Segredos Reais escrita por Lena


Capítulo 32
Epilogo


Notas iniciais do capítulo

E ai está o final! Boa leitura!



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A decoração do salão Dourado era a mais bonita que eu já vira. Mesmo em meu aniversário não haviam feito coisa tão bonita. O lustre central fora trocado por algo mais recente, já que Sir Thomas Edison inventara uma fonte de energia duradoura, a qual chamara de lâmpada.

Eu sorri, observando o salão ainda vazio. Alguns criados passavam por mim, fazendo mesuras respeitosas, organizando o que ainda faltava para ser organizado. Retirei meu relógio de bolso da minha saia de montaria. Eu havia terminado de voltar de um passeio hipistico. Eram pouco mais de cinco horas da tarde, o clima estava extremamente frio, o céu estava encoberto pela neblina. O mês de maio se estendia, era primavera, e o clima me lembrava do inverno. Guardei o relógio no bolso da saia, segurando o chicote com a mão esquerda.

Sai do salão pela porta da direita, caminhando lentamente pelo corredor, para chegar ao meu quarto. Era um longo caminho. Entreguei o chicote a um empregado que abriu uma das portas para mim, e enquanto caminhava, retirei a cartola que usava presa por grampos, com um lenço verde escuro, formando uma espécie de véu atrás de meu cabelo. Abri o paletó marrom, retirei-o e depois fiz o mesmo com as luvas de couro marrom. Subi as duas escadas que me levavam até o segundo andar do palácio, segurando com a mão esquerda as saias de meu vestido.

Cumprimentei com as damas que passavam pelo corredor com um “boa tarde”, elas sorriram, fizeram mensuras e retribuíram o cumprimento. Acenei para os criados que abriram as portas do quarto para mim, e adentrei no cômodo recém-reformado. Não me parecia que em alguns dias eu mudaria de quarto, deixando esse para Henry. Havia tantas coisas ali das quais sempre me lembraria; todos os momentos bons e ruins, que eu passara com Edward e mamãe, quando, durante a noite – sobretudo naquelas em que choviam e os ventos estavam fortes – eu me espremia entre Thalis e ela, com medo da tempestade. Esses eram os poucos momentos em que eu tinha contato com mamãe, momentos em que ela passava as mãos pelos meus cabelos e me embalava até que eu voltava a dormir.

As janelas do quarto estavam abertas, esvoaçando a cortina. Edward tomava banho no outro cômodo, pois a porta estava fechada. Aproveitei o momento a sós e fechei a janela, depois abri os armários e escolhi um vestido que mandara fazer especialmente para a ocasião, desta vez, eu não usaria branco – na verdade, eu o havia abolido do guarda-roupa há tempos, quando tivera minha terceira filha.

Deixei a cartola, o paletó, e os grampos no aparador perto do espelho e assim, peguei meu vestido azul escuro, bordado em dourado. Estendi-o em cima da cama e voltei minha atenção novamente ao guarda-roupa. Peguei meu corset cover, chemise, pantaloon, espartilho, anágua e meias 7/8 azuis.

Minha cabeleireira já havia sido contatada, estaria ali daqui uma hora e meia para preparar meu penteado. Gianna já havia deixado preparado, a meu pedido, o que eu usaria a noite. Brincos, pulseira, luvas, coroa e colar em cima da penteadeira. Meu livro de francês estava aberto na ultima coisa que eu lera. Era um bom exercício, enquanto Liana (a cabeleira) arrumava meu cabelo, eu me dedicava a aprender novas línguas. Ao final do penteado, todos os cabelos que caiam no chão eram recolhidos e queimados.

Sentei-me na cama para retirar as botas de montaria, deixando-as em algum canto, eu sabia que alguém as guardaria depois, de qualquer maneira. Voltei minha atenção para o armário, para escolher um sapato: azul, com pequenas pedrarias e salto pequeno e quadrado. Peguei as peças intimas nas mãos e esperei, sentada numa cadeira que havia no canto, que Edward saísse do quarto de banho. Ele logo o fez já devidamente vestido com o uniforme militar vermelho. Dei-lhe um beijo rápido e segui para minha toilete.

Graças ao encanamento, não era mais necessário arrastar os baldes para que se preparassem banhos, o que facilitava muito mais minha vida. Eu não ficaria mais esperando prepararem meu banho.

Deixei as roupas em cima da mesinha de banho e banhei-me, demoradamente.

Depois dele, comecei a me trocar.

Primeiro vesti minha chemise, minha pantaloon, e antes de vestir o espartilho agitei um sininho e aguardei alguns segundos. Uma criada apareceu e posicionou o espartilho corretamente em meu corpo, começando-o a fechá-lo, assim que terminou, fez uma mesura e desapareceu sem dizer nada. Vesti minha anágua, um corset-cover por cima do espartilho, para que esse não estragasse o vestido e um tornure.Prendi minhas meias azuis no espartilho, destranquei a porta e voltei para o quarto. Vesti o vestido, calcei os sapatos e sentei-me no banquinho da penteadeira, esperando Liana chegar.

Ela não tardou. Sorriu ternamente para mim, e habilmente começou a pentear meus cabelos. Eu não discutia com nada que ela fazia, Liana era a melhor cabeleireira desde que eu a conhecia, há mais de vinte anos.

Eu lia meu livro de francês sem prestar muita atenção. Eu estava revendo verbos, então, de qualquer forma, eu já havia mesmo aprendido tudo aquilo.

— Majestade? – uma voz feminina perguntou, eu sabia que não era Liana.

— Prossiga. – eu mexi os lábios bem pouco, devagar.

— Os convidados para o baile já começaram a chegar. Vossa Majestade... perdoe-me a intromissão, mas não foi dito sobre o que se trata o baile, alguns convidados estão especulando e... – eu ergui a mão, não precisava ouvir mais nada para entender o que a moça estava insinuando.

— Meus convidados saberão do que o baile se trata quando chegar o tempo. Por hora, apenas acomode-os e faça suas vontades.

— Como quiser, Vossa Majestade. – a moça fez uma mesura e deixou o quarto.

— Bella? – Liana me chamou. – Olhe para o espelho. Veja o que acha desta vez. – fiz o que ela pediu. Meu cabelo estava metade trançado, num coque no meio da cabeça, o restante estava solto, encaracolado. Liana posicionou a coroa e prendeu-a no penteado.

— Liana, esta coroa está fácil de retirar, não é mesmo? – dei um sorriso.

— Sim, Bella, como Vossa Majestade me pediu, quando me escreveu.

— Obrigada. – levantei-me do banquinho para beijar Liana. Sorri para ela, agradecendo mais uma vez.

Enquanto ela desaparecia pelo outro lado do corredor, depois de deixar o quarto, eu descia as escadas que levavam ao salão. Todos já haviam entrado, eu estava exatamente no horário.

Edward sorriu para mim, oferecendo-me o braço. As portas do salão foram abertas para nós e lá de dentro o anunciador dizia:

Vossa Majestade, a Imperatriz; Vossa Majestade, o Rei. – dei um passo para entrar, mas Edward segurou minha mão, virando-me de frente para ele, olhando-me profundamente.

— Tens certeza de que é isto que queres?

— Já conversamos sobre isto, Edward. Governei por tempo demais, agora já chega. – ele retomou a posição, arrumando a abotoadura.

Caminhamos lentamente, passo a passo, sentamo-nos nos tronos, sorrindo. Era somente mais um dia.

Gianna, ao meu lado, chamou minha atenção. Todas as pessoas olhavam para nós.

— Perdão, Majestade. Mas esqueceu-se que deves abrir o baile?

— Não, minha cara. Não me esqueci, posso estar com 59 anos, mas não me esqueci. Antes de eles dançarem, tenho um anuncio importante a fazer, o motivo pelo qual pedi este baile. Onde está Henry?

— Está por perto, Vossa Majestade.

— Chame-o, e traga-o para cá, junto com a esposa.

— Sim, Majestade. – levantei-me do trono, com Edward segurando minha mão, um sorriso nos lábios.

— Por favor, senhoras e senhores, agradeço se me derem um segundo de vossa atenção. – comecei. – Em setembro deste ano, faria 41 anos que estou governando, e alegro-me muito em agradar-lhes. Entretanto, não sei se anseio mais a mesma coisa que cada um de vós. – ergui minhas mãos ao penteado, e tirei, um a um, os grampos que prendiam a minha coroa, segurando- a nas mãos em frente ao corpo, diante de uma plateia consternada. – Eu, Isabella Cullen de Swan, abdico o trono Imperial de Swan, assim como todos os outros reinos, arquiducados, condados e derivados. Membros do parlamento, por favor, posicionem-se. – todos deram espaço para que os quarenta e um homens tomassem a fila de frente. Henry estava completamente chocado, como as demais pessoas, parado com a esposa ao lado de Edward, acenei para meu filho. – Espero que seja de teu agrado. Mas, caso recusares, não me importarei com isto. Podes escolher se queres carregar este tão fardo pesado.

Os membros do parlamento acenaram, e um deles falou:

— Reconhecemos tua abdicação, Vossa Majestade. – assenti para eles.

O Papa abriu caminho entre as pessoas e posicionou-se a minha frente. Outro valete segurava nas mãos a coroa Imperial usada por Edward quando fora coroado.

— Henry Louis Daniel Cullen, Vossa Alteza. – começou o Papa. – Digna-se a assumir o posto de Imperador de Swan?

Sorri para Henry, encorajando-o.

— Não, Eminência, eu declino. Recuso-me a ser Imperador. – consegui ouvir pessoas arfando, mais espantadas do que quando eu lhes dissera que abdicaria. Henry colocou-se ao meu lado, junto com a esposa, claramente insatisfeita – o sonho dela era ser Imperatriz – eu sabia que ele havia feito a coisa certa. Eu não havia criado Henry para uma vida de fingimento.

— Bem, sendo assim: Susanna Beatriz Elisabeth Cullen de Swan, Vossa Alteza? – chamou o papa. Abriram caminho para ela e o marido. Ela sabia que também não era obrigada a assumir o trono. – Digna-se a assumir o posto de Imperatriz reinante de Swan?

— Não, Eminência, eu declino. Recuso-me a ser Imperatriz reinante. – as pessoas arfaram novamente. Susanna colocou-se ao lado de Edward, guiada pelo marido. O Papa pareceu surpreso.

— Laura Christina Valéria Cullen de Swan. – disse o papa mais alto. Junto com o marido, ela apresentou-se no altar. – Digna-se a assumir o posto de Imperatriz reinante de Swan?

— Não, Eminência, eu declino. Recuso-me a ser Imperatriz reinante.

— Rodolfo Edgar Thiago Cullen, Vossa Alteza. – o papa sorriu cansado. – Digna-se a assumir o posto de Imperador de Swan?

— Sim, Eminência, eu digno-me. – disse ele, do meio do salão, as pessoas abriram espaço para que ele passasse. Quando chegou ao altar, ajoelhou-se em frente ao papa.

— Benedices coronae imperatoris. Facere sapiens iudiciis et concretum. Christianos diligunt, et de regno omnes haurire. Accipere deinceps causas dignus. Omnia in domum. Respiciunt aliis opiniones, sed numquam te tui damnum. Ego, facultates mihi abenço nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti. Ita nunc ut summus Swan, Rodolfo Cullen. (Abençoe a coroa do Imperador. Faça tomar decisões sábias e concretas. Beneficiai os cristãos e amai cada pessoa de teu Império. Tomai frente às causas que merecem. Faça tudo por tua casa. Respeitai outras opiniões, mas nunca se perda da tua. Eu, pelos poderes concedidos a mim, abenço-o em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Fica assim, conhecido agora como: soberano de Swan, Rodolfo Cullen.) – disse o Papa, segurando a coroa acima da cabeça de Rodolfo, o Papa colocou-a assim que terminou de falar. Um valete ajeitou a capa cerimonial no pescoço de Rodolfo, enquanto o papa continuava a falar. – Promete e jura diante de teu povo, assumir todos os teus compromissos Imperiais? Promete e jura governar de acordo com os preceitos decididos pelo parlamento?

— Eu juro solenemente que assim será. – disse Rodolfo, segurando o orbe e o cetro. Rodolfo era Imperador aos vinte anos. Eu sorri, sempre foi ele. Desde pequeno interessando-se por política, não pensava em casamento, nem em mulheres, atinha-se a política, as relações internacionais, dicção, protocolo, etiqueta...

Rodolfo levantou-se, e Edward e eu abrimos espaço para que ocupasse o trono. Entreguei minha coroa a outro valete, que a guardaria. Rodolfo posicionou-se em frente ao antigo trono de Edward.

— Prometo que, como Imperador, continuarei o Reinado de meus pais e atenderei as necessidades do povo Swanlence.

— Longa vida ao Imperador Rodolfo! Longa vida ao Imperador Rodolfo! Longa vida ao Imperador Rodolfo! – as pessoas repetiam, saudando-o.

Abriram caminho para que Rodolfo saísse na sacada principal, onde outras pessoas estavam reunidas. O hino Swanlence começou a tocar, junto com o coral de vozes cantando-o.

O anunciador bateu o “taco” dizendo:

Apresentando Vossa Majestade, Rodolfo Edgar Thiago Cullen, Imperador de Swan. – sorri para Edward ao meu lado e inclinado-me para beijar-lhe desejei que tudo ficasse bem.



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Notas finais do capítulo

Que satisfação! Então, vocês gostaram? Eu já escrevi muito no outro capítulo, por isso vou escrever pouco neste.
Agradeço, sinceramente, a todas as maravilhosas pessoas que me acompanharam até aqui, porque eu não achava que tantas pessoas gostavam do século XIX como eu. Fiquei muito feliz que me acompanharam durante um ano e quatro meses, mais ou menos. Obrigada por me ajudarem e incentivarem com seus comentários e acompanhamentos, recomendações.
Espero que tenha conseguido agradar a vocês. Eu acabei de acabar esse capítulo, são 19:50 agora. Despedimo-nos uma ultima vez: adeus, Vossas Majestades (vocês!). Beijos a todos! Lena ♥



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