Muito além do Desejo escrita por LoaEstivallet


Capítulo 11
Duas decisões


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii pessoal!
Sentiram muito a minha falta????
Estive fora pra cuidar de minha vidinha, vcs entendem, né?!
Faculdade, familia, casa... É muito!

Leiam as notas finais, é importante!

Beijos



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O silêncio imperava naquele quarto. Mas era um silêncio confortável, cúmplice.

Ambos estavam acordados, extasiados ainda pelo intenso prazer que a pouco haviam partilhado, abraçados fortemente apenas aproveitando o calor do corpo um do outro.

Edward não conseguia imaginar estar em outro lugar que não ali, deitado na cama confortável do luxuoso motel, colado nas curvas de Isabella. Seu coração ainda batia forte, acelerado, ditando o ritmo de sua respiração descompassada, que fazia coro com o arfar baixo dela.

Imaginava maneiras de mantê-la, de nunca mais perdê-la, de tê-la para sempre.

Isabella não conseguia se culpar, se condenar.

Fato que aquilo era o que ela queria, estar com ele, com o amor de sua vida.

Tentava encontrar em si a determinação que manteve durante os últimos anos, de que sua vida era ao lado de Jacob, que sua história com Edward, apesar de ser a principal de sua vida, estava acabada.

Mas seu coração mostrava o quanto seu equívoco era grande.

Não sabia o que faria a partir dali. E nem queria pensar nisso agora.

Um zumbido baixo os despertou para a realidade, quebrando a delicada conexão que estavam sustentando.

Isabella fez menção de se levantar, mas Edward a abraçou com mais força, impedindo-a.

- Não... – Ele murmurou – Pelo menos esta noite... Esqueça do mundo lá fora...

Ela suspirou, querendo ser capaz de fazê-lo. Mas sua consciência finalmente a alcançou.

- Eu... Preciso. Não podemos passar a noite juntos. Já devem estar loucos atrás de mim. – Ela falou, seu tom quase triste.

Edward folgou o aperto, relutante, sentando-se enquanto ela seguia para sua bolsa e pegava o celular.

- É Jacob... – Sussurrou sem encara-lo, enquanto um lampejo de desagrado atravessava os olhos de Edward.

Ele apenas a observou seguir até o banheiro e fechar a porta atrás de si para atender o noivo, enquanto mais uma onda de desespero o tomava. Não havia nada que ele pudesse fazer para reverter àquela situação.

Alguns minutos depois ela voltou, séria, e começou a catar as roupas que estavam espalhadas pelo chão.

Edward levantou devagar, seguindo até ela e impedindo-a de continuar a se vestir.

Segurou-lhe o queixo e levantou seu rosto para que ela o encarasse.

- Fique comigo hoje... – Seu olhar, como sua voz, era implorativo – Por favor... Só hoje.

Isabella sentiu o calafrio tão familiar lhe percorrer a espinha, e suas mãos involuntariamente largaram a blusa que segurava.

- Eu não posso... – Falou sem nenhuma convicção – Ele está desconfiado, não engoliu a desculpa ridícula que dei... Isso... É errado. Não podemos fazer isso. Eu não posso fazer isso.

- Mas quer... – Edward replicou aumentando o contato de seus corpos ao envolver-lhe a cintura – Você quer tanto quanto eu, Bella. Você sente o mesmo que eu. Não fuja disso.

- Não estou fugindo... Só não posso permitir que isso se repita, que se torne rotina... O que existia entre nós acabou... Há muito tempo acabou, Edward. Não somos mais adolescentes. Temos responsabilidades agora, compromissos...

- Que se danem os compromissos! – Ele rebateu com a voz um pouco mais alta – Meu compromisso agora é com o que sinto, com o que sempre senti... Eu quero você!

Bella suspirou, desviando seu olhar das injetadas esmeraldas que a compeliam.

Era cristalino como água. O desejo dele por ela continuava tão forte quanto antes, como se onze anos não houvessem passado. Mas isso era pouco, insuficiente. Sempre foi.

Ela sabia, desde aquela noite em que se rendeu às súplicas de seu corpo em Londres, que o sentimento era esse. A conexão, a ligação sexual, o desejo ardente que os consumia quando estavam perto, tão intenso que era impossível ignora-lo.

Era isso que ele sentia antes. Era isso que sentia agora. Nada mais que isso.

Não havia amor ali, pelo menos não da parte dele. Por isso ele havia sido omisso, permitido que a humilhassem e, de certa forma, obrigassem-na a partir da sua casa para outra cidade, para uma nova vida, há onze anos. Se ele a amasse como afirmava naquele tempo, não teria se escondido e com seu silêncio confirmado os boatos, as chacotas. Não teria tolerado o tratamento que dirigiram a ela em sua frente, enquanto ela implorava que ele contasse a verdade.

Por tudo isso não o perdoou, nunca o perdoaria.

Ele a havia usado, enganado ela com suas palavras doces e apaixonadas. Tudo uma farsa.

Ela sempre tentou se convencer disso. Mas seu coração teimoso e burro a impelia a guardar as juras de amor que ele tão ardorosamente fazia quando estavam juntos. E por alguns momentos acreditou piamente que era verdade. Que tudo que tinham vivido era uma história de amor, desastrosa e que não havia dado certo, mas ainda uma história de amor.

Só agora, lendo a luxúria nos olhos verdes que a hipnotizavam, se dava conta do quanto havia se enganado.

Edward não esperou por uma resposta. O desejo por aquela mulher e o desespero pelo amor que ele acreditava não ser correspondido o levaram a selar os lábios suaves de Isabella com os seus, tomado de sofreguidão. Arrastou-a sem dificuldades para a cama novamente.

Bella não conseguira resistir. Apesar da verdade ter finalmente penetrado sua mente, ela ainda o amava mais que tudo, mais que a si mesma, e por isso, cedeu outra vez, jurando a si mesma que seria a derradeira.

As mãos dela passearam pela pele quente dele, que estremeceu e arfou.

Os lábios dele se desprenderam dos dela, contornando e umedecendo cada pequeno pedaço da tez suave e perfumada.

Edward tocou cada uma das curvas salientes de Isabella com intenso desejo, se prendendo no amor e na cobiça que sentia por ela, enquanto Bella, debatendo-se em seu conflito emocional e moral, se afundava na culpa e no remorso, ainda que não encontrasse forças para detê-lo.

Os corpos ondularam, buscando o contato.

Isabella virou-se num impulso que surpreendeu Edward, se encaixando por cima dele, em seu quadril, com volúpia, permitindo que os sexos se tocassem, causando um frisson em ambos.

- Esta... – Ela falou encarando os olhos dele com intensidade – Será a última vez que me terá.

Edward leu a verdade nos olhos castanhos de Bella, e sentiu a tristeza e o temor lhe inundar o coração.

Teria perdido a concentração no ato, mas o corpo dela ondulou uma vez mais contra o seu, chamando-o para uma nova rodada de sensações alucinantes. E ele se entregou jogando sua amargura para o canto mais escuro da mente. Pensaria nisso e se lamentaria depois.

Assim como ele, Isabella deixou de lado todos os seus receios, todas as suas mágoas, todas as suas indagações, mergulhando de alma limpa no que seria a última vez.

Eles se amaram desesperadamente, calando seus sentimentos mais profundos, cerceando as palavras reveladoras. E no fim, ao atingirem juntos o clímax, ambos tinham os olhos rasos e os corações oprimidos, cientes de que a hora da despedida chegara.

Edward ainda levou Isabella para casa, os dois num silêncio, desta vez, opressor.

Não disseram palavra, nem se despediram. Apenas se olharam por um longo minuto, dizendo através do olhar o que não poderiam ou não conseguiam verbalizar, e depois ela se foi, cabisbaixa, enquanto ele a observava entrar, contendo as lágrimas com dificuldade.

Quando Alice chegou à cozinha na manhã seguinte, encontrou Bella abatida.

As olheiras eram de um tom de roxo-hematoma, destacando ainda mais o inchaço das pálpebras delicadas.

- Bella! – Ela arfou em surpresa – O que houve com você?

Isabella, que estava concentrada em mexer o chá intocado a sua frente, levantou o olhar à amiga e não pôde mais. Debulhou-se em lágrimas.

Durante vinte minutos, tudo que Alice fez foi manter a amiga no colo, fortemente abraçada.

Quando ela finalmente se acalmou, respirou fundo e, recompondo-se, contou tudo à amiga.

- Eu sinto muito, Bella... – Alice falou condoída ao final da narrativa – Sinto muito mesmo.

- Parece que foi ontem que aconteceu aquilo tudo em Forks... – Ela sussurrou com a voz muito fraca – A dor voltou triplicada. Preciso de seu apoio.

- Eu estou aqui... E vou estar enquanto você precisar de mim... – Pausou respirando fundo e puxando o rosto da amiga para que esta lhe encarasse – Mas eu preciso saber... Você... Tem certeza em relação ao Lup? Não acha melhor adiar o casamento? Eu digo, você está frágil com este reencontro Bella, e com toda esta coisa de incapacidade pra evitar... Já parou pra pensar que talvez você não o ame o suficiente para um casamento? É um passo muito sério e definitivo... Será que você não vai se arrepender?

 - Me arrepender? – Bella replicou tensa – Não Allie, eu amo o Jacob! O fato de sentir essa paixão desvairada por Edward não muda minha decisão! Nossa história nunca teve futuro, eu deveria ter admitido isso para mim mesma antes, quando ainda tinha chance de não me magoar tanto... Mas eu me sentia tão... Tão amada! Me deixei envolver por suas declarações, por seu cuidado, por seu carinho... Acreditei que ele tomaria coragem e me assumiria... Eu me iludi... E agora... Agora sim eu consigo enxergar a verdade com clareza... Ele nunca me amou! Eu o amei sozinha... Ele só queria meu corpo... Era só desejo, tesão, atração... Desmedida sim, mas só isso... – A voz quebrou nas palavras erradas – E Jake... Jake me deu todo amor e carinho que uma mulher pode querer ou precisar de um companheiro... Ele me deu uma perspectiva de futuro num relacionamento... Me fez acreditar que eu poderia ser feliz ao lado de um homem.

Alice suspirou insatisfeita.

Ela via o quanto aquela história parecia mais uma série de mal-entendidos. Ainda não conhecia a versão Edward dos fatos, mas sentia que era muito diferente da de Bella.

Ela enxergara a leve amargura com que ele olhava para a amiga, com um certo saudosismo misturado a culpa, remorso. Como se estivesse arrependido de alguma coisa... E essa não seria a atitude de alguém que simplesmente deseja... Não poderia ter certeza sem conhecer os dois lados, e precisava ser cuidadosa, pois gostava muito de Jacob também, e não queria vê-lo magoado. Mas sentia uma grande necessidade de ajudar seus amigos mais queridos. Não deixaria isso por nada. Procuraria Edward.

- Falando em Jacob... – Ela tentou contemporizar – Qual a desculpa que você deu pro Lup?

- Eu expliquei sobre o roubo, e disse que fiquei muito nervosa... E que meu chefe tinha me levado a um outro restaurante para que eu me sentisse melhor e não me levava embora porque ainda estava preocupado. – Bella pausou, observando a cara de incredulidade de Alice – Eu sei... Nem me fale. Mas foi o que me veio à cabeça na hora.

- Você sempre foi péssima mentirosa.

- Eu nem consegui raciocinar direito, Alice... Edward estava do lado de fora do banheiro, nu, me esperando... Enquanto eu falava com meu noivo. O que você queria?

- Tudo bem... Mas ele... Pareceu desconfiado ou chateado?

- Ele estava dormindo quando cheguei, não me atrevi acorda-lo... E ele não me acordou antes de sair.

- Vou sonda-lo mais tarde... – Ela falou com um ar enigmático – Mas primeiro preciso fazer uma coisa...

E dizendo isso levantou-se e seguiu para a sala, pegando sua bolsa e dirigindo-se à porta.

Bella, intrigada, seguiu a amiga.

- Aonde você vai? – Perguntou subitamente aflita.

- Preciso ver umas coisas do Buffet. – Alice mentiu – Volto à tarde... Você não vai trabalhar?

- Vou. Mas não agora... Preciso de um tempo para conseguir me manter estável quando encara-lo hoje.

- Ok, então. Eu passo lá no final do dia e nós voltamos juntas.

Isabella apenas assentiu, agradecida pela amiga ser tão sensitiva e protege-la com tanto empenho.

Edward havia acabado de entrar em sua sala, cabisbaixo e deprimido.

A briga que havia tido com Tânia o fizera perder o equilíbrio já precário que mantinha.

Ela estava extremamente desconfiada de que ele a traía, e seus argumentos eram irrefutáveis, além de Edward conhecer muito bem a verdade dos fatos.

Estava cada vez mais difícil.

Cada manhã era um novo tormento quando ele encarava o corpo e rosto da esposa ao seu lado, desejando-o e expressando cada vez mais claramente isso, enquanto ele reprimia a vontade de ter ali outra pessoa, e o sofrimento o consumia como chamas.

Sentou-se em sua cadeira com as mãos enfiadas nas mechas douradas, apoiando a cabeça que parecia poder explodir a qualquer momento.

Apertou os olhos desejando esquecer a imagem que tão nitidamente se formava. O rosto de Bella distorcido em prazer, e em segundos, numa máscara de amargura.

O som estridente atendeu seu pedido, desfocando-o da lembrança angustiante.

Sorriu ao encarar o visor do celular.

- Oi Allie! Que bom que ligou! – falou como tom aliviado.

- Oi Ed... Está muito ocupado?

- Não. Acabei de chegar no escritório, mas terei reuniões apenas no período da tarde.

- Podemos conversar? É importante...

- Claro! Algum problema? – Ele perguntou intrigado.

- Talvez...  – Alice murmurou mais para si mesma – Me encontra naquele café em frente à empresa? Quinze minutos está bom?

- Sim... Tudo bem... – Edward respondeu, ainda desconfiado com o tom da amiga – Estarei lá.

Alice o encarava com sobriedade.

Edward estava nervoso pela simples postura grave de sua querida baixinha. Ela parecia querer falar algo muito sério, mas não saber por onde começar.

- O que está acontecendo, Alice? – Ele inquiriu, impaciente – Vamos, diga! Já estou pra ter um ataque aqui. Você só me olha assim quando tem algo muito grave acontecendo...

Alice inspirou profundamente, reunindo coragem.

- Edward, você ama a Bella? – Atirou a queima-roupa.

A Edward restou arregalar os olhos, incrédulo, e engolir em seco.

Alice esperou, pacientemente. E quando ele finalmente se refez do sobressalto, ela decidiu que o melhor naquele momento seria a clareza.

- Bella me contou tudo que aconteceu entre vocês... – Ela falou serenamente – Mas eu acredito que toda situação tem dois lados, duas perspectivas. E eu preciso conhecer a sua para compreender o que realmente está acontecendo entre vocês.

- Ela... Ela... Contou? – Edward murmurou zonzo – O quanto você sabe?

- Tudo. Inclusive sobre Londres e... Ontem à noite.

Edward expirou pesadamente, um pouco desconfortável. Afinal o que a amiga estaria pensando dele agora? Depois de conhecer sua história desastrosa com Bella, que, diga-se de passagem, era total e completamente culpa sua, e a traição vil que cometera contra o próprio casamento?

Subitamente constrangido, encarou a mesa ao falar.

- Eu sei que me acha o pior de todos os canalhas agora... – Disse corando – Mas eu não pude evitar... Nem uma coisa nem outra. A primeira porque eu era um garoto imaturo e covarde demais para admitir que estava apaixonado pela garota mais desprezada do colégio... E a segunda por ainda ama-la... Mais do que já amei... E por não conseguir controlar esse sentimento...

Surpreendentemente Alice sorriu, confundindo Edward, que a havia olhado de soslaio.

Essa era a informação que ela precisava para decidir que atitude tomar. Ele amava Bella. Era muito mais que desejo. Ela enxergava isso em seu olhar agora. A confirmação de sua suspeita.

Ouviria a versão de Edward. Coletaria informação o suficiente para por tudo em pratos limpos e abrir caminho para que os dois se entendessem.

Sabia que seria complicado, afinal convencer a amiga a lutar pelo correto seria incrivelmente difícil, além do que ela iria odiar a parte em que magoaria o Lup, que ao longo de todos esses anos havia se tornado muito querido para ela.

Mas sua decisão estava tomada. Aliás suas decisões.

Não partiria até que tudo estivesse resolvido. E faria aqueles dois ficarem juntos. Ou não se chamava Marie Alice Hale.


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Notas finais do capítulo

Galera, para aqueles que querem outtakes, prévias, spoilers e imagens de minhas fics, sigam meu blog:
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Lá estarei postando os caps com antecedência, tem programação de publicação no Nyah!, terão prévis e spoilers, trailer das novas fics, indicações de fics de outras autoras e muito mais!
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Beijos e até sexta!