante.

— Certo. Com suas licenças. – disse o homem, cumprimentando-nos novamente.

Carlisle e eu fizemos o caminho contrário, rindo – todo o constrangimento já esquecido. Tomamos nossos lugares novamente, Esme ainda brincava com Henry, deixei que ela o divertisse. Eu sabia o quanto era difícil não ter minha mãe por perto, então devia a Esme muito, ela sempre me ajudara, dera um lindo vestido quando eu nada fiz para que o merecesse.

— Então, Edward – eu comecei – estás gostando de Chandler?

— Sim, Bella. – ele sorriu ternamente para mim. Estendeu a mão, e segurou a minha enluvada, estreitei o contato, apertando a mão dele. – Agora entendo porque amas tanto esta pátria. Aqui, pelo que pude perceber, as regras da corte não pesam tanto. Consegues passar despercebida, o que, talvez mostre, infelizmente, que o povo não conhece sua Imperatriz sem que ela esteja usando uma coroa e muitas joias que digam: “eu sou a Imperatriz, me respeitem.”

— Sinceramente, não me importo com isso. Posso me considerar afortunada, pois não considero o poder grande parte de minha vontade. O sabes. – dei de ombros, suspirando. Olhei para os meus pés, de cabeça baixa; ou pelo menos tentei, já que a barra do vestido não me deixava enxergar. – Sei que também sou mal agradecida, já que todas as outras princesas gostariam de ocupar o cargo que ocupo, ainda mais em Swan, porque não queria ser Imperatriz, nunca quis, mas me educaram para isso. E, provavelmente, continuarei a ser a Imperatriz de Swan até meu ultimo suspiro. Meu cargo é vitalício, só passará para Henry quando isso acontecer. – lamentei.

— E, durante todos esses anos, eu estarei ao teu lado; ajudando-te, já que me deu mais do que eu podia esperar. – eu ouvi alguém pigarreando atrás de nós.

— Sim? – o General perguntou, levantando-se. Virei na direção das portas do camarote, onde o homem com quem falara sobre o panfleto me encarou.

— O panfleto que a senhora pediu, lady. – ele estendeu o panfleto, e antes que eu conseguisse levantar, Gianna estendeu a mão e pegou-o para mim. Sorri para ela, agradecendo. O homem deixou o camarote acenando a cabeça, mas não se distanciou. Pelo que pude entender, uma tal de Angela Weber queria ocupar o camarote e o homem a estava informando que esse já estava ocupada.

— Por quem? – quis saber a moça, completamente alterada.

— Lamento, Vossa Graça, mas não sei por quem.

— Ande, então, rapazote, descubra. – pelo que ouvi, o barulho pareceu ser um agitar de luvas, batendo contra outro tecido, que pressupus ser o da manga do homem.

— Com licença, senhoras e senhores. – disse o homem. – Mas, Vossa Graça, a senhora Angela Weber, gostaria de saber quem ocupa essa cabine.

— Podes deixar que eu mesma conversarei com ela, senhor. – levantei-me, puxando Edward pela mão, que logo ofereceu-me o braço. Nós passamos ao lado do homem, enquanto um burburinho surgia do camarote. Angela Weber pareceu-me uma boa senhora, com feições delicadas, e certamente, de boas posses, já que era uma Condessa. Ela encarou-me de cima embaixo sem nenhuma cerimônia, o canto da boca subiu um pouco, mas ainda continuava passando uma expressão arrogante. Saudei-a com uma pequena mesura, Edward apenas inclinou a cabeça. Ouvi a Condessa fazendo um “humpf”, mas ela também fez uma mesura, muito mais rápida do que a minha.

— Quem sois vós? – exigiu saber ela. Só podia ser brincadeira. Eu ficava alguns anos sem vir ao palácio de Chandler e nem ao menos os súditos se importavam em saber quem eu era. Mas eu já deveria estar acostumada, e, no entanto, me surpreendia a cada vez. Edward, sem conter a risada, soltou meu braço e pegou a mão da moça, que estava repousada no vestido, e beijou-a. A Condessa, completamente ofendida, puxou a mão enluvada antes que Edward pudesse voltar ao meu lado. Quando se ajeitou, colocando a mão no penteado bem feito, a Condessa bateu desajeitadamente, no rosto de Edward, mas eu pude ouvir um “clap”.

Sorri presunçosamente para a senhora ofendida.

Virei na direção de Edward, tocando-lhe o rosto e percebi que a área estava um pouco vermelha, mas não havia nenhum machucado muito grave, ou áreas prestes a ficarem roxas.

— A senhora não tem o direito de bater em meu marido, ainda mais sendo nós quem somos! – eu disse a ela, num tom de voz bem baixo, com calma. Isso pareceu irritá-la ainda mais.

— A senhora deveria saber que ele não deveria ter pego minha mão e a beijado, é contra a boa etiqueta. Eu nem ao menos o conheço. – gemi desgostosamente.

— Claro que o conheces. – Edward passou a mão pela minha cintura, puxando-me para perto. – E deverias sabem quem eu sou.

— Pelo que vejo, disse Angela, a senhora não passa de uma mulher ignorante com boas posses.

— Esqueceu-se, senhora, de que somente os mais nobres da sociedade vão às óperas. – eu abri um sorriso. – Bem como as únicas pessoas do Império de Swan que podem usar branco são a mãe, a sogra, a irmã e filha da Imperatriz, bem como a própria Vossa Majestade. E que ela, nem sempre, estará usando uma coroa, e nem uma faixa cerimonial. Acredito que a única mulher ignorante presente aqui é Vossa Graça. Além de que, deverias considerar-se honrada. O Rei de Swan não beija com muita frequência outras mãos, que não as minhas. – consternada, a Condessa fez uma mesura até o chão, virando o rosto para que o batom não sujasse o vestido, ela ficou parada do mesmo jeito por um período relativamente grande de tempo. – Estou muito descontente com vós, Condessa. Fico alguns anos sem usar o palácio de verão de minha família e todos se esquecem da herdeira do trono. Levanta-te, a ópera já vai começar.

— Perdoai-me, Majestade. Não podia fazer ideia de que eras tu.

— Vós sempre dizeis isso. Pouco me importa se és arrogante, mas deves demonstrar respeito a toda e qualquer pessoa, sendo ela um criado ou um Infante.

— Sim, Vossa Majestade – a moça sussurrou o título com muito respeito e devoção. – Arrependo-me completamente do meu comportamento, tentarei mudar meus hábitos.

— Sim, eu consigo ver – admiti, sentindo que o arrependimento da moça era verdadeiro.

— É que – ela começou a explicar – foi-me ensinado que títulos, hereditários, devem ser prioridades. Existem aqueles que trabalham e aqueles que ordenam.

— A mim ensinaram a mesma coisa, de maneira muito mais complexa do que a da senhora, e não é por isso que saio escorraçando todas as pessoas que vejo em minha frente. Se eu quisesse, poderia prender quem eu bem entendesse, ninguém poderia me contradizer. Sei que tenho uma constituição a seguir, mas ainda sou a Imperatriz e todos os meus quereres são estritamente respeitados por minha corte.

— Eu compreendo, Vossa Majestade.

— Vás. – nós voltamos ao camarote, e nos sentamos. Assistimos à ópera atentamente. Pelo menos, todos ali estavam se deliciando com a história e as lindas músicas de Beethoven.


[...]


Nós seguimos para o palácio de Chandler depois que todos haviam deixado o teatro. As pessoas aguardavam-nos, e, assim como eu pedira ao primeiro-ministro, as crianças estavam ali acompanhadas de seus pais.

Dessa vez, a recepção foi divertida. Alguns garotos mais velhos, com cerca de 12 a 16 anos, convidaram-me para valsas animadas e danças típicas Chandlesas. Eu não me lembrava de todos os passos e pouco me importava o que as damas odiosas da sociedade iriam dizer de minhas risadas, depois de um longo período de ordens, eu estava me divertindo como nunca antes. Toda a corte Imperial divertiu-se, o mundo parecia mais colorido e não tão exigente como era. A aristocracia Chandlesa era mais condescendente com as minhas vontades do que com o protocolo.

A noite fria terminou antes que eu pudesse me sentir cansada.


8 anos depois...

Música para o capítulo: Lifehouse - By Your Side

Edward PDV

Esme, Rosalie, Alice e Bella corriam de um lado para o outro no jardim central de Swan. O verão havia chego mais rápido neste julho de 1869. Esme trajava um vestido laranja claro, os cabelos estavam soltos, Rosalie usava um vestido azul claro, o cabelo estava meio preso num coque bagunçado; Alice trajava um vestido rosa claro, os cabelos – agora mais longos, chegando à parte de trás das costas – estavam trançados numa trança regular e feita sem muitas delongas e Bella... Ah, Bella! Ela estava magnífica, gloriosa, uma deusa divina. Trajava um vestido verde claro, os cabelos estavam presos com um bonnets de palha, a fita combinava com o vestido. Não parecia a senhora de 27 anos que era.

Todas elas estavam correndo atrás das crianças, brincando de pega-pega, enquanto nós, homens, ou estávamos lendo, fumando charuto, desenhando ou enquanto observávamos nossas damas correndo. Bella caiu no chão, segurando Henry contra o peito, ambos riam animadamente. Ajoelhando-se rapidamente, ela começou a fazer cócegas nele, que tentava se soltar, debatendo-se. Rindo graciosamente, Bella apertou o nariz de Henry e levantou-se, ajeitando o vestido. O garoto, já com quase nove anos, não deixou barato a brincadeira e repetiu o gesto da mãe, fazendo-a implorar por piedade para que ele parasse de fazer-lhe cócegas.


Tudo o que eu quero agora é estar com você
Pois você sabe que já estive por todo lugar
Olhando pra trás, quando tudo acabou
Você me conhecia melhor do que eu mesmo

Minha cunhada, Lívia de Swan, mantinha-se mais de lado, fora de todo o rebuliço. Com os braços cruzados na frente do corpo, estava sentada na mureta de concreto, que adornava a escadaria que levava a parte baixa do jardim. Ela trajava um vestido, mais leve do que as outras mulheres, lilás, os cabelos presos em um coque frouxo na parte baixa da cabeça. Estava com dez anos. Era uma garota genial, muito inteligente e amável – o que me fazia constantemente me lembrar de Bella, tão retraída nessa idade. E, era graças a ela que Lívia tinha novos educadores. Bella insistira numa ideia de que a irmã não deveria sofrer aprendendo tudo o que Bella aprendera. Lívia era ensinada a ter boas maneiras, claro, mas deveria se divertir como uma criança normal.

Rosalie corria atrás da filha Anita de sete anos, uma menininha loira, com os olhos cor de mel de Emmet. A fita pink estava presa no vestido branco. O laço já havia sido desfeito há muito tempo, o cabelo estava desarrumado.

Alice corria atrás de Richard que tinha a mesma idade de Anita. O menino estava vestido apenas com uma camisa branca, calça cinza e uma bota preta.

Esme procurava Susanna minha filha mais nova de seis anos e meio. Ela tinha puxado mais a mim do que a Bella. Os cabelos, no entanto, eram ondulados – como os de Bella – e tinham a cor dos meus. O de Henry começara a escurecer logo depois dos três anos de idade.

Preso no meu devaneio, olhando a mulher da minha vida brincando com meu primogênito, mal eu escutei Emmet me chamar, até que ele me cutucou, mudando o foco da minha atenção.

— Você ouviu o que eu disse cara? Repeti duas vezes, mas você estava parecendo hipnotizado.

— Desculpe Emmet. Não consigo evitar. Isabella sempre me deixa assim. Eu podia arrastá-la desse jardim agora mesmo para o nosso quarto e ficar com ela a noite inteira, pelo resto das nossas vidas. – Emmet gargalhou alto, mas eu sabia que ele entendia o que eu queria dizer, nenhum homem ali era idiota de não dar a esposa o melhor que tinha. Com certeza, se um pintor visse a cena ou mesmo alguém com mais sensibilidade, nós encostados na cerca – que também era um corrimão – observando nossas lindas esposas correndo com nossos filhos (ou netos), certamente fariam destaque ao nossos olhos brilhantes; não por causa do pôr do sol, mas por devoção. Éramos completamente dependentes de cada pessoa ali naquele jardim. E sempre seríamos.

— Senhor Cullen? – disse o mordomo, me estendendo a bandeja com um cartão de visitas.

— Obrigado, Royce. – eu disse, enquanto pegava o cartão e observava o nome. O príncipe Riley Biers havia estado ali enquanto passeávamos pela cidade, certamente, estava acompanhado por sua esposa e talvez pela filha, já que nenhuma das duas havia deixado outro cartão de visita.

A situação com o príncipe havia se resolvido rapidamente. Ele pagou o valor da reforma do palácio ao cofre publico, e assim, Bella pode melhorar o palácio e as cidades, investindo numa maravilha chamada encanamento. As relações publicas ficaram muito mais fáceis quando Riley aprendera a controlar a esposa, segurando estritamente os gastos.


Quando me sinto perdido e não encontro o caminho
Quando palavras são em vão, posso te ouvir dizer
Estarei ao seu lado, quando a esperança acabar
Eu ainda estarei por aqui, oh, e eu, eu ainda estou do seu lado
Quando tudo der errado, ainda estarei aqui
Ao seu lado

— Papai, - disseram Susanna e Henry – estamos com fome. Que horas vamos jantar?

— O horário que quiserem, pequenos. Papai vai pedir para prepararem o jantar agora e quando estiver pronto a governanta virá chamar vocês. Brinquem mais um pouco! Vocês já foram ao lago, ou a casa da árvore, ou já brincaram no balanço? – eles sorriram afirmativamente – Muito bem! Encontrem algo para fazer enquanto o jantar não fica pronto.

Subi as escadas laterais da mansão, passando diretamente pela sala de visitas, vazia. Bati na porta da cozinha, e entrei em seguida. O cozinheiro francês mexia numa panela no fogão de lenha, mas depois que terminou, encarou-me e esperou.

— As crianças já querem jantar. – dei de ombros.

Oui, Majesté. – ele disse brincando, sabia que os títulos, durante as férias de verão, eram completamente esquecidos.

— E, Pierre, - eu sussurrei – aquele licor especial, sim? – ele sorriu para mim, compreendendo.

— Com licença, senhor Cullen, que tenho que trabalhar, se os pequenos estão com fome, Pierre cozinha para eles.

— Obrigado Pierre. – o ouvi gritando um “de nada” enquanto eu saia da cozinha.


[...]


Abrindo caminho, até onde você está
O único lugar em que me sentia em casa
Tropeçando ao voltar na escuridão
Sei como é se sentir sozinho
E pra onde vamos é onde eu quero estar
E no silêncio eu te ouço falar

Estarei ao seu lado, quando a esperança acabar
Eu ainda estarei por aqui, oh, e eu, eu ainda estou do seu lado
Quando tudo der errado, ainda estarei aqui


Troquei-me para o jantar. Meu mordomo havia informado que o jantar estava sendo servido, por isso, deixei os cabelos molhados, retirando somente o excesso de água e desci para a sala de jantar. Todos já haviam tomado seus lugares à mesa, apenas estavam esperando-me.

O relógio pendular da parede marcava seis horas. Fiz um gesto com as mãos e os empregados serviram uma dose de licor para cada um dos adultos e suco para as crianças. Sem sentar-me, peguei minha taça na mão e comecei a falar:

— Todos sabem que fazem exatamente oito anos que minha vida mudou drasticamente. Até os 21 anos eu era apenas um Sir, tinha minha própria propriedade e não tinha a mínima noção sobre etiqueta e protocolo. Só havia uma coisa que eu sempre soube, desde os cinco anos. Eu amava Isabella de Swan mais do que tudo, incluindo meus cavalos puro sangue. – ela riu com isso, ficando vermelha. – E, eu também continuo não fazendo a mínima ideia do porque escolhi esse dia para dizer isso, quero dizer, não importa, porque todos os dias que vivo ao lado dela e de nossos filhos são únicos e incríveis, então acho que deves saber disso. Bella, apaixonar-se por alguém significa enxergar os defeitos dessa pessoa e tentar consertá-los e ama alguém significa ter consciência dos defeitos dessa pessoa e quere estar ao lado dela todos os dias. É assim que eu me sinto em relação a você quando acordo todos os dias de manhã, com o sol entrando pela cortina e te vejo dormindo ao meu lado. E então, tenho a sensação de que sempre foi assim. De algum modo, não consigo me lembrar com muita clareza dos dias em que não esteve do meu lado. E espero que nunca precise, porque não consigo encontrar uma maneira sequer de continuar, se você não me guiar.

Mal posso esperar o dia de mostrar o espaço entre
O seu coração e o meu, você é tudo que eu preciso
Você diz que eu

— Oh, Ed. – ela disse.

Jasper ergue a taça mais alto e disse:

— Às nossas lindas esposas, que nos guiam e amparam e que nos fazem parecer idiotas todas às vezes em questão encantadoramente irresistíveis. – Rosalie interrompeu-o, dizendo:

— Aos nossos maridos que nos protegem, amam e que nos ensinaram que o amor é muito mais do que está escrito nos livros de faz de conta.

— Eu também quero fazer um brinde. – disse Henry.

— Está bem, faça. – disse Esme.

— Aos nossos pais, pelas noites contando estórias, pelas brincadeiras e principalmente, por estarem conosco quando nós mais precisávamos. – o tilintar de taças foram ouvidas, enquanto brindávamos.

Depois do jantar, Bella e eu colocamos as crianças para dormir e seguimos para o nosso quarto.

Ela soltou o cabelo, tirou o vestido e deixou-o jogando num mancebo (cabide), pegou a camisola de dormir, abrindo os botões das mangas. Parei de soltar meu colete e abracei-a por trás. Ela sorriu para mim, segurando minhas mãos fechadas no meio de seus seios.

— Solte a camisola, Bella – eu disse no ouvido dela. – Essa noite você não vai precisar dela. – Abrindo mais o sorriso, ela virou na minha direção, soltando a camisola e me beijou.

O céu estrelado emoldurou a nossa vida apenas começando...


Estarei ao seu lado, quando a esperança acabar
Eu ainda estarei por aqui, oh, e eu, eu ainda estou do seu lado
Quando tudo der errado, ainda estarei aqui
Ao seu lado, ao seu lado, ao seu lado, ao seu lado, ao seu lado.



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Notas finais do capítulo

OH MEU DEUS! Eu mal acredito que eu consegui escrever hoje o ultimo capítulo da fic, mas a boa noticia é que ainda tem o epilogo! Sim! Eu já estou escrevendo-o.
Não sei vocês, mas eu estou com uma dor no coração. Eu amo tanto essa fic que eu podia continuar escrevendo e escrevendo... Espero que tenham gostado desse final e espero que gostem do final do epilogo, que eu ainda não sei qual é, então nem adianta perguntar.
Queridas pessoas que não se manisfestaram durante a fic, vocês podem, pelo menos, dizer se gostaram desse capítulo? Eu fiquei muito receosa de que não conseguisse alcançar as expectativas (sou muito auto crítica!) e meus queridos reviwsadores (rss! Ignorem isso!) quero saber o que gostaram e o que NÃO gostaram. Sei que não vou conseguir agradar a todos, mas talvez no epilogo eu possa escrever algo que queiram ler.
Obrigada por me acompanharem até aqui... Okay, okay. Isso está parecendo uma despedida, mas não é.
Vou parar por aqui, falei sobre a mesma coisa nos ultimos 5000 paragrafos.
E, atrasado, mas sincero: tenham uma boa leitura, sempre! Beijões. ♥



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